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Elaboração e Administração de Contratos

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2013
Elaboração E 
administração dE 
Contratos
Prof.ª Daniella Boppré de Athayde Abram
Copyright © UNIASSELVI 2013
Elaboração:
Prof.ª Daniella Boppré de Athayde Abram
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri 
UNIASSELVI – Indaial.
346.02
A161e Abram, Daniella Boppré de Athayde
 Elaboração e administração de contratos / Daniella Boppré de 
Athayde Abram. Indaial : Uniasselvi, 2013.
 170 p. : il 
 
 ISBN 978-85-7830- 643-4
 1. Contratos. 2. Obrigações e contratos.
 I. Centro Universitário Leonardo da Vinci.
III
aprEsEntação
Caros(a) acadêmicos(a)
Sejam bem-vindos(as) à nossa disciplina. Vamos iniciar nossos 
estudos sobre os contratos. 
Você, como futuro profissional do mercado imobiliário, terá o 
contrato como seu principal instrumento de trabalho, pois é através deste 
negócio jurídico que as transações imobiliárias se materializam.
Por isso, será importante você conhecer o significado de termos como 
policitação, puntuação, preâmbulo e tantos outros ligados ao estudo dos 
contratos. 
Iniciaremos com a análise do fenômeno da formação dos contratos e 
entenderemos como eles nascem, são executados e se extinguem. 
A Unidade 2 é dedicada ao estudo da execução, inexecução e 
responsabilidade civil pela inexecução dos contratos, ou seja, estudaremos o 
cumprimento e descumprimento do contrato e a responsabilidade civil que 
advém deste descumprimento.
Na Unidade 3 estudaremos os principais contratos que podem ter 
por objeto bens imóveis. Você conhecerá contratos como a compra e venda, 
doação, locação e permuta, com suas principais características, e ainda, 
entenderá a elaboração e administração dos contratos imobiliários e sua 
importância na realização dos negócios imobiliários.
Bons estudos!
Profa. Daniella Boppré de Athayde Abram
IV
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para 
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há 
novidades em nosso material.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é 
o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um 
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. 
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova 
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também 
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, 
apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade 
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. 
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para 
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto 
em questão. 
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas 
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa 
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de 
Desempenho de Estudantes – ENADE. 
 
Bons estudos!
NOTA
V
VI
VII
UNIDADE 1 – FORMAÇÃO, EXECUÇÃO E EXTINÇÃO DOS CONTRATOS ......................... 1
TÓPICO 1 – CONTRATOS – PARTE GERAL .................................................................................... 3
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 3
2 CONCEITO DE CONTRATO ............................................................................................................ 3
3 REQUISITOS DE VALIDADE DO CONTRATO........................................................................... 5
4 PRINCÍPIOS DOS CONTRATOS ..................................................................................................... 7
4.1 PRINCÍPIO DA AUTONOMIA DA VONTADE ......................................................................... 7
4.2 PRINCÍPIO DA SUPREMACIA DA ORDEM PÚBLICA ......................................................... 8
4.3 PRINCÍPIO DO CONSENSUALISMO ........................................................................................ 8
4.4 PRINCÍPIO DA RELATIVIDADE DOS EFEITOS DOS CONTRATOS .................................. 9
4.5 PRINCÍPIO DA OBRIGATORIEDADE (FORÇA VINCULANTE OU 
 INTANGIBILIDADE DO CONTRATO) ...................................................................................... 9
4.6 PRINCÍPIO DA REVISÃO OU ONEROSIDADE EXCESSIVA ................................................ 9
4.7 PRINCÍPIO DA BOA-FÉ OBJETIVA ............................................................................................. 10
4.8 PRINCÍPIO DA FUNÇÃO SOCIAL DOS CONTRATOS ......................................................... 10
5 CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS ........................................................................................... 11
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 14
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 15
TÓPICO 2 – FORMAÇÃO DOS CONTRATOS ................................................................................ 17
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 17
2 FASES NA FORMAÇÃO DOS CONTRATOS ............................................................................... 17
2.1 NEGOCIAÇÕES PRELIMINARES OU TRATATIVAS (FASE DE PUNTUAÇÃO) ............... 19
2.2 PROPOSTA OU POLICITAÇÃO ................................................................................................... 20
3 ACEITAÇÃO DO CONTRATO ......................................................................................................... 20
4 LUGAR DE FORMAÇÃO DO CONTRATO ................................................................................... 21
5 O CONTRATO PRELIMINAR ........................................................................................................... 21
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 22
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 23
TÓPICO 3 – INTERPRETAÇÃO E INTEGRAÇÃO DOS CONTRATOS .................................... 25
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 25
2 INTERPRETAÇÃO DOS CONTRATOS .......................................................................................... 25
2.1 NO CÓDIGO CIVIL ........................................................................................................................ 25
2.2 NOS CONTRATOS DE ADESÃO.................................................................................................. 26
2.3 NOS CONTRATOS DE CONSUMO ............................................................................................. 26
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 27
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................38
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 39
UNIDADE 2 – EXECUÇÃO, INEXECUÇÃO DO CONTRATO, 
 RESPONSABILIDADE CIVIL ................................................................................... 41
sumário
VIII
TÓPICO 1 – EXECUÇÃO E INEXECUÇÃO DO CONTRATO ....................................................... 43
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 43
2 EXTINÇÃO DO CONTRATO: CUMPRIMENTO E DESCUMPRIMENTO ............................ 43
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 47
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 48
TÓPICO 2 – INADIMPLEMENTO ...................................................................................................... 51
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 51
2 CONCEITO ............................................................................................................................................ 51
3 CONSEQUÊNCIAS DO INADIMPLEMENTO ............................................................................. 52
3.1 JUROS ................................................................................................................................................ 53
3.2 CLÁUSULA PENAL ...................................................................................................................... 54
4 A INADIMPLÊNCIA NOS CONTRATOS IMOBILIÁRIOS ...................................................... 55
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 56
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 57
TÓPICO 3 – RESPONSABILIDADE CIVIL CONTRATUAL E GARANTIAS 
 CONTRATUAIS ................................................................................................................ 61
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 61
2 RESPONSABILIDADE CIVIL ........................................................................................................... 61
3 ELEMENTOS CARACTERIZADORES DA RESPONSABILIDADE CIVIL ............................ 62
4 RESPONSABILIDADE CIVIL CONTRATUAL E EXTRACONTRATUAL .............................. 62
5 RESPONSABILIDADE CIVIL PRÉ E PÓS-CONTRATUAL ....................................................... 64
5.1 A RESPONSABILIDADE CIVIL PRÉ-CONTRATUAL .............................................................. 64
5.2 RESPONSABILIDADE CIVIL PÓS-CONTRATUAL ................................................................. 67
6 GARANTIAS CONTRATUAIS ......................................................................................................... 67
6.1 CAUÇÃO .......................................................................................................................................... 67
6.1.1 Espécies de caução .................................................................................................................. 67
6.2 FIANÇA ............................................................................................................................................ 68
RESUMO DO TÓPICO 3 ....................................................................................................................... 71
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 72
TÓPICO 4 – EVICÇÃO E VÍCIOS REDIBITÓRIOS ........................................................................ 73
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 73
2 EVICÇÃO ............................................................................................................................................... 73
3 VÍCIOS REDIBITÓRIOS .................................................................................................................... 75
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 77
RESUMO DO TÓPICO 4........................................................................................................................ 83
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 84
UNIDADE 3 – ELABORAÇÃO E ADMINISTRAÇÃO DOS CONTRATOS 
 IMOBILIÁRIOS ............................................................................................................ 87
TÓPICO 1 – PRINCIPAIS CONTRATOS IMOBILIÁRIOS ............................................................ 89
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 89
2 CONTRATO DE COMPRA E VENDA ............................................................................................. 89
2.1 CONCEITO E OBJETIVO DO CONTRATO DE COMPRA E VENDA ................................... 90
2.2 OBJETO DO CONTRATO DE COMPRA E VENDA .................................................................. 90
2.3 ELEMENTOS DO CONTRATO DE COMPRA E VENDA ........................................................ 91
2.4 EFEITOS DO CONTRATO DE COMPRA E VENDA ................................................................93
2.5 ESPÉCIES DE COMPRA E VENDA .............................................................................................93
2.5.1 Compra e venda “ad mensuram” ........................................................................................93
IX
2.5.2 Compra e venda “ad corpus” .............................................................................................94
3 TROCA OU PERMUTA .....................................................................................................................94
3.1 CONCEITO .....................................................................................................................................94
4 DOAÇÃO .............................................................................................................................................95
4.1 CONCEITO .....................................................................................................................................95
4.2 OBJETO DA DOAÇÃO .................................................................................................................95
4.3 ESPÉCIES DE DOAÇÃO – HIPÓTESES DE REVOGAÇÃO ...................................................96
5 LOCAÇÃO ...........................................................................................................................................96
5.1 CONCEITO ....................................................................................................................................96
5.2 PARTES NA LOCAÇÃO ..............................................................................................................97
5.3 OBJETIVOS NA LOCAÇÃO ........................................................................................................97
5.4 FORMA DO CONTRATO ...........................................................................................................975.5 ESPÉCIES DE LOCAÇÃO PREVISTAS NA LEI N° 8.245/91 ..................................................98
5.6 PRINCIPAIS DISPOSIÇÕES DA LEI DO INQUILINATO ..................................................... 100
5.7 GARANTIAS DO CONTRATO DE LOCAÇÃO ...................................................................... 104
5.7.1 Caução e fiança ..................................................................................................................... 104
5.7.2 Seguro fiança locatícia ......................................................................................................... 105
6 COMODATO ...................................................................................................................................... 105
6.1 OBJETIVO ...................................................................................................................................... 105
6.2 PARTES NO COMODATO .......................................................................................................... 105
6.3 FORMA DO CONTRATO .......................................................................................................... 105
6.4 ITENS E CLÁUSULAS DO CONTRATO DE COMODATO .................................................. 106
6.5 PRAZO DO CONTRATO DE COMODATO ............................................................................ 106
6.6 FORMAS DE EXTINÇÃO DO COMODATO ........................................................................... 106
6.7 OBRIGAÇÕES DAS PARTES ...................................................................................................... 107
7 CORRETAGEM .................................................................................................................................. 107
7.1 CONCEITO .................................................................................................................................... 108
7.2 DEVERES DO CORRETOR ......................................................................................................... 108
7.3 DIREITOS DO CORRETOR DE IMÓVEIS ................................................................................ 109
7.3.1 Recebimento de comissão ................................................................................................... 109
7.4 REQUISITOS E FORMA DO CONTRATO DE CORRETAGEM .......................................... 110
8 MANDATO ......................................................................................................................................... 111
8.1 CONCEITO .................................................................................................................................... 111
8.2 PARTES NO CONTRATO ........................................................................................................... 112
8.3 REQUISITOS DA PROCURAÇÃO ............................................................................................ 112
8.4 SUBSTABELECIMENTO ..............................................................................................................114
8.5. EXTINÇÃO DO MANDATO ......................................................................................................114
RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................115
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................117
TÓPICO 2 – ADMINISTRAÇÃO E ELABORAÇÃO DOS CONTRATOS 
 IMOBILIÁRIOS ..............................................................................................................121
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................121
2 DO CONTRATO DE ADMINISTRAÇÃO IMOBILIÁRIA .......................................................122
2.1 CONCEITO .....................................................................................................................................122
2.2 CUIDADOS NA ELABORAÇÃO DO CONTRATO .................................................................123
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................131
RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................138
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................139
REFERÊNCIAS .......................................................................................................................................141
X
1
UNIDADE 1
FORMAÇÃO, EXECUÇÃO E 
EXTINÇÃO DOS CONTRATOS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir do estudo desta unidade você estará apto a:
• ter uma visão geral da teoria geral dos contratos;
• conhecer a formação, execução e extinção de negócios jurídicos. 
Esta unidade está dividida em três tópicos e no final de cada um deles você 
encontrará atividades que o(a) ajudarão a fixar os conhecimentos adquiridos.
TÓPICO 1 – CONTRATOS – PARTE GERAL
TÓPICO 2 – FORMAÇÃO DOS CONTRATOS 
TÓPICO 3 – INTERPRETAÇÃO E INTEGRAÇÃO DOS CONTRATOS
2
3
TÓPICO 1
UNIDADE 1
CONTRATOS – PARTE GERAL
1 INTRODUÇÃO
Atuando como profissional do mercado imobiliário, você terá no contrato 
seu principal instrumento de trabalho, pois o contrato (no caso, firmado através 
de uma escritura pública) é indispensável para que os bens possam circular. 
Os contratos são estudados pelo direito civil, em uma parte do Código 
Civil que se chama “Direito das Obrigações”. Porém, se você olhar em volta, 
verá contratos em outros ramos do direito, por exemplo, no Direito de Família, 
através dos “pactos antenupciais”, nas relações trabalhistas, entre fornecedor e 
consumidor, nas relações financeiras, entre tantas outras.
 Focando em nossa matéria, neste tópico vamos conhecer alguns aspectos 
relevantes que devem ser analisados para que você entenda bem como funciona 
este negócio jurídico. Iniciaremos pelo estudo daquilo que chamamos de “parte 
geral” no estudo dos contratos, partindo do seu conceito e princípios. 
A seguir, analisaremos os requisitos de validade do contrato, os vários 
tipos de contrato e quais os elementos que os constituem. Então, vamos em frente?
2 CONCEITO DE CONTRATO
A palavra “contrato”, segundo Venosa (2007, p. 334), vem de contractus, 
que significa unir, contrair.
Para Gonçalves (2008, p. 1), “o contrato é a mais comum e a mais importante 
fonte de obrigação, devido às suas múltiplas formas e inúmeras repercussões no 
mundo jurídico. Fonte de obrigação é o fato que lhe dá origem”.
Na moderna teoria contratual, este conceito se tornou mais amplo, não 
bastando que haja a conjunção de vontades, devendo ser examinada também a 
intenção dos contratantes, em que deverá haver “boa-fé objetiva”. Também há de 
se analisar a “finalidade do contrato”, como veremos adiante, quando tratarmos 
dos princípios contratuais. 
Por isso, adotaremos o conceito de contrato de Gagliano e Pamplona Filho 
(2006, p. 11), para quem contrato é: 
UNIDADE 1 | FORMAÇÃO, EXECUÇÃO E EXTINÇÃO DOS CONTRATOS
4
um negócio jurídico por meio do qual as partes, visando atingir 
determinados interesses, convergem as suas vontades, criando um 
dever jurídico principal, bem como deveres jurídicos acessórios, 
decorrentes da boa-fé objetiva e da função social do contrato.
O contrato é uma espécie de negócio jurídico, sendo seu principal símbolo. 
Tem como característica principal a junção da vontade dos agentes que produzirá 
os efeitos pretendidos, ou seja, criar, modificar, transferir ou extinguir direitos.
Podemos dizerentão que:
FIGURA 1- CARACTERÍSTICAS E FINALIDADE DO CONTRATO COMO NEGÓCIO JURÍDICO
FONTE: A autora.
Desta forma, “sempre que o negócio jurídico resultar de um mútuo 
consenso, de um encontro de duas vontades, estaremos diante de um contrato” 
(GONÇALVES, 2007, p. 2). Ou seja, o encontro das vontades dos contratantes 
nasce das negociações e das cláusulas que as partes combinam entre si. A este 
“encontro” das vontades podemos dar o nome de “consenso”, e é este “acordo de 
vontades” que faz nascer o contrato. 
Observe o esquema a seguir: 
Contrato
Negócio Jurídico em 
que há junção de 
vontades
Criar, 
Modificiar 
ou Extinguir 
Direitos
Para
=
FIGURA 2 – JUNÇÃO DE VONTADES QUE GERA O CONTRATO
FONTE: A autora
CONSENSO 
ENTRE AS 
PARTES
CONTRATO
Vontade do aceitanteVontade do proponente
TÓPICO 1 | CONTRATOS – PARTE GERAL
5
UNI
Você já viu em um contrato expressões como “Pelo presente contrato, as partes, 
por mútuo e livre consentimento..., as partes contratantes têm como justo e contratado o 
seguinte (...)”? Então, esta expressão demonstra (como regra geral) que as partes discutiram, 
negociaram e chegaram a um “consenso” sobre a redação das cláusulas contratuais, de forma 
livre (por exemplo, sem serem coagidas) e consciente. 
3 REQUISITOS DE VALIDADE DO CONTRATO
Para que o negócio jurídico seja VÁLIDO, ou seja, para que possa produzir 
os efeitos de criar, modificar, transferir ou extinguir direitos, é necessário que 
estejam presentes seus requisitos de validade, previstos no art. 104 do Código 
Civil. Como negócio jurídico para que o contrato seja válido, é necessário que 
estejam previstos três requisitos: agente capaz, objeto lícito e forma prescrita ou 
não defesa em lei.
UNI
Nós já vimos estes conceitos em nossa disciplina de Direito Imobiliário. Mas, 
pela sua importância no estudo dos contratos, é importante que vejamos mais uma vez estes 
conceitos: 
FIGURA 3 - REQUISITOS DO NEGÓCIO JURÍDICO VÁLIDO
FONTE: A autora
NEGÓCIO JURÍDICO (CONTRATO) VÁLIDO
AGENTE CAPAZ + OBJETO LÍCITO + FORMA PRESCRITA OU NÃO 
DEFESA EM LEI
Para que o agente seja CAPAZ é preciso que tenha CAPACIDADE CIVIL, 
que é a aptidão para praticar por si os atos da vida civil, sendo que em caso 
de incapacidade absoluta do agente (por exemplo, menores de 16 anos), ele será 
representado, e em caso de incapacidade relativa (por exemplo, maior de 16 e 
menor de 18 anos), o agente será assistido. 
UNIDADE 1 | FORMAÇÃO, EXECUÇÃO E EXTINÇÃO DOS CONTRATOS
6
O OBJETO LÍCITO é “o que não atenta contra a lei, a moral ou os bons 
costumes”. (GONÇALVES, 2006, p. 320). Assim, como você já viu, os bens públicos 
não podem ser objeto de compra e venda, pois sua alienação não é permitida por lei.
A FORMA é a maneira pela qual o negócio jurídico se exterioriza. Segundo 
o Código Civil, a forma deve ser a prescrita (prevista) ou não defesa (proibida) 
em lei. Assim, falando em transações imobiliárias, podemos dizer que a compra 
e venda de um bem imóvel, para ser válida, DEVE NECESSARIAMENTE SER 
REALIZADA POR ESCRITURA PÚBLICA e não apenas por contrato, pois assim 
exige o Código Civil.
Quando faltarem os requisitos legais, o negócio jurídico será NULO, como 
previsto no art. 166 do Código Civil.
No negócio jurídico, a vontade é o elemento essencial, porque ele nasce 
da conjunção de duas vontades. Por isso, ela deve ser válida, ou seja, não deve 
haver nada que influencie esta vontade, que deve ser livre. Se assim não for, o 
negócio jurídico será viciado e será anulável, no prazo de quatro anos (conforme, 
art. 178 do CC). 
Poderá também ser ANULÁVEL, em caso de incapacidade relativa do 
agente ou vício de consentimento, também chamado defeitos do negócio jurídico 
que se originam da vontade viciada. São defeitos do ato jurídico os previstos nos 
artigos 138 ao 165 do Código Civil: o erro substancial, o dolo, a coação, o estado 
de perigo, a lesão e a fraude contra credores. 
De uma forma simplificada, podemos dizer que no erro a pessoa não tem 
noção da verdade, e se soubesse a manifestação da vontade seria diferente. No 
dolo há o emprego de um artifício para induzir alguém a realizar o negócio em 
benefício próprio ou de terceiro. Na coação há um fundado temor de dano próximo 
a acontecer (iminente) à pessoa, à família ou aos seus bens. Na fraude a credores, o 
devedor se desfaz de seus bens de forma maliciosa para escapar das dívidas. 
O estado de perigo ficará demonstrado quando alguém se obrigar por 
uma prestação muito onerosa, para salvar a si, pessoa de sua família ou outro 
ente querido, de grave dano conhecido da outra parte. Por fim, haverá lesão 
quando uma pessoa, em razão de necessidade ou inexperiência, se obriga por 
uma prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta. 
Por exemplo, quando uma pessoa vende um bem por um valor muito inferior ao 
que ele realmente vale, por dificuldades financeiras. 
Assim, se um negócio jurídico for assinado por um menor de 16 anos, ele 
será nulo e não poderá produzir efeitos. Porém, se uma pessoa maior for coagida 
a assiná-lo, ele será anulável, só não produzindo efeitos depois desta declaração.
TÓPICO 1 | CONTRATOS – PARTE GERAL
7
4 PRINCÍPIOS DOS CONTRATOS
Os princípios de direito contratual são auxiliares na interpretação dos 
contratos. 
Quando você elaborar ou analisar um contrato, deve sempre ter em 
mente os princípios aplicáveis aos contratos, porque não sendo observados estes 
princípios, o juiz poderá invalidar cláusulas contratuais ou até mesmo o próprio 
contrato.
Segundo Gonçalves (2007, p. 20), “são estes os principais princípios 
aplicáveis aos contratos: princípio da autonomia da vontade, da supremacia da 
ordem pública, do consensualismo, da relatividade dos efeitos, da obrigatoriedade, 
da revisão ou onerosidade excessiva e da boa-fé”. Para o nosso estudo é importante 
termos uma noção sobre o que significa cada um dos princípios. Então, vamos 
conhecer cada um deles?
DICAS
Caro(a) acadêmico(a), para facilitar seu estudo, é bom que você tenha em mãos 
o Código Civil, que é a Lei nº 10.406/02, especialmente o artigo 421 que se aplicam aos 
contratos. Está disponível no site:<www.planalto.gov.br>, no link “legislação”. 
4.1 PRINCÍPIO DA AUTONOMIA DA VONTADE
Significa que “as pessoas são livres para contratar. Essa liberdade abrange 
o direito de contratar se quiserem, com quem e sobre o que quiserem, ou seja, o 
direito de contratar e de não contratar, de escolher a pessoa com quem fazê-lo e de 
estabelecer o conteúdo do contrato” (GONÇALVES, 2007, p. 20). Este princípio 
é previsto no art. 421 do CC: A liberdade de contratar será exercida em razão e 
nos limites da função social do contrato.
“Da leitura deste artigo podemos ver que esta liberdade não é total, 
porque cede diante do princípio da função social, o que significa dizer que se 
houver confronto entre a liberdade de contratar e o interesse social, este deva 
prevalecer” (GONÇALVES, 2007, p. 5). 
Resumidamente:
AUTONOMIA DA VONTADE = LIBERDADE DE 
CONTRATAR (não é absoluto ou ilimitado).
UNIDADE 1 | FORMAÇÃO, EXECUÇÃO E EXTINÇÃO DOS CONTRATOS
8
Tanto isso é verdade que, para Gagliano e Pamplona Filho (2006, p. 171, 
grifo nosso):
o contrato é o negócio jurídico por meio do qual as partes declarantes, 
limitadas pelos princípios da função social e da boa-fé objetiva, 
autodisciplinam os efeitos patrimoniais que pretendem atingir, 
segundo a autonomia das próprias vontades.
4.2 PRINCÍPIO DA SUPREMACIA DA ORDEM PÚBLICA
Outro princípio que limita a liberdade de contratar é o princípio da 
supremacia da ordem pública, que significa que o contrato tem que respeitar as 
normas de ordem pública, que segundo Caio Pereira (2004, apud GONÇALVES, 
2007, p. 24), “são as regras básicas sobre a estrutura social, política e econômicada 
nação”. Ainda, segundo Gonçalves (2007, p. 24), podem ser consideradas como 
normas de ordem pública as normas sobre a família (casamento, filiação, adoção, 
alimentos etc.). Os contratos também devem respeitar os bons costumes, que são 
“as normas de convivência segundo um padrão de conduta social estabelecido 
pelos sentimentos morais da época” (GONÇALVES, 2007, p. 45).
 Resumidamente:
O CONTRATO TEM QUE RESPEITAR AS NORMAS 
DE ORDEM PÚBLICA E OS BONS COSTUMES.
PARA QUE O CONTRATO ESTEJA PERFEITO E ACABADO 
E SER EXIGÍVEL, BASTA O ACORDO DE VONTADES.
4.3 PRINCÍPIO DO CONSENSUALISMO
Para que exista o contrato, basta o acordo de vontades, sem maiores 
formalismos. “Decorre ele da moderna concepção de que o contrato resulta do 
consenso, do acordo de vontades, independente da entrega da coisa. A compra e 
venda, por exemplo, quando pura, torna-se perfeita e obrigatória, desde que as partes 
acordem no objeto e no preço” (art. 482 do Código Civil).
 “O contrato já está perfeito e acabado desde o momento em que o 
vendedor aceitar o preço oferecido pela coisa, independente da entrega desta. O 
pagamento e a entrega do objeto constituem outra fase, a do cumprimento das 
obrigações assumidas pelos contratantes (GONÇALVES, 2007, p. 25).
TÓPICO 1 | CONTRATOS – PARTE GERAL
9
SÓ QUEM CONTRATOU PODE SER ATINGIDO 
PELOS EFEITOS DO CONTRATO. 
4.4 PRINCÍPIO DA RELATIVIDADE DOS EFEITOS DOS
CONTRATOS
Por este princípio, estabelece-se que “os efeitos do contrato só produzem 
efeitos em relação às partes, àqueles que manifestaram a sua vontade, vinculando-
os ao seu conteúdo, não afetando terceiros nem seu patrimônio” (GONÇALVES, 
2007, p. 26). 
De forma resumida:
4.5 PRINCÍPIO DA OBRIGATORIEDADE (FORÇA VINCULANTE 
OU INTANGIBILIDADE DO CONTRATO)
 Este princípio, segundo Gonçalves (2007), é o princípio pelo qual, uma vez 
firmado o contrato, sendo válido e eficaz, obriga as partes ao seu cumprimento, 
ou seja, “é a irreversibilidade da palavra empenhada” (PEREIRA 2004, apud 
GONÇALVES, 2007, p. 28). Por isso, se diz que o contrato é lei entre as partes ou 
pacta sunt servanda. 
Deste princípio nasce o princípio da intangibilidade do contrato. 
“Ninguém pode alterar unilateralmente o conteúdo do contrato, nem pode o juiz, 
como princípio, intervir neste conteúdo. Essa é a regra geral” (VENOSA, 2007, p. 
345). Este princípio também sofre limitações, como as impostas pelo princípio da 
onerosidade excessiva ou boa-fé objetiva. Podemos dizer que, pelo princípio da 
obrigatoriedade:
O CONTRATO É LEI ENTRE AS PARTES.
4.6 PRINCÍPIO DA REVISÃO OU ONEROSIDADE EXCESSIVA
É a permissão dada pela lei civil, especialmente pelo artigo 478 do Código 
Civil, para que permita a resolução (extinção) de certos tipos de contrato, em razão 
de haver mudança na situação das partes, por acontecimentos extraordinários 
e imprevisíveis, fazendo com que a situação de uma se torne excessivamente 
desfavorável à da outra. 
Este princípio é também conhecido pela denominação teoria da imprevisão 
ou cláusula rebus sic standibus. Hoje tem se admitido que, diante deste caso, não se 
peça a resolução do contrato, mas sim a revisão, buscando reencontrar o equilíbrio 
entre as partes. De uma forma simplificada, podemos dizer que:
UNIDADE 1 | FORMAÇÃO, EXECUÇÃO E EXTINÇÃO DOS CONTRATOS
10
A TEORIA DA IMPREVISÃO PERMITE A EXTINÇÃO (OU REVISÃO) DO 
CONTRATO QUANDO HOUVER DESEQUILÍBRIO ENTRE A SITUAÇÃO 
DAS PARTES NOS CASOS PREVISTOS EM LEI.
UNI
Estudaremos mais a fundo esta matéria quando tratarmos do estudo das formas 
de extinção dos contratos.
4.7 PRINCÍPIO DA BOA-FÉ OBJETIVA
Este princípio “exige que as partes se comportem de forma correta não 
só durante as tratativas, mas também durante a formação e o cumprimento do 
contrato” (GONÇALVES, 2007, p. 33). 
Está expresso no art. 422 do CC que “os contratantes são obrigados a 
guardar, assim, na conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios 
de probidade e boa-fé”.
Assim, podemos dizer que:
O PRINCÍPIO DA BOA-FÉ OBJETIVA DIZ QUE AS PARTES DEVEM TER 
UMA CONDUTA CORRETA DO INÍCIO AO FIM DO CONTRATO.
DICAS
Caso queira se aprofundar neste tema, leia o texto do Prof. Flávio Tartuce, “O 
Princípio da boa-fé objetiva”. Disponível em: <www.flaviotartuce.adv.br/secoes/artigos/artigo-
boafé-TARTUCE.doc>.
4.8 PRINCÍPIO DA FUNÇÃO SOCIAL DOS CONTRATOS
Em razão dos efeitos do contrato, especialmente os de criar, modificar e 
extinguir direitos como negócio jurídico, que é promover a circulação de riquezas, 
estes efeitos poderão atingir a sociedade, ou seja, reconhece-se que o contrato 
produz efeitos não só entre as partes, mas também no contexto social.
TÓPICO 1 | CONTRATOS – PARTE GERAL
11
Por isso, o Código Civil é claro ao estabelecer no art. 421 que “a liberdade 
de contratar será exercida em razão e nos limites da função social do contrato.” 
Com base neste dispositivo legal é que Gagliano e Pamplona Filho (2006, 
p. 15, grifo nosso) complementam o conceito de contrato, que já trouxemos acima 
e que repetimos: 
um negócio jurídico bilateral, por meio do qual as partes, visando 
atingir determinados interesses patrimoniais, convergem suas 
vontades, criando um dever jurídico principal (de dar, fazer, ou não 
fazer), e, bem assim, deveres jurídicos anexos, decorrentes da boa-fé 
objetiva e do superior princípio da função social.
Conclui-se, pois, que por este princípio o contrato não será válido se puder 
causar danos, não apenas no âmbito restrito das partes contratantes, mas também 
no contexto social. Ou seja, a terceiros, não podendo assim ser o meio para a 
prática de atos não condizentes com os padrões mínimos de comportamento 
exigidos pelo ordenamento jurídico.
Resumidamente, pois, podemos dizer que:
O PRINCÍPIO DA FUNÇÃO SOCIAL DO CONTRATO IMPÕE QUE UM 
CONTRATO SEJA VISTO NÃO SOMENTE NO ÂMBITO DAS PARTES 
CONTRATANTES, MAS SIM NO CONTEXTO SOCIAL, PODENDO SER 
INVALIDADO SE PREJUDICAR TERCEIROS.
5 CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS
São várias as espécies de contratos. Eles podem ser classificados quanto 
à natureza da obrigação, quanto à forma, quanto à pessoa do contratante etc. 
Para nosso estudo, é importante conhecermos as principais classificações que 
se mostram importantes no estudo dos contratos imobiliários, motivo pelo qual 
estudaremos diretamente os conceitos.
Inicialmente, podemos dividir os contratos em: unilaterais, bilaterais 
e plurilaterais. Segundo Gagliano e Pamplona Filho (2006), os contratos serão 
unilaterais quando apenas uma das partes tem direitos e obrigações, como 
acontece na doação. Os contratos bilaterais são, assim, aqueles em que há 
obrigações e direitos para as duas partes, como na compra e venda. Os mesmos 
autores ainda apontam a existência de contratos plurilateriais ou multilaterais, 
que são aqueles em que existem mais de duas partes contratantes, como no 
contrato de constituição de uma sociedade ou de um condomínio.
Outra classificação importante divide os contratos em onerosos e 
gratuitos.
UNIDADE 1 | FORMAÇÃO, EXECUÇÃO E EXTINÇÃO DOS CONTRATOS
12
Serão onerosos os contratos em que há “sacrifício patrimonial” 
(GAGLIANO; PAMPLONA FILHO, 2006, p. 115), ou seja, em que há envolvimento 
de valores, como ocorre na compra e venda em que o comprador “paga o preço” 
para ter o bem. Já nos contratos gratuitos, por sua vez, não existe este “sacrifício 
patrimonial”. Porém, neste típico de contrato uma das partes assume a obrigação 
e a outra usufruirá do benefício, como ocorre na doação pura (GAGLIANO; 
PAMPLONA FILHO, 2006).
Os contratos podem ser ainda comutativos ou aleatórios. Serão 
comutativos quando as partes conhecem desde o início suas obrigações que se 
equivalem, por exemplo, na compra e venda.
 
“Já quando a obrigação de uma das partes somente puder ser exigida em 
função de coisas oufatos futuros, cujo risco da não ocorrência for assumido pelo 
outro contratante, fala-se em contrato aleatório” (GAGLIANO ; PAMPLONA 
FILHO, 2006, p. 117). “Álea” quer dizer “sorte” e podem ser citados como exemplo 
os contratos de seguro.
Os contratos poderão ser classificados como consensuais ou reais. Serão 
consensuais “se concretizados com a simples declaração de vontade”, como, por 
exemplo, a compra e venda de bem móvel. Já nos contratos reais há a necessidade 
de “na medida em que exijam a entrega da coisa para que se reputem existentes” 
(GAGLIANO; PAMPLONA FILHO, 2006, p. 128). Tratando dos contratos imobiliários, 
podemos exemplificar esta espécie de contrato no contrato de comodato.
Outra classificação importante é a que divide os contratos em nominados 
ou inominados. Os nominados são os que estão previstos em lei (ex.: compra e 
venda, locação, comodato etc.) e inominados quando surjam do dia a dia, pois, 
como vimos acima, o homem tem liberdade de contratar.
Também importante em nosso estudo é a divisão dos contratos em 
instantâneos ou de duração. Serão instantâneos quando compreenderem “relações 
jurídicas contratuais cujos efeitos são produzidos de uma só vez. É o caso, por 
exemplo, da compra e venda à vista de bens móveis, em que o contrato se consuma 
com a tradição da coisa” (GAGLIANO; PAMPLONA FILHO, 2006, p. 134). “Já os 
contratos de duração, também chamados de trato sucessivo, execução continuada 
ou débito permanente, são aqueles que se cumprem por meio de atos reiterados, 
como, por exemplo, o contrato de prestação de serviços, compra e venda a prazo e 
o contrato de seguro” (GAGLIANO; PAMPLONA FILHO, 2006, p. 134).
TÓPICO 1 | CONTRATOS – PARTE GERAL
13
NOTA
Tradição é a entrega da coisa. É a forma pela qual se transfere a propriedade das 
coisas móveis.
Os contratos podem ser também principais e acessórios. Para entendermos 
o conceito de contratos principais, partiremos do conceito de contratos acessórios, 
que são aqueles que não existem sem a existência de um contrato principal. Por 
exemplo, a fiança, que necessita da existência de um contrato principal, de locação 
ou compra e venda. Podemos entender, pois, que o contrato principal existe por 
si só, independentemente da existência de outro.
Por fim, o contrato preliminar tem por finalidade “justamente a celebração 
de um contrato definitivo” (GAGLIANO; PAMPLONA FILHO, 2006, p. 139). 
Pode ser celebrado quando, por algum motivo, por exemplo, uma viagem, não é 
possível firmar o contrato definitivo, que é aquele em que efetivamente se celebra 
o negócio jurídico. 
UNI
Mais tarde (Unidade 3) estudaremos a fundo este contrato.
14
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico você viu que:
• O contrato é uma espécie de negócio jurídico, sendo seu principal símbolo. 
• O negócio jurídico tem como característica principal a junção da vontade dos 
agentes (particulares) que produzirá os efeitos pretendidos, ou seja, criar, 
modificar, transferir ou extinguir direitos.
• Existem vários princípios que se aplicam aos contratos, dentre eles o da 
autonomia da vontade, o princípio da boa-fé objetiva, entre outros.
15
AUTOATIVIDADE
A partir do conhecimento que você adquiriu até aqui, sugiro que 
preencha a coluna 2 com as palavras que completam as lacunas da coluna 1, 
como forma de reflexão sobre os conceitos que aprendeu e como forma de 
fixação deste conhecimento.
COLUNA 1 COLUNA 2
O contrato é uma espécie de 
____________
São os principais objetivos do 
negócio jurídico. Criar, ___________, 
____________, ou extinguir direitos.
A junção das ______________ dos 
contratantes é a origem dos contratos.
São requisitos de validade 
do negócio jurídico: agente 
capaz, _________________ e 
________________________.
Quando houver um defeito no 
negócio jurídico, por exemplo, 
quando uma pessoa for coagida a 
assinar um contrato, este contrato será 
______________ e o prazo para tomar 
esta providência é de _______anos. 
São defeitos dos atos jurídicos: erro, 
dolo, coação, __________,__________e 
________.
Este princípio diz que as partes devem 
ter uma conduta correta do início ao fim 
do contrato.
Por este princípio, diz-se que o contrato 
é lei entre as partes.
Os efeitos do contrato só podem atingir 
quem contratou, segundo este princípio.
Este princípio significa que as partes têm 
plena liberdade de contratar
16
17
TÓPICO 2
FORMAÇÃO DOS CONTRATOS
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
2 FASES NA FORMAÇÃO DOS CONTRATOS
Agora que você já conhece as principais características dos contratos e 
os princípios contratuais, bem como as principais espécies de contratos, vamos 
entender como os contratos se formam. 
Como já mencionamos, o contrato nasce de uma conjunção de duas 
vontades contrapostas e esta junção de vontades é pressuposto do contrato. 
Assim, por exemplo, na compra e venda, a vontade de um de comprar se “une” 
à do outro de vender. Por isso, se diz que o contrato é um negócio jurídico 
BILATERAL. Veja o esquema a seguir:
FIGURA 4 - SOBRE CONTRATO
FONTE: A autora
Contrato = Negócio Jurídico Bilateral
Nasce da conjunção (união) de duas 
vontades
Mas esta vontade precisa ser LIVRE, ou seja, a pessoa, quando firmar um 
contrato, tem que fazê-lo por livre e espontânea vontade, sem que seja obrigada 
ou induzida ao erro, caso contrário, o contrato poderá ser ANULADO, em razão 
dos vícios de consentimento que vimos no item anterior. Esta vontade livre e 
consciente chama-se CONSENTIMENTO. 
UNIDADE 1 | FORMAÇÃO, EXECUÇÃO E EXTINÇÃO DOS CONTRATOS
18
E assim:
FIGURA 5 - FORMAÇÃO DOS CONTRATOS
FONTE: A autora 
Agora que vimos como o contrato se forma, vamos analisar as fases de 
formação. Os contratos são o resultado de três fases:
Proponente AceitanteConsentimento
Contrato
=
FIGURA 6 - FASES DE FORMAÇÃO DO CONTRATO 
FONTE: A autora
1ª) NEGOCIAÇÕES PRELIMINARES (PUNTUAÇÃO)
2ª) OFERTA OU POLICITAÇÃO
3ª) ACEITAÇÃO DO CONTRATO
NOTA
A partir de agora, conheceremos cada uma destas fases. 
TÓPICO 2 | FORMAÇÃO DOS CONTRATOS
19
2.1 NEGOCIAÇÕES PRELIMINARES OU TRATATIVAS (FASE 
DE PUNTUAÇÃO) 
Esta fase é anterior à formação do contrato. É neste momento que as 
partes discutem sobre o objeto do contrato e suas condições. Enfim, buscam um 
entendimento sobre o que vai constar do contrato. Por exemplo, se estivermos 
falando de um contrato de compra e venda, é nesta fase que o comprador e o 
vendedor vão discutir o que será vendido, a forma de pagamento, seu prazo etc. 
Conforme Gagliano e Pamplona Filho (2006, p. 84): 
É neste momento prévio que as partes discutem, ponderam , refletem, 
fazem cálculos, estudos, redigem a minuta do contrato, enfim, 
contemporizam interesses antagônicos, para que possam chegar a 
uma proposta final e definitiva.
Nesta fase, “pré-contratual”, as partes escrevem a “minuta” do contrato, 
que pode ser vista como uma espécie de “prévia” do que haverá no contrato, 
como se fosse um “rascunho”.
Na fase de puntuação não há vinculação das partes, ou seja, não há como 
uma parte exigir da outra o cumprimento do contrato. Isto, porque ninguém pode 
ser obrigado a contratar. E lembramos: aqui ainda não existe contrato. Apenas em 
casos especiais poderá haver indenização “dos prejuízos da parte que efetivou 
gastos na celebração do negócio, se todos os indícios da negociação iam neste 
sentido” (GAGLIANO; PAMPLONA FILHO, 2006, p. 85). 
De forma resumida, precisamos lembrar que:
NA FASE DE PUNTUAÇÃO AS PARTES CONVERSAM, DISCUTEM E 
ESCREVEM A MINUTA DO CONTRATO.
NOTA
A minuta do contrato não se confunde com o contrato preliminar, como 
veremos mais adiante. Este sim, já é o contrato e vincula as partes.
UNIDADE 1 | FORMAÇÃO, EXECUÇÃO E EXTINÇÃO DOS CONTRATOS
20
2.2 PROPOSTA OU POLICITAÇÃO
3 ACEITAÇÃO DO CONTRATOA fase de proposta, também chamada “policitação”, “consiste na oferta 
de contratar que uma parte faz à outra, com vistas à celebração de determinado 
negócio” (GAGLIANO; PAMPLONA FILHO, 2006, p. 86).
 Observe que:
A terceira fase é a da aceitação do contrato. É quando o aceitante concorda 
com a proposta apresentada pelo policitante. 
QUEM FAZ A OFERTA É CHAMADO PROPONENTE, OFERTANTE OU 
POLICITANTE.
QUEM ACEITA O CONTRATO É CHAMADO DE ACEITANTE OU 
OBLATO.
A proposta, segundo o Código Civil (art 427, grifo nosso) “[obriga o 
proponente, se o contrário não resultar dos termos dela, da natureza do negócio, ou das 
circunstâncias do caso]”. 
Podemos afirmar que a proposta, a não ser nos casos em que a lei excetua 
(vistos acima), obriga o proponente a cumprir o que está ali escrito, o que, 
nas palavras de Gagliano e Pamplona Filho (2006, p. 87), significa dizer que o 
policitante “não poderá voltar atrás, ressalvadas apenas as exceções capituladas 
na própria lei”. 
Por estes motivos, a proposta deve ser clara e objetiva, pois o contrato será 
enviado para a outra parte para aceitação.
NA FASE DE OFERTA OU POLICITAÇÃO, O POLICITANTE FAZ UMA 
PROPOSTA CONCRETA DE CONTRATAR E, COMO REGRA, NÃO PODE 
VOLTAR ATRÁS.
Sobre os requisitos que a aceitação deve ter, podemos destacar, conforme 
Gagliano e Pamplona Filho (2006, p. 92), o seguinte: 
deve ser apresentada sem vícios (ou seja, a pessoa não deve ser coagida, 
enganada ou existir outro vício do consentimento); 
o agente deve ser plenamente capaz (lembra-se dos requisitos do negócio 
jurídico?), caso contrário o agente deverá ser representado ou assistido;
TÓPICO 2 | FORMAÇÃO DOS CONTRATOS
21
pode ser expressa (escrita) ou tácita (quando o costume dispensar a 
aceitação expressa ou o proponente a dispensar).
Advertem ainda os mesmos autores (2006, p. 92), que “se a aceitação for 
feita fora do prazo, com adições, restrições ou modificações, importará em nova 
proposta [...], converter-se-á em contraproposta”. 
O silêncio nem sempre é sinônimo de aceitação (anuência). Somente 
poderá assim se considerar se a lei ou o contrato forem expressos neste sentido, 
conforme dispõe o art. 111 do CC.
4 LUGAR DE FORMAÇÃO DO CONTRATO
5 O CONTRATO PRELIMINAR
O estudo do lugar da formação do contrato é importante, porque muitas 
vezes, como ressaltam Gagliano e Pamplona Filho (2006), em sua interpretação o 
juiz terá que utilizar os costumes do local. 
Como regra geral, o contrato considera-se celebrado no local em que 
foi proposto (art. 435 do Código Civil). Em não havendo local definido, será 
considerado como local da celebração do contrato o local da residência do 
proponente, conforme art. 9º § 2º da Lei de Introdução do Código Civil. 
Utiliza-se o contrato preliminar quando, por algum motivo, não se puder 
desde logo firmar o contrato definitivo. Certamente você já viu um contrato de 
“promessa de compra e venda”, ou “compromisso de compra e venda”, que é o 
exemplo mais comum deste tipo de contrato.
É importante reconhecer sua importância porque, “quando devidamente 
registrado no registro de imóveis, produz eficácia real” (GAGLIANO; 
PAMPLONA FILHO, 2006, p. 142) e, assim sendo, dará direito ao comprador de 
ajuizar uma ação judicial para obter a escritura a que tem direito.
Retomaremos seu estudo na Unidade 3.
Cuidado! O contrato preliminar não se confunde com as negociações 
preliminares do contrato (puntuação). Nas negociações preliminares, as partes geralmente 
elaboram uma “minuta” do contrato. Já no contrato preliminar as partes já têm tudo decidido 
e assinam um contrato prévio, como acontece no caso da compra e venda de imóvel, em 
que após o pagamento total as partes assinam a escritura definitiva. 
ATENCAO
22
Neste tópico você aprendeu que:
• O contrato é um negócio jurídico bilateral, porque nasce do encontro de duas 
vontades.
• Este encontro de vontades se chama consenso.
• Na formação dos contratos existem três fases: negociações preliminares 
(puntuação), oferta (policitação) e aceitação.
• Quem faz a oferta se chama policitante e quem a aceita, aceitante ou oblato.
• Como regra geral, o contrato considera-se formado no lugar em que foi 
proposto.
• O contrato preliminar é um contrato prévio assinado pelas partes e que este 
não se confunde com as negociações preliminares.
RESUMO DO TÓPICO 2
23
AUTOATIVIDADE
Para fixar seus conhecimentos, preencha as cruzadas a seguir, de acordo 
com as afirmações que seguem:
1 O mesmo que aceitante. 
2 Elemento essencial na formação dos contratos. 
3 O mesmo que policitação.
4 Na ausência de estipulação do lugar de formação do contrato, tem-se o 
mesmo como celebrado no local da ............. do proponente.
5 A vontade deve ser apresentada sem...
6 O mesmo que proposta. Tem força obrigatória segundo o artigo 427 do CC.
24
7 Termo que designa a fase inicial de formação do contrato. Sinônimo de 
“Negociações Preliminares”.
8 O consenso nasce do .................de vontades.
9 A aceitação pode ser expressa ou ...
10 Nasce do acordo de vontades.
11 Terceira fase da formação dos contratos.
12 .......... da autonomia privada. Significa que as partes tem liberdade para 
contratar.
25
TÓPICO 3
INTERPRETAÇÃO E INTEGRAÇÃO DOS CONTRATOS
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
2 INTERPRETAÇÃO DOS CONTRATOS
2.1 NO CÓDIGO CIVIL
A partir deste tópico, para o estudo da interpretação dos contratos, 
você entenderá como se interpreta um contrato, buscando compreender o seu 
significado, o alcance de suas cláusulas e a intenção das partes que o firmaram.
Inicialmente, podemos dizer que interpretar quer dizer “identificar 
o significado de um ato ou de um fato” (VENOSA, 2007, p. 415). Neste tópico 
vamos analisar como se interpreta os contratos no Código Civil e no Código de 
Defesa do Consumidor. 
Preparado? Então vamos continuar...
Veja, a seguir, de que forma são interpretados os contratos.
Já dissemos acima que interpretar significa fixar o conteúdo, compreensão 
e extensão da vontade dos contratantes. Para interpretar um contrato não existem 
regras fixas, porém há de se levar em conta a boa-fé e os costumes, como ressalta 
o art. 113 do Código Civil.
Das ideias de Venosa (2007, p. 422), “conclui-se que não há regras fixas de 
interpretação”.
 
Seguem algumas sugestões extraídas dos ensinamentos do referido autor:
• na interpretação dos contratos não existem regras fixas;
• o contrato deve ser considerado como um todo, interpretando-se as cláusulas 
em conjunto; 
• como princípio geral de interpretação deve-se utilizar o art. 112 do CC, que 
estabelece que nas declarações de vontade se atenderá mais à intenção nelas 
consubstanciadas do que ao sentido literal da linguagem, o que significa 
tentar compreender o que exatamente desejavam as partes contratantes, ainda 
que isso não esteja expressamente escrito no contrato;
• os usos e costumes também podem auxiliar na interpretação dos contratos.
26
UNIDADE 1 | FORMAÇÃO, EXECUÇÃO E EXTINÇÃO DOS CONTRATOS
2.2 NOS CONTRATOS DE ADESÃO
Os contratos de adesão, como já mencionamos acima, são aqueles contratos 
em que não há discussão de cláusulas entre as partes, como ocorre nos contratos 
chamados paritários. Neste tipo de contrato, uma delas simplesmente “adere” 
ao contrato apresentado pela outra, assinando-o. São exemplos de contrato de 
adesão os contratos de financiamento bancário, de prestação de serviços de 
telefonia, entre outros.
Em razão das diferenças entre estes contratos, a interpretação é feita 
de forma diferente. Como ressaltam Gagliano e Pamplona Filho (2006, p. 176), 
“pela sua característica limitadora da liberdade contratual [...], a interpretação 
do contrato de adesão realmente não poderia se dar da mesma forma que um 
contrato paritário tradicional”. 
Istoocorre porque a parte que adere ao contrato, chamada “aderente”, fica 
em situação desfavorável (chamada tecnicamente de hipossuficiência) perante a 
outra. Por isso, nos artigos 423 e 424 do Código Civil encontramos as regras básicas 
de interpretação dos contratos de adesão, que podemos resumir no seguinte: se 
houver cláusulas ambíguas (com possibilidade de dupla interpretação), deve-se 
interpretá-las sempre em favor do aderente. Não é possível estipular cláusulas 
que imponham a renúncia antecipada a direito do aderente.
 Rodrigues, citado por Gagliano e Pamplona Filho (2006, p. 177), acrescenta:
[...] 
a) na dúvida o contrato deve ser interpretado contra quem o redigiu;
(b) deve-se distinguir entre as cláusulas principais e acessórias, 
entendendo-se que estas não têm a mesma força vinculante daquelas, 
pois decerto chamaram mais a atenção do contratante;
(c) as cláusulas impressas, por isso que chamam menos a atenção, 
devem ser preferidas às manuscritas, pois estas revelam o propósito 
de revogar as primeiras [...].
2.3 NOS CONTRATOS DE CONSUMO
Nos contratos que envolvam direito do consumidor (como frequentemente 
ocorre com os contratos imobiliários), a interpretação deve ser sempre a mais 
favorável ao consumidor, conforme estabelece expressamente o art. 47 do Código 
de Defesa do Consumidor.
 Importante ressaltar que esta regra se aplica a qualquer tipo de contrato, 
“e beneficiará a todos os consumidores, em todos os contratos, de adesão ou 
individualmente negociados, em todas as cláusulas, mesmos as claras e não 
contraditórias, sendo que agora a vontade interna, a intenção não declarada, 
nem sempre prevalecerá” (MARQUES; BENJAMIN; MIRAGEM, 2003 apud 
GAGLIANO; PAMPLONA FILHO, 2006, p. 181). 
TÓPICO 3 | INTERPRETAÇÃO E INTEGRAÇÃO DOS CONTRATOS
27
LEITURA COMPLEMENTAR
A ATUAL TEORIA GERAL DOS CONTRATOS
Roxana Cardoso Brasileiro Borges
SUMÁRIO: 1 – A relação do direito dos contratos com outros ramos do 
direito e sua topologia no Direito Civil. 2 – Breve evolução histórica do direito 
dos contratos. 3 – Definição de contrato e seus elementos constitutivos: a relação 
jurídica obrigacional decorrente do contrato. 4 – Princípios do direito dos contratos. 
5 – Relação entre contrato e responsabilidade civil, em especial: responsabilidade 
pré-contratual, responsabilidade contratual e responsabilidade extracontratual. 
6 – A interferência de terceiros na relação contratual. 7 – Formação dos contratos. 
8 – Classificação dos contratos. 9 – Interpretação e integração dos contratos. 10 – 
Vícios redibitórios. 11 – Evicção. 12 – Extinção do contrato.
1 A relação do direito dos contratos com outros ramos do direito e sua topologia 
no Direito Civil
Inicialmente, precisamos localizar a teoria geral dos contratos na 
sistemática do Direito Civil e na sistemática do Direito Privado. No Direito 
Civil, a teoria geral dos contratos (e os contratos em espécie) faz (fazem) parte 
do Direito das Obrigações. O que se chama de direito contratual é, na verdade, 
direito obrigacional. Não há, na topologia do Código Civil, tanto no de 1916 
como no de 2002, um livro próprio para a teoria geral dos contratos, nem para os 
contratos em espécie. O que há, na Parte Especial, é o Livro das Obrigações (Livro 
I), o primeiro livro da Parte Especial. Este ramo do direito civil contém as normas 
sobre a teoria geral das obrigações, a teoria geral dos contratos, os contratos em 
espécie, os atos unilaterais e a responsabilidade civil. Pode-se entender, ainda, 
que, com a inclusão do tratamento dos títulos de crédito e do Direito de Empresa, 
estes também se encontram no Direito das Obrigações, que, com o Código Civil 
de 2002, foi unificado (esta unificação é contestada por alguns). O direito dos 
contratos, portanto, trata de uma das fontes das obrigações: o contrato. (além do 
contrato, consideram-se fontes de obrigações os atos unilaterais e os atos ilícitos)
[...]
Relaciona-se o direito dos contratos também com o direito das coisas, pois 
podemos considerar que o contrato é instrumento essencial para a circulação 
de riquezas e transmissão da propriedade. (Embora a propriedade se transfira 
através de tradição ou de transcrição, estas são precedidas por contratos).
Mesmo com o Direito de Família o direito dos contratos tem relação, 
sobretudo se pensarmos nos pactos antenupciais e nos contratos de convivência. 
(Quanto ao casamento, sua natureza contratual é contestada, não sendo, 
inclusive, admitida por nós). No direito das sucessões, embora o testamento não 
seja contrato, mas ato unilateral, importa o estudo dos contratos, por exemplo, 
UNIDADE 1 | FORMAÇÃO, EXECUÇÃO E EXTINÇÃO DOS CONTRATOS
28
para verificar doações inoficiosas, feitas pelo autor da herança, ultrapassando a 
legítima. Importa também lembrar a transferência das posições contratuais do 
“de cujus” para seus herdeiros, fazendo com que os créditos e débitos daquele 
componham a herança, salvo se as obrigações forem personalíssimas ou se o 
contrato previr como causa de extinção a morte de uma das partes (cessação). 
Quanto aos demais ramos do Direito Privado, é necessário fazer um paralelo 
entre o Direito do Trabalho e a teoria geral dos contratos presente no Código 
Civil, e outra comparação com o Direito do Consumidor, sendo despiciendo, 
atualmente, analisar a teoria geral dos contratos com o Direito Comercial, diante 
da unificação do direito privado ou unificação das obrigações civis e comerciais 
no Código Civil de 2002.
[...] Ultrapassando a esfera do direito privado, é necessário, também, 
mencionar a relação entre o direito dos contratos e o direito público. Com o Direito 
Administrativo, a teoria geral dos contratos civis inspira a regulamentação dos 
contratos administrativos. Com o Direito Constitucional, principalmente a partir 
da Constituição Federal de 1988, revela-se a posição de subordinação do direito 
dos contratos frente ao texto constitucional.
[...]
3 Definição de contrato e seus elementos constitutivos: a relação jurídica 
obrigacional decorrente do contrato
Feitas estas considerações iniciais, indispensáveis para uma compreensão 
atual do tema, passemos a uma análise conceitual dos contratos. Os contratos, pactos 
ou convenções têm diversas raízes etimológicas. De “conventio” apreendemos o 
sentido de “vir com”. De “contratus” apreendemos a noção de contrair, unir. São, 
de forma genérica, os sentidos atuais de uma relação obrigacional que surge dos 
contratos.
[...] Portanto, no nosso direito, os contratos são acordos feitos com base na 
vontade das partes e na autorização jurídica, capazes de criar, regular, modificar 
ou extinguir relações jurídicas de conteúdo patrimonial. Esta é a definição de 
contrato.
Se os contratos merecem proteção jurídica é porque são válidos. Não basta 
existir o pacto, o consenso ou a convenção para que o direito reconheça eficácia 
jurídica. Além dos elementos de existência do acordo, estes elementos devem 
apresentar certos predicados para que estejamos diante de um contrato.
Assim, não basta que estejam presentes as partes, o objeto e o consenso, 
como exteriorização da vontade das partes. É preciso que os sujeitos sejam capazes 
e legitimados; que o objeto seja lícito, possível, determinável e econômico; e que 
a forma de exteriorização das vontades seja a prescrita ou alguma não proibida. 
São os requisitos de validade de todo negócio jurídico (art. 104 e seguintes).
TÓPICO 3 | INTERPRETAÇÃO E INTEGRAÇÃO DOS CONTRATOS
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Dizer que as partes sejam capazes significa exigir que elas não se enquadrem 
nas hipóteses previstas nos arts. 3o e 4o do CC (2002). Esta é a capacidade genérica. 
A capacidade específica, ou legitimação (importando-se a expressão do direito 
processual civil) decorre da ausência de impedimento específico de realizar certo 
contrato com certa pessoa. Como exemplo, João é maior, capaz,mas não pode 
doar uma casa para sua concubina, se for casado. Embora João tenha capacidade 
genérica para praticar atos da vida civil em geral, ele não pode realizar aquele 
contrato com aquela mulher.
Quanto ao objeto do contrato, este deve, inicialmente, ser lícito. Os 
requisitos da licitude são amplos, não se restringindo à ideia de legalidade. 
Não basta não contrariar a lei, não deve contrariar a moral, a ordem pública 
e os bons costumes. O objeto do contrato deve ser também possível, física 
e juridicamente. Se a impossibilidade for absoluta e inicial, o contrato é nulo, 
embora a impossibilidade relativa inicial e a absoluta superveniente não afetem 
sua validade. 
O objeto do contrato deve também ser determinado ou, no mínimo, 
determinável, se indicado pelo gênero, quantidade e qualidade. As partes 
precisam saber a respeito do que estão se obrigando. Admite-se, porém, a validade 
de contrato, cujo objeto ainda não exista, desde que haja potencialidade de vir a 
existir, como nos contratos sobre coisa futura, na forma condicional ou aleatória. E, 
por fim, como o contrato regulamenta relações jurídicas patrimoniais, seu objeto 
deve ser um bem ou uma prestação patrimonial. (Fala-se também de idoneidade 
do objeto, ou seja, sua adequação ao contrato escolhido, sendo inidôneo, por 
exemplo, um bem consumível ser objeto de comodato).
Vale ressaltar, antes de passar à análise da forma, que conteúdo do contrato 
e objeto do contrato podem ser vistos de forma distinta. O conteúdo diz respeito 
aos direitos e obrigações objeto de regulamentação pelas partes (e/ou pela lei), ou 
objeto imediato. Como objeto mediato ou objeto propriamente dito, falamos dos 
bens e das prestações.
Quanto à forma, esta é a maneira pela qual a vontade se exterioriza. O 
princípio é o da liberdade da forma, ou princípio do consensualismo, em oposição 
ao princípio romano do formalismo. Sendo a forma prescrita por lei, se esta não 
for obedecida, o contrato padece de nulidade. Não havendo forma prescrita, o 
contrato pode ser feito por qualquer forma lícita. Na antiga distinção, se a forma 
for “ad solemnitatem”, ela é requisito de validade. Se a forma for “ad probationem”, 
as partes podem optar por qualquer meio de exteriorização da vontade, devendo 
cuidar para garantir a prova de que o vínculo foi contraído.
4 Princípios do direito dos contratos
Feita a definição de contrato e tendo sido expostos seus elementos e 
requisitos de validade, passemos aos princípios do direito dos contratos. Segundo 
o princípio da relatividade, o contrato produz efeitos relativos, ou seja, apenas 
UNIDADE 1 | FORMAÇÃO, EXECUÇÃO E EXTINÇÃO DOS CONTRATOS
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entre as partes que dele participaram. O “contrato faz lei entre as partes” e apenas 
entre as partes, não podendo atingir terceiros. Esse princípio é próprio do direito 
das obrigações (onde os contratos se inserem), em oposição aos direitos reais, 
que são oponíveis “erga omnes”. Este princípio, contudo, encontra exceções e 
relativizações. Citemos duas exceções: a transmissão das obrigações (e créditos) 
pela sucessão e a estipulação em favor de terceiro. A relativização é fruto da função 
social dos contratos. Já escrevemos que as obrigações, desde que fungíveis e salvo 
estipulação em contrário, transferem-se aos herdeiros na abertura da sucessão. 
Quanto aos débitos, contudo, estes não obrigam os herdeiros no que ultrapassar 
as forças da herança. A estipulação em favor de terceiro vincula pessoa que não 
foi parte no momento da formação do contrato, mas apenas em seu benefício, 
ou seja, este terceiro pode adquirir vantagens, não obrigações. Este terceiro, a 
favor de quem se estipulou a obrigação, tem direito de exigir seu adimplemento. 
Exemplo desta estipulação em favor de terceiro é o seguro de vida, em que os 
efeitos ocorrem ultrapartes. 
Por outro lado, um terceiro não pode ser obrigado por contrato do qual 
não participou. Se alguém, ao contratar, promete fato de terceiro, este contrato 
não tem a eficácia de obrigar quem dele não participou. Se o terceiro não executar 
a promessa realizada por João num contrato com Maria, a responsabilidade é 
de João, não havendo nenhuma relação jurídica entre João e o terceiro ou entre 
Maria e o terceiro. Tanto a estipulação em favor de terceiro, como a promessa de 
fato de terceiro estão disciplinadas na teoria geral dos contratos, nos artigos 436 
e 438 a 440 do Código Civil. O princípio da relatividade dos contratos vem sendo 
relativizado, atualmente, pelo princípio da função social dos contratos. Enquanto 
que, segundo o princípio da relatividade, o contrato só produz efeitos entre as 
partes, o princípio da função social do contrato realça os efeitos que o contrato 
produz além da esfera jurídica das partes.
O princípio da função social dos contratos, previsto no Código Civil de 
2002 no art. 421, integra nova doutrina contratual, ou o novo direito dos contratos, 
marcando a superação do paradigma liberal clássico na teoria geral dos contratos. 
O princípio da função social dos contratos tem a mesma função que, no direito 
das coisas, tem a função social da propriedade. Quando se dá a passagem do 
paradigma liberal para o social (ou intervencionista), alguns institutos do direito 
privado, sobretudo a propriedade e o contrato, sofrem uma mudança no que 
se refere à sua relação com o contexto social. A propriedade deixa de ser vista 
como um direito que serve exclusivamente aos interesses do titular e passa a ser 
considerada vinculada a certo contexto socioeconômico. 
Do Código Civil napoleônico, onde a propriedade era o direito de usar, 
gozar e dispor da coisa da forma mais absoluta, passamos ao modelo alemão (e 
mexicano), no qual a propriedade obriga. Em tempos de Estado do Bem-Estar 
Social, a propriedade tem uma função que vai além da individual. Seu uso produz 
reflexos na sociedade. A titularidade do direito recebe proteção na medida em 
que o exercício do direito for útil à sociedade, não bastando atender aos interesses 
exclusivos do proprietário.
TÓPICO 3 | INTERPRETAÇÃO E INTEGRAÇÃO DOS CONTRATOS
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O mesmo ocorre com os contratos. Na nossa sociedade atual, um contrato 
pode afetar um grupo de pessoas e toda uma cidade, ou até um país, com reflexos 
negativos na sociedade, o que se busca regulamentar, por exemplo, na esfera 
do Direito Econômico, para permitir a livre-concorrência. Sob este princípio, o 
contrato importa também para a sociedade, não apenas para as partes contratantes, 
e servirá como limite da atuação destas. 
[...]
Como estamos falando de “novos” princípios do Código Civil de 2002, 
passemos ao princípio da boa-fé, também chamado de princípio da probidade ou 
da eticidade dos contratos. É o princípio da boa-fé objetiva, art. 422. É necessário, de 
início, distinguir boa-fé subjetiva de boa-fé objetiva. A boa-fé subjetiva diz respeito 
a certo estado psicológico do sujeito, no qual desconhece vícios ou impedimentos 
de determinada situação jurídica na qual está inserido. A boa-fé subjetiva, 
prevista desde o Código de 1916, tem papel relevante, por exemplo, na posse e 
na fraude contra credores. Diz respeito à intenção do sujeito, ao conhecimento ou 
desconhecimento de certos detalhes da relação ou situação jurídica.
A boa-fé objetiva, contudo, não se liga à subjetividade do agente ou da 
parte, mas a um padrão genérico de conduta, num determinado lugar e em certo 
momento. Recorrer à boa-fé objetiva não é fazer uma investigação psicológica 
para concluir se o possuidor sabia ou não que poderia estar com aquele bem, ou 
se o adquirente conhecia ou não a insolvência do alienante. Recorrer ao princípio 
da boa-fé objetiva é buscar, em certo contexto social, qual é o padrão de conduta 
do homem probo, correto, honesto, leal. 
O princípio da boa-fé objetiva determina que este padrão médio de 
probidade, de ética, seja o padrão de conduta a regero comportamento dos 
contratantes entre si. Apontam-se três funções para o princípio da boa-fé, na 
esteira da doutrina de Judith Martins-Costa. O princípio da boa-fé objetiva é 
fonte de deveres laterais ou anexos. Como ressalta Fernando Noronha, a relação 
jurídica obrigacional é uma relação jurídica complexa, sistêmica.
 Há mais deveres do que os criados expressamente nas cláusulas do 
contrato. Além da execução da prestação, além da entrega do bem há inúmeros 
outros deveres implícitos ao contrato, que decorrem do que legitimamente se 
espera que sejam as condutas das partes. São inúmeros os deveres que devem 
ser observados pelas partes, tanto nas tratativas iniciais, como na formação, 
execução e pós-execução do contrato, embora o art. 422 mencione apenas as fases 
de conclusão e execução do contrato. São exemplos de deveres laterais ou anexos: 
dever de não obstruir a consecução e o gozo da finalidade do contrato; dever de 
informar; dever de informar com clareza; dever de não criar falsas expectativas; 
dever de garantir a idoneidade do bem e/ou serviço; dever de segredo; dever de 
guarda etc.
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UNIDADE 1 | FORMAÇÃO, EXECUÇÃO E EXTINÇÃO DOS CONTRATOS
Utilizando exemplos, podemos afirmar que age contrariamente à boa-fé 
a empresa montadora/fabricante de automóveis que deixa de oferecer peças de 
reposição. Esse caso deu origem a discussões jurisprudenciais e doutrinárias no 
direito europeu. 
Também viola a boa-fé a parte que divulga segredos ou publica 
documentos a que teve conhecimento através da relação contratual. Ou podemos 
questionar se age conforme a boa-fé quem vende empresa e fundo de comércio 
e instala novo negócio do mesmo ramo ao lado do estabelecimento vendido. 
Também no Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul encontramos julgados 
que se fundamentam no princípio da boa-fé objetiva antes da vigência do CC 
2002, como no caso da fabricante de molho de tomates que, anualmente, fornecia 
sementes de tomate aos agricultores e, posteriormente, adquiria toda a safra. 
Um ano a fabricante não comprou a safra. Em ação judicial, contestou afirmando 
que não havia contrato entre si e os agricultores. Outras funções do princípio 
da boa-fé: é limitadora da autonomia privada das partes contratantes e é regra 
de interpretação e de integração dos contratos. Podemos citar, além do art. 422, 
também os arts. 112 e 133 da Parte Geral do Código Civil.
Passemos a outro princípio, o da força obrigatória dos contratos, ou 
princípio da obrigatoriedade. É revelado pela antiga expressão “pacta sunt 
servanda”, de que já escrevemos na evolução histórica dos contratos. Ao lado do 
princípio da obrigatoriedade, devemos mencionar o princípio da intangibilidade 
dos contratos, segundo o qual o contrato, uma vez formado, não pode ser alterado 
unilateralmente.
Tratemos de ambos os princípios sob o nome do primeiro, para analisarmos 
a teoria da imprevisão e a teoria da onerosidade excessiva, que o abrandam.
A teoria da imprevisão não foi tratada no CC de 1916, como era de se esperar, 
dada sua inspiração liberal. Mas não é uma novidade trazida pelo art. 478 do CC 2002, 
pois surgiu e se desenvolveu no Brasil a partir da jurisprudência. É farto o número de 
julgados, anteriores ao CC de 2002, que decidem como prevê o art. 478. 
Algumas críticas precisam ser feitas a este artigo 478. Comecemos pelo 
título dado à Seção IV – Da resolução por onerosidade excessiva. O mais apropriado 
seria substituir “onerosidade excessiva” por imprevisão. E substituir “resolução” 
por “revisão”. Não é a simples onerosidade excessiva que permite ao juiz revisar 
– e, não sendo possível, resolver – o contrato. Precisamos somar a isso outras 
circunstâncias. Esta onerosidade excessiva deve decorrer de fato extraordinário 
e imprevisível (tomando como base a cautela normal). A simples onerosidade 
excessiva autoriza a revisão judicial de um contrato de consumo, mas, para haver 
intervenção judicial num contrato paritário, é preciso que haja a imprevisão. Este 
fato imprevisível e extraordinário, por modificar a base objetiva do contrato, 
permite sua revisão, pois desequilibra as prestações das partes contratantes. 
TÓPICO 3 | INTERPRETAÇÃO E INTEGRAÇÃO DOS CONTRATOS
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Neste ponto, o art. 478 merece outra crítica, pois a jurisprudência e a doutrina 
já tinham entendido que a onerosidade excessiva da obrigação de uma parte, 
não era necessária, mas era obrigatório, demonstrar o injusto enriquecimento por 
parte da outra.
A teoria da onerosidade excessiva, pura e simples, se aplica nas relações 
de consumo, onde são nulas as cláusulas que criarem excessiva onerosidade para 
o consumidor, independentemente de esta onerosidade excessiva estar presente 
desde a formação do contrato ou de surgir supervenientemente. Cabe esclarecer, 
ainda, que a teoria da imprevisão se aplica aos contratos de execução continuada 
ou diferida, bilaterais. Decorre da cláusula “rebus sic stantibus”, imanente a todos 
os contratos. Passemos para outro princípio, o da autonomia privada. Dele 
decorrem a liberdade de contratar e a liberdade contratual.
A primeira diz respeito à liberdade de estipular contratos e a segunda, 
sobre a liberdade de determinar o conteúdo deste. Com a intervenção pública 
nas relações contratuais, chamada por alguns de dirigismo contratual público, 
questionou-se a crise da autonomia privada. Vale ressaltar que autonomia 
da vontade e autonomia privada não têm conteúdo idêntico. A autonomia 
da vontade era o princípio do voluntarismo, segundo o qual o fundamento e 
a força obrigatória dos contratos se encontravam na livre vontade das partes. 
Com a mudança de foco para a autonomia privada, compreende-se que a lei é 
fundamento do contrato, a vontade conforme a lei gera o vínculo jurídico, não a 
vontade pura. 
Assim, a lei, a ordem pública, a moral e os bons costumes compõem a 
autonomia privada, determinam as fronteiras da liberdade contratual, como 
bem demonstrou Francisco Amaral. Há ainda outros princípios, como o do 
consensualismo, o da atipicidade, mas mudemos de assunto e avancemos na 
resposta.
5 Relação entre contrato e responsabilidade civil, em especial: responsabilidade 
pré-contratual, responsabilidade contratual e responsabilidade extracontratual 
e 6 – A interferência de terceiros na relação contratual.
Vamos analisar alguns aspectos entre a teoria dos contratos e a 
responsabilidade civil. Sobre a responsabilidade por inadimplemento direto da 
obrigação estipulada no contrato, ou responsabilidade contratual, o direito das 
obrigações está avançado. Contudo, é necessário refletir sobre aspectos da relação 
contratual que podem estar vinculados com a responsabilidade extracontratual 
ou aquiliana. Dois dispositivos fundamentam o sistema civil de responsabilidade 
por dano: o art. 186, que define ato ilícito, e o art. 187, que descreve o abuso de 
direito e o equipara a ato ilícito. Fala-se de responsabilidade pré-contratual por 
rompimento injustificado das tratativas. Ainda na fase pré-contratual, se uma das 
partes cria na outra fundadas e razoáveis expectativas de que o contrato era quase 
uma realidade consumada, e esta segunda parte realiza investimentos em função 
deste contrato em vias de formação, e a primeira parte, sem justo motivo, desiste 
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do contrato, causando danos para a segunda parte, a primeira deve responder 
pelos danos causados à segunda, com fundamento no princípio da boa-fé objetiva 
e do abuso do direito.
O mesmo pode ocorrer após a extinção do contrato se, cumprida a obrigação, 
a primeira parte age de forma a obstruir que a segunda goze dos benefícios do 
cumprimento do contrato. Convém, ainda sobre responsabilidade civil e contratos, 
mencionar a pouco estudada interferência indevida de terceiro na relação contratual. 
No direito americano, com base no “Restatement

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