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Nozoe - Economia de subsistência na colonia

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FES – Aula do dia 24/09/2008 (quarta)
Hoje falaremos da economia mineira
Economia criatória
Importante para a Atividade ACUCAREIRA, pois fornece carne e animais de (tiro?). No inicio, criava-se no interior da unidade produtiva açucareira. O maior problema era que o gado era criado em espaços abertos, a barreira era natural (terras devolutas). (observe que a vaca come a cana).
O crescimento disso se deu de forma mais acelerada, devido à necessidade de buscar lenha em lugares cada vez mais distante, devastando-se as florestas. Isso gera conflitos entre essas atividades, chegando-se em 1701 a proibir-se de criar gado na faixa de 10 léguas do litoral (66km), e que devido a isso começa a especialização na criação.
Formação de capital e nível de renda
A) Era baixo o nível de capitalização, (o que se investia para fazer uma fazenda de gado,) que era típico de uma fazenda:
As terras eram em geral apossadas, e em alguns casos obtidas através de sesmarias
Ocupava uma extensão de terras ao longo de 3 léguas ao longo dos cursos d'água
A cabana era coberta de palha ou de carnaúba
Entre 200 a 1000 cabeças
Em torno de 12 pessoas trabalhando
Separação entre fazendas através de 1 légua de terras devolutas (com mata nativa, bem fechada)
Ocupação extensiva de terras
Atividade itinerante (sazonal) conforme o regime das águas, não investindo muito em benfeitorias
Facilidade de adquirir mão de obra (o vaqueiro em geral é mestiço ou índio)
Facilidade em adquirir estoque inicial, quando vaqueiro se ganha ¼ dos novilhos que cria e o rebanho cresce sem reembolso monetário algum.
Existem também os lambedouros, regiões com salinas naturais, necessárias para a criação do gado.
Baixo nível de renda
A renda do setor equivalia ao total das vendas do gado e de couros. No inicio do séc XVII essa renda equivalia a 5% do valor da exportação do açúcar (100 mil libras)
A renda per capita para uma população envolvida na atividade: de 13.000 (1 para cada 250 animais) era de 7 libras, que equivalia pouco mais de 10% da renda per capita da atividade açucareira (67libras)
Potencialidades de crescimento da atividade
No lado da oferta não havia fatores limitativos com mão de obra disponível e terras abundantes. A criação começa na foz do rio São Francisco e termina nas Gerais, subindo a partir daí. Entende-se então que foi a pecuária que propiciou a expansão para dentro do território, culminando no séc. XVIII em grande adentramento, mas já dependendo da economia de mineração. Voltando ao séc. XVII, Furtado raciocina que a distância do gado para a área produtiva reduzia o preço conforme mais longe se tinha que transportar o gado até o objetivo. A conclusão é que à medida que a atividade se expande, a renda diminui.
A expansão territorial então implica no aumento dos custos de transporte, devido à mortalidade do gado. Logo, não há ganho de produtividade e não há mudança de preços em favor da pecuária, e isso só muda com a mineração, culminando com a queda da produtividade economia (Queda na relação do preço X quantidade). Em resumo, ocorre crescimento física da atividade, mas com queda da renda media da atividade ate o ponto que deixa de ser uma atividade mercantil e torna-se atividade de auto-consumo.
O lado da demanda INFLUENCIA Somente a renda monetária em XVII pela economia açucareira em XVIII pela mineração
Seu crescimento endógeno não depende dos gastos monetários, continua a crescer mesmo que haja queda no preço do gado, implicando ainda mais numa economia de subsistência (devido ao auto-consumo), resultando em aumento da auto-suficiência e diminuição da especialização da criação
Capacidade da economia criatória promove mudanças na economia colonial (limitada)
Limitadas, em todas suas fases
Ate aqui temos consolidadas as atividades que Furtado julga importante para explicar o complexo nordestino: Atividade açucareira e atividade criatória
Formação do complexo econômico nordestino
O nordeste em 1950 tinha 18 milhões de pessoas, e no Brasil 41 milhões. Já em 1960 tinha 22 milhões, enquanto no Brasil tinha 70 milhões.
Economia de subsistência com baixo nível de renda do país. Em 1957 com baixo nível de renda per capita do Brasil com U$230/pessoa, e grande discrepância regional da renda per capita. A renda de SP era 5 vezes maior que a do Nordeste, com 18 % da população do país, Minas Gerais 2,1 vezes mais que o nordeste e o sul com 1,2 vezes mais.
Esse quadro se originou na segunda metade do séc XVII
As formas assumidas pelos dois sistemas nordestinos foi que existiam duas fases do ciclo de preços
Ascendente: com crescimento extensivo e incorporação de terra e MO, sem variar a produtividade física e sem incorporar nada que diminuísse os custos, simplesmente se replicava as mesmas unidades produtivas. O máximo que podia se reduzir dos custos era com relação a transportes.
Descendente no curto prazo: os dois sistemas com oferta inelástica, pois o custo da produção do açúcar era fixo e elevado, baixa monetariedade (pois a MO era escrava) e com falta de uso alternativo dos fatores de produção.
Descendente no longo prazo: possuem diferenças significativas, devido à necessidade ou não de se ter gastos monetários. A atividade criatória não dependia de gastos monetários, nem na reposição. No caso da economia açucareira, a instalação envolve gastos monetários na sua manutenção.
No sistema criatório:
Para o crescimento populacional existiam melhores condições de trabalho e de alimentação e o crescimento era endógeno à própria atividade (devido ao rebanho se reproduzir)
Havia um crescimento percentual da produção destinada ao auto-consumo, o que diminuía a renda monetária, implicando na queda do preço do gado e diminuição da produtividade econômica, queda no nível de especialização e do grau de divisão do trabalho. A renda monetária diminuía quanto mais se afastava do litoral, pois aumentava o custo de transportes e diminuía a exportação dos couros.
No sistema açucareiro:
Estava se prostrando desde meados de séc XVII.
Agravou-se pela mineração, pois aumentou-se os custos, resultando na queda da rentabilidade econômica.
Provavelmente sobreviveram os engenhos mais produtivos, com melhor localização (menor custo de transporte) e com terras melhores (com menores custos de produção, terras menos cansadas). O que implica que mesmo na decadência, a atividade continuava se deslocando.
O professor nos mostra um ótimo quadro comparativo, que não dá nem tempo de copiar...
Como conclusão meio óbvia, as atividades em questão não criam fluxo monetário no interior da colônia e portanto não criam mercado interno
Portanto no nordeste ocorre crescimento populacional e atrofiamento econômico. Ocorre a atividade migrante na idade economicamente ativa e reprodutiva, ou seja, a máquina de deslocar pessoas ia sentido interior do Brasil e graças à pecuária, melhora-se a alimentação.
Por outro lado, o atrofiamento vai aumentando, devido às constantes quedas das rendas per capitas, pois a população dedicada à atividade criatória aumentou, mas sua renda percapita era 10% da renda percapita da e atividade açucareira. O quadro econômico como um todo não era tão ruim, somente a renda que cai.
Portugal e Brasil na segunda metade do século XVII
Vamos ter um panorama no conjunto da economia brasileira, não restringindo-se ao nordeste
A metrópole perde colônias para os holandeses, tornando-se o Brasil a jóia da coroa portuguesa após a separação da Espanha.
A colônia tem a receita do açúcar menor. Entre 1650e 1700 tem-se queda de 50% da receita e 25% no valor de exportação. O preço da arroba cai 53%no período, devido à perda de mercados (mais concorrência).
Queda na exportação percapita do açúcar, devido àqueda da renda da colônia e aumento da população, foi, segundo BUESCU, a maior queda da economia do Brasil.
Enorme desvalorização da moeda.
Escassez monetária. No nordeste usava-se como dinheiro cacau e algodão. Em SP proibia-se a saída de moedas, especialmente as de prata e os comerciantes eram obrigados a aceitarem em pagamento outros produtos (escambo), além de SP majorar ovalor das moedas (em30%), contrariando a política monetária de Portugal.
Dificuldade de importações, por exemplo, não consegue importar o sal, pois sua fabricação faria concorrência à Metrópole. Isso era razoavelmente desrespeitado. Segundo Sergio Buarque, comia-se milho (canjica) para substituir o sal.
Aumento na economia de autoconsumo
Etc.
A coroa portuguesa tenta explorar mais a colônia, criando o conselho ultramarino, e proibindo um monte de coisas, aumenta os impostos, empobrecendo ainda mais a colônia.
Incentiva a produção local de agricultura mineratória
Após varias tentativas da coroa, reconhece as dificuldades para se superar a crise através da agricultura. Por isso estimula o descobrimento de metais: bandeirantismo de apresamento e de mineração

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