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02 - NOZOE - BUESCU (1970)

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FES – Aula do dia 15/10/2008 (quarta) 
Texto de hoje: BUESCU 
Assunto de hoje (que permanecerá por várias aulas): D João no Brasil: os tratados com a Inglaterra e a crise do antigo sistema colonial 
Principais temas do texto de Mircea BUESCU (na prática o professor seleciona um único tema): 
A importância da primeira metade do séc. XIX (mas não explica muito). 
A difusão do pensamento liberal no Brasil e a crítica do colonialismo (Rodrigues de Brito) – esse será o tema abordado hoje (da metade de seu texto para frente)
A permanência do pensamento mercantilista (JJ Coutinho) (finalzinho de seu texto)
Tópicos da aula: O que era ser um lavrador no séc. XVIII? 
Mesa de inspeção da Bahia (órgão da administração colonial portuguesa). Foi criada pelo Conselho Ultramarino de Portugal em 1771, em 4 capitanias: RJ, PE, MA, BA. Suas principais funções eram desde a qualidade e controle (controle fiscal) da produção colonial (açúcar, tabaco e algodão – este no final do séc. XVIII). Para cada tipo de mercadoria exportada incidia um preço e imposto (ex: tipos de açúcares). Move o combate contra o contrabando, incentivo à produção de novas espécies e adoção de novas técnicas (essas últimas quase esquecidas). Sofria oposição dos traficantes de salvador (organizados na “mesa do bem comum”), e dos senhores de engenho. Com freqüência essa mesa vai ao governador, sob argumento de que também eram portugueses. Elas se avolumam ao longo do séc. XVIII, e no séc. XIX o rei manda ao conde da Bahia se era conveniente extinguir essa mesa, documento escrito num momento crítico (da vinda da corte ao Brasil). O professor cita 5 argumentos do documento, feitas à câmara de salvador, perguntando se a mesa gera dano à lavoura ou comércio, além de questionar se pode haver dano de julgamento da qualidade ou dos preços dos produtos. A câmara de salvador vai aos principais lavradores e tem como resposta: 
(De Manoel Ferreira da cunha, senhor de engenho), diz que as leis são feitas somente para fazer valer a vaidade de quem governam, e que não são seguidas. Questiona o regime de cotas de plantação que não vale a pena plantar um pouco de mandioca ao invés de plantar tudo em açúcar (custo de oportunidade maior) 
(Joaquim, mercantilista) propõe a proibir a criação de novos engenhos, para evitar a alta do preço de lenha, madeira e farinha (para escravos), além de gerar uma grana extra para os senhores já instalados. 
(Jose Diogo, plantador de tabaco) – diz que a cultura de tabaco era a mais oprimida, os produtores eram obrigados a levar todo o tabaco a postos fiscais pequenos e que a demora e as condições climáticas fazias estragar o tabaco, além de pagar mais encargos de transporte. 
Essas respostas foram submetidas para apreciação do desembargador do tribunal da relação (João Rodrigues de Brito), dito como pessoa versada no estudo da Economia Política. De onde vem um parecer longo que fornece um quadro geral da situação econômica da colônia e cita economistas que fundamentam seus argumentos, que defendiam a liberdade de comércio (Jean Baptiste Say, Sismondi e Adam Smith). Isso é escrito 21 anos depois da publicação de Adam Smith, ou seja, trata-se de uma elite letrada e atualizada. Mircea Buescu avalia as opiniões de Rodrigues de Brito como liberais e conseqüentemente anti-colonialistas, mas principalmente anti-colonialistas. 
Segundo seu texto, a legislação sobre a mandioca, prejudica a divisão do trabalho, e as exigências à criação de engenhos prejudicam a livre iniciativa, e também que as proibições à atuação dos comissários volantes, que causam obstáculo ao livre comércio, mas poderiam facilitar mais. O Estado deveria se restringir a apoiar os lavradores e dar instrução. Manifesta-se também contra a mesa de inspeção, que restringiam os preços (controlada pelo futuro Visconde de Cairu). Todas essas idéias são omitidas ao serem encaminhadas, expressando o desprezo pelas idéias liberais. 
Jose da Silva Lisboa – secretario da mesa de inspeção da Bahia, tornou-se o Visconde de Cairu. 
Rodrigo de Souza Coutinho – conde de Linhares 1755-1812: é responsável pela incorporação de vários vassalos nascidos na colônia para administrar o império, como Jose Bonifacio e Jose da Silva Lisboa (Visconde de Cairu). Foi afilhado de Pombal, estudou em Coimbra, ministro português e líder da facção anglófila. O Jose de Lisboa (Visconde de Cairu) foi ouvidos da comarca de Ilhéus, professor de filosofia, e depois nomeado secretario da mesa de inspeção da Bahia. Foi conhecido como o introdutor de Adam Smith no Brasil (alguns dizem que foi o primeiro economista do país). 
Consulta do senado da câmara (por que elas têm hierarquia – não existiam prefeitos). Alguns poucos tinham privilégio de ter acesso ao rei de Portugal, as demais eram somente mediadas pelo Conselho Ultramarino. No fundo as respostas que o senado da câmara da Bahia recebe são alvo de crítica da colonização portuguesa (Rodrigues de Brito) 
Difusão de Adam Smith em língua portuguesa. Existe uma certa discrepância no Brasil entre o discurso teórico (Adam Smith) e a prática. O João Manuel Pereira faz um artigo sobre Claudio Manuel da Costa que escreveu um ensaio sobre a riqueza das nações, recém publicada em Edimburgo. Não foi publicado devido a inquisição de Portugal, porem rolaram algumas edições lá. Antonio Moraes e Silva fez a tradução de Smith em Londres em 1793, devido a fuga de Portugal devido a inquisição. O José da Silva Lisboa dá aulas em 1808 de economia política, e publica a primeira obra no Brasil, quando da Imprensa Régia, com “observações sobre o comercio franco”. Introduziu o Adam Smith. Vale observar que Portugal também foi pioneira com a cátedra de economia política em Coimbra (1836), sugerindo a preocupação do Estado com a economia. O professor nos mostra as conseqüências da economia política irradiada pelo Estado. Envolveu mais a economia como um conjunto de receitas praticas e não sobre uma visão critica. Instrumento de estudo somente da elite. 
Rodrigo de Souza Coutinho (conde de Linhares, 1755-1812), que foi o principal ministro de D João VI durante o período no Brasil, em novembro 1808, morrendo no Brasil. Foi o mais influente sobre o rei, e negociadores do tratado de 1810, um dos lideres da facção em favor da Inglaterra (contra a França). 
O caráter “oficial” da economia política após 1808. Porque foi oficializada no Brasil? Deu-se através da burocracia do estado. 
A economia política como um instrumento de poder do estado. A visão da economia política pelos burocratas era um meio de transformar o império lusitano numa Inglaterra, mas não era o projeto da coroa, logo não teve força do poder do Estado para se tornar numa forma hegemônica de pensamento. Em resumo a economia política brasileira era somente uma retórica, sendo utilizando somente como argumento, alguns até contrários ao liberalismo.

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