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Aula 23 - 08-11-2010 - Economia Cafeeira II (Abolição da escravidão)

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Aula 23 - 08/11/2010 - Economia Cafeeira II (Abolição da escravidão)
Texto
	FURTADO (2009, cap. 24)
PRADO JR. (1977, cap. 18)
CARVALHO (2003)
Economia cafeeira II
1) Extinção do tráfico negreiro no Brasil
· CAIO PRADO: ênfase na pressão inglesa, mas salienta o papel (ou, talvez melhor, refere à existência), da “opinião pública” e dos escravos. Todavia, a opinião pública tem sua base amenizada pela opinião pública tem sua base amenizada pelo medo com relação aos escravos, seja pela explosão do nacionalismo que decorre da pressão inglesa.
“(...) a participação dos escravos no movimento da época não terá vulto apreciável; e isto constituirá talvez o motivo principal por que a estrutura fundamental da economia brasileira, assente como estava no trabalho deles, não sofre abalos suficientes para transformá-la desde logo. Contudo, mesmo esta débil participação e até, na falta dela, a simples presença desta massa de escravos surdamente hostis à ordem vigente num momento de agitações e convulsão social, era o bastante para desencadear a crise do sistema servil e pôr em equação o problema da escravidão.
Isto se observa particularmente na atitude que assumem, com relação a ele os diferentes setores da opinião pública. A escravidão vai aceleradamente perdendo sua base moral, não somente na opinião comum, mas até em círculos conservadores. (...) Ninguém ousa defendê-la abertamente; e seu desaparecimento num futuro mais ou menos próximo é reconhecido fatal.”
· PAULA BEIGUELMAN: uma dada articulação desses interesses (vide resumo anterior) à vista da disponibilidade de mão-de-obra permite o encaminhamento político-partidário da questão. É nesse âmbito que incide a pressão inglesa, cujo empenho e a efetividade são questionados pela autora.
“Ainda antes do encerramento do tráfico, a agro-pecuária cearense já começara a exportar braços para o Centro-Sul: a proibição da entrada de escravos no território nacional, elevando seu preço, devia tornar mais remunerador o atendimento a essa disposição já presente.
Na economia açucareira observa-se, na fase que precede à extinção do tráfico, uma intensificação do movimento de transferência de propriedades agrícolas das mãos dos fazendeiros para as dos especuladores de escravos. [já tinham se abastecido de mão-de-obra.]
(...) Quanto ao Centro Sul, a transferência de escravos de outras áreas do país impede a interrupção do abastecimento de braço.”
2) Libertação dos Naciturnos
a) Lembrar idéia do Caio Prado de que a extinção do tráfico implicava logicamente o fim da escravidão; a escravidão aparece em primeiro plano no debate pós 1850 (“conspiração do silêncio” por parte dos escravos)
b) O centro Sul era o principal reduto da reação escravocata, mas ali também havia um abastecimento pelo tráfico inter-provincial.
c) Encaminhamento do debate nacional: Propostas conciliatórias (os jurisconsultos e o nosso Código Negro)
Jurisconsulto de Teixeira de Freitas: “Cumpre advertir, que não há um só lugar do nosso texto, onde se trate de escravos. Temos, é verdade, a escravidão entre nós; mas, se esse mal é uma exceção, que lamentamos, condenado a extinguir-se em época mais ou menos remota; façamos também uma exceção, um capítulo avulso, na reforma das nossas Leis Civis; não as maculemos com disposições vergonhosas, que não podem servir para a posteridade:fique o estado de liberdade sem o seu correlativo odioso. As Leis concernentes à escravidão (que não são muitas) serão pois classificadas à parte e formarão nosso Código Negro.”-a legislação da escravidão é um anexo do Código Civil
Sobre esse texto de Teixeira, foi feito um pequeno reparo:
“É sensível a omissão, que houve na Consolidação a respeito das disposições concernentes à escravidão; porquanto, posto deva ela constituir, por motivos políticos e de ordem pública, uma lei especial, contudo convinha saber-se o estado defectivo da legislação a este respeito.”
Teixeira de Freitas
“reconheceu a lacuna apontada pela comissão, mas manteve, por outro lado, a decisão de não incluir a compilação dos dispositivos escravistas (...) no escopo de seu texto principal, inserindo-a somente como adendo, por meio de „notas explicativas‟. (...) Em outras palavras, a „mácula‟ do nosso código negro estaria escondida sob o véu de pequenas e inúmeras notas de rodapé, difíceis de serem lidas, e o „estado de liberdade‟ do nosso sistema jurídico-civil ficaria garantido e protegido. (...) Chegou-se, enfim, à elaboração do que seria o nosso código negro de rodapé.”
“Os jurisconsultos do IAB [ Instituto da Ordem dos Advogados do Brasil ]foram como os „porteiros‟ kafkianos da justiça imperial. Ao mesmo tempo em que, convidativos, chamaram a atenção para o „cancro‟ da escravidão, revelando seus pendores filosófico-morais à liberdade, procuraram impedir qualquer uso ou interpretação da lei que ferisse frontalmente os direitos reconhecidos da propriedade.”-Spiller
“(...) as possíveis contradições do discurso político emancipacionista entre, de um lado, seus princípios filosófico-morais a favor da liberdade e, de outro, os que exigiam um „bom‟ comportamento senhorial e a defesa da indenização pela perda da propriedade escravista (...) decorreram da obediência a outro princípio político fundamental defendido por eles: a manutenção da segurança e da ordem do Estado imperial.”-Spiller
“O discurso emancipacionista dos jurisconsultos foi essencialmente conservador, no sentido de idealizar caminhos para „melhorar a sorte dos escravos‟ (o que, em última instância, otimizava o próprio funcionamento do escravismo) e para uma transição gradual da escravidão para a liberdade, sem traumas (à ordem e tranqüilidade do Império) e sem maiores prejuízos (aos proprietários). Tal idealização jurídica correspondeu inteiramente às metas políticas do Estado imperial (sobretudo às do Conselho do Estado) na elaboração dos projetos para a reforma do „elemento servil‟.”-Spiller
c.1) Encaminhamento do debate nacional (base no texto do Caio Prado)
· A partir de 1860: “Mas nos anos que se seguem, a maturação do problema se precipita. Os efeitos da suspensão do tráfico começam logo a se fazer sentir. Cessara bruscamente, e ainda no momento sem nenhum substituto equivalente, a mais forte corrente de povoamento do país representada anualmente por algumas dezenas de milhares de indivíduos. A lavoura logo se ressentirá da falta de braços, e o problema se agrava de ano para ano. Estava-se com a progressão da cultura do café num período de franca expansão das forças produtivas, e o simples crescimento vegetativo da população trabalhadora não lhe podia atender às necessidades crescentes. As medidas então projetadas para assegurar a conservação e estimular o aumento da escravatura existente mostram como o problema era sentido, mas não servirão para grande coisa.”
· “Em geral, não se irá neste primeiro momento ao extremo de pedir a abolição total e imediata do regime servil: procuram-se meios de chegar a uma solução conciliatória que harmonize na medida do possível os interesses em jogo e traga a extinção gradual e suave da escravidão, sem choques graves e comprometedores do equilíbrio econômico e social do país.”
· “No momento, contudo, a questão não progrediu muito. O Brasil se empenhara em 1865, com a Argentina e o Uruguai, na guerra contra o Paraguai; e isto servirá de pretexto para adiar o debate. Mas não impede a radicalização cada vez maior da opinião pública. A idéia de emancipação começa a conquistar forças políticas importantes, e isto faz com o Imperador, esquecido de suas fumaças progressistas, organize em 1868 um ministério fortemente conservador e francamente escravocata, cujo primeiro ato é dissolver uma Câmara já excessivamente libertadora.”
· “A pressão se torna particularmente forte ao terminar a Guerra do Paraguai. Não somente desfazia-se o pretexto até então invocado para não tratar do assunto, mas acrescentam-se novas circunstâncias em favor da causa libertadora. A guerra pusera em relevo as debilidades orgânicas de um país em que amassa da população era constituída de escravos. Encontraram-se as maiores dificuldades no recrutamento de tropas, e foi-se obrigado a recorrer a escravos, desapropriando-os de seus senhores e concedendo-lhes alforria. (...) Além disso, o Brasil, embora vitorioso, saia da guerra humilhado, não somente em face dos aliados, mas dos próprios vencidos, com suas tropas de recém egressos da escravidão. A questão da abolição do regime servil se tornará, daí por diante, um ponto de honra nacional.”
· “A Lei do Ventre Livre não resultou assim, em última análise, senão numa diversão, uma manobra em grande estilo que bloqueou muito mais que favoreceu a evolução do problema escravista no Brasil. Foi preciso um decênio para que renascesse o movimento libertador, que terá de esperar que as condições inerentes à escravidão cheguem no auge da crise. Isto efetivamente se verificará a partir de 1880. A gradual diminuição da população escrava que havia quase trinta anos deixara de ser alimentada pelo tráfico africano, tornara premente o problema do fornecimento de braços para a lavoura.”
3) Anos 1880: Recrudesce a escassez de mão de obra, “termina o efeito-remédio da lei do Ventre-Livre”; campanha abolicionista vai para as ruas; participação dos escravos: fugas coletivas, negada intervenção por parte das forças armadas.
RESUMO DA POSIÇÃO de CAIO PRADO:
1850: Pressão Inglesa
1871: Manobra diversionista
1888: Movimento Abolicionista
A opinião pública, que é a variável chave, caminha em um crescendo.
4) Lei do Ventre Livre: Paula Beiguelman
“No período que antecede a libertação dos nasciturnos verificamos no Oeste Paulista uma conduta econômica característica e que se evidenciaria: na tendência a utilizar o braço escravo apenas para as funções essenciais da lavoura, no emprego de excedentes do capital na valorização da terra, cedida em parte para a criação de colônias voltadas para a agricultura de alimentação, na aliança e estímulo insipiente à urbanização da área, etc. São sinais todos que revelam uma disposição da economia para criar padrões novos de riqueza e diferenciar-se internamente num sentido que apresenta coerência para a posterior incorporação de um trabalho consumidor. A libertação dos naciturnos pode pois ser interpretada como um golpe desferido na escravidão, depois de avançada tarefa desta com respeito ao crescimento da economia em complexidade.”
 	-também a libertação dos nasciturnos limitou as possibilidades de as províncias exportadoras tornarem-se produtoras.
· A autora ressalta que à libertação dos nasciturnos opôs-se, com veemência, “a lavoura cafeeira toda nos vários níveis de produtividade”.
· Como, então, a lei pôde sair? A responsável pela Lei foi a Coroa (“o grilo falante do Pinóquio da escravidão”) que via colocada frente-à-frente com as pressões abolicionistas da Inglaterra[1] e as simpatias populares. Acontece que, no sistema político-partidário brasileiro, havia um incentivo muito grande para que os partidos se desvinculassem de seus interesses de raiz (escravistas) para caírem nas graças da Coroa e receberem o controle do gabinete. Isso permite que crie-se um jogo político-partidário do qual sai a aprovação da lei.
· Motivação para a Lei do Ventre-Livre: CAIO PRADO: D. Pedro II queria ser bem-visto pelos intelectuais
 JOAQUIM NABUCO: encontro com Flores e Mitre no Uruguai faz o imperador ver que a escravidão era motivo de escárnio para seus inimigos.
5) Abolição da Escravidão:
Paula Beiguelman: a Coroa foi fundamental no processo na medida do que causou a partir da lei [Ventre Livre]: depreciação do investimento servil, fim da possibilidade de “criação dos cativos”, diminuição da soma de interesses a contrariar a abolição (estímulo ao setor mais novo da lavoura paulista a buscar soluções alternativas à escravidão)
Havia três áreas políticas principais na lavoura cafeeira paulista: o Vale do Paraíba, região mais antiga e já saturada de escravos; o “Oeste Antigo”, que já tinha parte do quadro de trabalho organizado, e o Oeste Novo, ainda não suprido de braços. Aos poucos, formou-se uma aliança entre o Oeste Novo e o Vale do Paraíba pela proibição da entrada de novos escravos nas províncias paulistas.
Abolicionismo nacional: Oeste Paulista: pode remunerar o trabalho livre
 	 Norte do Império: é oneroso manter escravos
Nordeste açucareiro: apegado à mão-de-obra escrava (apesar do tráfico interno), tendência latente à concentração de propriedades e uso do escravo como instrumento para conseguir capitais- especulação que se beneficia da falência escravista
1886: Oeste Novo ascende ao Executivo Provincial, Sociedade Promotora da Imigração, Negados Recursos Policias para repreender o abolicionismo.
 
[1] CUIDADO COM ISSO PELOAMORDEDEUS

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