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MÓDULO PERDA DE SANGUE – P4 | Luíza Moura e Vitória Neves SÍNDROME DA INSUFICIÊNCIA RESPIRATÓRIA DEFINIÇÃO & DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL INTRODUÇÃO Para a manutenção dos níveis adequados de oxigênio no sangue arterial, há a necessidade do funcionamento adequado e integrado de diferentes sistemas: → Neurológico; → Pulmonar; → Cardiovascular; → Musculoesquelético; e → Hematológico. A quebra no funcionamento desta cadeia implicará em comprometimento da oferta de O2 aos tecidos, com prejuízo no funcionamento deles, caracterizando a insuficiência respiratória. DIFINIÇÃO A insuficiência respiratória aguda (IRpA) é definida como: → A incapacidade do sistema respiratório, desenvolvida agudamente, em promover oxigenação e eliminação de gás carbônico (trocas gasosas) adequadamente. Do ponto de vista de parâmetros gasométricos, a IRpA é definida pela presença de: → PaO2 < 55-60 mmHg (com paciente respirando em ar ambiente – FIO2 = 0,21); associada ou não a → PaCO2 > 50 mmHg (normalmente determinando acidose respiratória – pH < 7,35) Caso o paciente já esteja recebendo suplementação de O2, a definição gasométrica da IRpA passa a ser dada pela relação PaO2 /FIO2: → PaO2 / FIO2 < 300 mmHg FISIOPATOLOGIA A IRpA pode ocorrer por diferentes mecanismos fisiopatológicos, basicamente: → Hipoventilação; → Distúrbios de difusão; → Distúrbios na relação ventilação/perfusão; → Inalação de gás com baixa concentração de oxigênio. HIPOVENTILAÇÃO A hipoventilação é caracterizada pela renovação ineficaz do ar alveolar, por movimentação de quantidades inadequadas do ar atmosférico até os alvéolos. Como o sangue venoso continua chegando aos pulmões com baixas concentrações de O2 e elevadas concentrações de CO2, resultado do metabolismo celular, os níveis alveolares destes gases tornam-se progressivamente: → Mais baixos (para o O2); e → Mais altos (para o CO2). Em algum momento na evolução desta condição, que será mais rápido ou tardio em função de sua intensidade, o indivíduo apresentará hipoxemia e hipercapnia. DISTÚRBIOS DE DIFUSÃO Nos distúrbios de difusão, há espessamento da membrana alvéolo-capilar, dificultando a difusão passiva de O2 e CO2. → Como há grande reserva funcional na capacidade de difusão, ela não é comum como causa isolada de IRpA. Além disso, o CO2 é muito mais difusível pela membrana alvéolo-capilar do que para o O2, MÓDULO PERDA DE SANGUE – P4 | Luíza Moura e Vitória Neves fazendo com que os distúrbios de difusão gerem: hipoxemia sem hipercapnia. → Como tentativa de compensar a hipoxemia, decorrente do distúrbio de difusão, o indivíduo passa a hiperventilar: os níveis de alveolares de O2 e os de CO2, ocasionando, assim, hipocapnia; → Somente em fases mais avançadas pode-se encontrar normocapnia e, finalmente, hipercapnia DISTÚRBIOS NA RELAÇÃO VENTILAÇÃO/PERFUSÃO (V/Q) As causas mais comuns de IRpA são as que cursam com alteração na V/Q; BAIXA V/Q Na baixa V/Q, parte do sangue que chega aos pulmões passa por alvéolos pouco ventilados (ou não ventilados), portanto com níveis baixos de O2, o que ocasiona oxigenação insuficiente. → A depender da fração do sangue que passa por estas regiões, o resultado final será a hipoxemia. Mecanismos compensatórios: HIPERCAPNIA: A hiperventilação decorrente da hipoxemia e a maior capacidade de difusão do CO2 farão com que não haja hipercapnia, exceto em formas mais avançadas e/ ou graves. VASOCONSTRIÇÃO HIPÓXICA: É caracterizada pela vasoconstrição na circulação para os alvéolos com baixa tensão de oxigênio, na tentativa de desviar o sangue para capilares cujos alvéolos estão ventilados, melhorando a V/Q. Porém, este mecanismo pode ser arriscado quando as áreas de baixa V/Q são extensas, pois a vasoconstrição será intensa na circulação pulmonar, gerando hipertensão pulmonar, comprometendo a ejeção do ventrículo direito, caracterizando a ‘cor pulmonale agudo’. Convencionalmente, chamamos de: → Shunt: situação em que o sangue passa por alvéolos não ventilados (V/Q = 0); e de → Efeito shunt: situação em que o sangue passa por alvéolos mal ventilados (V/Q baixa). ALTA V/Q A outra alteração V/Q ocorre no sentido inverso, com áreas alveolares ventiladas adequadamente, porém mal perfundidas (ou não perfundidas). Quando isso ocorre em grandes extensões, funciona como hipoventilação, pois a ventilação alveolar está sendo “perdida” para áreas onde não há trocas gasosas, com consequente hipoxemia e hipercapnia. Convencionalmente, chamamos de: → Espaço-morto: situação em que a ventilação ocorre em alvéolos não perfundidos; e de → Efeito espaço-morto: situação em que a ventilação ocorre em alvéolos mal perfundidos (V/Q alta). INALAÇÃO DE GÁS COM BAIXA CONCENTRAÇÃO DE OXIGÊNIO A IRpA pode ocorrer por inalação de ar com baixos níveis de O2, como ocorre nas intoxicações por outros gases, como o monóxido de carbono (CO). CLASSIFICAÇÃO DA IRPA Com base no mecanismo fisiopatológico, a IRpA pode ser classificada em pulmonar ou extra- pulmonar. IRPA PULMONAR Também chamada de tipo I, o comprometimento das trocas gasosas se deve a: MÓDULO PERDA DE SANGUE – P4 | Luíza Moura e Vitória Neves → Alterações na membrana alvéolo capilar; ou → Alterações na relação V/Q. Estão entre as responsáveis pela IRpA pulmonar: → Doenças que acometem os pulmões, incluindo as intersticiais, de preenchimento ou compressão do parênquima; e → Doenças de circulação pulmonar. IRPA EXTRA-PULMONAR Também chamada de tipo II, a capacidade de troca gasosa entre os alvéolos e os capilares está mantida, mas aqueles são hipoventilados e, portanto, não apresentam níveis adequados de O2 e CO2 que permitam a troca gasosa eficaz. Compreendem as causas de IRpA extra- - pulmonar: → Doenças que comprometem a ventilação: as neurológicas, as neuromusculares, as que limitam a expansão da caixa torácica; e → Doenças obstrutivas das vias aéreas. Esta é uma classificação didática da IRpA, mas não é raro a ocorrência simultânea de mais de um dos mecanismos descritos em uma mesma condição clínica. EXEMPLO 1: Na DPOC, a obstrução difusa das vias aéreas e a hiperinsuflação que reduz a eficiência de contratilidade do diafragma determinam hipoventilação. Ao mesmo tempo, algumas vias aéreas podem estar completamente obstruídas, sobretudo por secreções, o que determinará baixa ou não ventilação das unidades alveolares correspondentes, caracterizando baixa V/Q. EXEMPLO 2: As diferentes causas de IRpA pulmonar, nas quais, para tentar compensar a hipoxemia, o paciente hiperventila. A depender da intensidade da hiperventilação necessária e do tempo em que ela permanece, poderá haver fadiga do diafragma, acrescentando um problema ventilatório à IRpA; Pode haver ainda doenças simultâneas que podem levar a IRpA por mecanismos diferentes, como a presença de acidente vascular encefálico (possível causa extra-pulmonar) em conjunto com pneumonia ou atelectasia (possíveis causas pulmonares). A!! Alguns autores classificam essas condições como IRpA mista. ETIOLOGIA DA IRPA As doenças e lesões que prejudicam uma ou mais das três etapas da troca gasosa (ventilação alveolar, difusão e adequada relação ventilação- perfusão) irão desencadear os mecanismos fisiopatológicos responsáveis pelo desenvolvimento da IRpA. São muitas as causas de IRpA, portanto iremos dividi-las didaticamente de acordo com cada etapa da troca gasosa prejudicada. Citaremos alguns exemplos, mas várias outras etiologias são possíveis. Além disso, algumas etiologias são capazes de causar IRpA por mais de um mecanismo. CAUSAS DE HIPOVENTILAÇÃO LESÕES QUE ACOMETEM O CENTRO RESPIRATÓRIO Acidente vascular encefálico; Neoplasia;Infecção; Drogas depressoras do SNC. MÓDULO PERDA DE SANGUE – P4 | Luíza Moura e Vitória Neves LESÕES MEDULARES Trauma raquimedular; Infecção; Infarto; Hemorragia; Poliomielite; Guillain-Barré; Mielite transversa, Esclerose lateral amiotrófica. DOENÇAS NEUROLÓGICAS PERIFÉRICAS Doenças com liberação de neurotoxinas (tétano, botulismo, difteria); Miastenia gravis; Paralisia diafragmática bilateral; Intoxicação por organofosforado; Manifestações paraneoplasicas (Eaton-Lambert). DOENÇAS NEUROMUSCULARES Distrofias musculares, polimiosite, hipotiroidismo, distúrbios hidroeletrolíticos (hipocalcemia, hipomagnesemia, hipopotassemia ou hipofosfatemia), fadiga da musculatura respiratória, menor eficácia da contração diafragmática por hiperinsuflação. DOENÇAS DA PAREDE TORÁCICA Tórax instável, cifoescoliose, espondilite anquilosante, toracoplastia, fibrotórax, obesidade. DOENÇAS DE VIAS AÉREAS SUPERIORES Epiglotite, aspiração de corpo estranho, edema de glote, tumores, paralisia bilateral de cordas vocais, estenose de traqueia, traqueomalácia. DOENÇAS DIFUSAS DE VIAS AÉREAS INFERIORES DPOC, asma, fibrose cística. CAUSAS DE COMPROMETIMENTO DA DIFUSÃO DOENÇAS QUE ACOMETEM O INTERSTÍCIO E ESPESSAM A MEMBRANA ALVÉOLO-CAPILAR Infecciosas: tuberculose miliar, pneumonias virais, pneumocistose, histoplasmose. Neoplasia: linfangite carcinomatosa; Doenças inflamatórias: pneumoconioses, pneumonia de hipersensibilidade, sarcoidose, fibrose pulmonar idiopática. CAUSAS DE BAIXA V/Q DOENÇAS COM PREENCHIMENTO ALVEOLAR Pneumonia, edema agudo de pulmão, síndrome do desconforto respiratório agudo (SDRA), hemorragia alveolar, contusão pulmonar. DOENÇAS COM COLAPSO ALVEOLAR Atelectasias, grandes derrames pleurais ou pneumotórax comprimindo o parênquima pulmonar; DOENÇAS COM OBSTRUÇÃO COMPLETA OU COLAPSO DE PEQUENAS VIAS AÉREAS DPOC e asma. CAUSAS DE ALTA V/Q Embolia pulmonar (a alta V/Q é encontrada na embolia pulmonar, mas nem sempre se expressa clinicamente, pois há simultaneamente áreas de baixa V/Q, em função de substâncias broncoconstritoras liberadas pelo êmbolo); Choque circulatório; Emprego de elevadas pressões inspiratórias e/ ou expiratórias durante a ventilação mecânica. DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÔNICA (DPOC) Doenças pulmonares obstrutivas são entidades clinicopatológicas que têm em comum obstrução crônica ao fluxo aéreo, em qualquer nível da árvore respiratória. Pneumopatias obstrutivas estão provavelmente entre as doenças crônicas mais comuns no mundo todo, e sua prevalência está aumentando globalmente, particularmente em crianças e em idosos MÓDULO PERDA DE SANGUE – P4 | Luíza Moura e Vitória Neves A doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) caracteriza-se por sinais e sintomas respiratórios associados à obstrução crônica das vias aéreas inferiores, geralmente em decorrência de exposição inalatória prolongada a material particulado ou gases irritantes. → O tabagismo é sua principal causa. O substrato fisiopatológico da DPOC envolve bronquite crônica e enfisema pulmonar, os quais geralmente ocorrem de forma simultânea, com variáveis graus de comprometimento relativo num mesmo indivíduo. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Os principais sinais e sintomas são: → Tosse; → Dispneia; → Sibilância; e → Expectoração crônicos. Muitos pacientes com DPOC apresentam comorbidades com grande impacto na sua qualidade de vida e sobrevivência. Mediadores inflamatórios presentes na circulação podem contribuir para perda muscular e até caquexia, além de poderem associar-se a ou piorar outras condições, como doença cardíaca isquêmica, osteoporose, depressão, síndrome metabólica e outros. → Com tais características, a DPOC é considerada hoje uma doença sistêmica. ASMA A asma é doença prevalente, acometendo cerca de 5% da população mundial; estima-se que mais de 300 milhões de pessoas no mundo todo sejam afetadas pela doença. A asma acomete principalmente crianças e adolescentes, embora possa comprometer também adultos. Cerca de 5% dos asmáticos apresentam doença de difícil controle e refratária ao tratamento com corticosteroides. A doença pode ser dividida em duas grandes categorias: ATÓPICA Quando há evidências de sensibilização e resposta imunitária a certos antígenos; → Geralmente em indivíduos que têm história familiar da doença e apresentam também eczema e rinite alérgica; NÃO ATÓPICA Quando não se identifica um alérgeno predisponente. Além dessas formas clássicas da doença, há também: 1. Asma induzida por medicamentos, como a aspirina e outros anti-inflamatórios não esteroides. → Nesses casos, o mecanismo parece ser inibição da ciclo-oxigenase 2, com redução da PGE2, que inibe a produção de leucotrienos (mediadores pró- inflamatórios); 2. Asma ocupacional, que se manifesta em indivíduos que se expõem no ambiente de trabalho a certas substâncias (plásticos, madeira, algodão, tolueno, entre outras). → Nas várias formas da doença, as manifestações clínicas são desencadeadas por fatores diversos, como: infecções respiratórias, poluentes atmosféricos, fumaça do cigarro, frio, estresse e exercício físico. MÓDULO PERDA DE SANGUE – P4 | Luíza Moura e Vitória Neves MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Clinicamente, os pacientes apresentam episódios recorrentes de: → Dispneia; → Sibilos (chiado); e → Tosse associados a broncoconstrição; Essas manifestações são reversíveis, pelo menos em parte, espontaneamente ou por tratamento. Entre as crises, os pacientes são assintomáticos. Mas, em algumas pessoas as crises são persistentes (dias ou semanas) e podem ser fatais, caracterizando a asma grave ou status asmaticus. Legenda: Papel do remodelamento brônquico na resposta das vias aéreas a um estímulo broncoconstritor. A via aérea espessada em uma ou mais de suas camadas apresenta fechamento maior de sua luz em resposta à mesma intensidade de contração do músculo liso. SINDROME DE GUILLAN – BARRÉ A Síndrome de Guillain-Barré (SGB), também conhecida como polirradiculoneurite aguda, é a maior causa de paralisia flácida generalizada no mundo, com incidência anual de 0,81 a 1,89 casos por 100.000 habitantes, acometendo principalmente a população entre 20 e 40 anos de idade, de ambos os sexos. → Em situações normais, a maioria dos casos ocorre de maneira esporádica e parece não apresentar sazonalidade. A SGB é uma doença de caráter autoimune que acomete primordialmente a mielina da porção proximal dos nervos periféricos de forma aguda/subaguda. Aproximadamente 60% a 70% dos pacientes com SGB apresentam alguma doença aguda precedente (1 a 3 semanas antes), infecções por: → Campylobacter jejuni (32%); → Citomegalovírus (13%); → Vírus Epstein Barr (10%); e → Outras infecções virais, (hepatite vírus A, B e C, influenza e HIV). MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS A maioria dos pacientes percebe inicialmente a doença através de: Sensação de parestesias nas extremidades distais dos membros inferiores e, em seguida, superiores. Dor neuropática lombar ou nas pernas pode ser vista em alguns casos. Fraqueza progressiva é o sinal mais perceptível ao paciente, ocorrendo geralmente nesta ordem: → Membros inferiores; → Braços; → Tronco; → Cabeça; e → Pescoço. A intensidade pode variar desde fraqueza leve, que sequer motiva a busca por atendimento médico em nível primário, até ocorrência de tetraplegia completa com necessidade de ventilação mecânica (VM) por paralisia de musculatura respiratória acessória. Fraqueza facial ocorre na metade dos pacientes ao longo do curso da doença. Entre 5-15% dos pacientes desenvolvem oftalmoparesia e ptose. A função esfincteriana é, na maioria das vezes,preservada, enquanto a perda dos reflexos miotáticos pode preceder os sintomas sensitivos até mesmo em músculos pouco afetados. Instabilidade autonômica é um achado comum, causando eventualmente arritmias importantes, MÓDULO PERDA DE SANGUE – P4 | Luíza Moura e Vitória Neves mas que raramente persistem após duas semanas. A doença usualmente progride por 2 a 4 semanas. A!! Pelo menos 50% a 75% dos pacientes atingem seu nadir (pico de piora) na segunda semana, 80% a 92% até a terceira semana e 90% a 94% até a quarta semana. → Insuficiência respiratória com necessidade de VM ocorre em até 30% dos pacientes nessa fase. A!! Progressão de sinais e sintomas por mais de 8 semanas exclui o diagnóstico de SGB, sugerindo então uma polineuropatia inflamatória desmielinizante crônica (PIDC). Passada a fase da progressão, a doença entra em platô por vários dias ou semanas, com subsequente recuperação gradual da função motora ao longo de vários meses. PROGNÓSTICO Os fatores de risco para um mau prognóstico funcional são: → Idade > 50 anos; → Diarreia precedente; → Início abrupto de fraqueza grave (menos de 7 dias); → Necessidade de VM; → Amplitude do potencial da neurocondução motora menor que 20% do limite normal. O prognóstico motor é melhor nas crianças, pois necessitam menos de suporte ventilatório e recuperam-se mais rápido. Recorrência do episódio pode ocorrer em até 3% dos casos, não havendo relação com a forma de tratamento utilizada na fase aguda. PNEUMOTÓRAX O pneumotórax é definido como a presença de ar livre na cavidade pleural. O pneumotórax pode ser classificado em espontâneo e adquirido: MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS (PNEUMOTÓRAX ESPONTÂNEO) O pneumotórax espontâneo geralmente ocorre com o paciente em repouso, raramente durante exercício. Dor torácica e dispneia são os sintomas mais frequentes. Dispneia: normalmente é proporcional ao tamanho e à velocidade de acúmulo do pneumotórax e à reserva cardiopulmonar do paciente. Dor torácica: caracteriza-se por ser aguda e ipsilateral. Ao exame físico, geralmente observa-se: → do murmúrio vesicular e do frêmito tóraco-vocal; → local da expansibilidade torácica com do volume do hemitórax envolvido; → Timpanismo à percussão. Não é rara a ocorrência simultânea de enfisema subcutâneo e/ou pneumomediastino, dependendo da causa do pneumotórax. A!! Em muitas situações, os achados clínicos não refletem o tamanho do pneumotórax. MÓDULO PERDA DE SANGUE – P4 | Luíza Moura e Vitória Neves DERRAME PLEURAL O derrame pleural é o acúmulo de líquido na cavidade pleural. → A formação do derrame pleural envolve mecanismos capazes de aumentar a entrada ou de diminuir a saída de líquido no espaço pleural. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Os sintomas decorrentes do derrame pleural são: → Dor; → Dispneia; e → Tosse seca. A dor provém do acometimento da pleura parietal, geralmente por processos inflamatórios, como nas pneumonias e na tuberculose pleural; → É caracteristicamente do tipo ventilatório- dependente. A dispneia está presente sempre que: → Há dor, por causa da limitação imposta aos movimentos ventilatórios; ou quando → Há derrame pleural volumoso, por perda de área pulmonar, ventilatória. A tosse é seca; geralmente está relacionada ao estímulo de receptores da tosse, nas vias aéreas torcidas, pelo deslocamento mecânico das mesmas. Ao exame físico, geralmente aparecem: → Redução ou abolição do frêmito toracovocal e do murmúrio vesicular; e → Macicez à percussão. Podem estar presentes também: → Assimetria do tórax; → Redução da expansibilidade do hemitórax comprometido; → Abaulamentos intercostais expiratórios; → Submacicez ou macicez sobre a coluna vertebral adjacente ao derrame (sinal de Signorelli); → Sopro respiratório; e → Ausculta da voz anasalada, chamada egofonia, ou da voz “caprina”, percebida no limite superior do derrame. EDEMA PULMONAR O edema pulmonar se instala, quando o fluxo de líquido do espaço intravascular, em direção ao interstício e alvéolos, supera o retorno do mesmo ao intravascular e sua drenagem pelos linfáticos. → Estes desempenham importante papel na remoção de líquidos do interstício pulmonar. Edema pulmonar agudo constitui urgência clínica e motivo frequente de internação hospitalar. O paciente apresenta-se extremamente dispneico, cianótico e agitado, evoluindo com rápida deterioração para torpor, depressão respiratória e, eventualmente, apneia com parada cardíaca. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS As manifestações dependem do estágio em que se encontra o paciente. Assim, dividem-se em fases; FASE 1 Apenas a dispneia de esforço costuma ser correlacionada; FASE 2 O acúmulo inicial de líquido, no interstício pulmonar, pode comprometer as vias aéreas de pequeno diâmetro (terminais), particularmente nas bases pulmonares, associando-se a broncoespasmo reflexo. A taquipneia passa a ser observada, bem como os sibilos expiratórios. A!! É comum o diagnóstico indevido de doença pulmonar obstrutiva ou de asma, em pacientes com manifestações iniciais de congestão pulmonar. MÓDULO PERDA DE SANGUE – P4 | Luíza Moura e Vitória Neves Radiologicamente, a fase 2 é caracterizada por barramento perihilar bilateral e espessamento dos septos interlobulares (linhas “B” de Kerley). Ortopneia pode, ocasionalmente, ocorrer. FASE 3 Com o progredir do quadro, o acúmulo de grandes quantidades de líquido no interstício pulmonar leva ao extravasamento para a luz alveolar, presenciando-se, então, as manifestações clínicas em toda a sua dramaticidade. O sério comprometimento da hematose leva à: → Dispneia intensa, com o paciente nitidamente ansioso, assumindo posição ortostática e utilizando a musculatura respiratória acessória; → Palidez cutânea, cianose e frialdade de extremidades, associadas a agitação e ansiedade; → Respiração ruidosa (urgência clínica). SINDROME DA AANGUSTIA RESPIRATÓRIA (SARA) A SARA é um processo de edema pulmonar, agudo, não hidrostático ou não cardiogênico, acompanhado de uma hipoxemia persistente, associado a uma ampla lista de situações que predispõem ao seu desenvolvimento. A maior causa de SARA (43% dos casos) ocorre nos pacientes com síndrome séptica. A probabilidade de um paciente desenvolver a síndrome aumenta à medida que um ou mais fatores de risco estão presentes; Os fatores de risco mais comumente relacionados à SARA são: INJÚRIA DIRETA → Aspiração; → Infecção pulmonar difusa (bacteriana, viral, pneumocystis e outros); → Afogamento; → Inalação tóxica; → Contusão pulmonar; → Embolia gordurosa; → Toxicidade pelo oxigênio. INJÚRIA INDIRETA → Síndrome séptica; → Politraumatizado; → Politransfusão; → Choque; → Grandes queimados; → Pancreatite; → “By-pass” cardiopulmonar → Intoxicação exógena; → Coagulação intravascular disseminada; → Excesso de fluidos. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS É importante salientar que o quadro clínico inicial pode caracterizar-se apenas por taquipneia e alcalose respiratória, sem hipoxemia ou alteração radiológica. → A evolução do quadro clínico para insuficiência respiratória franca pode ser súbita. O principal sintoma da SARA é a dispneia. Os sinais clínicos são reflexos da hipoxemia e do edema pulmonar, e incluem: → Taquicardia; → Taquipneia com batimentos das asas do nariz; e → Cianose. Podem estar presentes: → Roncos e estertores pulmonares bilaterais e difusos. A radiografia de tórax mostra infiltrados pulmonares bilaterais e difusos, na maioria dos casos assimétricos, sem evidência de cardiomegalia. MÓDULO PERDA DE SANGUE – P4 | Luíza Moura e Vitória Neves Dentre as alterações funcionais mais importantes, destacam-se:→ Diminuição da complacência pulmonar (variação de volume pulmonar/pressão), devido ao edema pulmonar, aos infiltrados inflamatórios e às atelectasias; ou → Diminuição da distensibilidade do pulmão, devido a fibrose. Na SARA, o “shunt pulmonar” é o principal mecanismo gerador de hipoxemia e suas principais causas incluem: → Edema alveolar; → Trombos na microcirculação; → Adesividade celular; e → Microatelectasias. Quando o grau de “shunt” é muito elevado, a hipoxemia é refratária à administração de oxigênio, mesmo em altas concentrações. EMBOLIA PULMONAR A embolia pulmonar (EP) ocorre como consequência de um trombo, formado no sistema venoso profundo, que se desprende e, atravessando as cavidades direitas do coração, obstrui a artéria pulmonar ou um de seus ramos. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS A apresentação clínica da EP é geralmente inespecífica, dificultando o diagnóstico. Os sinais e sintomas dependem da/do: → Localização e tamanho do trombo; e → Estado cardiorrespiratório prévio do paciente. A EP pode ser classificada em três síndromes clínicas: → Colapso circulatório; → Dispneia não explicada; e → Dor torácica do tipo pleurítica. A!! Estas formas de apresentação clínica estão correlacionadas com os respectivos modelos fisiopatológicos: → Embolia maciça; → Embolia submaciça; e → Infarto pulmonar Nos pacientes estáveis clinicamente, a dispneia e a dor torácica são os sintomas mais frequentes. A dor torácica do tipo pleurítica correlaciona-se com os êmbolos que alcançam a periferia dos pulmões, levando ao infarto ou à hemorragia pulmonar. → O infarto pulmonar ocorre quando as artérias brônquicas não são capazes de promover circulação colateral para o segmento pulmonar não perfundido. → Nesses casos, a hemoptise pode estar presente. A dor torácica com característica de angina de peito pode ser observada nos casos graves, em que a sobrecarga aguda do VD pode provocar isquemia miocárdica secundária. ACHADOS CLÍNICOS NAS EMBOLIAS PEQUENAS (SUBMACIÇAS): → Dor torácica; → Dor pleurítica; → Dispneia; → Taquipneia; → Tosse; → Hemoptise / hemoptóicos; → Taquicardia; → Febre; → Cianose. MÓDULO PERDA DE SANGUE – P4 | Luíza Moura e Vitória Neves ACHADOS CLÍNICOS NAS EMBOLIAS GRANDES (MACIÇAS): → Síncope; → Hipotensão arterial / choque; → Taquicardia; → Dispneia; → Cianose. Com o objetivo de facilitar a avaliação de probabilidade na prática clínica, podendo guiar a tomada de decisão têm sido desenvolvidos critérios, sendo o mais citado os descritos como “escore de Wells”: MMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMM MMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMM MMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMM MMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMM MMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMM MMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMM MMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMM MMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMM MMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMM MMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMM MMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMM MMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMM MMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMM MMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMM MMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMM MMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMM MMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMM MMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMM MMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMM MMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMM MMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMM MMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMM MMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMM MMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMM MMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMM
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