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Aula 27 - 24-11-2010 - A Mudança do Regime Político

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Aula 27 - 24/11/2010 - A Mudança do Regime Político
Texto
	COSTA, E. V. (1987)
FURTADO (2009, cap. 29)
“O povo assistiu àquilo bestializado, atônito, surpreso, sem conhecer o que significava. Muitos acreditam seriamente estar vendo uma parada.”
1) Introdução
Deodoro expressa uma posição contrária a república, no segundo semestre de 1888. O que mostra que ele teve uma mudança de opinião muito drástica, uma vez que ele esteve na frente do movimento.
“Contudo, fica uma pergunta: se no século XIX já existia um sistema com fortes elementos federativos, como explicar a proclamação da República, feita em nome da implementação do sistema federal?”-Miriam Dorkolnikoff
2) Texto da Emília Viotti
	2.1) As versões tradicionais:
“É opinião corrente que a proclamação da República resultou das crises que abalaram o fim do Segundo Reinado:a questão religiosa, a questão militar e a abolição. Afirma-se que a prisão dos bispos do Pará e de Pernambuco incompatibilizou a Coroa com extensas camadas da população. A abolição por sua vez, indispôs os fazendeiros contra o regime, levando-os a aderir em massa às idéias republicanas. Finalmente, a Questão Militar que se vinha agravando desde a Guerra do Paraguai, em virtude do descontentamento crescente dos militares em relação ao tratamento que lhes dispensava o governo, levou-os a tramar o golpe de 15 de novembro que derrubou a Monarquia e implantou o regime republicano no país.”
“Nem todos os historiadores, entretanto, aceitam essa versão. Alguns acham que a República é a conseqüência natural dos vícios do Antigo Regime. A Monarquia fora desde o início uma planta exótica na América. A forma republicana de governo não chegara a se implantar no Brasil, por ocasião da independência, por circunstâncias fortuitas. A República correspondia a uma aspiração nacional, como revelaram os movimentos revolucionários ocorridos no país antes e depois da Independência. Era pois natural que a ação do Partido Republicano, fundado em 1870, acabasse frutificando. Os excessos cometidos pela Coroa teriam contribuído, por sua vez, para o desprestígio da Monarquia e para o advento da República.”
	2.2) As versões das partes:
a) Mero golpe militar -> Versão monarquista
“Logo nos primeiros dias após a proclamação da República surgiram duas versões contraditórias a propósito do movimento: a dos monarquistas e a dos republicanos. Os primeiros, idealizando a Monarquia, consideravam a proclamação da República um acidente infeliz. [golpe militar] Era-lhes impossível reconhecer deficiências profundas no regime monárquico. Recusavam-se a admitir que houvesse um motivo razoável para o movimento. Na sua opinião, tudo não passara de um golpe militar oriundo de interesses nem sempre justificáveis e até mesquinhos. Os republicanos, uma minoria pouco significativa no total do país, pleiteavam a mudança do regime, à revelia do povo e em benefício próprio. A República fora fruto do descontentamento e da indisciplina dos militares que se aliaram aos fazendeiros ressentidos com a abolição da escravatura. Essa é a versão dos monarquistas.”
b) Aspiração nacional -> Versão republicana
“Os republicanos eram, sob certos aspectos, mais objetivos, embora tivessem também uma visão parcial, e nem sempre exata do movimento. Para eles a proclamação da República fora a correção necessária dos vícios do regime monárquico: os abusos do Poder Pessoal, vitaliciedade do Senado, centralização excessiva, fraude eleitoral que possibilitava ao governo vencer sempre as eleições, etc. Correspondendo a uma aspiração nacional, o movimento republicano teria uma força irresistível. Ao proclamar a República os militares seriam intérpretes do povo. Ao partido republicano e ao exército cabiam as glórias do movimento.”
	2.3) Criticando as versões tradicionais
Questão Religiosa: Explode nos anos de 1870 e advém do problema entre padres maçons e bispos funcionários públicos. Existiam no Brasil muitos padres maçons, e alguns bispos queriam acabar com esta reunião entre a igreja e a maçonaria. Dois padres são suspensos por não se afastarem da maçonaria e recorrem ao Estado. Os bispos como funcionários públicos são presos. Desta forma D. Pedro se indispõe com a população católica.
CRÍTICA: já havia tido outras crises religiosas antes! É exagero supor que a Questão Religiosa que indipôs momentaneamente o Trono com a Igreja foi dos fatores primordiais na proclamação da República. Para que isso acontecesse era preciso que a nação fosse profundamente clerical, a Monarquia se configurasse como inimiga da Igreja e a República significasse maior força e prestígio para o clero. De duas uma, ou a nação estava a favor dos bispos e contra D. Pedro e então a perspectiva de substituição do Imperador pela Princesa seria vista com bons olhos em virtude de suas conhecidas ligações com a Igreja; ou a nação era pouco simpática aos bispos e nesse caso se solidariza com a Monarquia e a Questão religiosa não poderia contribuir de maneira preponderante para a queda da Monarquia. Quando muito, revelando o conflito entre o Poder Civil e o Poder Religioso, contribuiria para aumentar o número dos que advogavam a necessidade de separação da Igreja do Estado e assim indiretamente favoreceria o advento da República que tinha essa norma como objetivo.
Questão militar: Explode nos anos 1880: corrupção dos “casacas” e o jangadeiro cearense. Os militares se sentem desprestigiados por um civil ter sido nomeado Ministro da Guerra. Além disso com o fim da guerra do Paraguai diminuiu o contingente do exército, o que pareceu incomodo aos casacas.
CRÍTICA: A proclamação da República não é um ato fortuito, nem obra do acaso como chegaram a insinuar os monarquistas; não tão pouco o fruto inesperado de uma parada militar. Os militares não foram meros instrumentos dos civis, nem foi um ato de indisciplina que os levou a liderar o movimento da manhã de 15 de novembro como tem sido dito às vezes. Alguns deles tinham sólidas convicções republicanas e já vinham conspirando há algum tempo. (...) A idéia de que aos militares cabia a salvação da pátria generalizara-se no exército a partir da Guerra do Paraguai, à medida que o exército se institucionalizava. (...) A infiltração do pensamento positivista nos meios militares explica em parte a sua adesão à República. (...) Superestimar o papel do exército na proclamação da República, como fez toda a tradição monarquista desde os primeiros tempos, é esquecer as contradições profundas que abalavam o regime e que possibilitaram o sucesso do golpe.
Questão Abolicionista: A ausência de indenização àqueles que ainda utilizavam o modo escravista de produção e foram pegos de surpresa por um 14 de maio, que aboliu a escravidão.
CRÍTICA: É preciso notar ainda que a abolição afetou apenas os setores que se mantinham apegados ao trabalho escravo e estes, na década dos oitenta, constituíam a parcela menos dinâmica do país, pois os setores mais progressistas já se preparavam para a utilização do trabalho livre. Continuavam apegados ao trabalho servil apenas os fazendeiros das áreas decadentes, rotineiras e impossibilitadas de evoluir para novas formas de produção.
O Partido Republicano: Também não se pode superestimar o papel do Partido Republicano. Embora difundido por todo país ele não contava grande número de adeptos, com exceção dos núcleos de São Paulo, Minas, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. A prova de sua escassa penetração está não só no pequeno número de inscritos nos quadros do partido como na dificuldade encontrada pelos republicanos em apresentar candidatos próprios e vencer eleições. É evidente que esses fatos por si só não bastam para dar uma idéia da real penetração das idéias republicanas no país. (...) Era de fato pequeno o número dos elementos inscritos nos quadros do Partido Republicano, mas existiam muitos indivíduos que embora não dessem sua adesão formal ao partido, poderiam ser considerados “simpatizantes”, encarando com bons olhos a perspectiva de se adotar no país a forma republicana de governo.
“O fato de as idéias republicanassó se concretizarem em 1889 só pode ser explicado pelas mudanças ocorridas na estrutura econômica e social do país, que levaram uma parcela da nação a se converter às idéias republicanas e outra a aceitar com indiferença a queda da Monarquia. Só uma crise das instituições monárquicas e a conseqüente falta de bases do regime explicaria a debilidade da reação monarquista após o 15 de Novembro. Sem as mudanças ocorridas na estrutura, o Partido Republicano provavelmente não teria conseguido atingir seus objetivos.”
O mito do Poder Pessoal: Igual equívoco cometem os que consideram a República conseqüência necessária dos excessos do Poder Pessoal, e que para demonstrar sua tese referem-se às críticas que lhe foram feitas nos últimos anos do Império. Na realidade, as críticas à Coroa e ao Imperador datavam de muito tempo e nem por isso o Trono foi derrubado antes. A idéia de que o Imperador usou e abusou do Poder Pessoal originou-se da luta que se travou em torno do Poder Moderador, concedido ao Imperador pela Carta Constitucional de 1824. (...) Uma análise das prerrogativas que usufruíam os demais poderes e, principalmente, a observação do funcionamento concreto do mecanismo político do Império modifica a primeira impressão e nos convence de que o Imperador raramente fez valer sua vontade nos assuntos de envergadura nacional.Quem de fato controlou a política do Império foram as oligarquias que se faziam representar no Conselho de Estado, nas Assembléias Legislativas Provinciais, nas Câmaras dos deputados, no Senado, nos Ministérios, nos quadros do funcionalismo e das forçar armadas. Embora as prerrogativas concedidas pela Carta Constitucional ao Imperador fossem amplas ele de fato nunca as exerceu como um rei absoluto, como fazem crer as críticas que lhe foram feitas por ocasião das crises políticas, e as quais os cronistas mais tarde deram crédito. A verdade é que o mecanismo do Poder Moderador, tal como foi aplicado no Brasil, em vez de resguardar a Coroa e lhe dar mais força, colocou-a diretamente no centro da luta política. O direito que tinha o Imperador de dissolver a Câmara e chamar os ministros que lhe parecessem convenientes convocando novas eleições, ao lado da prática eleitoral que, em virtude de fraude, parecia firmar o princípio de que o governo nunca perde as eleições, provocavam atritos, descontentamentos e animosidades em relação a Coroa, todas às vezes que ela exercitava suas prerrogativas. (...) Os atritos deram origem à lenda do Poder Pessoal. As vicissitudes do Poder Moderador não são suficientes para explicar o advento da República. Não foi preciso esperar a década de oitenta para surgirem críticas ao Poder Pessoal. Muito antes dessa época, elas já tinham assumido o tom agressivo dos ataques dirigidos à Coroa às vésperas da República.
	
	2.4) Da monarquia à República
Transformações econômicas e Sociais -> Novos grupos sociais -> novas aspirações, deles oriundas -> IDEAL DE FEDERAÇÃO VS POLITICA UNITARIA DO II REINADO
2.4.1) Transformações econômicas e sociais:
Crescimento populacional e urbanização; Desenvolvimento de grandes empresas de serviços urbanos; Transformações nos transportes; Expansão do sistema bancário; Transição do trabalho escravo ao livre: O capitalismo industrial esboçou seus primeiros passos. Em pouco mais de dez anos o número de indústrias passou de 175, em 1874, para mais de seiscentas. Eram empresas ainda pequenas e modestas, na sua maioria, mas significavam já uma profunda transformação na economia e na sociedade. Os organismos de crédito multiplicaram-se. O sistema escravista entrou em crise, solapado pelas novas concessões econômicas, que a revolução industrial criara no campo internacional, e pelas mudanças ocorridas na economia brasileira. O trabalhador livre começou a substituir o escravo. Nas áreas cafeeiras mais dinâmicas encontrou-se na imigração a solução para o problema da mão-de-obra. A economia brasileira tornou-se mais diversificada e complexa. A população passou de pouco mais de três milhões em 1822, para cerca de quatorze milhões na década dos oitenta. Concomitantemente às transformações econômicas, assistiu-se em certas regiões a um fenômeno de urbanização. Esboçava-se a formação de um mercado interno. Surgiam perspectivas de novos empreendimentos. A agricultura não era mais o único empreendimento possível. Os capitais começavam a ser aplicados em outros setores: construção de vias férreas, organização de instituições de crédito, estabelecimentos industriais, principalmente no campo da fiação e tecelagem.
2.4.2) Novos grupos sociais: 
Interesses distintos dos tradicionais
Classes médias urbanas; Grupos ligados à industria incipiente; Camadas urbanas mais pobres; Diferenciação no interior da classe dominante (fazendeiros do café em novas regiões). Profundas divergências dividiam os dois grupos no campo da política provincial. Em São Paulo os fazendeiros do Oeste pretendiam estimular a imigração e a construção de ferrovias em sua região; os fazendeiros do Vale faziam-lhe oposição, acusando-os de confundirem os interesses particulares com os interesses provinciais onerando os cofres públicos. As divergências evidenciadas no plano local repercutiam no plano nacional. Idêntica oposição entre setores progressistas e setores tradicionalistas verifica-se em outras áreas do país. Nas zonas açucareiras o fenômeno se repete, embora em escala mais modesta, em virtude do estado de crise que afetou, no decorrer do século XIX, a economia açucareira dificultando o processo de modernização da economia. Os proprietários de engenhos melhor situados consegue, introduzir aperfeiçoamentos no sistema de fabrico do açúcar equipando melhor os engenhos e ampliando sua capacidade de produção. A sua prosperidade contrasta com a ruína e a decadência dos bangüês. Também no Rio Grande do Sul, observa-se o mesmo contraste entre o novo e o velho.
Conflito crucial: Barões do café do vale do Paraíba + Senhores de engenho VERSUS Cafeicultores do Oeste paulista
A política unitária mostra-se inadequada quando se desfaz a identidade entre o poder econômico e político e quando se introduzem conflitos fundamentais entre os grupos dominantes.A identificação entre poder político e econômico e ausência de conflitos fundamentais entre os grupos dominantes, favoreceram a sobrevivência desse regime durante longo período, até que as contradições e conflitos gerados pelas transformações que se processam no país e o desequilíbrio crescente entre poder econômico e político puseram em xeque as soluções tradicionais, dando novo vigor à idéia federativo, que de resto nunca chegou a desaparecer, figurando entre as reivindicações teóricas do Partido Liberal e no Manifesto Republicano de 1870.
(...) As idéias separatistas nasciam do profundo desequilíbrio entre o poder político e o poder econômico que se observava nos fins do Império, oriundo do empobrecimento das áreas de onde provinham tradicionalmente os elementos que manipulavam o poder e concomitantemente do desenvolvimento de outras áreas que não possuíam a devida representação no governo. A prosperidade do Vale do Paraíba na primeira metade do século XIX devida à expansão cafeeira,tinha dado origem à aristocracia dos barões do café que ao lado dos senhores de engenho representavam a parcela mais importante da sociedade, controlando a vida econômica, social e política da nação, direta ou indiretamente através de seus prepostos. Com o passar do tempo, entretanto, as oligarquias tiveram abaladas as suas bases econômicas. A crise que atingiu a economia açucareira e o declínio de produtividade das fazendas de café do Vale do Paraíba enfraqueceram aqueles núcleos de poder. Enquanto isso, as fazendas de café do Oeste Paulista passavam a liderar a exportação. A partir de 1880, a região se converteu numa das áreas mais dinâmicas do país. Sua representação política, no entanto, era relativamente pequena.
“O movimento resultou da conjugação de 3 forças: 1 parcela do exército, fazendeiros do Oeste paulista e representantes das classes médias urbanas.”3) O processo político e ordenamento político monárquico
3.1) Política Unitária
“Aparentemente, o Império foi descentralizado quanto ao aspecto político, uma vez que nas Províncias havia Assembléias Legislativas e junto ao governo central havia representação das Províncias. A verdade, porém, é que esse regime era fictício, pois tanto as Assembléias como as delegações provinciais no Rio resultavam de eleições pouco corretas em que se impunha a figura do presidente da Província nomeado pelo Imperador, simples representante do gabinete, tendo como principal dever exatamente manobrar o processo eleitoral, de modo a dar vitória ao partido no poder. Sob o ângulo político, (...)a verdade foi a centralização.”Francisco Iglésias.
“O mesmo se verificou quanto ao mais, uma vez que o Império foi centralizador também no campo administrativo.” Um exemplo:“a determinação do Regulamento da Biblioteca Pública de Ouro Preto, que estabelece que „a ninguém se emprestará livro algum para fora da Biblioteca sem licença do Presidente da Província‟.” Francisco Iglésias.
3.2)O processo político-eleitoral
Zacarias de Góes, em discurso: “em um belo dia, sem motivos conhecidos do parlamento, sem causas sabidas, sem vencidos, sem vencedores, o chefe de estado demite os ministros, chama outros que não tem o apoio das câmara os quais vão consultar a mentirosa urna.”
“Quem podia participar das eleições? Votavam homens com pelo menos 25 anos (21 anos, se casados ou oficiais militares, e independentemente da idade, se clérigo ou bacharel). Apesar de a Constituição de 1824 não proibir explicitamente, mulheres e escravos não tinham direito a voto. Os libertos podiam votar nas eleições de primeiro grau. [...].”
“A Constituição de 1824 não condicionou o direito de voto à alfabetização, mas entre 1824 e 1842, a legislação exigia que a cédula fosse assinada, o que limitou na prática o voto dos analfabetos. Entre 1842 e 1881, os analfabetos puderam ser votantes e eleitores.”Jairo Nicolau.
Constituição de 1824
Eleição em 2 graus; critério censitário; Renda anual de 
100 mil reis para ser votante,
200 para ser eleitor
400 para ser deputado
800 para ser senador
Exemplo: MG, 1855: 1.300.000 habitantes; 90.520 votantes e 2.002 eleitoral.
	Começo do império (1824)
	Fim do Império (1881)
	Qualificação feita no dia da eleição
	Qualificação prévia organizada pelo juiz.
	Voto indireto
	Voto direto
	Cédula identificada com assinatura do eleitor
	Sigilo do Voto
	Não era necessária a apresentação de provas documentais para comprovar a renda
	Provas documentais pra provar a renda
	Eleição é feita no interior da igreja, após a missa
	As missas são dispensadas
	Não há titulo de eleitor
	Há titulo de eleitor
Cacetistas
“Nas eleições de 1840, no Rio de Janeiro, foram apontados „grupos armados de cacetes que repeliam da porta das matrizes os votantes de oposição‟. Um jornal daquele ano apontava os „boatos aterradores,
as prisões na véspera das eleições,
a subida do preço dos cacetes
no mercado‟.”
Walter Costa Porto.
Cacetistas
“Segundo um cronista de 1862, nas freguesias onde a eleição era disputada, congregados os diversos grupos em torno da matriz, „trava-se desde logo verdadeiro combate de vozerio e terríveis imprecações e, de ordinário, se a parcialidade mais fraca, mais honesta ou mais tímida, não se submetia humildemente às injustiças ou infâmias da mais forte ou da mais audaz,fervia o pau desapiedadamente e não raras vezes ao cacete sucedia o punhal
ou o bacamarte‟.”
Walter Costa Porto.
“O mais das vezes (...) a expressão queria indicar os que arquitetavam e promoviam as fraudes. [...]”
“Atuavam eles principalmente nas qualificações.
„São os cabalistasque excluem a este, incluem aquele
e têm todo o trabalho e gastos do fastidioso e informe processo‟. E é o cabalista que vai preparar a ação de outro participante da fraude: o fósforo.
“Belisário[SOUZA, Francisco BelisárioSoares de. O sistema eleitoral do Império. Brasília: Senado Federal, 1979]explica: „Os cabalistassabem que F., qualificado, morreu, mudou de freguesia, está enfermo; em suma, não vem votar: o fósforose apresenta‟.”
Walter Costa Porto.
Fósforos
“Eram chamados fósforos, pela oposição,
os eleitores do governo, verdadeiro contingente eleitoral que votava em qualquer urna e por mais de uma vez. Eram chamados fósforos porque riscavam em qualquer
urna, esta assemelhada com uma caixa de fósforos. Fósforo era uma expressão pejorativa da época”. [...]
[...]No Senado e na Câmara do 2º Reinado, muita vez se aludiu às „influências fosfóricas‟.”
Walter Costa Porto.
O capanga, o cacetista, o biju, o xenxém, o bem-ti-vi, o morte certa, o cá-te-espero
“Com a reforma eleitoral de 1881, trazida pela Lei Saraiva, esperava Rui Barbosa que fossem excluídos dos pleitos „o capanga, o cacetista,
o biju, o xenxém, o bem-te-vi, o morte-certa,
o cá-te-espero, o mendigo, o fósforo, o analfabeto, o escravo‟, para „abrir margem
ao patriotismo, à ilustração, à independência,
à fortuna, à experiência‟.”
“Poucos desses termos, trazidos por Rui para identificar „esses produtos da larga miséria social‟, constam dos dicionários.”
Walter Costa Porto.
Reforma às avessas
[Lei Saraiva de 1881: eleição direta]
“Parece, contudo que, entre os grupos dirigentes, se impusera com tamanha força a idéia de que, para se terem
boas eleições, se fazia necessário,
antes de tudo, conseguir bons eleitores, que a idéia do voto generalizado, para não falar no sufrágio universal, soava como paradoxo e como irrealidade ingênua e vaporosa.”
Sérgio Buarque de Holanda.
“O melhor seria que, da reforma, saísse uma representação formada de homens „educados‟, isto é alfabetizados, senão de beatipossidentis, e julgavam alguns, chegando a dizê-lo, que uma coisa implicava a outra. O que realmente se queria, não era a seleção dos políticos, por meio de uma aristocratização do eleitorado, mas o corolário forçoso dessa exigência: a eliminação como força decisória daquelas „massas inconscientes‟ (...).”
Sérgio Buarque de Holanda.
“Em outras palavras aspirava-se ao governo de muitos por muito poucos, que é, em suma, a definição exata da palavra „oligarquia‟.
Os „muitos‟ não teriam o que fazer na sociedade política perfeita,
ou ficariam reduzidos a um
fator letárgico.”
Sérgio Buarque de Holanda.
Reforma às Avessas
“Um dado que chamou a atenção de todos os intérpretes da política imperial foi a redução do eleitorado após a entrada em vigência da Lei Saraiva em 1881. Quando se compara o número de votantes do começo da década de 1870 (1873) com o de eleitores após a promulgação da lei (1882), observa-se um declínio acentuado (87%): o eleitorado inscrito passou de 1,1 milhão para 142 mil eleitores. (...) Por outro lado, quando se toma como base para comparação os antigos eleitores de segundo grau, observa-se que houve um crescimento de 614%, passando de 20 mil para 142 mil.”
Jairo Nicolau.
“A primeira eleição pós-Lei Saraiva (...):
os liberais, no governo, conquistam 75 cadeiras, enquanto a oposição conservadora ocupa 47 [38,5%]. Trata-se de distribuição atípica na história eleitoral do Império. A eleição seguinte mantém a proporção: os conservadores,
ainda fora do poder, conquistam 40% da representação nacional. Tudo parecia indicar que a culpa a respeito da trajetória de simulacros eleitorais cabia realmente ao eleitor desqualificado das paróquias.”
Renato Lessa.
“Mas, ou todos eram desqualificados,
ou então o problema era imune a qualquer terapia legal. A ilusão moralizadora cai
por terra: na terceira eleição pós-Saraiva,
o Brasil retoma seus trilhos. O Gabinete conservador do Barão de Cotegipe obtém
a dissolução da Câmara 60% liberal
e convoca novas eleições ─em 1885─
que darão aos conservadores mais
de 80% das cadeiras.”
Renato Lessa.
Sistema monárquico brasileiro
“O Poder Moderador pode chamar
a quem quiser para organizar ministérios; esta pessoa faz a eleição porque há de fazê-la; esta eleição faz a maioria. Aí está o sistema representativo em nosso País!”
Joaquim Nabuco, em 1868
Renato Lessa.
Sistema monárquico BrasileiroVs Parlamentarismo Britânico
“No Brasil, o processo ocorria na direção contrária: o imperador indicava o partido que chefiaria o Gabinete e este, por sua vez, organizava a eleição. O partido convocado ao poder garantia a vitória nas urnas. As eleições não geravam governo, mas serviam para dar sustentação parlamentar ao Gabinete escolhido pelo imperador. Nesse sistema, era fundamental o papel desempenhado pelos presidentes de província. Como esses eram indicados pelo imperador e homens de confiança do presidente do Conselho, utilizavam todos os recursos (distribuição de cargos, fraudes eleitorais
e uso da violência) para garantir a vitória do partido convocado para chefiar o Gabinete.”
Jairo Nicolau.
Com a República, vê-se maior lisura no processo eleitora?
Transita-se para uma situação marcada por maior representatividade política?
Ao analisar os números porém vemos que isso não acontece. Comparada com a Lei Saraiva o aumento do número de eleitores é relativamente pequeno.
Decreto de 19/11/1889 eliminou restrições censitárias, mas manteve a exclusão dos analfabetos.
Eleições Republicanas
“A fraude era generalizada, ocorrendo em todas as fases do processo eleitoral (alistamento dos eleitores, votação, apuração dos votos e reconhecimento dos eleitos).
Os principais instrumentos de falsificação eleitoral foram o bico de pena e adegola. A eleição a bico de pena consistia na adulteração das atas feita pela mesa eleitoral (que também apurava os votos). [...]
[‘inventavam-se nomes, eram ressuscitados os mortos
e os ausentes compareciam’]
O controle da comissão [Comissão Verificadora dos Poderes, na Câmara dos Deputados] pelos deputados governistas permitia que, freqüentemente, parlamentares eleitos pela oposição não tivessem seus diplomas reconhecidos [era a degola].”
Jairo Nicolau.
“Fósforos Republicanos”
“Na 1ª República, (...) os fósforos se multiplicavam. Uma disposição da Lei nº. 58 [1897, Júlio de Castilhos, RS]determinava não caber às mesas eleitorais „entrar na apreciação da identidade da pessoa do eleitor, qualquer que seja o caso‟. Isso permitia (...) „a qualquer preto retinto votar com o título de um teutochamado Hans Bernstein‟, ou que (...) os mortos participassem, involuntariamente, da fraude, e duplamente, „não só porque votavam mas porque reincidiam no voto‟.”
Walter Costa Porto.
“Fósforos Republicanos”
“Palmériofaz referência a dois desses invisíveis, CalistinhoCorneta, um „fósforo de segurança‟, e Doquinhade Juca Bento. Deste último „contavam horrores‟. Na última eleição, „o tipo pintara e bordara‟: „votara, a primeira vez, barbudo, representando o velho Didico, morto havia mais de um ano; fez a barba, deixando o bigode e foi para outra seção votar em nome de um tal de Carmelito, sumido desde meses; tirou o bigode e, com a cara mais limpa e lavada deste mundo, preencheu a falta de outro eleitor; e dizem ainda que votou mais uma vez, de cabelo oxigenado e cortado à escovinha, substituindo um rapaz alemoadoque viera trabalhar, por uns tempos, na montagem da usina elétrica de Santa Rita‟.”
Walter Costa Porto.
Portanto
Instituições monárquicas incapazes de lidar com transformações havidas na 2ª metade do século XIX.
Ordem política monárquica é extinta.
Como liquidar a política unitária ( o eleitor único) e garantir a manutenção da excludencia?
Ou
Qual a receita de uma ordem política republicana?

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