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AULA 5 - REVOLTAS, MESSIANISMOS E BANDITISMO

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SEMINÁRIO EM SERVIÇO SOCIAL
REVOLTAS, MESSIANISMOS E BANDITISMO 
SOCIAL NO BRASIL
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Olá!
Ao final desta aula, você será capaz de:
1. Compreender as categorias sociológicas messianismos, movimentos messiânicos, milenarismos e cangaço no
Brasil;
2. Entender as causas e consequências de algumas das principais manifestações populares no meio rural na
transição do século XIX para o XX;
3. Identificar semelhanças e diferenças entre os movimentos populares rurais do conceito clássico de
movimentos sociais;
4. Reconhecer os movimentos populares no campo como formas de expressão e intervenção na realidade dessas
camadas desfavorecidas.
O período de transição do Brasil monárquico para o republicano é marcado pelo continuísmo das contradições
na estrutura social. A intensa desigualdade e o abandono das populações do campo pelo novo modelo político
agravam mais ainda o quadro de miséria e desesperança. Soma-se a isso a violência dos senhores
patrimonialistas sobre os trabalhadores rurais. Chamados de coronéis, esses senhores proprietários de grandes
latifúndios dominavam e exploravam os homens pobres do campo. É nesse contexto de fome, violência e
desesperança que surgem expressões populares de ação coletiva, como o messianismo e o banditismo social.
Vamos compreender melhor algumas dessas categorias sociológicas.
1 CONTEXTO SOCIOPOLÍTICO DOS MOVIMENTOS 
MESSIÂNICOS
Política e Modernidade: a Distinção entre o Público e o Privado.
Um dos princípios mais importantes da ordem política moderna é a clara distinção entre o interesse público e o
interesse privado, ao contrário do que ocorria no modelo patrimonialista medieval em que esses interesses se
confundiam com a vontade do próprio governante. O Estado deve se orientar pela prevalência do interesse
público, sem necessariamente impedir a realização do interesse privado. Está difícil equação é a síntese do
modelo político moderno.
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Neste aspecto encontramos doutrinas mais liberais, em que se enfatizam as liberdades individuais e a realização
do bem particular, e outras mais socialistas, em que se enfatizam as questões sociais e a realização do bem
comum. O debate político sobre as funções do Estado consiste justamente em encontrar o equilíbrio entre essas
duas esferas da vida social: a privada e a pública.
2 Coronelismo: a Confusão entre o Interesse Público e o 
Privado no Brasil
Após a independência do Brasil em 1822, D. Pedro I outorgou a primeira Constituição do país (1824), em que
consagrava o seu absolutismo por meio do Poder Moderador. Diante da oposição das elites patrimoniais e da
sucessão do trono português, D. Pedro abdica do trono brasileiro em favor de seu filho Pedro de Alcântara.
De acordo com a Constituição de 1824, foi instaurado um governo com três regentes escolhidos em Assembleia,
pois o herdeiro contava com apenas 5 anos de idade. A Regência Trina teve início em 1831 e terminou em 1834,
quando foi instituída uma regência una com eleições a cada quatro anos. Entretanto, o período regencial
terminou em 23 de junho de 1840 com o golpe da maioridade, em que D. Pedro II assume o poder antes de
completar 14 anos de idade.
Um dos motivos desse golpe foi a tentativa de estabilizar a política nacional em meio a tanta revoltas regenciais,
como as que estudamos anteriormente: a Cabanagem, a Balaiada, a Sabinada, a Farroupilha e etc.
Ainda durante o período regencial, em 1831, a Guarda Nacional foi instituída com objetivo de conter as revoltas
no país. Inspirada no modelo francês de milícia cidadã, a Guarda era composta por cidadãos com renda mínima
entre cem e duzentos mil réis, dependendo da região. O comando era atribuído ao chefe político local sob a
denominação de coronel.
Saiba mais
A organização política do Brasil vive a contradição entre o público e o privado desde os tempos
do Império até os dias de hoje. Como se fosse uma indesejável herança medieval portuguesa,
fortes resquícios do modelo tradicional permanecem dentro da estrutura política moderna
brasileira. Podemos dizer que uma cultura política patrimonialista que se consolidou, cujo
exemplo foi mais emblemático, foi o Coronelismo da primeira República.
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A princípio o objetivo da Guarda era defender o interesse público nacional contra as tentativas de separação das
províncias, mas na prática a Guarda atuou mais como forma de assegurar o interesse privado das elites políticas
e econômicas. Enfim, o interesse público nacional era confundido e superado pelo interesse privado das elites.
O governo central não possuía uma estrutura de poder local capaz de garantir e organizar os municípios, por isso
passou a utilizar a capacidade de controle social dos chefes patrimonialistas locais. Estes senhores de terras
dominavam a população rural e garantiam os votos necessários para as eleições de governadores e senadores.
Isto ocorria graças à formação de “currais eleitorais” e do “voto de cabresto”, que em regra decorriam do poder
econômico ou ao uso sistemático da violência. Assim, o coronel passou a representar poder e prestígio político,
enquanto a população do campo continuava na miséria e explorada pelas elites.
Com o passar do tempo, pouco importava se o chefe político local era nomeado ou se autonomeava coronel, pois,
na prática, exercia grande poder sobre a população pobre. Assim teve origem o Coronelismo, que mesmo com o
fim da Guarda Nacional em 1922, ainda continuou determinando as práticas políticas patrimonialistas em
grande parte do Brasil.
O coronelismo consistia em um sistema político baseado na troca de favores entre os chefes locais e a República
Velha, em uma clara confusão entre o interesse público e privado. Este sistema estava fundamentado no tipo de
dominação social tradicional weberiana, mas podia apresentar algumas características de dominação
carismática. Infelizmente, esta prática patrimonialista ainda pode ser observada nos dias de hoje com algumas
metamorfoses e dissimulações em todo território brasileiro.
Tipos de Dominação Social – Max Weber
Dominação Social Legítima do Tipo Tradicional:
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Encontra fundamento na lei moral, na fidelidade tradicional ou no respeito à autoridade do senhor. O
Patriarcalismo ou patrimonialismo dos coronéis são exemplos.
Dominação Social Legítima do Tipo Carismática:
O fundamento está no aspecto afetivo da relação, nas emoções presentes ou na devoção ao líder. O carisma é a
capacidade de persuasão do dominante sobre os dominados. Os profetas e os movimentos messiânicos ilustram
o tipo puro desta dominação
Dominação Social Legítima do Tipo Racional-Legal:
A obediência se deve às regras tidas como competentes e não à pessoa do dominante. Este é apenas um
personagem da ordem legal e racionalmente estabelecida tida como legítima. O aparato burocrático do Estado
moderno é o tipo puro desta dominação.
3 Os Fenômenos Sociais no Campo: Messianismo e 
Banditismo
Mesmo com o fim da Monarquia e a proclamação da República o abismo social continuou entre os pobres e os
ricos no Brasil. No nordeste, a seca e a fome eram desoladoras e resultavam em muitas mortes. Desesperançosos,
desamparados na República e cansados dos jugos dos coronéis, a população do campo tinha apenas duas
escolhas: aceitar resignadamente o status quo de desigualdade ou rebelar-se.
Parte da população miserável do campo optou por responder de alguma forma às péssimas condições de vida
que lhe eram impostas. É neste contexto que nascem os fenômenos sociais no campo: o messianismo e o
banditismo. O primeiro, de caráter religioso, encontrava seu fundamento no catolicismo popular ou religiosidade
rústica. O segundo, de cunho marginal, utilizava a violência do cangaço como forma de ação.
Messianismos, Movimentos Messiânicos e Milenarismo.
Diversos movimentos relacionados ao catolicismo popular ocorreram no Brasil durante a transição da
Monarquia para a República. Todos eles expressavam os impactos das contradições históricas da estrutura social
brasileira sob a populaçãomiserável do campo. Dentre tantos movimentos, podemos destacar Canudos,
Contestado e Juazeiro. Vamos conhecer um pouco melhor as contribuições teóricas a respeito de cada um deles.
Messianismo
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Consiste na crença em um messias em um salvador, ou seja, em um ser divino que vem para redenção de todos.
Pode ser o próprio Deus ou seu enviado, que com sua chegada libertará os fiéis da opressão vivida e estabelecerá
uma nova ordem de virtude e justiça. Trata-se de um fenômeno social típico das zonas rurais em que se vive em
extrema miséria, por isso representa alívio e esperança para aquela população.
Movimentos Messiânicos
Consistem na ação coletiva fundamentada no messianismo. Nesse sentido, um grupo social se organiza e busca
implantar a nova ordem virtuosa e justa, conforme prometido. Em regra o movimento se dá pela influência de
um líder carismático.
Movimentos Milenaristas
Consiste em uma variação do movimento messiânico. Possui a mesma característica de crença em um messias,
mas tem a peculiaridade de acreditar em um fim dos tempos, em uma escathon final. Trata-se da crença em uma
ruptura radical com toda ordem vigente e um “reencantamento do mundo” por uma nova era divinizada.
Canudos
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Como já estudamos, a população do campo vivia sob grande exploração e abandono no final do século XIX. Este
quadro de miséria possibilitou o surgimento de alguns líderes religiosos populares. Foi o caso de Antônio
Vicente Mendes Maciel, conhecido como Antônio Conselheiro, que em 1893 fundou a comunidade de Belo Monte
na região de Canudos, na Bahia.
Alguns dados indicam que cerca de trinta mil pessoas viviam de modo simples e disciplinado na comunidade de
Belo Monte. Segundo as regras de Antônio Conselheiro, eram proibidos ladrões, prostitutas, simpatizantes da
República e o consumo de álcool. Em contrapartida, essa população encontrava solidariedade, conforto espiritual
e trabalho. Assim, o arraial de Canudos representava uma alternativa de vida à miséria e ao abandono.
Figura 1 - Arraial de Canudos
Marcha e Resistência em Canudos
A oposição à República e a alternativa de trabalho para os pobres desagradaram às elites políticas e aos
fazendeiros locais. Em 1896 foi enviada uma tropa do governo da Bahia para por fim ao movimento. Cerca de
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cem policiais foram derrotados facilmente pelos homens do arraial. Dois meses depois foi a vez do governo
federal enviar uma tropa com mais de quinhentos soldados, que também foi derrotada com facilidade.
Em março de 1897, uma terceira expedição militar com mil e trezentos homens foi humilhada em Canudos. Em
junho do mesmo ano foram enviados para exterminar o arraial cerca de cinco mil homens com apoio de
dezessete canhões. Dali em diante uma série de combates violentos ocorreram até que, em outubro de 1897, o
arraial foi completamente destruído. Conselheiro e quase todos os seus seguidores foram mortos.
Figura 2 - Canudos cem anos depois
Contestado
Na região sul do país outro fenômeno de religiosidade rústica se destacou: a Guerra do Contestado. O conflito
ocorreu entre a fronteira do Paraná e Santa Catarina, em uma área de terra reclamada pelos dois estados. Em
1908 a empresa Brazil Railway ganhou a concessão de uma extensa área para construir a ferrovia São Paulo-Rio
Grande do Sul. Trabalhadores rurais que viviam na região foram expulsos por soldados e jagunços dos
fazendeiros locais. Com o fim das obras, oito mil trabalhadores foram demitidos e se juntaram à população
desabrigada pela ferrovia, formando uma massa de miseráveis em busca de um milagre.
Em 1912, Miguel Lucena de Boaventura, conhecido como “Monge” José Maria, fundou o arraial do Contestado,
em que pregava a justiça divina e a volta de D. Sebastião (rei português desaparecido na guerra de Alcácer-
Quibir em 1578). Com uma doutrina de religiosidade rústica e antirrepublicana, o “monge” José Maria prometia
um reino de paz e prosperidade, no que ele chamava de “monarquia celeste”. Assim, milhares de pessoas foram
atraídas para o arraial como fuga da miséria e desesperança em que viviam.
Já em novembro de 1912, o Contestado sofreu o primeiro ataque militar e o “monge” José Maria foi morto. Ao
contrário do que se acreditava, o movimento não se dispersou e a crença no reino prometido permaneceu com
seus fiéis. O arraial continuou resistindo bravamente aos ataques das forças federais até 1914, quando foi
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destruído. Porém, cerca de cinco mil sobreviventes formaram pequenas guerrilhas que se espalharam pela
região do Contestado, ocupando cerca de 25 mil km2. Diante disso, o governo federal decidiu agir radicalmente e
enviou uma tropa com seis mil soldados e mil jagunços, que em 1916 conseguiram aniquilar o movimento.
Juazeiro
No Ceará, em Juazeiro do Norte, sertão do Cariri, surgiu um novo líder popular, o Padre Cícero Romão Batista.
Em 1889, quando celebrava uma missa, no momento da comunhão, uma hóstia teria se tingido de sangue.
Considerado como milagre pela população pobre do lugar, o ocorrido transformou Juazeiro em centro de
romarias de todo nordeste. Era o alívio e a esperança daquele povo tão sofrido e abandonado pelas autoridades
públicas.
A religiosidade rústica do fenômeno em Juazeiro encontrava fundamento nas mesmas condições socioculturais
dos eventos de Canudos e Contestado. Entretanto, os desdobramentos foram diferentes. Enquanto em Canudos e
Contestado as camadas populares se mobilizaram em uma rebeldia contra o , em Juazeiro a fé do povostatus quo
é controlada e manipulada pelos interesses elitistas.
O próprio “Padin Ciço”, como ficou conhecido o Padre Cícero, tornou-se uma espécie de coronel. Foi eleito
prefeito de Juazeiro e utilizava de seu carisma sobre o povo para garantir seu prestígio junto às elites
latifundiárias. Assim, esse fenômeno em Juazeiro não foi de contestação ao , mas uma forma destatus quo
escamoteamento da tensão social existente por meio da religiosidade rústica.
Outros movimentos messiânicos rurais brasileiros
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Podemos citar como exemplos de outros movimentos de religiosidade rústica no campo: o Reino Encantado, o
Povo do Velho Pedro e o Beato do Caldeirão.
Novos movimentos messiânicos brasileiros
Embora os movimentos messiânicos de religiosidade rústica encontrem as condições próprias para sua eclosão
no contexto patrimonialista do campo e seus adeptos nas populações de índios destribalizados, mestiços e
trabalhadores rurais, não é excludente sua ocorrência no contexto urbano.
Segundo o professor Lísias Nogueira Negrão, em seu artigo “Sobre os Messianismo e Milenarismos Brasileiros”,
podemos citar como exemplos urbanos desses movimentos: a Fraternidade Eclética Espiritualista Universal,
liderada por Yokaanam, surgida no final dos anos 40 no Rio de Janeiro, o Movimento Terrorista e Ufologista de
Aldino Félix, na década de 60 em São Paulo e os Borboletas Azuis de Campina Grande na Paraíba, liderado por
Roldão Mangueira, na década de 70.
O Cangaço e o Banditismo Social do Sertão
A pobreza, a concentração de terras e a falta de perspectiva levaram muitos homens e mulheres a abandonarem
a vida miserável que tinham e a formarem grupos armados. Por meio do uso de grande violência, estes grupos
denominados de cangaceiros saqueavam fazendas, roubavam cargas, sequestravam fazendeiros. Além das
mortes em combates, eram comuns estupros e assassinatos daqueles que desagradavam o bando.
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Diversos bandos de cangaceiros marcaram este período de transição do século XIX para o século XX. Podemos
citar como exemplos, o bando liderado por Jesuíno Brilhante, morto pela polícia em 1879 e o liderado por
Antônio Silvino em 1897. Mas, o mais famoso, sem dúvida, foi o bando de Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião,
também conhecido pelo apelido de “Rei do Cangaço”.
Lampião percorreu o sertão nordestino entre 1920 e 1938, quando foi morto junto com a mulher Maria Bonita e
outros cangaceiros em uma emboscada. Eles tiveram suas cabeças decepadas e expostas em locais públicos,como demonstração de poder do governo, que pretendia assustar e desestimular os cangaceiros na região.
4 Conclusão
Os movimentos messiânicos e o banditismo social no campo apresentam-se como respostas coletivas das
camadas populares diante das contradições estruturais vivenciadas pela miséria, exploração e abandono. Talvez,
inconscientemente, o cangaço tenha expressado a indignação de um povo excluído e marginalizado, que assume
e usa sua marginalidade como forma de se rebelar contra ou de afirmar uma dignidade negada pela estrutura
social. Por sua vez, os movimentos de religiosidade rústica encontram fundamentos em sentimentos tradicionais,
que se colocam em choque com as transformações modernas ameaçadoras. Seus líderes desenvolvem o tipo
puro de denominação carismática weberiana em contraste com a dominação do tipo tradicional. Possuem uma
lógica interna adequada ao contexto sociocultural dos seus integrantes, por isso não devem ser compreendidos
apenas como manifestações de um fanatismo ou loucura coletiva, nem como expoentes de uma nova ordem
socialista. Apesar do processo de urbanização e industrialização tornar mais raro, o contexto urbano não exclui o
aparecimento desses movimentos. Enfim, tais fenômenos não devem ser reduzidos ao olhar preconceituoso das
elites, nem tampouco à utópica visão ficcionista.
O que vem na próxima aula
Na próxima aula, você vai estudar:
• Na próxima aula, você estudará como em meados do século XX as camadas populares no campo e na 
cidade respondem à opressão imposta pela estrutura social. A questão agrária e a ditadura militar de 64 
são os principais combustíveis daqueles movimentos sociais.
CONCLUSÃO
Nesta aula, você:
• Conheceu as categorias sociológicas messianismos, movimentos messiânicos, milenarismos e cangaço 
•
•
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• Conheceu as categorias sociológicas messianismos, movimentos messiânicos, milenarismos e cangaço 
no Brasil;
• Verificou as causas e consequências de algumas das principais manifestações populares no meio rural na 
transição do século XIX para o XX;
• Identificou algumas semelhanças e diferenças entre os movimentos populares rurais do conceito 
clássico de movimentos sociais;
• Compreendeu os movimentos populares no campo como formas de expressão e intervenção na 
realidade dessas camadas desfavorecidas.
•
•
•
•
	Olá!
	
	1 CONTEXTO SOCIOPOLÍTICO DOS MOVIMENTOS MESSIÂNICOS
	2 Coronelismo: a Confusão entre o Interesse Público e o Privado no Brasil
	3 Os Fenômenos Sociais no Campo: Messianismo e Banditismo
	4 Conclusão
	O que vem na próxima aula
	CONCLUSÃO

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