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Nozoe - Portugal e as crises dos séculos XVII

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FES – Aula do dia 08/10/2008 (quarta) - primeira aula depois da prova.
Textos de hoje: 
Godinho: as frotas do açúcar e as frotas do ouro.
Macedo: (da época pombalina). Converge com Godinho
Furtado (cap. VII): ainda não lemos mas relata o período que abrange a economia até o primeiro quarto do séc. XIX e trata da dependência de Portugal em relação à Inglaterra que transforma-se em uma dependência portuguesa.
O tema da aula de hoje é Portugal e as crises dos séculos XVII (segunda metade – crise da economia açucareira) e século XVIII (segunda metade - crise referente ao declínio do ouro).
Vamos começar falando sobre Furtado (tratado de Methuen) e depois texto de Godinho. Furtado só fala sobre o Marquês de Pombal no capitulo 7 e de maneira bem ampla.
O professor começa a aula com um gráfico do NOYA PINTO, mostrando sobre a produção do ouro (com média anual), depois com um gráfico de Simonsen, cujo pico ocorreu em 1780 (que trabalha com produção total) e depois começou seu declínio.
Explicações de Furtado para a não ocorrência de um desenvolvimento endógeno: explicação corrente: a legislação portuguesa restringindo as manufaturas no Brasil (decreto de Dona Maria em 1785) o mesmo não suscitou reação, pois não havia manufatura. A causa apontada por Furtado era a incapacidade técnica dos imigrantes portugueses. Para explicar porque Portugal não possuía indústrias (por consequência não tinha população capacitada), ele cita Methuen, com duas afirmações:
Methuen assinado em 1703 destruiu o processo de industrialização portuguesa.
O destino do ouro do Brasil foi usado na construção de monumentos, gastos religiosos e pagamentos de dividas (Furtado não fala do contrabando, mas Godinho fala disso, discordando de Furtado)
O professor repete a frase de Furtado dizendo que devido à incapacidade técnica dos imigrantes não se aproveitou as fases de declínio para fazer o desenvolvimento manufatureiro. Furtado culpa a própria política de manufaturas portuguesas. 
Segundo Simonsen, o tratado de Methuen (que também está no texto de Furtado), coroa um processo de subordinação à Inglaterra que começou desde 1640, quando Portugal sai da união ibérica, que fica em guerra ate 1681, criando dificuldade muito grande financeira para Portugal e fez aproximar-se da Inglaterra, através de vários acordos (acordos de 1642, 1654, 1661) que têm como exemplo definição de impostos da entrada dos produtos ingleses em Portugal pelos próprios ingleses. Vale observar que Isso também foi conseqüência de uma política protecionista e expansionista da Inglaterra que procurava novos mercados.
De acordo com Simonsen, as conseqüências desse tratado foram que Portugal “matou” seu parque industrial com esse acordo (segundo outro autor, eram pequenas oficinas...), tornando-se uma nação agrícola; e que a Inglaterra teve sua produção estimulada por esse ouro.
O tratado de Methuen era composto de 3 cláusulas:
Permitir entrada de panos em Portugal (conde de Ericeira tinha proibido essa entrada anteriormente)
Inglaterra reduzir 1/3 o imposto do vinho português em relação ao similar francês
Ratificado a cada 2 meses
Agora vamos entrar em Godinho (foi escrito antes de furtado 1955). Texto eminentemente crítico e não igual ao do Furtado, de leitura difícil. O professor vai apresentar o cerne das idéias dele.
Sua preocupação básica é tratar dos fundamentos da circulação monetária em Portugal nos séculos 16 a 18. Essa circulação era dependente das ocorrências havidas no “conjunto econômico atlântico”. A economia portuguesa gravita em torno desse conjunto. Toda vez que você tem uma crise num produto importante, você também tem um problema monetário, que está sobreposto ao problema comercial (ex: crises de açúcar, etc.). 
Fundamentos da circulação monetária em Portugal (Godinho):
O conjunto econômico do atlântico se deu entre séc. 14 e 16, 
Suas origens (causas) estavam relacionadas ao comércio mediterrâneo, e cujos problemas estavam ligados às relações com o oriente, como a seda, especiarias, entesouramento de capitais no oriente, etc. O professor cita o problema da prata, que circula em Portugal baseada na prata espanhola.
Outro problema era o monopólio das principais cidades italianas. (ex: Veneza). 
As condições internas aos países atlânticos era o básico: ouro, açúcar, especiarias, escravos, etc.
Rotas primárias do circuito comercial dessa época:
Espanha: o México e Peru enviam prata para Sevilha/Cádiz/Coruña, enquanto a América Central envia cochonilha (inseto cor vermelha) e pau de Campeche (tinturaria)
Portugal: Brasil e São Tomé enviam açúcar para Lisboa
Rotas secundárias:
Produtos espanhóis:...
Produtos portugueses:...
Sistema triangular de navegação: os navios saiam de Lisboa, Natantes, Inglaterra e levavam produtos (tabaco e outros produtos) para África, que conseguiam escravos para o Brasil e Antilhas e que devolviam para os primeiros prata, açúcar e tabaco.
(...perdi uma rota)
Lisboa envia produtos europeus para Macau e Goa que envia produtos orientais para a Bahia e que envia açúcar e piastras para Lisboa.
Godinho observa que no séc. XVII o açúcar era o principal produto português (mais o tabaco, pau-brasil e o sal - este último para se obter a moeda...). A crise nesse séc. foi justamente do açúcar, tabaco e prata (após 1670). Para explicar por que entram em crise simultaneamente, explica-se pela produção antilhana e pela política colbertiniana (de origem francesa – fundamentalmente mercantilista) resultando no fechamento dos principais mercados: França, Inglaterra e Holanda. Isso gera uma queda no preço do escravo, onde a produção antilhana se agrava, além de uma queda dos preços em geral a partir de 1670. Essa é a crise do séc. XVII de Godinho, que não difere de Furtado. Além disso, a partir do séc. XVII a Espanha começa a receber quantidades reduzidas de prata e tinha problemas com a Holanda, que desviava o comércio da Espanha/Portugal, reduzindo ainda mais o recebimento da prata.
As políticas portuguesas eram definidas pelo conde de Ericeira (1670-1690)
A primeira solução encontrada foi a política de desenvolvimento de manufaturas (principalmente panos, mas somente atuando no segmento de panos de luxo semelhantes aos franceses). As leis proibiam importar e usar determinados produtos (nome dado a esse costume era “As pragmáticas”). O conde de Ericeira fez o desenvolvimento de manufatureiras, recrutando operários franceses (mão de obra francesas). Reduziu importações francesas, ou seja, Inglaterra não tinha do que reclamar, inclusive aumentando as importações da Inglaterra (via contrabando, claro). Vale observar que o têxtil da Inglaterra era popular, e Portugal estava pouquíssimo desenvolvido nesse tipo de produto (era quase artesanal).
A segunda solução foi a política monetária em 1688 com aumento de 20% do valor nominal das moedas portuguesas, aumentando a entrada das moedas espanholas. Mas na seqüência que os países percebem, fazem o mesmo, anulando o efeito dessa política. A partir daí Portugal parte para tomar monopólio do assiento através da Cia. do Cacheu para fornecimento de negros da Guiné para a América Espanhola, aumentando sua entrada de piastras.
O abandono dos esforços de industrialização (entre 1690 e 1705) deu-se por causa da melhora dos preços do açúcar e do tabaco, graças a importação dos países que comercializavam com Portugal, aumento do trafico com as Índias e aumento das exportações de vinho do porto, ascendendo a política dos senhores das vinhas, proibindo a entrada de bebidas estrangeiras. 
Ou seja, o tratado de Methuen aconteceu quando a política manufatureira têxtil já havia sido abandonada. Além disso, somente consolida um comércio que já existia (existia o tráfico de panos ingleses para Portugal e os vinhos portugueses já tinham tarifas inferiores para a compra na Inglaterra – quase metade do preço do tonel)
Pombal é partidário do vinho do porto, e diz que somente os vinhos fabricados numa determinada área de Portugal poderiam ter esse nome.
Segundo Godinho, no século XVIII, configura-se um novo ciclo do ouro,do Porto e do Madeira, pois o ouro brasileiro cobre o déficit da balança comercial, não resolvendo o problema da escassez de prata, gerando contrabando com a região do Prata (espanhola). Godinho mostra que o contrabando faz parte da economia, o que não é citado como importante para outros autores.
O professor apresenta um gráfico, mostrando como se comportou a balança comercial portuguesa no séc. XVIII. Mostra o déficit português coberto pelo ouro português. Vale observar que em 1780 Portugal tem um superávit, (que inclusive é criticado por Adam Smith). Isso ocorre a partir de Pombal, com a redução das exportações de outros países para Portugal (o gráfico de exportações britânicas para Portugal cai nessa época).
Em 1765 se instala uma nova crise: do ouro, do Porto e da Madeira, onde chega-se menos ouro para Portugal, por conseqüência menos dízimo, e com queda nos lucros da Cia. do Grão PA-MA. Pombal torna-se o responsável pelos esforços de superação. Macedo se questiona se era justo chamar uma determinada época de pombalina, pois Pombal guiou toda a cultura de Portugal nessa época. Pombal reativa o comércio com China e Índia, aumenta exportação de algodão e arroz do Brasil e permite um novo surto manufatureiro em Portugal (sutil).
Macedo cita que a crise após 1760 é levada por uma queda na produção brasileira de ouro junto com a crise de outros produtos cujo auge ocorre em 1768-1771. Leva-se Portugal à uma quarta geração pombalina (sei lá... será que vamos ver na próxima aula qual conclusão disso...?)
Pombal cai em desgraça depois que morre D. Jose e pior ainda quando assume D Maria “a louca”, que tinha ódio mortal dele (ele não podia ficar a menos de 30 milhas dela).

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