Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Práticas aplicadas em parasitologia clínica e líquidos-Biomedicina Stefanny Pereira-SP O exame de urina foi o ponta pé inicial na medicina laboratorial. Se define o exame de urina como “o teste de urina com procedimentos normalmente realizados de maneira rápida, confiável, precisa, segura e custo-efetiva”. Formação da Urina A formação da urina é um processo essencial que acontece no interior dos rins, sendo esse um dos órgãos que compõe o sistema urinário. Pela urina são eliminadas substâncias que estão em excesso e que são tóxicas ao nosso organismo, um exemplo dessas substâncias é a ureia que se forma durante o metabolismo dos compostos nitrogenados. O processo de formação da urina se divide em 3 etapas: ▪ Filtração; ▪ Reabsorção; ▪ Secreção. Inicialmente o sangue arterial chega sob alta pressão nos capilares do glomérulo. Nesse momento, a pressão faz com que parte do plasma saia em direção à capsula de Bowman. Essa passagem de plasma é conhecida como filtração. O filtrado formado é muito semelhante ao plasma no interior dos vasos sanguíneos, entretanto, não possui proteínas e nem células do sangue. O filtrado segue para os túbulos renais, onde ocorre a reabsorção. Nessa etapa, as substâncias necessárias ao organismo são reabsorvidas, quase 99% da água filtrada no corpúsculo renal é absorvida. A grande reabsorção também ocorre para glicose e aminoácidos. No túbulo proximal ocorre a maior parte da reabsorção de água e sódio que são duas substancias essencial para o funcionamento do corpo. Estima-se que cerca de 67% a 80% dos íons Na+ e água sejam absorvidos do filtrado nessa etapa. Na alça de Henle e no túbulo distal, algumas substâncias também são reabsorvidas. Além da filtração e reabsorção, também ocorre a secreção nos túbulos renais, processo oposto ao da reabsorção. Na secreção substâncias presentes nos capilares são lançadas no interior do túbulo renal, o que garante a eliminação pela urina. Substâncias tóxicas provenientes do metabolismo e restos medicamentosos são excretados no túbulo proximal. No final dessas 3 etapas temos a urina totalmente formada, sendo assim podemos afirmar que a urina é o produto formado pelo filtrado glomerular, retirando-se o que foi reabsorvido e somando o que foi excretado. Composição da urina Práticas aplicadas em parasitologia clínica e líquidos-Biomedicina Stefanny Pereira-SP ▪ 95% de água; ▪ 5% de solutos: ureia, ácido úrico, creatinina, cloretos, sódio e potássio. Volume urinário O volume urinário é dependente da quantidade de água que os rins excretam, ou seja, pode ser determinado pelo estado de hidratação do organismo. Alguns fatores podem influenciar o volume urinário, como: ▪ Ingestão de água; ▪ Variações do ADH ou vasopressina; ▪ Perda de água não renal, são perdas não provenientes da formação de urina, um exemplo disso é a perda de água pelo suor; ▪ Necessidade de excreção aumentada de sólidos dissolvidos, variação de acordo com ingestão hídrica. Oligúria ou Débito urinário Oligúria ou débito urinário é quando o organismo tem a produção de urina abaixo do normal (abaixo de 400ml por dia). A oligúria pode -se desencadear por: ▪ Desidratação; ▪ Vômito; ▪ Diarreia; ▪ Suor; ▪ Queimaduras. Anúria A anúria é a supressão ou diminuição da urina, esse fenômeno pode ocorrer por: ▪ Danos renais; ▪ Diminuição do fluxo sanguíneo para os rins. Se ocorre diminuição do fluxo sanguíneo para os rins, consequentemente o volume de filtrado vai estar em baixa, fazendo com que ocorra menor formação de urina, podendo causar anúria. Poliúria A poliúria é o aumento da produção de urina no organismo, é considerado poliúria quando o volume de urina ultrapassa 2,5L por dia. Esse fenômeno é frequentemente associado ao diabetes mellitus e insípidos, entretanto pode estar associado a indução artificial por diuréticos, cafeína e álcool. Os diuréticos, cafeína e álcool induzem a poliúria pela inibição do ADH que é responsável pela reabsorção de água quando a mesma passa pelos rins, com isso a reabsorção é diminuída e consequentemente a excreção é aumentada, causando a poliúria. Nictúria Práticas aplicadas em parasitologia clínica e líquidos-Biomedicina Stefanny Pereira-SP Aumento do volume urinário durante o período noturno. Pode-se desencadear por diabetes, consumo excessivo de água próximo ao período da noite, infecção de urina e etc. A polidipsia é uma condição onde o individuo sente muita sede mesmo após ter ingerido grande quantidade de água. Coleta da Amostra A coleta da amostra de urina deve ser feita em recipiente: ▪ Descartável para evitar a possibilidade de contaminação por higienização inadequada; ▪ Limpo, seco e a prova de vazamentos; ▪ Com variedade de tamanhos e formas para cada sexo (feminino e masculino); ▪ Com tampa de rosca para completa vedação; ▪ Com material que permita a visualização clara da cor e aspecto urinário; ▪ E de preferencia que tenha capacidade para 50mL, sendo 12mL para microscopia e volume adicional para repetição da análise e espaço suficiente para agitação. ▪ Recipientes Esterilizados; O recipiente esterilizado é obrigatório quando se faz estudos microbiológicos da urina e quando a amostra está com mais de 2 horas entre a coleta e a análise. ▪ Identificação dos tubos O tubo deve conter: ▪ Nome do paciente; ▪ Número de identificação; ▪ Data e hora da coleta; ▪ Informações adicionais (idade, localização e nome do médico que pediu o exame). Critérios de rejeição da amostra Em alguns casos a amostra deve ser rejeitada e deve- se pedir uma nova coleta, os casos em que rejeitamos são: ▪ Amostras com rotulação incorreta; ▪ Amostras com coleta incorreta; ▪ Etiquetas e formulários discordantes; ▪ Contaminação com fezes ou papel higiênico; Práticas aplicadas em parasitologia clínica e líquidos-Biomedicina Stefanny Pereira-SP ▪ Recipientes com contaminação do lado de fora; ▪ Volume insuficiente; ▪ Amostras que passaram por transporte inadequado; Manuseio da amostra O fato de a urina ser um liquido de fácil disponibilidade e coleta, muitas vezes isso leva ao descuido no tratamento da amostra após a coleta. As mudanças na composição da urina ocorrem não só in vivo, mas também in vitro, por isso são exigidos procedimentos corretos de manuseio. In vivo – processos realizados dentro de um organismo vivo; In vitro – processo que ocorre fora de um organismo vivo. Integridade da amostra Após a coleta, as amostras deverão ser entregues imediatamente ao laboratório e testadas dentro de 2 horas. Uma amostra que não pode ser entregue e analisada neste período de tempo, deve ser refrigerada ou ter um conservante químico adicionado a mesma. Preservação da amostra As amostras de urina devem ser refrigeradas em temperatura de 2 a 8°C, para que assim o metabolismo e o crescimento bacteriano sejam diminuídos – temperatura rotineira. Amostras para cultivo devem ser refrigeradas durante o transporte e ser mantida assim até o cultivo por até 24 horas. Conservantes químicos Devem ser utilizados quando a amostra for transportada para longa distancia e a refrigeração não for possível. Conservante químico ideal O conservante químico ideal deve ser bactericida, deve inibir a urease sem causar interferência no teste químico e preservar elementos formados no sedimento. Exame físico O exame físico avalia cor e aspecto da urina. Cor A coloração da urina pode variar de incolor a preta, essas variações podem decorrer de funções metabólicas normais, atividade física, substâncias ingeridas e também por condições patológicas. Cor normal da urina Práticas aplicadas em parasitologia clínica e líquidos-Biomedicina Stefanny Pereira-SP A cor da urina na maioria dasvezes é devida da presença do pigmento urocromo. Urobilina e uroeritrina também podem contribuir para a coloração da urina. A urina de cor clara apresenta baixa gravidade especifica e a urina escura alta gravidade. Amarela-escura/âmbar/laranja Nem sempre é indicativo de concentrado normal da urina, pode indicar presença incomum de bilirrubina. Se a bilirrubina estiver presente, ela será detectada na análise química da urina. Pode-se suspeitar de anormalidade e presença de bilirrubina quando a espuma aparece na amostra depois de agitado o recipiente. Vermelha/rósea/marrom Uma das causas mais comuns dessa coloração anormal na urina é a presença de sangue. Preta/castanha Indicativo de presença de melanina, podendo indicar melanoma. Aspecto A urina pode apresentar três aspectos diferentes: ▪ Aspecto normal; ▪ Turvação patológica; ▪ Turvação não patológica. Práticas aplicadas em parasitologia clínica e líquidos-Biomedicina Stefanny Pereira-SP Cálculo da taxa de filtração glomerular
Compartilhar