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- -1
PESQUISA EM SERVIÇO SOCIAL II
A DÚVIDA COMO FUNDAMENTO DA 
PESQUISA
- -2
Olá!
Ao final desta aula, você será capaz de:
1. Compreender a importância da dúvida como motivação para a busca do conhecimento científico;
2. destacar das técnicas de problematização;
3. destacar os cuidados que se deve ter na condução das leituras, em especial no que diz respeito aos materiais
oriundos da Internet.
1 A dúvida como fundamento da pesquisa
Uma das maneiras mais eficazes para um estudante verificar se já tem algum domínio sobre um tema é formular
perguntas sobre ele.
Pode fazer disso um exercício constante, uma atividade de ginástica mental que leva a alcançar uma percepção
maior sobre qualquer assunto. Bem, mas fazer perguntas pode ter muitas outras utilidades, e nossa aula de hoje
vai tratar de algumas delas. Nossa vida, afinal, acaba se tornando com um trabalho de aperfeiçoar
constantemente a habilidade para lidar com questionamentos, mesmo que eles não venham por escrito.
Nossa aula anterior terminou com algumas orientações para facilitar a escolha do tema e sua delimitação.
Sabemos que não é fácil delimitar. O espaço dedicado a esta parte ficou muito restrito na aula passada, e existe
uma razão forte para que tenha sido assim.
É que o processo de delimitação de um tema exige reflexão e, nesses momentos, por vezes, o melhor a fazer é
“dar uma esfriada na cabeça”, antes de retomar o problema.
A proposta agora é dar um passo adiante, por meio da problematização do tema. Se você já tem um tema pré-
escolhido, uma técnica que pode ajudar um avanço no sentido da problematização é fazer perguntas a si mesmo
sobre o tema. Aí, você verá como as técnicas que vamos propor de problematização podem ajudá-lo a delimitar
com mais clareza o tema.
Em suma, a principal finalidade da presente aula é demonstrar como a dúvida pode servir de alicerce para a
busca do conhecimento. Se você pesquisar nos anais da História da Ciência, verá que todas as descobertas
humanas nasceram de momentos de dúvida.
- -3
E não somente as descobertas, como as grandes invenções e criações humanas, podem advir da dúvida. Diante
do desafio de como enfrentar um problema sério, os homens criam saídas, buscam soluções e a trajetória da
espécie neste planeta tem mostrado isso, desde eventos ocorridos em tempos distantes, como a descoberta de
como fazer o fogo e a criação da roda.
Pois então, se você aproveitar o espaço desta semana para levantar questionamentos sobre o tema de pesquisa
que escolheu, saiba que estará se juntando a ilustres personagens de nossa história, que fizeram da dúvida um
motor para o avanço na aventura do conhecimento.
Fazer perguntas sobre o assunto que escolhemos para nossa pesquisa, a princípio, parece algo simples, mas
depende de certo nível de conhecimento prévio. Mesmo que para apresentar soluções parciais, apontar
caminhos para o surgimento de novos questionamentos, o certo é que todo pesquisador sempre busca respostas.
Grande parte do problema está em como perguntar, ou para ser mais preciso, como expressar sua dúvida.
Veremos nesta aula que ter dúvidas está entre as coisas mais preciosas que podem acontecer a um estudante,
desde que ele se debruce sobre o estudo e aceite o desafio do questionamento.
Se fizer isso, a dúvida o conduzirá adiante, funcionará como um agente impulsionador. A dúvida tanto pode deter
o avanço de um estudante em seu processo de enriquecimento de aprendizado quanto pode servir como o
fundamento mais essencial de suas pesquisas. Tudo depende da atitude que cada um terá diante dela.
Por conta disso, grande parte do conteúdo da presente aula versará sobre a arte da dúvida, ou seja, de fazer
perguntas, para delas extrair conhecimento. Veremos como este é um processo contínuo no desenvolvimento de
qualquer pesquisa científica, de qualquer reflexão crítica sobre a realidade.
Nesta aula, apontaremos alguns dos requisitos para a formulação de uma questão norteadora, que será a dúvida
principal, a pergunta-chave, a qual o trabalho de pesquisa se propõe a responder.
A esses requisitos daremos o nome de , mas por motivos que explicaremostécnicas de problematização
adiante, não vamos usar a palavra “problema” como sinônimo de questão norteadora. Seguindo as
recomendações aqui expressas, os alunos terão como elaborar sua pergunta-chave, cumprindo assim uma das
etapas essenciais do seu Projeto de Pesquisa.
Por último, ainda nesta aula, chamaremos atenção para o fato de que ler sobre o tema escolhido não pode ser
deixado para depois. É uma tarefa que deve começar desde já. A importância disso decorre do fato de que é uma
tarefa que exige do estudante/pesquisador certo grau de maturidade, visto que o questionamento já demonstra
um certo nível de conhecimento sobre o tema.
- -4
2 Duvidar para crescer - Antes de prosseguir, vamos 
propor a você uma reflexão:
Se tiver que escolher entre dois tipos de professores, um que traz sempre as respostas prontas e outro que é
capaz de motivar a turma com questionamentos e dá tempo aos alunos para refletirem, antes de exigir respostas, 
?que escolha faria
Podem contar que, com raras exceções, os mestres mais questionadores são melhores para o nosso próprio
crescimento. O fato de propor questões valendo ponto ou não é um detalhe secundário. Muitos aprendizados
podem ser feitos fora dos parâmetros pedagógicos consagrados.
Será por demais ousado dizer que o professor ideal é o que provoca a reflexão?
Ou aquele que não se contenta com seus alunos quietos nos lugares, mas os quer integrados no propósito de
buscar o conhecimento?
Então, essas perguntas levaram você a refletir sobre o assunto? Clique no ícone PDF e veja mais sobre o tema.
Saiba mais
Duvidar para crescer
Deixar um aluno assim no ponto em que está, sem puxar mais dele, exigir mais dele, é permitir
que demonstre somente que é capaz de resumir, quando não se reduz a reproduzir resumos já
prontos. Afinal, a Internet está cheia deles, assim como os livros didáticos de Ensino Médio. Um
estudante não fará jus ao seu diploma universitário se não ultrapassar essa etapa.
O Serviço Social é uma disciplina que está inserida na dinâmica da sociedade. A formação
profissional de quem vai atuar nesta área requer um preparo para se lidar a todo o momento
com os mais diversos desafios do cotidiano. Então, o aluno não pode, agora, ter medo de ser
questionado. Melhor fará se conseguir se transformar, ele próprio, em um questionador.
Sim, o estudante sempre cresce quando adquire o hábito de fazer seus próprios
questionamentos. Ao lidar com as demais disciplinas do curso, você deve ter tido oportunidade
de verificar isso. Formular questões a serem postadas em um fórum de dúvidas para as provas,
ou mesmo para sanar a curiosidade que tenha brotado do seu interesse pela matéria. Bem, a
primeira modalidade de perguntas é importante, mas não tenha dúvida de que a segunda
representa um avanço maior em sua capacidade de caminhar por si mesmo no longo caminho
do conhecimento.
Pensemos agora em nos valer da capacidade de nos questionarmos para aprimorar a
delimitação de nosso tema. Sim, algumas perguntas podem ser formuladas com este fim. Não
são ainda o seu questionamento central, a sua questão norteadora, mas podem ajudar muito
no processo de aprimoramento da reflexão sobre o tema.
Exemplo: se você fizer uma pesquisa sobre os menores infratores que reincidem no Rio de
Janeiro, pode se perguntar sobre qual é a idade da maior parte deles. Como resposta a este
questionamento, é bem possível que tenha acesso a um dado estatístico que virá a ter papel
- -5
2.1 A seguir, apontaremos alguns cuidados necessários na formulação de 
uma questão norteadora.
Contudo, devemos considerar que a palavra tem muitas outras aplicações, muitos significados e, por isso,
acabará sendo necessária, em nosso trabalho, para lidar com outras situações. Por esse motivo, optamos por
manter a nomenclatura apontada inicialmente, ou seja, chamar a nossa pergunta-chave de “questãonorteadora”,
ou seja, as técnicas a serem observadas, com vistas a obter um bom resultado na formulação da questão
norteadora.
questionamento, é bem possível que tenha acesso a um dado estatístico que virá a ter papel
importante no seu trabalho. Portanto, esta será uma pergunta útil, mas obviamente não serve
como questão norteadora, uma vez que a resposta a ela pode vir logo no começo da pesquisa.
Trata-se de uma pergunta que puxa uma resposta bem simples e direta. Não se trata de um
questionamento que tenha vigor para provocar toda uma reflexão sobre o tema em debate. E
assim, virão muitas outras questões, todas secundárias, mas importantes.
De qualquer forma, as perguntas então formuladas foram de importância central para que o
pesquisador chegasse às suas primeiras conclusões, ainda provisórias, mas que forneceram
material de pesquisa básico para o prosseguimento do trabalho.
O mesmo se dá a qualquer um que inicie esta mesma seara. Pode ser que as primeiras
respostas gerem novas perguntas. Não se exaspere. Ao contrário, desenvolva o hábito de tirar
proveito disso. Estamos mesmo diante de algo que é uma das técnicas mais básicas para se
ampliar o nosso domínio sobre qualquer tema. Então, faça sempre mais perguntas, a você
mesmo, a seus professores, a seus colegas. Todos sairão ganhando com isso. A Universidade
deve ser vivida como um espaço aberto a dúvidas sempre novas, que venham arejar o
ambiente acadêmico com a busca pelo conhecimento das gerações mais novas.
Agora, enquanto as dúvidas menores nascem para serem sanadas de imediato, fluem quase
naturalmente da curiosidade do estudante, e precisam ser atendidas sem muita demora. A
questão maior, a grande dúvida do trabalho, esta ficará em aberto. Trata-se de uma pergunta-
chave para o seu trabalho como um todo. A ela daremos o nome de “questão norteadora”. Não
será respondida de imediato, por trazer um nível de complexidade maior, por ser um convite à
reflexão. E não há mesmo pressa para se chegar a uma resposta, já que toda a pesquisa será um
esforço no sentido de se buscar a resposta.
- -6
2.2 Para tanto, vale adiantar que o processo de problematização do tema 
sempre é o ponto de partida, razão pela qual, muitas vezes, a questão 
norteadora também vem apresentada sob o nome de “problema”.
Deixar um aluno assim no ponto em que está, sem puxar mais dele, exigir mais dele, é permitir que demonstre
somente que é capaz de resumir, quando não se reduz a reproduzir resumos já prontos. Afinal, a Internet está
cheia deles, assim como os livros didáticos de . Um estudante não fará jus ao seu diplomaEnsino Médio
universitário se não ultrapassar essa etapa.
3 Técnicas para a problematização
De qualquer forma, as perguntas até então formuladas foram de importância central para que o pesquisador
chegasse às suas primeiras conclusões, ainda provisórias, mas que forneceram material de pesquisa básico para
o prosseguimento do trabalho.
O mesmo se dá a qualquer um que se inicie nesta mesma seara. Pode ser que as primeiras respostas gerem novas
perguntas. Não se exaspere. Ao contrário, desenvolva o hábito de tirar proveito disso.
Veja, então, o quanto a problematização é importante como parte de um conjunto de procedimentos que levará o
estudante à plena realização de sua tarefa.
Assim, a técnica de fazer perguntas ao tema deve ser incorporada como parte do próprio trabalho. De tal sorte
que o seu projeto de pesquisa deve trazer o problema, ou se possível, mais de um, todos formulados em
questionamentos que venham depois facilitar o desdobramento das etapas seguintes da pesquisa.
Assim, as perguntas formuladas foram de importância central para que o pesquisador chegasse às suas
primeiras conclusões, ainda provisórias, mas que forneceram material de pesquisa básico para o
prosseguimento do trabalho. O mesmo se dá a qualquer um que inicie esta mesma seara. Pode ser que as
primeiras respostas gerem novas perguntas. Não se exaspere.
Fique ligado
As vantagens de fazer essas perguntas-chave ao tema não param por aí. Além de ajudar o
pesquisador a delimitar seu tema com mais clareza, a problematização também confere à
pesquisa uma dinâmica mais intensa, uma vez que tudo o que vier a seguir serão tentativas de
responder ao questionamento apresentado.
- -7
O que propomos agora é que você dirija questionamentos ao seu tema, esteja ele em que ponto estiver do seu
processo de delimitação. Não passe para a próxima aula sem cumprir essa tarefa. Tal procedimento é muito
importante para o andamento do trabalho. E alguns desses questionamentos, os que vierem a se mostrar mais
fecundos, devem ser destacados em seu projeto de pesquisa.
Para efeito de um resultado mais adequado, a questão norteadora deve atender a alguns requisitos. Antonio
Carlos Gil (2002), autor incluído em nosso material didático, sugere que se preste atenção aos seguintes
aspectos:
3.1 Técnicas para a problematização
Clareza e
Precisão
ou seja - a pergunta-chave deve ser elaborada de “um comunicar-se” com facilidade,
dizer a que veio, de modo a não deixar dúvidas nos eventuais leitores. Portanto, nada
de ambiguidades ou formulações imprecisas. Neste ponto, o pesquisador deve ter
cuidado com a qualidade textual de sua pergunta-chave, submetê-la a um processo
cuidadoso de revisão.
Veja só um exemplo de questão norteadora ambígua: “Qual deve ser a participação dos
pais de jovens infratores na solução de seu problema?” Bem, sem contar para outros
problemas que podem ser apontados nesta frase, salta aos olhos que o pronome
possessivo “seu” parece estar se referindo aos problemas dos jovens infratores, mas
também pode se referir aos problemas dos pais. Disso resulta a conclusão de que a
redação da frase é problemática e defeituosa, dando margem à dupla interpretação, ou
seja, é imprecisa.
Fique ligado
Ao contrário, desenvolva o hábito de tirar proveito disso. Neste caso, com tudo anotado em
rascunho, o estudante/pesquisador estará avançando em sua interação com o tema com o qual
se comprometeu.
Não tenha medo de ter dúvidas, busque as informações necessárias para sanar essas dúvidas.
Elas podem se tornar a trilha que levará ao sucesso.
- -8
Empirismo
deve ser proposta uma questão que possa ser verificada pelo pesquisador, por meio
dos instrumentos de pesquisa adequados. Embora não indicado para qualquer ciência,
esse requisito é bem adequado ao Serviço Social, uma vez que se trata de uma ciência
que lida com a realidade social concreta.
Para levar a efeito uma verificação disso, o pesquisador se vale de uma série de
recursos sobre os quais discorreremos numa das próximas aulas, como questionários,
formulários etc. Para o presente momento, que é o da proposição da questão
norteadora, ainda não é chegado o momento de se valer de tais recursos.
Delimitação
um aspecto sobre o qual já vimos comentando desde a aula passada. Trata-se de
escolher um recorte bem específico no tema proposto. Já vimos que não adianta ter em
mente, digamos, “quais são as dificuldades do jovem em se inserir no mercado de
trabalho?”, tendo em vista que se trata de uma proposta de tema por demais vasta.
Um dos modos de se delimitar, como vimos na aula 2, consiste em escolher um recorte
cronológico e geográfico, ou seja, determinar uma época e um lugar. O que pode
resultar em algo como: “quais são as dificuldades dos jovens cariocas no mercado de
trabalho nos dias de hoje?”. Bem, já foi um avanço. Mas ainda pode ficar melhor, na
medida em que escolhermos também uma determinação etária para o grupo a ser
estudado. Daí, o resultado poderia ser: “quais são as dificuldades dos jovens cariocas,
entre 15 e 18 anos, em se inserir no mercado de trabalho?”, ou algum outro tipo de
recorte, caso você se proponha a estudar jovens afrodescendentes, filhos de pais
adotivos, filhos de imigrantes, portadores de necessidades especiais, ou algum outro
subgrupo.
Possibilidade
de solução
o tema escolhido deve pressupor uma questão passível de ser respondida, o desafio
propostodeve ser passível de ser resolvido. Não se trata de dizer que você, estudante
de Serviço Social, resolverá os problemas da nação, mas sim que as questões que você
propõe podem ser solucionadas e que apontará as respostas na sua pesquisa.
Para o questionamento proposto como exemplo no item “c”, veja como um pesquisador
pode relacionar as dificuldades encontradas pelos jovens de se profissionalizar hoje,
mas não cabe a nenhum de nós solucionar a questão. No máximo, podemos encaminhar
- -9
propostas de solução às autoridades ou aos empresários, no sentido de sensibilizá-los
para o problema. Não teremos certeza de que novas vagas serão abertas, graças aos
nossos esforços, mas teremos feito a nossa parte.
Bem, todos esses critérios são de suma importância. A atenção a cada um deles
resultará em um trabalho de problematização mais bem feito.
Porém, para além do que nos propõe Antonio Carlos Gil, podemos sugerir mais alguns:
Coerência
uma das condições essenciais para a qualidade de seu texto é não fugir ao tema
proposto, não tomar atalhos que o afastem da proposta inicial, a não ser que você
decida mudar a proposta inicial. Assim, se o trabalho se propõe a estudar o impacto
que a repressão policial pode vir a ter no cotidiano de comunidades carentes, tome
cuidado de levar em conta que a polícia, no Brasil, tem atuação em esfera estadual.
Neste caso, críticas ao governo federal devem ser cuidadosamente avaliadas, sob o
risco de se cometer um erro, neste caso, de coerência. Não se esqueça de que há no
senso comum certo vício de sempre culpar o governo por tudo, o que ainda reflete a
visão de que o governo é que deve tutelar todos os nossos atos e resolver todos os
nossos problemas. Mas a questão, nesse caso, seria de coerência com o tema proposto.
Autenticidade
todo questionamento formulado deve expressar uma dúvida efetiva, e não ser um mero
expediente para cumprir uma etapa do processo. Assim, não será um problema, de
verdade, a questão que expressar uma resposta que você já tenha respondido em seu
íntimo, algo assim: “Terá o crack relação direta com as situações em que mães
adolescentes abandonam seus bebês?”
Uma questão como esta não se sustenta enquanto questão norteadora de uma pesquisa
porque ela já esconde uma resposta nas entrelinhas: sim. Bem melhor já será formular
da seguinte forma: “Que vantagens há em se chamar a ajuda da sociedade civil para
buscar uma solução para o problema de adolescentes grávidas viciadas em crack, em
vez de se confiar apenas no Estado?” Neste caso, mesmo que esteja sugerido nas
entrelinhas que você acha que é vantajoso, a pergunta foi formulada de tal forma que a
resposta “sim” não é suficiente. No mínimo, você teria que elencar uma sequência de
vantagens, em seguida valer-se de argumentos para justificar sua resposta. Veja que a
pergunta é formulada no plural – “Que vantagens há...” – já deixando caminho aberto
para que a resposta seja plural, e portanto mais rica. Quanto maior for o elenco de
- -10
vantagens reunidas, mais terá o pesquisador o que dizer, no sentido de sustentar o seu
ponto de vista. De modo que uma formulação concebida desta forma terá eficácia como
questão norteadora para um trabalho de pesquisa.
Bem, levar em conta estas técnicas aumenta a chance de que o aluno venha a formular
questionamentos realmente instigantes, capazes de despertar o interesse em levar
adiante a pesquisa. Agora, podemos passar à última parte de nossa aula – a questão da
leitura.
4 Ler, desde já, é preciso!
Na aula anterior, observamos que um dos critérios para a escolha do tema é justamente verificar se existe
quantidade suficiente de material acessível, justamente para evitarmos situações como a do estudante que
escolhe um tema que o fascina, mas depois não encontra sobre o assunto mais do que textos de modesta
capacidade de informação ou penetração crítica.
Por outro lado, observamos também que um dos critérios para a escolha do tema é a motivação gerada pelo fato
de estar o estudante em contato com um tema que o interessa, que desperta sua curiosidade, sua vontade de
participar do debate. Isso deve ser usado como um recurso por meio do qual cada um se sentirá previamente
estimulado a ler sobre o tema selecionado.
Para o estudante de Serviço Social, como de resto para todos os que estudam a sociedade, nos mais diversos
enfoques, a leitura diária de jornais é altamente recomendável. Neste caso, é sempre bom chamar a atenção do
aluno quanto ao tratamento sensacionalista que muitos órgãos da imprensa dão aos temas. Entretanto, este
ainda é um recurso indispensável para que o estudante se mantenha atualizado.
No que diz respeito à busca de leituras capazes de enriquecer a reflexão sobre o tema escolhido para o projeto,
vale considerar o que se pode ler em bibliotecas, o que se pode adquirir em livrarias e o que se pode pesquisar
na Internet. Nenhum recurso deve ser excluído ou colocado em segundo plano. Mas, de um modo ou de outro,
sempre é importante dedicar um tempo em sua agenda semanal para ler. Esta é uma condição que não pode ser
negligenciada.
4.1 Wikipédia
Sua proposta de “enciclopédia livre” é, para dizer o mínimo, questionável. Se fosse realmente uma enciclopédia,
no sentido pleno da palavra, seus organizadores convidariam pessoas avalizadas para elaborar cada verbete.
Haveria cuidado na preparação do conteúdo a ser disponibilizado na rede. Em vez disso, o site permite que
- -11
qualquer pessoa se proponha a elaborar ou mesmo a refazer um verbete. Ou seja, sem exagerar no exemplo, se
um Doutor em Serviço Social elabora um verbete qualquer da enciclopédia, com texto bem construído e rico de
conteúdo, não há garantia alguma de que o texto vai permanecer, já que uma criança de primário pode se
apresentar como apta e, em seguida, apagar e mudar tudo. Desta forma, o que se apresenta como uma
democratização do saber é, na verdade, um engodo. Conteúdos surgidos desta maneira não podem ser confiáveis.
Quem pesquisa neste material pode estar obtendo informações verídicas ou não, pode ter acesso a explicações
adequadas ou não. Pode estar aprendendo ou não. Na dúvida, busque fontes mais confiáveis. Os sites de
universidades são uma boa opção, ou então, refinar sua busca na internet procurando não no Google como um
todo, mas numa seção específica, cujo nome em português é “Google Acadêmico”, mas tem endereço eletrônico
com o nome em inglês: http://scholar.google.com.br/. Teremos oportunidade de retomar este assunto, com mais
detalhes, em outra aula.
5 Técnicas de Leitura
Agora, temos algumas recomendações sobre a maneira de se lidar com o material oriundo de leituras. Trata-se
de um conjunto de técnicas sobre como obter o melhor rendimento possível do que se lê. Isso tem como
pressuposto que a interação do aluno com os textos deve ser, na medida do possível, desprovida de qualquer
pressa ou ansiedade. Assim, dispense a cada texto três momentos de leitura:
Em um primeiro, preocupe-se em ter uma visão geral do que diz o texto, ou seja, leia o texto como um todo, sem
necessariamente se preocupar com reter as informações. Muitas vezes, o sentido pleno de um texto se completa
somente quando chegamos às últimas páginas, a suas considerações finais. Este também será um momento em
que você terá oportunidade de verificar em que medida o texto em questão merece atenção suficiente para ser
submetido às etapas seguintes.
Em seguida, em um segundo momento, deve-se fazer uma leitura mais atenta, com marcações e anotações. Esta é
a hora em que você começará, de verdade, a dialogar com o texto. Claro está que os textos mais fracos e
superficiais já terão sido descartados, após a primeira leitura, ou mesmo antes. Mas nesta nova etapa, busque
reter tudo o que julgar necessário, que possa aproveitar em seu trabalho. Para tanto, sempre leia com um caderno
de notas ao lado. Por este motivo, mesmo na era do computador, ainda existe espaço para o papel e o lápis. Você
pode até preferir um bloco denotas no computador, mas terá que ficar minimizando, fechando e abrindo janelas
o tempo todo.
Finalmente, para aqueles textos especialmente relevantes, vale a pena retornar. Já não se trata mais apenas de
tomar notas, mas de elaborar respostas aos questionamentos propostos por essas leituras. Assim, em seu
- -12
caderno, virá à tona bem mais do que a simples paráfrase do que o texto diz, virão já fragmentos do que você
poderá, mais tarde, usar em seu próprio texto. Nesta etapa, temos um avanço no processo de diálogo com as
leituras escolhidas para enriquecer nossa reflexão.
É fácil perceber, em todo esse processo, a fecunda interconexão entre as práticas da leitura e da produção
escrita, de tal modo que este momento de ler e refletir pela terceira vez sobre as obras mais importantes será
também o momento de elaboração de grande parte do texto do seu trabalho.
Assim, fica claro que o processo de elaboração de um Projeto de Pesquisa é um entregar-se continuamente à
reflexão sobre o tema, de modo a avançar cada vez mais, movido pela curiosidade científica e pelo empenho em
participar dos debates sociais, contribuindo para a criação de soluções que tornem mais aceitável o convívio
entre as pessoas nos tempos em que vivemos.
O que vem na próxima aula
Na próxima aula, você vai estudar:
• Depois de ter escolhido e delimitado o tema do seu projeto de pesquisa e, em seguida, submetido esse 
tema a técnicas de problematização, com vistas à elaboração de sua questão norteadora, é o momento de 
pensar em duas etapas de maior importância: a apresentação e a justificativa, que serão alvo de nossa 
atenção a seguir.
CONCLUSÃO
Nesta aula, você:
• Reconheceu o quanto é importante fazer perguntas a cada momento da vida acadêmica. Somente 
aprendendo levantar questionamentos, pode um estudante aprimorar-se a ponto de tornar-se um 
profissional bem capacitado;
• Conheceu técnicas de problematização, fazendo delas um valioso instrumento para aprimorar a reflexão 
Fique ligado
O caderno de papel permite que se anote com mais rapidez. É interessante destacar que a
prática de anotar o que um texto diz pode se converter em verdadeiro exercício de
criatividade, uma vez que o estudante já poderá reescrever o que o autor disse em suas
próprias palavras, um recurso que recebe o nome técnico de “paráfrase”.
•
•
•
- -13
• Conheceu técnicas de problematização, fazendo delas um valioso instrumento para aprimorar a reflexão 
sobre o tema escolhido para o projeto de pesquisa;
• Verificou que a leitura do material informativo sobre o tema escolhido deve seguir procedimentos 
adequados, a fim de retirar delas o maior proveito possível.
•
•
	Olá!
	1 A dúvida como fundamento da pesquisa
	2 Duvidar para crescer - Antes de prosseguir, vamos propor a você uma reflexão:
	2.1 A seguir, apontaremos alguns cuidados necessários na formulação de uma questão norteadora.
	2.2 Para tanto, vale adiantar que o processo de problematização do tema sempre é o ponto de partida, razão pela qual, muitas vezes, a questão norteadora também vem apresentada sob o nome de “problema”
	3 Técnicas para a problematização
	3.1 Técnicas para a problematização
	4 Ler, desde já, é preciso!
	4.1 Wikipédia
	5 Técnicas de Leitura
	O que vem na próxima aula
	CONCLUSÃO

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