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necessário talvez apenas metade de trabalho que anteriormente era necessário para transformar
em tecido uma certa quantidade de fio. O tecelão manual inglês, esse continuou a precisar do
mesmo tempo que antes para executar essa transformação; mas, a partir desse momento, o
produto da sua hora de trabalho individual passou a representar apenas metade de uma hora
social, não criando mais que metade do valor anterior.
É, pois, somente a quantidade de trabalho ou o tempo de trabalho necessário numa dada
sociedade para a produção de um artigo que determina a grandeza do seu valor.9 Cada
mercadoria particular conta em geral como um exemplar médio da sua espécie.10 As mercadorias
que contêm iguais quantidades de trabalho ou que podem ser produzidas no mesmo tempo têm,
portanto, um valor igual. O valor de uma mercadoria está para o valor de qualquer outra como o
tempo de trabalho necessário à produção de uma está para o tempo de trabalho necessário à
produção da outra. [«Como valores, as mercadorias são apenas medidas determinadas de tempo
de trabalho cristalizado» 10a]
A grandeza de valor de uma mercadoria permaneceria, evidentemente, constante se o tempo
necessário à sua produção permanecesse constante. Contudo, este último varia com cada
modificação da força produtiva ou produtividade do trabalho, que, por sua vez, depende de
circunstâncias diversas: entre outras, da habilidade média dos trabalhadores, do desenvolvimento
da ciência e do grau da sua aplicação tecnológica, das combinações sociais da produção, da
extensão e eficácia dos meios de produção e de condições puramente naturais. A mesma
quantidade de trabalho é representada, por exemplo, por oito alqueires de trigo se a estação é
favorável e por quatro alqueires somente, no caso contrário. A mesma quantidade de trabalho
extrai mais metal das minas ricas do que das minas pobres, etc. Os diamantes só raramente
aparecem na camada superior da crosta terrestre; para encontrá-los, torna-se necessário, em
média, um tempo considerável, de modo que representam muito trabalho num pequeno volume. É
duvidoso que o ouro tenha alguma vez pago completamente o seu valor. Isto ainda é mais
verdadeiro no caso dos diamantes. Segundo Eschwege, o produto total da exploração das minas
de diamantes do Brasil, durante oitenta anos, não tinha ainda atingido em 1823 o preço do produto
médio de um ano e meio das plantações de açúcar ou de café do mesmo país, embora
representasse muito mais trabalho e, portanto, mais valor. Com minas mais ricas, a mesma
quantidade de trabalho representaria uma maior quantidade de diamantes, cujo valor baixaria. Se
se conseguisse transformar com pouco trabalho o carvão em diamante, o valor deste último
desceria talvez abaixo do valor dos tijolos. Em geral: quanto maior é a força produtiva do trabalho,
menor é o tempo necessário à produção de um artigo, menor é a massa de trabalho nele
cristalizada, menor é o seu valor. Inversamente, quanto menor é a força produtiva do trabalho,
maior é o tempo necessário à produção de um artigo, maior é o seu va1or. A grandeza de valor de
uma mercadoria varia, pois, na razão directa da quantidade e na razão inversa da produtividade do
trabalho que nela se realiza
Conhecemos agora a substância do valor: é o trabalho. Conhecemos a medida da sua grandeza: é
a duração do trabalho. [Resta analisar a sua forma, que qualifica o valor precisamente como valor-
de-troca. Antes disso, porém, importa precisar as definições a que já chegámos.] [10] 
Uma coisa pode ser um valor-de-uso e não ser um valor: basta que seja útil ao homem sem provir
do seu trabalho. Assim acontece com o ar, prados naturais, terras virgens, etc. Uma coisa pode ser
útil e produto do trabalho humano e não ser mercadoria. Quem, pelo seu produto, satisfaz as suas
próprias necessidades, apenas cria um valor-de-uso pessoal [,mas não uma mercadoria] .Para
produzir mercadorias, tem não somente de produzir valores-de-uso, mas valores-de-uso para os
outros, valores-de-uso sociais. [E não basta produzir para os outros. O camponês medieval
produzia cereais para pagar o tributo ao senhor feudal e o dízimo à igreja. Mas nem o tributo nem o
dízimo, embora produzidos para outrem, eram mercadorias. Para ser mercadoria é necessário que
o produto seja transferido para outrem, que o utilize como valor-de-uso, por meio de troca. 10b]
Finalmente, nenhum objecto pode ser um valor se não for uma coisa útil. Se é inútil, o trabalho que
contém é gasto inutilmente [,não conta como trabalho] e, portanto, não cria valor. 
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