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análises de fotografias aéreas (fotointerpretação) e visam o planejamento dos trabalhos de campo. Após esses estudos, realiza-se uma visita de reconhecimento de campo para realização do mapeamento geológico-geotécnico de superfície. Locais onde ocorreram deslizamentos recentes devem ser evitados, porque não oferecem boas condições de suporte. O maciço, por ser pouco consolidado, tem baixa resistência e alta permeabilidade. Locais que sofreram desmatamentos intensos, onde a vegetação é muito rala ou inexistente, associados a encostas íngremes, podem sofrer, na época de chuvas intensas e/ou prolongadas, processo erosivo do terreno natural. Nesses locais, o reservatório, cuja capacidade quase sempre é pequena, pode ficar sujeito à deposição de grandes volumes de material sólido, o que pode comprometer sua vida útil, devido ao assoreamento, em pouco tempo, o que não é desejável. Fundações permeáveis, onde ocorrem bancos de areia e cascalho ou rochas com fraturas na direção do fluxo do rio, deverão ser pesquisadas através de investigações específicas (sondagens a trado e poços). Os maciços rochosos muito fraturados, porém sãos, servem como fundação para as estruturas. Nesses casos, o tratamento da fundação deve prever a execução de cortinas de injeções de calda de cimento de impermeabilização. Todas as ocorrências de turfa ou argila orgânica (escura) devem ser perfeitamente identificadas e delimitadas através de sondagens. Esses terrenos são inadequados como suporte para fundações ou como fonte de material de construção. EXECUÇÃO DE SONDAGENS A prática em estudos e projetos de aproveitamentos hidrelétricos tem mostrado que a execução de um programa mesmo que mínimo de sondagens, diretas ou indiretas (sísmica), para investigação das fundações, é sempre necessária. A execução das sondagens, bem como a amostragem, deve ser sempre realizada por empresas especializadas, de acordo com as Normas da ABNT, ou da ABGE - Associação Brasileira de Geologia de Engenharia (consultar ANEXO 5) não cabendo repeti-las nestas Diretrizes. O programa de investigações e sua extensão, quantidade e os tipos de furos - a Trado, Poços ou Trincheiras, a Percussão e Rotativas, serão definidas em função do diagnóstico das condições geológicas do sítio. Cabe destacar que as informações obtidas deverão ser suficientes para caracterizar, em detalhes, o perfil do subsolo, em termos de resistência, permeabilidade e deformabilidade. Para determinação da resistência e permeabilidade dos materiais do subsolo, será necessária a execução, ao longo do furo de sondagem, de ensaios específicos para cada horizonte. Para o trecho em solo, a partir do início da Sondagem a Percussão, deverão ser realizados ensaios de resistência - SPT (Standard Penetration Test) e ensaios de infiltração, a cada metro perfurado. Para o trecho em rocha, a partir do início da Sondagem Rotativa, deverão ser realizados ensaios de perda d’água sob pressão (EPA). Esses ensaios deverão ser executados de acordo com as Normas da ABGE. Nos locais onde ocorrerem escavações de porte será necessário realizar ensaios especiais de laboratório, em amostras indeformadas, para a determinação dos parâmetros de resistência e de deformabilidade. Mesmo procedimento será necessário para a caracterização dos solos de fundação de barragens de terra homogêneas com alturas elevadas. Além dos tipos de sondagem acima especificados, atualmente tem-se realizado, principalmente na fase de verificação da viabilidade do local selecionado, Sondagens Indiretas Elétricas, as quais são de fácil execução, dispensam o uso de explosivo e são mais baratas. Tem-se especificado: - Seções à base de Caminhamento Elétrico para definição do topo rochoso; - Sondagem Elétrica Vertical (SEV), em ambas as margens, para a caracterização da litologia; - VLF (Very Low Frequency), com o objetivo de estudar a geologia estrutural. MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO Em princípio, toda obra deve ser construída com os materiais disponíveis no local, o que significa dizer que o projeto deverá ser adaptado aos mesmos. Deverão ser pesquisadas as seguintes ocorrências de materiais, com a qualidade requerida e na quantidade necessária: - solos, para utilização nas obras de terra; - areia, para utilização nos concretos e filtros; - cascalho (seixo rolado), para utilização em concretos; e - rocha, para utilização em enrocamentos, transições e agregados graúdos (brita) para os concretos. QUALIDADE DOS MATERIAIS Com relação à qualidade, os materiais deverão ser classificados observando-se o exposto nas seguintes Normas da ABNT: - NBR 7250: Identificação e Descrição de Amostras de Solos Obtidas em Sondagens de Simples Reconhecimento dos Solos; - NBR 6490 : Reconhecimento e Amostragem para Fins de Caracterização de Ocorrência de Rochas. Os materiais terrosos para a construção de PCH deverão ser classificados através de uma análise táctil-visual e ensaios de caracterização. A realização de ensaios especiais, para determinação dos parâmetros de resistência, deformação e permeabilidade, fica condicionada à ocorrência de solos especiais detectados nos ensaios de caracterização. No que diz respeito à trabalhabilidade dos materiais finos, registra-se que a mesma varia em função do teor de argila existente no material. A presença desse mineral, dependendo de seu tipo, confere ao solo mais ou menos plasticidade. Na bibliografia referente ao assunto, relacionada ao final destas Diretrizes, encontram-se gráficos e tabelas que permitem selecionar o material de melhor trabalhabilidade. Normalmente, os materiais de baixa a média plasticidade são os mais indicados. Nas áreas de empréstimo, o volume útil a ser usado nas obras de terra deverá ser obtido do horizonte acima do lençol freático. Solos muito úmidos ou saturados não são suscetíveis de serem compactados para a obtenção de densidades e resistências normalmente especificadas. Da mesma forma, os materiais granulares, areias e cascalhos, deverão ser classificados através de análise táctil-visual e ensaios de caracterização, visando constatar sua adequabilidade para uso nos filtros e transições das barragens de terra e terra-enrocamento e como agregado para concreto. Esses materiais deverão se apresentar totalmente limpos e livres de impurezas, como por exemplo matérias orgânicas e materiais finos (argila e silte). Os mesmos, quando contaminados, deverão passar por processos de lavagem e peneiramento antes de seu uso nas obras de barramento. O agregado graúdo, brita ou cascalho, deverá ter dureza suficiente para resistir ao impacto de golpes de martelo e não se desagregar quando exposto a ciclos diários de molhagem e secagem ao tempo. Os enrocamentos deverão ter as mesmas características dos cascalhos e britas. Cabe registrar que o material rochoso para utilização nos concretos deverá ter, antes, sua composição mineralógica determinada, através da realização de, pelo menos, uma lâmina petrográfica. Esse ensaio tem por objetivo avaliar a possibilidade da ocorrência de minerais que possam reagir com os álcalis do cimento, o que não é desejável. Esse assunto deverá ser avaliado por especialistas em Tecnologia de Concreto e Geologia. DETERMINAÇÃO DOS VOLUMES O volume de material é estimado multiplicando-se a área da fonte de material pela profundidade média explorável estimada ou determinada por sondagens expeditas. A profundidade média das fontes de material é estimada realizando-se uma malha de furos exploratórios ao longo da área demarcada. O espaçamento dos furos varia entre 20 e 100 m, em função das dimensões e topografia da área, e do volume necessário. No caso das áreas de empréstimo de solo, executam-se poços de inspeção (PIs) ou sondagens