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1 BEATRIZ ANDRADE BRITTO – 6º SEMESTRE / ANESTESIO – LÍLIA MICHELI PEREZ BLOQUEIO DE NEUROEIXO CASO: Paciente de 40 anos, feminina, 85kg, 155cm, sem doenças sistêmicas, será submetida a colecistectomia por via aberta. Foi optado por técnica anestésica de raquianestesia. Sinais vitais após a monitorização: PAS 110 x 70 mmHg, FC 70 bpm, Sat O2 97% em ar ambiente. 1) Quais são as referências anatômicas para realização de bloqueio de neuroeixo? 2) Quais são as vantagens da raquianestesia em relação à anestesia geral? Não precisa manipular a via aérea do paciente; existe um controle álgico melhor no pós operatório comparado com a anestesia geral, porque as drogas feitas na raqui possui uma duração superior do que as feitas por via venosa (se o paciente for fazer uma cirurgia na barriga, em que a anestesia foi geral, ele vai sentir dor, e a morfina será administrada via EV em altas dose, se for administrada pela raqui, será em dose menor, e ela no neuroeixo é de extrema eficácia, tendo uma duração de 24h). ANATOMIA DE COLUNA - O formato da coluna é meio “sinusoidal”. - Em relação ao processo espinhosos, perceba-se que a região lombar ela é mais “quadradinha/horizontal”; na parte torácica a espinha é mais diagonal, e o processo espinhoso além de ser mais estreito possui uma inclinação. *O bloqueio de neuroeixo vai ser realizado no processo sub aracnoide ou peridural através dos processos espinhosos – na região lombar é mais fácil de ser acessada o processo espinhoso, por ser mais horizontal; na região torácica, por ser m espaço mias fechado, existe muita dificuldade técnica nessa região. - A punção da raque anestesia é feita pela via lombar, pois além de ser mais fácil acessar o espaço, existe uma chance menor de lesão nervosa pois não existe mais medula. *Ela pode até ser feita a nível torácico, mas não se deve, porque o risco de lesão medular é grande, já que a medula termina mais ou menos em L1-L2. *Raquianestesia (sub araicnoidea) vai acessar o espaço subaracinoide, onde se tem o liquor. Já na peridural é antes da dura mater. Obs: Na anestesia peridual, já que não vai furar a duramater, ela pode ser feita em qualquer nível, já que não vai atingir a medula, podendo ser feita até a cervical. - Nessa imagem vemos o corte para visualizar as estruturas/planos até chegar no canal medular. Os processos espinhosos, como são mais horizontalizados, podemos inferior que é na parte lombar. Passa a pele e o subcutâneo, ligamento supra-espinhoso, entre as espinhas existe o ligamento interespinhoso, e logo após o ligamento amarelo (mais rígido). Logo depois o ligamento amarelo existe a duramater, e a peridural é feita logo após o ligamento amarelo, já chegando no espaço peridural. Caso for fazer a raquianestesia, fura a duramater, fazendo a punção lombar. 2 BEATRIZ ANDRADE BRITTO – 6º SEMESTRE / ANESTESIO – LÍLIA MICHELI PEREZ - Em relação as meninges: ▪ Duramater é a primeira, mais fibrosos e dura; consegue sentir bem ela quando fura com a agulha. ▪ Aracnoide não consegue sentir a diferença quando fura. ▪ Pia mater é aderida a medula. *Na raquianestesia, é furada até a pós aracnoide, chegando no espaço subaracnoide e aplicando a anestesia. RAQUIANESTESIA - Também conhecida como anestesia subaracnoide, consiste na injeção de anestésicos específicos no espaço subaracnoide (entre a pia- máter e a aracnoide espinhal), anestesiando todas as raízes. - Ela é de fácil execução, curta latência, não aumentando o risco de sangramento. - Existe o bloqueio motor associado, o que é uma vantagem, principalmente quando o cirurgião precisa do paciente mais imóvel para não atrapalhar seu campo. - Analsegia pós-operatória. - Relaxamento abdominal. - Tratamento de dor aguda. INDICAÇÕES - Não há indicação absoluta para utilizar a anestesia subaracnóidea, sendo optada pelas suas vantagens. - Os procedimentos mais indicados são nas cirurgias abdominais e em MMII. - Nos pacientes ambulatoriais (que recebem alta no mesmo dia) podem fazer a raquianestesia, porém existe cuidados que precisam ser tomados no momento da alta. *Na raquianestesia existe o bloquei de três tipos de fibras: sensitivas (corta a sensibilidade térmica, propriocepção, dolorosa), motoras e bloqueio autonômico. Por isso existe cuidados que devem ser tomados para que os pacientes tenham alta no mesmo dia. *Não podemos escolher drogas que possuem uma duração muita alta no neuroeixo, como a morfina, pois como ela pode durar até 24h, os efeitos colaterais também podem aparecer nesse período, pois isso, não é prudente levar esse paciente pra casa se tiver feito morfina no neuroeixo, porque em até 24h ele pode apresentar retenção urinaria, depressão respiratória, além de complicações mais serias. *Pacientes ambulatoriais precisam tomar cuidado com um adjuvantes, e só liberar eles quando já tiverem deambulando. Além disso, precisa conferir as fibras sensitivas, motoras e autonômicas, porque ele pode ter restaurando os dois primeiros, mas o bloqueio autonômico possa fazer com que ele tenha uma hipotensão postural, quando for deambular, tendo um risco aumentado de queda. - Na obstetrícia é muito indicado, porque não tira a consciência do paciente durante a cirurgia, em que a mãe fica acordada, conseguindo acompanhar o parto do seu filho. Além disso, a raqui não atravessa a barreira placentária, já que as medicações são feitas no nueroixo, não interferindo na vitalidade/escore de apgar do neném, diferente da anestesia geral, em que na sua maioria atravessa a barreira placentária, e o bebê nasce rebaixado sobre o efeito e opioides e 3 BEATRIZ ANDRADE BRITTO – 6º SEMESTRE / ANESTESIO – LÍLIA MICHELI PEREZ hipnóticos, precisando de reanimação e até mesmo ventilação mecânica. - Nas cirúrgicas pediátricas, em que se tenha uma via aérea difícil ou de forma combinada. - Em cirurgias cardíacas é uma analgesia adequada, controle de níveis tensionais e extubação precoce (pesar risco de sangramento). FATORES QUE INFLUENCIAM A ALTURA DO BLOQUEIO - Os dermátomos que precisamos gravar são: ▪ Umbigo T10. ▪ Amilo T4. ▪ Região subcostal é de T6 até T8. - Por essa foto e essa tabela vemos os principais níveis que precisam atingir com a anestesia a depender do tipo de cirurgia. *A raqui é indicada em cirurgias abdominais baixa e MMII, sendo fácil de entender já que ela pega em região lombar e sacral. Mas a paciente do caso vai operar uma vesícula, em que o corte é em mais ou menos T6/T7(região subcostal), então como uma anestesia que é feita na região lombar chega em T4? Vai depender da escolha do anestésico e da posição da mesa para fazer com que a droga chegue lá. Agora, por que na cesariana, que o corte é supra púbico, a anestesia é feita em T4? Porque nas cirurgias que precisa acessar a cavidade abdominal/peritônio, mesmo na parte inferior, precisamos bloquear a inervação peritoneal, que é a nível de T4. FARMACOCINÉTICA DOS AL - A distribuição dos AL no espaço subaracnoide (altura e duração) vai se dispersar, sofrendo influência de: *Fatores inerentes do paciente não controla, mas precisamos conhecer para poder adaptar os demais fatores. - Os principais determinantes da altura do bloqueio são: ▪ Baricidade (densidade em relação ao LCR, tipo de anestesio utilizado). ▪ Dose (bloqueios mais altos é utilizado doses maiores). ▪ Posicionamento do paciente na maca. *Todos esses fatores influenciam, porém os que estão grifados possuem uma relevância maior. FATORES RELACIONADOS AO PROCEDIMENTO POSICIONAMENTO - Nessa imagem vemos uma senhora numa posição considerada adequada para a realização da punção lombar/bloqueio de neuroeixo – costas encurvada, fazendo com que o espaçointerespinhoso abra, sendo mais fácil de acessar o neuroeixo. - Em relação a baricidade/densidade do anestesio, existem 3 tipos: ▪ Hiperbáricos/pesados, sendo mais pesados que o liquor; nessa paciente que está sentada eles possuem uma tendencia gravitacional. ▪ Isobáricos possuem uma densidade igual ao liquor, ou seja, eles tendem a 4 BEATRIZ ANDRADE BRITTO – 6º SEMESTRE / ANESTESIO – LÍLIA MICHELI PEREZ permanecer mais ou menos o mesmo local que foram injetados. *Nenhum anestesio é verdadeiramente isobárico – os anestésicos isobáricos no mercado têm um comportamento hipobarico, principalmente porque a temperatura altera a baricidade do anestesio. Então, por mais que eles sejam identificados isobáricos, eles têm um comportamento de hipobarico. ▪ Hipobáricos são menos densos que o liquor, tendo um comportamento anti gravitacional. *O paciente está sentado com as costas encurvadas ou deitado na posição fetal para fazer a raqui, na qual será aplicada a anestesia na região lombar. Logo depois da aplicação, deita a paciente, e como a coluna é em formato de “S”, isso faz com que o anestesio pela própria conformação da coluna tende a escorrer pra cima e pra baixo – é nessa hora que entra a baricidade do anestesio juntamente com a posição da mesa, se o sabemos que o anestesio hiperbárico é pesado, ele vai ter um comportamento gravitacional, e o hipobárico é ao contrário. *Por exemplo, foi feita a punção lombar e eu quero que o anestesio chegue em T4, sendo feito um anestésico pesado, hiperbárico, gravitacional; o que podemos fazer com a mesa? Faz a inclinação da mesa, rebaixando a cabeça do paciente e levantando os pés, ao invés de deixar ela totalmente horizontal, facilitando a dispersão gravitacional. Faz o teste do nível de bloqueio com clorexidina pra saber se a paciente está sentindo: encostou no pescoço e ela sentiu gelado, encostou no umbigo e ela não sentiu (bloqueio está em T10), testou no subcostal em T6-T8 ela não sentiu (bloqueio já está em T6), chega na região da linha mamilar ele diz que ainda está sentindo, não chegou ainda em T4, então muda a posição da maca, que vai ajudar gravitacionalmente esse anestesio chegar onde queremos. Porém, se a modificação da mesa for muito acentuada, fazendo com que a paciente sinta formigamento nos braços, mostra que o bloqueio subiu demais, chegando na cervical, então vai fazer o “anti trem”, que é baixando mais para o anestesio descer → ESSA MUDANÇA DE POSIÇÃO PODERÁ SER FEITA DE 20-25 MIN ATÉ O BLOQUEIO TOTAL. *A anestesia hipobárica possui uma duração aumentada do que a hiperbárica. A isobárica possui uma latência maior até se instalar completamente, sendo também mais cardio estável, sendo reservada nos casos que se precisa de um bloqueio mais prolongado. *Um paciente que caiu da escada, tendo uma lesão no ligamento cruzado do joelho direito, precisando operar. Optamos por fazer uma anestesia de raqui hiperbárica, não se preocupando muito bem com a altura, já que joelho é em L2, e estamos fazendo a punção em L4, então assim que se fez a anestesia deitamos o paciente. Só que ai o infeliz do cirurgião pede para virar o paciente de lado, deixando o joelho esquerdo pra cima; o que vai acontecer com a anestesia hiperbárica? Vai anestesiar mais a outra perna! Precisa esperar 20-25 min para o bloqueio pegar e só depois mudar de posição, ou se não, utilizar um anestesio hipobárico, porque assim que ela virar vai subir e pegar na perna direita. FATORES RELACIONADOS AO PROCEDIMENTO - É principalmente relacionado a posição/velocidade – é logico que se você injetar o anestesio mais rápido vai ter uma velocidade maior, tendo assim uma maior dispersão, conseguindo atingir níveis mais altos, então, a velocidade de injeção é um outro artificio utilizado para conseguir a altura que queremos do bloqueio. 5 BEATRIZ ANDRADE BRITTO – 6º SEMESTRE / ANESTESIO – LÍLIA MICHELI PEREZ ANESTÉSICOS LOCAIS - Nessa tabela, os que estão grifados são os que efetivamente são utilizados para fazer a raqui: lidocaína, bupivacaína e ropivacaína (é muito cara). *A mais utilizada é a bupivacaína. A lidocaína possui descrições de alterações neurológicas transitórias na sua utilização no neuroeixo; além disso, ela possui uma duração de 30-60min de bloqueio – a maioria das cirurgias queremos uma garantia de tempo de sobra, então se uma cirurgia ocorre em 1h e meia, queremos garantir a anestesia em pelo menos 2h, pra caso aconteça algum tipo de atraso e complicação, não precisar converter a anestesia. *A duração da bupivacaína é de 2-4h em média, mas depende da dose que vai ser feita – se queremos duração maior, com níveis de bloqueio mais alto, é utilizado doses maiores. *Tanto a bupivacaína quanto a lidocaína para a raqui são hiperbáricas, pois possuem glicose pra torna-las mais hiperbáricas para o liquor. - Esses anestésicos locais são tanto utilizados para raqui quanto para a peridural. FÁRMACOS ADJUVANTES - Na raqui, podemos colocar adjuvantes para melhorar a qualidade do nosso bloqueio – a qualidade é vista tanto no tempo de analgesia, quanto de duração do bloqueio. OPIOIDES - Prolongam o tempo de ação e analgesia. *Esses adjuvantes precisam ser ampolas próprias para o neuroeixo. *A duração do bloqueio da bupivacaína é de até 4h, ou seja, depois de 4h não tem mais nada de analgesia, fazendo então com que o paciente sinta dor. Se for colado opioides, como a morfina, por exemplo, esse tempo pode durar mais de 24h, sendo então interessante a utilização desses adjuvantes. MORFINA - 50-100ug. - Inicio de 60-90 min, e duração > 24h. - Pode tem efeitos adversos, como retenção urinária, prurido, náuseas, vômito e depressão respiratória; entretanto esses efeitos são dose dependentes, ou seja, quanto mais alto a dose, maior a chance de fazer esses efeitos adversos. FENTANIL - 10-20 ug. - Possui uma duração menor, de cerca de 6h após o efeito da raqui, dando uma boa analgesia, principalmente nas cirurgias ambulatoriais, podendo mandar pra casa em até 24h. *De 4-6h o paciente fica em observação pra ver se vai ter retenção urinária, depressão respiratória... - Rápido inicio de ação, duração variável. - Baixo risco de depressão respiratória, sendo muito utilizada ambulatorialmente. SULFENTANIL - 2,5-10 ug. - Semelhante ao Fentanil. - Analgesia prologada. Obs: O antagonista opioide que fazemos nos casos de intoxicação por opioide é a naloxona – paciente com intoxicação por heroína (um dos metabólicos da heroína é a morfina), e chega na emergência com sinais de intoxicação por 6 BEATRIZ ANDRADE BRITTO – 6º SEMESTRE / ANESTESIO – LÍLIA MICHELI PEREZ opioide faz essa medicação. Se o paciente apresentar algum efeito adverso utilizando esses opioides no neuroeixo pode fazer a naloxona também, pois ela é eficaz para reverter a morfina até do neuroeixo; a questão é que vai perder todo efeito analgésico → a depender do efeito que o paciente tem, principalmente se for prurido, vai conversar com o paciente e se não for algo tão insuportável assim e consegue aguentar, não faz a naloxona. VASOCONSTRICTORES - Mais utilizados na peridural. - Vão fazer uma vasoconstricção nos vasos ao redor, fazendo com que os anestésicos sejam menos absorvidos, e então a anestesia demora mais tempo no local, prologando então o bloqueio. - Prolongam a duração do bloqueio sensório e motor. - Reduzem o aporte sanguíneo por vasoconstricção, depressão da depuração dos anestésicos locais. - Adrenalina e fenilefrina. AGONISTAS - Clonidina (15-225 ug) e Dexmedetomidina (3 ug). *A mais utilizada é a Clonidina, a mesma que é utilizada para abaixar a pressão nos pacientes. Na raqui ela prolonga bem o tempo dobloqueio, economizando o tempo da anestesia. Obs: Mas se na veia a Clonidina faz hipotensão, na raqui ela vai fazer também? Fazer até faz, porém a hipotensão dela na raqui é dose dependente, ou seja, quanto maior a dose utilizada, maior a chance de fazer a hipotensão. - Estimula os receptores alfa2-adrenérgicos pré- sinápticos na medula. - Reduz o tônus simpático – hipotensão dose independente. CONTRAINDICAÇÕES PARA A ANESTESIA RAQUIMEDULAR E PERIDURAL ABSOLUTA - Recusa do paciente. - Incapacidade de manter imobilidade durante o procedimento. - Infecção localizada em sítio de punção. - Hipertensão intracraniana – paciente com suspeita de meningite, que precisa de um liquor diagnóstico, se ele tem sintomas de HIC não vai poder fazer a punção nele, porque vai diminuir subitamente a pressão na região de neuroeixo e ocasionar herniações cerebral. RELATIVAS - Vai pesar o risco e beneficio para o nosso paciente. *Estenose aórtica grave não vai fazer o bloqueio de neuroeixo, porque o paciente com debito cardíaco fixo passa a ser contraindicação absoluta. *Paciente com coagulopatias e profilaxia de trombo (duplo anti agregação plaquetária) não vai fazer pelo risco do paciente evoluir com hematoma espinal pós punção – esse hematoma comprime o canal medular, podendo deixar sequelas permanentes no nosso paciente. TÉCNICA - É igual a da unção lombar. PREPARO DO PACIENTE - Se ele for ansioso, faz uma pré-medicação com uma sedação mais leve, para evitar que ele mexa durante o procedimento. 7 BEATRIZ ANDRADE BRITTO – 6º SEMESTRE / ANESTESIO – LÍLIA MICHELI PEREZ - Monitorização e posicionamento (sentado ou deitado na posição fetal). MATERIAL - Campo e luva cirúrgica. - Compressas e gazes. - Seringa 3ml e 5ml. - Agulha rosa, verde e marrom. - Agulha de raquianestesia. - Esponjas e solução – antissepsia. AGULHAS - Existem tipos de agulha que tem a ponta cortante e ponta em lápis (atraumatica). - Existem estudos que mostram que as agulhas cortantes causam mais cefaleia pos raqui. POSICIONAMENTO DO PACIENTE - Decúbito lateral: mais usada, o lado escolhido depende da baricidade. - Sentado: obesos, gestantes e bloqueios baixos. - Faz a antissepsia local com clorexidina!! IDENTIFICAÇÃO DO ESPAÇO - Palpa a lateral do quadril, encontrando a espinha ilíaca antero superior, que é mais ou menos na linha de L4. NOS PLANOS ACESSO MEDIANO - Vai furar exatamente no meio entre um espaço do processo espinhoso e outro. ACESSO PARAMEDIANO - Vai 1cm para o lado e para baixo, puncionando em uma angulação, consegue fugir dos ligamentos. *Quanto mais idoso o paciente, muita das vezes existe calcificação dos ligamentos, dificultando então o acesso se for mediano. ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS CONTINUAÇÃO DO CASO: Foi feita a raquianestesia com 20mg de bupivacaína a 0,5%. Após 20min do bloqueio, a paciente apresentou bradicardia intensa (FC 30 bpm) e pressão arterial de 83x45 mmHg. 1) Quais as alterações fisiológicas da raquianestesia que justificam essa alteração? 2) Qual o tratamento? 8 BEATRIZ ANDRADE BRITTO – 6º SEMESTRE / ANESTESIO – LÍLIA MICHELI PEREZ *Existem 3 fibras que são bloqueadas efetivamente na raqui: a primeira a ser bloqueada é a autonômica, então um dos efeitos observadas na raqui é a hipotensão; depois será bloqueada as fibras sensitivas e por ultimo bloqueia a parte motora. - Quando fazemos o bloqueio das fibras autonômicas, bloqueamos principalmente o simpático do paciente, e se faz um bloqueio intenso do simpático a atividade parassimpática vai começar a atuar de uma forma não antagonizada – bloqueou o simpático, o parassimpático começa a atuar sozinho – sendo responsável pelas principais alterações hemodinâmicas visualizas na raquianestesia. - Essas alterações são mais acentuadas nos pacientes que possuem um tônus simpático mais elevado. HIPOTENSÃO - Vai diminuir o tônus vascular, fazendo uma vasodilatação abaixo do nível do bloqueio – se eu bloqueio até T4, de T4 pra baixo vai fazer vasodilatação. - A vasodilatação vai reduzir a pré-carga (diminuindo o retorno venoso), além de ocasionar uma redução da pós-carga (RVS). - Vai ocorrer uma redução do volume sistólico, e uma diminuição do débito cardíaco do paciente. *Essas repercussões hemodinâmicas costumam acontecer e vai depender da dose que é feita. *Como faz vasodilatação e diminuição do tônus venoso, se faz vasodilatação nosso corpo interpreta que ele está com uma hipovolemia relativa (pouco sangue), então para se tratar esse tipo de situação precisa hidratar bastante o paciente, para fazer um volume aberto para compensar esse feito de vasodilatação. *Os vasopressores são indicados quando a PA cair mais de 20% do basal. BRADICARDIA - Além de ser por um reflexo fisiológico, existem fibras cardio acelerados a nível de T1-T4 que se forem bloqueadas o paciente tende naturalmente a bradicardia. *Um dos tratamento a serem feitos é drogas que diminuam o efeito parassimpático, ou seja, drogas anticolinérgicas (atropina). COMPLICAÇÕES IMEDIATAS - Colapso cardiovascular. *Quando são muito intensas ou o paciente possui uma reserva cardíaca baixa, podendo entrar um colapso cardiovascular, evoluindo com parada cardiorrespiratória. - Raquianestesia total – quando o bloqueio sobe muito, podendo chegar em tronco encefálico: ▪ Paciente tem depressão respiratória. ▪ Pode evoluir com inconsciência. ▪ Hipotensão arterial grave. Obs: O tratamento não é feito com antagonistas, é feito apenas um supor hemodinâmico e respiratório, ou seja, intuba o paciente e espera a anestesia passar. 9 BEATRIZ ANDRADE BRITTO – 6º SEMESTRE / ANESTESIO – LÍLIA MICHELI PEREZ - Alterações ventilatórias. - Náuseas e vômitos são tanto pelo baixo débito, quanto pela hipotensão que pode dar má perfusão cerebral, além da atividade do parassimpático. CEFALEIA PÓS-PUNÇÃO - Inicio é variável, de 2 a 3 dias após a punção, e costuma ter uma resolução espontânea 1-6 semanas. - Quando acontece o paciente tem uma cefaleia incapacitante, a ponto dele não conseguir fazer nada. - Posterga a alta hospitalar, aumenta a morbidade, paciente pode evoluir com trombose. - Quando somos chamados para fazer a avalição, primeiro temos que caracterizar a dor, se for quadro sugestivo de cefaleia pós punção tem que hidratar bem o paciente, otimiza analgésicos e medidas clinicas (pílulas de cafeína). Se nada disso resolver entre 24-72h, está indicado, com consentimento do paciente, a realização do Blood Patch. *Blood Patch é o tampão sanguíneo, então o paciente retorna para o CC, onde é feito uma peridural no nível onde foi feita a raqui, e ao invés de injetar anestésico, vai injetar o sangue do próprio paciente colhido na hora, injetando uma média de 10-15ml; esse sangue vai fazer um tampão sanguíneo, tapando esse furo. A grande vantagem é que a dor de cabeça some na hora! Em contra partida, é um procedimento invasivo, com risco de perfurar a duramater, piorando a cefaleia do paciente, tem risco de infecção... TARDIAS - Cefaleia pós-punção é a mais famosa. Após o furo da punção liquórica, esse furo continua gotejando o liquor, e caso esse furo não fechar poderá levar a cefaleia. - Dor nas costas é a que mais ocorre. - Hematoma subdural é raro, porém é uma das complicações mais temidas, porque precisa ser abordado neuro cirurgicamente de uma forma que o paciente não evolua com sequelas. - Síndrome de causa equina. - Lesões neurológicas. - Meningite e aracnoidite adesiva, principalmente se for injetado algo que não seja anestésico ou inocular agentes. ANESTESIA PERIDURAL CASO: Paciente 54 anos, masculino, 175cm e 85kg, será submetidoa gastrectomia total por carcinoma gástricos. Possui HAS em uso de losartana e atenolol. É tabagista, 20/dia há 30 anos. Você opta por fazer anestesia geral associada a passagem de cateter peridural em T12-L1. - A anestesia peridural ou epidural resulta de administração de anestésico local no espaço peridural da coluna vertebral. - Pode ser realizada em qualquer nível, já que é segmentar. - O espaço epidural é um espaço virtual heterogêneo, em que contém gordura, fibras conjuntivas e numerosos vasos sanguíneos. *Nessa imagem vemos a pele, TCSC, e o processo espinho das vertebral – percebe-se que elas estão mais diagonais, então provavelmente ela é torácica, além de ter a medula. Vemos o ligamento supra espinhoso, ligamento inter espinhoso, ligamento amarelo e a dura mater (abaulada). Observa que a aguda vai chegar até o espaço peridural, injetando anestésico local nesse espaço, sem furar a dura mater – como ela não fura, ela pode ser feita até em nível cervical e torácico. Existe o risco de punção acidental e lesão medular, mas existem técnicas para identificar o espaço. 10 BEATRIZ ANDRADE BRITTO – 6º SEMESTRE / ANESTESIO – LÍLIA MICHELI PEREZ INDICAÇÕES - Anestesia cirúrgica. - Analgesia obstétrica e pós-operatória. *Existe a possibilidade de passar por dentro dessa agulha um cateter fino, em que a ponta vai ficar nesse espaço, e podemos fazer anestésico no momento em que queremos, tanto no ato da cirurgia, tanto no pós-operatório. - Controle da dor aguda e crônica. - Analgesia controlada pelo paciente. VANTAGENS - Menor morbidade pós-operatória. - Menos complicações cardiopulmonares. - Melhor controle da dor. - Mobilização precoce. FATORES QUE DETERMINAM A QUALIDADE DO BLOQUEIO PERIDURAL - A dispersão dos anestésicos locais no espaço peridural (altura e duração) sofre influência de: ESCOLHA DO NÍVEL DA PUNÇÃO - A peridural pode ser feita no nível em que queremos, por ser uma anestesia segmentar. Geralmente escolhemos o nível próximo da incisão cirúrgica. TÉCNICA PREPARO DO PACIENTE - Igual à anestesia subaracnoide. MATERIAL - Campo e luva cirúrgica. - Esponjas e solução – antissepsia. - Compressas e gazes. - Seringa de vidro 10ml ou perda de resistência. - Seringas. - Agulha rosa e marrom. - Agulha de peridural. POSICIONAMENTO DO PACIENTE - Decúbito lateral: mais usada, o lado escolhido depende da baricidade. - Sentado: obesos, gestantes e bloqueios baixos. INFILTRAÇÃO DA PELE COM ANESTÉSICO LOCAL E INSERÇÃO DA AGULHA DE PERIDURAL - Lombar: espaço mais horizontal. - Torácica media e alta: diagonal. 11 BEATRIZ ANDRADE BRITTO – 6º SEMESTRE / ANESTESIO – LÍLIA MICHELI PEREZ TÉCNICA DE PERDA DE RESISTÊNCIA - Ar: pressão intermitente. *Se for furada a dura mater e injetar sem querer ar, faz um pneumoencefalo. Com a solução salina não tem esse problema. - Salina: pressão constante, mais seguro. - Gota pendente, forma antiga. CONTINUAÇÃO - Identificação do espaço peridural. - Notar a profundidade da agulha. - Retirar a seringa e introduzir o cateter até 15- 18 cm. - Retirar a agulha. - Retrair o cateter até deixar 4-6 cm no espaço. Considerar a distância. - Dose teste com 3ml de Lidocaína 2% com epinefrina, observar 2-3min. - Completar a dose após o teste. - Fixar o cateter. COMPLICAÇÕES IMEDIATAS - Hipotensão arterial. - Raquianestesia total. - Intoxicação por anestésico local: ▪ Parestesia em língua. ▪ Tontura, zumbido e tremor. ▪ Alterações visuais. ▪ Convulsões. - Nauseas e vômitos. - Injeção subdural. - Falha de bloqueio. TARDIAS - Cefaleia pós-punção acidental. - Lombalgia. - Hematoma peridural. - Lesões neurológicas. - Infecções e abscesso. - Complicações do cateter.
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