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Nozoe - Furtado caps. 19 e 20

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FES – Aula do dia 05/11/2008 (quarta)
Hoje vamos falar da gestação da economia cafeeira, caps. 19 e 20 de Furtado. 
A segunda metade do séc. XVIII e primeira do séc. XIX são um período de crise com curto intervalo de recuperação, onde a vinda da coroa gerou um certo otimismo. Queremos entender o aparecimento da atividade cafeeira, que aparece num período de queda internacional do café, mas o Brasil aumenta sua quantidade de exportação. Do ponto de vista econômico parece que não fazia sentido produzir café. As características de produção são semelhantes à açucareira, porém o beneficiamento é uma simples secagem (seca), normalmente feito fora da linha produtiva (ajuntam várias fazendas).
Predomina a grande escala de terra e mão de obra (escrava? assalariada?). Mesmo no contexto ruim dos preços de café, este será o primeiro na pauta em 1831, muito mais por cair menos do que os outros produtos. Isso é circunstancial, porém só vai assumir mesmo a primeira posição da pauta de exportações a partir da década de 40.
Voltando para a gestação da economia cafeeira (até 1875): não sofreu nenhuma restrição dos fatores, seja terra ou trabalho (este foi principal problema de 1810 – cláusulas da Inglaterra para limitar áreas de abastecimento de escravos na áfrica). A primeira cunha para o término do escravismo foi o fim do tráfico (devido ao baixo crescimento vegetativo), o Brasil importou 4 milhões de escravos durante o período em que existia o tráfico, e quando terminou o tráfico tinha somente 1 milhão. Depois disso foi a lei do ventre livre, e depois com o fim do escravismo. Mesmo assim, tudo sugere que não houve restrição ao trabalho no Brasil.
O professor lança mão de um slide reaproveitado da aula passada explicando as causas do não-desenvolvimento do Brasil em 1810, mas em outro contexto: carência de base técnica com aumento das exportações. Deveria haver um aumento da capacidade de importação, uma vez que a exportação per capita vai diminuindo entre 1800-50, porém ocorre um aumento de 46% no valor total das exportações. Aumentaram-se em muito as quantidades de exportação (100% de aumento), mesmo com o preço de exportação caindo em 40%. O professor mostra um gráfico no qual os EUA passaram o Brasil entre 1700 e 1800. Chegamos na aula de hoje no fundo do poço em termos de renda per capita, porem no séc. XIX tivemos um crescimento excepcional, e segundo Furtado poderíamos ter sido maiores que os EUA.
Para superar a crise, a solução seria aumentar a pauta de um dos produtos, como o algodão e o café, mas isso seria difícil com os preços em queda. Não havia expectativa de recuperação do açúcar, devido à concorrência do açúcar de beterraba, que não era uma planta tropical. Além disso as principais mercados consumidores estavam vinculados às áreas produtoras concorrentes, como Inglaterra, EUA (Luisiânia – que não era o estado da Luisiana) e França e Holanda com as Antilhas. Já o algodão possuía concorrência com a produção norte-americana, com fretes menores, ligada à interesses ingleses, com maior crescimento da procura interna dos EUA. Embora a fibra do Brasil fosse melhor, o beneficiamento norte-americano era bem superior. Segue uma relação de outros produtos com pouco peso nas exportações (entre 15 e 10% das exportações):
Couro: problemas com a concorrência do Prata (província do sul)
Arroz: (muito pequena) os EUA possuíam melhores métodos de cultivo
Fumo: Pressão inglesa sobre o trafico africano
Cacau: Apenas uma esperança
Segundo furtado, a terra era o único fator abundante. A cultura do anil foi citada, mas não deu certo.
Houve uma lenta difusão da cultura cafeeira no território brasileiro, onde até fins do séc. XVIII era cultivado para consumo local. 
O preço mundial do café é crescente até 1825, iniciado este ciclo devido à desorganização do Haiti, até então o maior produtor mundial. Esse aumento gerou um empreendimento no vale do Paraíba. a partir daí começa a cair. Em 1826 cai pela metade. Em 1848 cai ao seu menor nível.
Com a quantidade já é diferente chegando a formar um gráfico em forma de X em 1840, com uma tendência crescente das quantidades e decrescente dos preços.
Os fatores da rápida expansão em situação adversa devem-se à abundância de mão de obra resultante do declínio das Gerais, dos comerciantes com escravaria da área das Gerais. Outro fator é que essa região tinha certa proximidade do porto (transporte em mulas), ou seja, com uso dos recursos ociosos permite-se o crescimento das atividades apesar da queda do Preço, que não desencoraja a produção, pois os recursos estavam ociosos mesmo. Quem tinha esses recursos ociosos precisava de alguma fonte de renda. Essa região é o Vale do Paraíba, donde caminha para Gerais e continua subindo em sentido a Rezende e depois Taubaté. 
As características da expansão são o baixo grau de capitalização (em relação ao açúcar), e utilização de equipamentos simples e locais. Além disso seus custos monetários são menores, pois sempre que houver terra, somente o aumento do preço poderá interromper seu crescimento. Sua mão de obra foi intensivamente escrava, oriunda principalmente da MO ociosa da mineração.
O período da gestação ocorre quando aparece o problema da MO, onde a economia cafeeira já tinha condições de se auto-financiar, estimulando a MO livre. Nesta altura o café já esta indo para em Ribeirão Preto. No final do período de gestação, em 1870,o Brasil já possui o café como 50% de sua pauta de exportação. Vale observar que o auge da cafeicultura ocorre somente na República Velha, com 70% da pauta.
É interessante o aumento das exportações dado o numero de restrições, seja religiosa, moral ou física. Existe um aumento do café próximo do RJ, dada a desorganização da cultura no Haiti (aumento do preço) e a vinda da coroa ao Brasil.
É importante saber a rota do café até campinas, pois era fundamentalmente escravo, mas o que chegou ate ribeirão preto já começa com o trabalho livre (novo oeste paulista), não sendo cafeicultura de barões (estes eram influentes junto à corte). O professor cita que o plantio em vale é ruim pois é uma terra lavada, enquanto campinas é mais ondulada.
Ocorre uma formação de uma nova classe empresarial.
No séc XIX o Brasil acentua seu caráter de exportador primário, com dependência externa. Ele somente continuou a ser exportador, mas de um único produto.

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