Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
CORTEX CEREBRAL O córtex é uma fina camada de substância cinzenta que reveste o centro branco medular do cérebro/centro semioval Ele é uma importante estrutura do cérebro porque ele transforma os impulsos que recebe em impulsos conscientes para serem interpretados É do córtex cerebral que saem os impulsos nervosos que iniciam e comandam os movimentos voluntários e que estão relacionados também com os fenômenos psíquicos. ÁREAS DE BRODMANN A Figura 1 é um mapa do córtex cerebral humano, mostrando que é dividido em 54 áreas distintas, chamadas áreas de Brodmann, com base em diferenças estruturais histológicas. Esse mapa é importante porque praticamente todos os neurofisiologistas e neurologistas o usam para se referir às diferentes áreas funcionais do córtex humano por meio de um número. CORTEX SOMATOSSENSORIAL As áreas 1, 2 e 3 constituem a área somatossensorial primária I, e as áreas 5 e 7ª constituem a área de associação somatossensorial. A Figura 2 mostra duas áreas sensoriais distintas no lobo parietal anterior, referidas como área somatossensorial I e área somatossensorial II. A razão para essa divisão é que, em cada uma dessas áreas, existe orientação espacial separada e distinta, representativa das diferentes partes do corpo. Entretanto, a área somatossensorial I é tão mais extensa e tão mais importante que a área somatossensorial II que, no uso popular, o termo “córtex somatossensorial” quase sempre significa área I. A área somatossensorial I apresenta alto grau de localização das diferentes partes do corpo, como mostrado pelos nomes de quase todas as partes do corpo figura. Ao contrário, a localização é pobre na área somatossensorial II, embora, grosseiramente, a face esteja representada anteriormente, os braços centralmente e as pernas posteriormente. Muito pouco se sabe sobre a função da área somatossensorial II. Sabe-se que os sinais entram nessa área vindos do tronco cerebral, conduzindo informações de ambos os lados do corpo. Além disso, muitos sinais provêm secundariamente da área somatossensorial I, como também de outras áreas sensoriais corticais, como as áreas visuais e auditivas. Projeções da área somatossensorial I são necessárias para a função da área somatossensorial II. Entretanto, a remoção de partes da área somatossensorial II não tem efeito aparente sobre a resposta dos neurônios da área somatossensorial I. Assim, muito do que sabemos a respeito da sensação somática parece ser explicado pelas funções da área somatossensorial I. A consciência de uma sensação dolorosa, térmica, tátil ou proprioceptiva se dá no momento em que o estímulo chega aos neurônios do córtex somatossensorial primário (áreas 1, 2 e 3), localizada no giro pós-central do lobo parietal. Esta é a percepção sensorial. O próximo passo é integrar as percepções sensoriais às áreas de reconhecimento e processamento: os córtex somatossensoriais secundário e associativo (áreas 5 e 7). CORTEX MOTOR Ao contrário, a porção do córtex cerebral, anterior ao sulco central e que constitui a metade posterior do lobo frontal é chamada córtex motor, e está relacionada quase inteiramente ao controle das contrações musculares e dos movimentos corporais. Parte significativa desse controle motor ocorre em resposta aos sinais somatossensoriais recebidos das porções sensoriais do córtex, que mantêm o córtex motor informado, a cada instante, sobre as posições e os movimentos das diferentes partes do corpo. O córtex motor é dividido em três subáreas, cada uma das quais com sua própria representação topográfica de grupos musculares e de funções motoras específicas: (1) o córtex motor primário; (2) a área pré-motora; e (3) a área motora suplementar. Córtex motor primário O córtex motor primário, mostrado na Figura 3, situa-se na primeira convolução dos lobos frontais, anterior ao sulco central. Começa lateralmente na fissura cerebral lateral, estende-se para cima até a parte mais alta do hemisfério cerebral e, então, mergulha na profundidade da fissura longitudinal. Observe que mais da metade de todo o córtex motor primário está relacionada ao controle dos músculos das mãos e dos músculos da fala. A estimulação puntiforme nessas áreas motoras das mãos e da fala causa, em raras ocasiões, contração de um só músculo, embora mais frequentemente a estimulação contraia um grupo de músculos. Para expressar isso de outro modo, a excitação de um só neurônio do córtex motor, em geral excita um movimento específico e não um músculo específico. Para fazer isso, excita um “padrão” de músculos separados, cada um dos quais contribui com sua própria direção e força de movimento muscular. Área pré-motora Situa-se 1 a 3 centímetros anterior ao córtex motor primário. Estende-se para baixo, para a fissura de Sylvius e, para cima, na fissura longitudinal, onde tem contato com a área motora suplementar, cujas funções são semelhantes às da área pré-motora. A organização topográfica do córtex pré-motor é aproximadamente a mesma que a do córtex motor primário, com as áreas da boca e da face localizadas mais lateralmente; à medida que se vai em direção cranial, são encontradas as áreas da mão, do braço, do tronco e da perna. Os sinais neurais gerados na área pré-motora causam “padrões” muito mais complexos de movimento do que os discretos padrões gerados no córtex motor primário. Por exemplo, o padrão pode ser a posição dos ombros e braços, de modo que as mãos fiquem orientadas apropriadamente para realizar tarefas específicas. Para obter esses resultados, a parte mais anterior da área pré-motora desenvolve primeiro uma “imagem motora” do movimento muscular total que deve ser realizado. Depois, no córtex pré-motor posterior, essa imagem excita cada padrão de atividade muscular sucessivo, necessário para atender à imagem. Essa parte posterior do córtex pré- motor envia seus sinais diretamente para o córtex motor primário, a fim de excitar músculos específicos ou, mais frequentemente, por meio dos núcleos da base e do tálamo de volta ao córtex motor primário. Área motora suplementar Ele se situa principalmente na fissura longitudinal, mas se estende por alguns centímetros até o córtex frontal superior. As contrações desencadeadas pela estimulação dessa área costumam ser bilaterais, e não unilaterais. Por exemplo, sua estimulação frequentemente leva a movimentos bilaterais de agarrar, de modo simultâneo, com ambas as mãos; esses movimentos talvez sejam rudimentos das funções manuais necessárias para escalar lugares. Em geral, essa área funciona em conjunto com a área pré-motora para gerar movimentos responsáveis pela postura geral de todo o corpo, movimentos de fixação de diferentes segmentos do corpo, movimentos de posição da cabeça e dos olhos e assim por diante, como base para o controle motor mais fino dos braços e das mãos, pela área pré-motora e pelo córtex motor primário. TRANSMISSÃO DE SINAIS DO CÓRTEX MOTOR PARA OS MÚSCULOS Os sinais motores são transmitidos diretamente do córtex para a medula espinal pelo trato corticoespinal e, de modo indireto, por múltiplas vias acessórias, que envolvem os núcleos da base, o cerebelo e vários núcleos do tronco cerebral. Em geral, as vias diretas estão mais relacionadas aos movimentos discretos e detalhados, em especial dos segmentos distais das extremidades, particularmente das mãos e dos dedos. Trato Corticoespinal (Piramidal) A via de saída mais importante do córtex motor é o trato corticoespinal, também chamado trato piramidal. O trato corticoespinal se origina em cerca de 30% das vezes do córtex motor primário, em 30% das áreas motoras suplementares e da área pré-motora e em 40% das áreas somatossensoriais posteriores ao sulco central. Depois de sair do córtex, suas fibras passam pelo ramo posterior da cápsula interna (entre o núcleo caudado e o putâmen dos núcleos da base) e, depois, desce pelo tronco cerebral, formando as pirâmides bulbares. A maiorparte das fibras piramidais, então, cruza na parte inferior do bulbo, para o lado oposto, e desce pelos tratos corticoespinais laterais da medula espinal, para, finalmente, terminarem, em sua maioria nos interneurônios das regiões intermediárias da substância cinzenta da medula; algumas fibras terminam em neurônios sensoriais de segunda ordem no corno dorsal, e pouquíssimas terminam diretamente, nos neurônios motores anteriores que causam a contração muscular. Os músculos esqueléticos podem ser controlados por diferentes níveis do sistema nervoso central, incluindo: (1) a medula espinal; (2) a formação da substância reticular bulbar, pontina e mesencefálica; (3) os gânglios da base; (4) o cerebelo; e (5) o córtex motor. Cada uma dessas áreas executa sua própria função específica. As regiões inferiores sendo responsáveis principalmente pelas respostas musculares automáticas, instantâneas aos estímulos sensoriais, e as regiões superiores comandando os movimentos musculares complexos, deliberados, controlados por processos cognitivos cerebrais. Eixo neural motor esquelético do sistema nervoso. HOMÚNCULO DE PENFIELD O “homúnculo de Penfield” é uma representação artística de como diferentes pontos da superfície do corpo estão “mapeados” nos dois hemisférios do cérebro, algumas vezes, por meio de traços deformados para indicar que tais partes do corpo têm localização específica em alguma das regiões. A ideia é a de que o cérebro corresponde a um mapa genérico de várias partes do nosso corpo, sendo o homúnculo, portanto, um mapa neural. O mapa cerebral, representado pelo “homúnculo”, reflete a capacidade que o cérebro tem de discriminação sensorial, bem como a importância motriz referente a cada uma das partes de nosso corpo, visto que ele está distribuído ao longo de todo o córtex cerebral nos dois hemisférios1. 1 Silva, Sergio Gomes daA gênese cerebral da imagem corporal: algumas considerações sobre o fenômeno dos membros fantasmas em Ramachandran. Physis: Revista de Saúde Coletiva [online]. 2013, v. 23, n. 1 [Acessado 29 Agosto 2021], pp. 167-195. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/S0103- 73312013000100010>. Epub 09 Maio 2013. ISSN 1809-4481. https://doi.org/10.1590/S0103- 73312013000100010. Até pouco tempo atrás, a dor era considerada apenas uma submodalidade sensorial da sensação somática ligada ao tato e à propriocepção. Hoje, porém, já foi descrita a existência de um sistema interoceptivo, relacionado com a manutenção da homeostasia do organismo e que inclui, entre outras modalidades sensoriais, a dor e a temperatura. Por essa visão, a dor representaria a condição fisiológica do corpo (interocepção), e não somente a informação somatossensorial (exterocepção). O sistema interoceptivo, em associação com o controle autônomo, processa, além de dor e temperatura, informações relacionadas com diferentes sensações corporais como prurido (coceira), sede, fome, atividade visceral, vasomotora e muscular. Esse sistema está também envolvido no processamento do estado sentimental e motivacional do indivíduo. Há quem considere ser este o nosso sexto sentido. É a interocepção que nos confere a subjetiva sensação de bem estar, indicando que vai bem tudo no interior do nosso organismo. O ponto central que distingue o tato das sensações corporais interoceptivas (dor, temperatura etc.) é que essas sensações estão fortemente associadas à emoção. Podemos identificar essa relação em várias situações. Por exemplo, a sensação de prazer experimentada ao tomarmos um copo de água gelada quando nosso corpo está quente é bem diferente da sensação de quando o corpo está frio. Assim, é a condição fisiológica do corpo que gera uma resposta – um sentimento – e que sinaliza o estado homeostático. Em geral, esse sentimento é diretamente dependente das necessidades corporais, ou seja, todos os sentimentos do corpo estão relacionados com as necessidades homeostáticas e com motivações comportamentais que são cruciais para a manutenção da integridade corporal. Propriocepção:A capacidade que o próprio corpo tem de avaliar em que posição se encontra a fim de manter o perfeito equilíbrio parado, em movimento ou ao realizar esforços. Interocepção: Percepção das sensações produzidas nas vísceras. A intercepção é o sentido que nos informa se há algo errado no funcionamento de nossos órgãos, por meio do monitoramento dos níveis de glicose, oxigênio, eletrólitos etc. Exterocepção: Percepção de sensações produzidas na pele (interface entre o corpo humano e o meio ambiente), tais como tato, pressão, temperatura etc. Transdução sensorial: transformação dos estímulos físicos ou químicos em potencial elétrico pelos receptores sensoriais Sentido somático (corporal): chamado genericamente de sistema somatossensorial, ou simplesmente de tato, o sentido somático transduz informações de pressão e temperatura, nociceptivas ou não, impressas na pele ou nos tecidos profundos. Os aferentes somatossensoriais estabelecem sinapses na substância cinzenta da medula espinhal. Neurônios medulares enviam as informações para o tálamo e, em seguida, para o cérebro.
Compartilhar