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- -1 SEMINÁRIO EM SERVIÇO SOCIAL A CONSTITUIÇÃO CIDADÃ E OS MOVIMENTOS SOCIAIS - -2 Olá! Ao final desta aula, você será capaz de: 1. Compreender alguns aspectos teóricos constitucionais; 2. Entender a dinâmica política e social do processo constitucional brasileiro; 3. Reconhecer as Constituições brasileiras como reflexos do autoritarismo e da democracia nacional; 4. Perceber a ordem constitucional como expressão da luta de classes; 5. Identificar os princípios e normas constitucionais que legitimam e instrumentalizam os movimentos sociais. 1 O que é uma Constituição Política e Jurídica? O fundamento normativo de um país é sua Constituição. Por meio dela são reconhecidos os princípios e os objetivos que norteiam o projeto de construção nacional. Ela serve como parâmetro de validade para todo o ordenamento jurídico infraconstitucional. Assim, todas as leis inferiores à Constituição devem estar em consonância com a mesma, sob pena de serem consideradas inconstitucionais. Segundo o professor José Afonso da Silva, a Constituição pode ser definida como sendo: “um sistema de normas jurídicas, escritas ou costumeiras, que regula a forma do Estado, a forma de seu governo, o modo de aquisição e o exercício do poder, o estabelecimento de seus órgãos, os limites de sua ação, os direitos fundamentais dos homens e as respectivas garantias.” Trata-se do arcabouço político-jurídico e ideológico sob o qual se funda a “Relação Estado e a sociedade”. Ela é responsável pela organização e regulamentação dos elementos essenciais do Estado, bem como expressa as tensões presentes na estrutura. Toda Constituição nasce de seu contexto histórico-político, por isso ela não é neutra. Ao contrário, ela é o resultado do processo democrático ou autoritário vivido por uma nação. Nesse sentido, o Brasil apresenta uma dinâmica bastante turbulenta e contraditória em seu processo constitucional. Partindo de um absolutismo monárquico no início do século XIX, o Brasil chega no final do século XX com uma Constituição chamada de Cidadã, pela sua ênfase nos direitos e deveres individuais e coletivos. Ilustram esse processo histórico-político brasileiro sete Constituições diferentes: - -3 Vamos compreender melhor a importância da dinâmica constitucional no desenvolvimento do Brasil. 2 Aspectos Teóricos Fundamentais – o Poder Constituinte Inicialmente precisamos entender que o processo constitucional decorre da manifestação de um poder social denominado Poder Constituinte (PC). Este é o poder de elaborar ou reformular uma Constituição. No primeiro caso é chamado de Poder Constituinte Originário (PCO), porque cria a nova ordem constitucional. Trata-se de um poder incondicionado, pois não possui nenhuma limitação em seu exercício. Já o segundo caso é chamado de Poder Constituinte Derivado (PCD), porque a sua possibilidade de alterar a Constituição encontra fundamento e limite na própria, por isso é condicionado por ela. Este último é subdividido em Poderes Reformador, Decorrente e Revisor. Entenda o Poder Constituinte: Poder Constituinte Derivado Reformador (PCDR): é o poder de alterar a Constituição dentro dos limites impostos pelo Poder Constituinte Originário (PCO). Ex.: emendas constitucionais (artigos 59, I e 60 da Constituição da República Federativa do Brasil (CRFB) de 1988. - -4 Poder Constituinte Derivado Decorrente (PCDD): é o poder conferido aos Estados-membros de se estruturarem conforme a Constituição Nacional. Ex.: a capacidade de auto-organização (art. 25, caput CRFB/88), autogoverno (art. 27,28 e 125 CRFB/88) e autoadministração (art. 18 e 25 a 28 CRFB/88) conferida pelo PCO aos estados. Poder Constituinte Derivado Revisor: trata-se de um processo de revisão previsto pelo PCO, em que toda Constituição pode ser reformulada de uma só vez. Ex.: o artigo 3º do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias da CRFB/88 (ADCT) determinou uma única revisão constitucional. Titularidade do Poder Constituinte Diferentemente do modelo teocêntrico medieval, em que a origem do poder político era a vontade de Deus, o modelo moderno afirma que sua origem é a vontade do homem (antropocentrismo). Logo, a legitimidade de uma Constituição está na premissa de que o povo é o titular do Poder Constituinte. As Constituições podem ser classificadas de diversas formas. Vejamos algumas das principais delas, clique no link: http://estaciodocente.webaula.com.br/cursos/gon238/pdf/a07_t09.pdf 2.1 A Dinâmica Constitucional Brasileira A Constituição de 1824 A independência do Brasil em 1822 trouxe a necessidade de construção de uma ordem política e jurídica própria, capaz de organizar e regulamentar o Estado que nascia naquele momento. Uma Assembleia Constituinte fora reunida em 1823, porém o projeto inicial previa a limitação dos poderes do imperador. Diante disto, D. Pedro I dissolveu a Assembleia e em 1824 outorgou a primeira Constituição brasileira. Constituição de 1891 http://estaciodocente.webaula.com.br/cursos/gon238/pdf/a07_t09.pdf - -5 Com a proclamação da República em 1889, fez-se necessário uma reestruturação do Estado brasileiro. Em 1891 foi convocada uma Assembleia Constituinte que promulgou a nova Constituição. Constituição de 1934 Em 1930, um processo revolucionário liderado por Getúlio Vargas colocou fim à República Velha e sua política do Café com Leite. Constituição de 1937 - -6 Eleito indiretamente pela Assembleia Constituinte em 1934, Getúlio Vargas teria seu mandato encerrado com as eleições em 1938. Contudo, em 10 de novembro de 1937, Getúlio deflagra o seu golpe de Estado. Constituição de 1946 Em 1945, isolado no poder e pressionado pelas forças oposicionistas, Vargas é forçado a renunciar. Em 1946, foi promulgada a quinta Constituição brasileira, com princípios liberais controlados por valores tradicionais (modernização conservadora). Constituição de 1967 e a Emenda de 1969 Após o golpe militar de 1964, uma Carta Constitucional foi outorgada em 1967. Ela foi formalmente aprovada pelo Congresso, mas este estava de fato mutilado pela Ditadura. Constituição de 1988 - -7 Finalmente, depois de 20 anos de ditadura militar, uma Assembleia Constituinte promulga Constituição da República Federativa do Brasil em 1988. Chamada de Constituição Cidadã, por sua ênfase nos direitos e deveres individuais e coletivos, a Constituição de 1988 está em vigência até os dias de hoje. Clique no link para saber mais detalhes das constituições apresentadas anteriormente: http://estaciodocente. webaula.com.br/cursos/gon238/pdf/a07_t10.pdf 2.2 A Inspiração Constitucional e os Movimentos Sociais A eclosão de movimentos sociais na Europa a partir do século XVIII esteve relacionada à promoção de uma série de valores liberais, sociais e humanísticos em efervescência no período. Todos estes valores surgiram da transição do modelo teocêntrico medieval para o antropocêntrico moderno. A constituição da sociedade moderna tem o povo como elemento central. Daí o desenvolvimento de princípios fundamentais como a democracia, a liberdade e a justiça social. Podemos afirmar que tais princípios inspiram e legitimam os movimentos sociais até os dias de hoje. Os Princípios Constitucionais e os Movimentos Sociais Contemporâneos Os Princípios Constitucionais e os movimentos sociais têm mantido uma relação cada vez mais estreita, uma vez que os primeiros contribuem para o fortalecimento dos segundos. Mas o que são os Princípios Constitucionais? De que forma eles corroboram os movimentos sociais contemporâneos? Vamos compreender melhor esta relação? Os Princípios Constitucionais podem ser compreendidos como fundamentos axiológicos e normativos que norteiam uma determinada ordem jurídica. Eles podem se encontrar expressamente previstos no texto constitucional (explícitos) ou não (implícitos). É importante ressaltar que eles dialogam entre si em uma aplicação integrativa e não excludente. Por exemplo, o princípio da igualdade está intimamente relacionado com oprincípio da dignidade da pessoa humana e este com tantos outros. Assim, ser igual significa ter condições igualmente dignas de existência. http://estaciodocente.webaula.com.br/cursos/gon238/pdf/a07_t10.pdf http://estaciodocente.webaula.com.br/cursos/gon238/pdf/a07_t10.pdf - -8 É possível que um princípio relativize a aplicação do outro em uma dada situação. Isto porque, em regra, nenhuma norma constitucional é absoluta. Nestes casos se utiliza a técnica da ponderação de interesses, em que critérios como proporcionalidade e razoabilidade são considerados. Exemplo: o princípio da liberdade pode ser relativizado pelo princípio da segurança pública no caso da prática de crimes e necessidade de prisão. Da mesma forma, o princípio da propriedade privada pode ser relativizado pelo princípio da função social da propriedade no caso do usucapião ou da reforma agrária. Clique no link e veja alguns desses princípios: http://estaciodocente.webaula.com.br/cursos/gon238/pdf /a07_t15.pdf Por fim, podemos dizer que atualmente se reconhece uma crescente principiologização ou constitucionalização do Direito, em que princípios constitucionais servem como parâmetros de interpretação e validade de outras normas jurídicas. Neste sentido, como vimos, tais princípios aparecem como fonte legítima de diversos movimentos sociais contemporâneos. O que vem na próxima aula Na próxima aula, você vai estudar: • A aplicação da abordagem culturalista sobre os Novos Movimentos Sociais; • A reconstrução do conceito moderno de Cidadania para as Ciências Sociais; • A construção do conceito pós-moderno de cidadania e seus novos direitos; • Os direitos difusos e a solidariedade transgeracional. CONCLUSÃO Nesta aula, você: • Compreendeu alguns aspectos teóricos constitucionais; • Entendeu a dinâmica política e social do processo constitucional brasileiro; • Reconheceu as Constituições brasileiras como reflexos do autoritarismo e da democracia nacional; • Percebeu a ordem constitucional como expressão da luta de classes; • Identificou os princípios e normas constitucionais que legitimam e instrumentalizam os movimentos sociais. • • • • • • • • • http://estaciodocente.webaula.com.br/cursos/gon238/pdf/a07_t15.pdf http://estaciodocente.webaula.com.br/cursos/gon238/pdf/a07_t15.pdf Olá! 1 O que é uma Constituição Política e Jurídica? 2 Aspectos Teóricos Fundamentais – o Poder Constituinte 2.1 A Dinâmica Constitucional Brasileira 2.2 A Inspiração Constitucional e os Movimentos Sociais O que vem na próxima aula CONCLUSÃO
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