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Processo de produção de bioetanol Uma vez na usina, a cana‐de‐açúcar é lavada e segue para o sistema de preparo e extração em moendas, nas quais a extração do caldo se realiza sob pressão de rolos, montados em conjuntos com quatro a sete sucessivos ternos de moenda. No conjunto de rolos da moenda, o caldo, que contém a sacarose, é separado da fibra (bagaço), que segue para a planta de energia da usina, na qual é usada como combustível. Em algumas novas unidades implantadas no Brasil, tem sido adotada a extração por difusão, com expectativas de vantagens do ponto de vista energético. Nos difusores, a cana picada e desfibrada passa por sucessivas lavagens com água quente, para lixiviação de seus açúcares, e, ao final, passa por um rolo de secagem, do qual sai o bagaço a ser utilizado nas caldeiras. Para a produção de açúcar, o caldo é inicialmente peneirado e tratado quimicamente, para coagulação, floculação e precipitação das impurezas, que são eliminadas por decantação. A torta de filtro, utilizada como adubo, resulta da recuperação de açúcar do lodo do decantador através de filtros rotativos a vácuo. O caldo tratado é, então, concentrado em evaporadores de múltiplo efeito e cozedores para cristalização da sacarose. Nesse processo, nem toda a sacarose disponível na cana é cristalizada e a solução residual rica em açúcar (mel) pode retornar mais de uma vez ao processo com o propósito de recuperar mais açúcar. O mel final, também chamado de melaço e que não retorna ao processo de fabricação de açúcar, contém ainda alguma sacarose e um elevado teor de açúcares redutores (como glicose e frutose, resultantes da decomposição da sacarose), podendo ser utilizado como matéria‐prima para a produção do bioetanol mediante fermentação. Desse modo, a produção de bioetanol de cana‐de‐açúcar pode se basear na fermentação tanto do caldo da cana direto quanto de misturas de caldo e melaço, como é mais freqüentemente praticada no Brasil. No caso de bioetanol de caldo direto, as primeiras etapas do processo de fabricação, da recepção da cana ao tratamento inicial do caldo, são semelhantes ao processo de fabricação do açúcar. Em um tratamento mais completo, o caldo passa pela calagem, aquecimento e decantação, assim como no processo do açúcar. Uma vez tratado, o caldo é evaporado para ajustar sua concentração de açúcares e, eventualmente, é misturado com o melaço, dando origem ao mosto, uma solução açucarada e pronta para ser fermentada. O mosto segue para as dornas de fermentação, onde é adicionado com leveduras (fungos unicelulares da espécie Saccharomyces cerevisae) e fermentado por um período de 8 a 12 horas, dando origem ao vinho (mosto fermentado, com uma concentração de 7% a 10% de álcool). O processo de fermentação mais utilizado nas destilarias do Brasil é o Melle‐ Boinot, cuja característica principal é a recuperação das leveduras do vinho mediante sua centrifugação. Assim, após a fermentação, as leveduras são recuperadas e tratadas para novo uso, enquanto o vinho é enviado para as colunas de destilação. Na destilação, o bioetanol é recuperado inicialmente na forma hidratada, com aproximadamente 96° GL (porcentagem em volume), correspondentes a cerca de 6% de água em peso, deixando a vinhaça ou vinhoto como resíduo, normalmente numa proporção de 10 a 13 litros por litro de bioetanol hidratado produzido. Nesse processo, outras frações líquidas também são separadas, dando origem aos álcoois de segunda e ao óleo fúsel. O bioetanol hidratado pode ser estocado como produto final ou pode ser enviado para a coluna de desidratação. Mas, como se trata de uma mistura azeotrópica, seus componentes não podem ser separados por uma simples destilação. A tecnologia mais utilizada no Brasil é a desidratação pela adição do ciclohexano, formando uma mistura azeotrópica ternária, com ponto de ebulição inferior ao do bioetanol anidro. Na coluna de desidratação, o ciclohexano é adicionado no topo, e o bioetanol anidro é retirado no fundo, com aproximadamente 99,7° GL ou 0,4% de água em peso. A mistura ternária retirada do topo é condensada e decantada, enquanto a parte rica em água é enviada à coluna de recuperação de ciclohexano. A desidratação do bioetanol ainda pode ser feita por adsorção com peneiras moleculares ou pela destilação extrativa com monoetilenoglicol (MEG), que se destacam pelo menor consumo de energia e também pelos custos mais elevados. Por conta das crescentes exigências do mercado externo, diversos produtores de bioetanol no Brasil e em outros países estão optando pelas peneiras moleculares, já que são capazes de produzir um bioetanol anidro livre de contaminantes. Um fluxograma do processo de produção de bioetanol é apresentado na Figura 1. Figura 1. Fluxograma do processo de produção de bioetanol desidratado de cana‐de‐açúcar (adaptado de Quintero et al., 2008). Para o caso de produção de etanol utilizando milho como matéria‐prima, são acrescentadas ao processo algumas etapas de pré‐tratamento da matéria‐prima amilácea de forma a liberar os açúcares fermentescíveis que, neste caso, compõem as macromoléculas de amido (Figura 2). Após a moagem do milho, o material amiláceo é gelatinizado de maneira a dissolver a amilose e a amilopectina. Na forma dissolvida, o amido torna‐ se acessível à ação enzimática na etapa de liquefação subseqüente. Esta etapa é considerada como um pré‐tratamento devido à hidrólise parcial (em torno de 10%) das cadeias de amido por meio da ação da enzima termoestável α‐amilase (produzida por bactérias). O hidrolisado obtido apresenta uma viscosidade reduzida e contém oligômeros de amido denominados dextrinas. Em seguida, o amido liquefeito é encaminhado para um processo de sacarificação e fermentação simultânea, no qual o amido é hidrolisado por ação de enzimas denominadas glicoamilases para produzir glicose que, por sua vez, é imediatamente assimilada pelas leveduras S. cerevisae, no mesmo reator, para produzir etanol. Após a sacarificação‐fermentação, o processo segue exatamente as mesmas etapas utilizadas para o etanol de cana‐de‐açúcar. Figura 2. Fluxograma do processo de produção de bioetanol desidratado de milho (Quintero et al., 2008). 1. Tanque de lavagem; 2. Moinho; 3. Reator de liquefação; 4. Reator de sacarificação/fermentação; 5. Absorvedor de etanol; 6. Coluna concentradora; 7. Coluna retificadora; 8. Peneiras moleculares; 9. Evaporador; 10. Centrífuga; 11. evaporador; 12. Secador. Referências 1. Quintero, J.A., Montoya, M.I. , Sánchez, O.J., Giraldoc, O.H. and Cardona, C.A. 2008. Fuel ethanol production from sugarcane and corn: Comparative analysis for a Colombian case, Energy, 33, 385–399.
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