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ACESSO À JUSTIÇA - Resumo

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ACESSO À JUSTIÇA 
 
Definir o que é “acesso à justiça” é uma grande empreitada. Tanto que 
reconhecem os líderes da pesquisa que se tornou o clássico relatório Acesso à 
Justiça, Mauro Cappelletti e Bryant Garth, que a expressão é 
“reconhecidamente de difícil definição” (op. cit., p. 8). 
De fato, buscar um conceito de “acesso à justiça” envolve uma ampla 
investigação que pode ser perseguida por filósofos e teóricos do Direito, além 
de outros estudiosos que o adotem como objeto de estudo (tais como 
sociólogos, antropólogos e cientistas políticos). Cada qual conforme seus 
métodos e objetivos de estudo. 
No estudo dogmático do Direito, voltado à definição de institutos jurídicos e 
seus procedimentos, muitas vezes pode dispensar uma definição expressa, 
para focar nos instrumentos jurídicos que o constituem (como é comum nos 
estudos sobre acesso à justiça) ou nos princípios que orientam a aplicação do 
instituto. A consequência é que se identificam, no caso de “acesso à justiça”, 
as mais variadas definições, o que pode confundir quem pretende aprofundar 
seus estudos no tema. 
Um olhar mais atento sobre as diferentes propostas revela, porém, que essa 
multiplicidade de definições guarda relação com pelo menos uma das 
acepções a seguir: 
a) “acesso à justiça” como “inafastabilidade da jurisdição”, em que se adota 
como premissa a possibilidade dada a qualquer pessoa de ter seu litígio 
apreciado pelo Estado. Tal ideia decorre especialmente da ênfase dada à 
estatalidade da justiça e da primazia do Poder Judiciário como solucionador 
de conflitos. Assim, os estudos dessa natureza se vinculam a identificar os 
instrumentos pelos quais a população pode (pelo menos em teoria) acessar o 
Poder Judiciário; 
b) “acesso à justiça” como “garantia fundamental de direitos”, que remete à 
ideia de que somente é possível garantir a efetivação de um direito se for 
garantido o acesso ao Poder Judiciário, que deve se desincumbir 
concretamente de sua função constitucional. Essa acepção volta-se ao 
resultado da atuação do Poder Judiciário na efetivação de direitos e tem foco 
na efetividade dos instrumentos jurídico-processuais voltados a reduzir as 
dificuldades no acesso à justiça estatal (custo, demora, formalidade, litigantes 
habituais, tutela adequada de direitos, como destacado no já mencionado 
relatório de Cappelletti e Garth) e a propor novos instrumentos jurídico-
processuais mais aptos a tal finalidade; 
c) “acesso à justiça” como “acesso ao direito”, em que se procura deslocar o 
eixo de pesquisa da proteção estatal para a participação do próprio 
jurisdicionado na solução de seus conflitos. Nesse sentido, compreende o 
estudo medidas preventivas de conflitos, baseadas no conhecimento dos 
direitos pela população em seu grau mais abrangente (direito de acesso a 
informações relevante a suas decisões particulares e de ser informado sobre 
seus direitos); o direito de participar das decisões do Estado em relação à 
implementação de tais direitos, por via direta ou por representantes (o que 
pode ter caráter preventivo ou repressivo, conforme o direito posto em causa) 
e o reconhecimento do direito de buscar solução para os conflitos existentes 
por meios não estatais (por exemplo, por mediação, arbitragem ou técnicas 
psicológicas, como a constelação familiar). 
Modernamente, é mais comum o foco ser na segunda ou na terceira acepções; 
não raramente, ocorre em ambas as acepções (acesso efetivo ao Poder 
Judiciário atuante e acesso da população ao direito), que muitas vezes são 
tratadas como uma só, o que acaba por dificultar o estudo do tema proposto. 
Em conclusão, o que se verifica é que, quando se estuda o “acesso à justiça”, 
está sendo investigada a efetividade social do Direito, se suas prescrições são 
de fato implementadas e observadas pelos destinatários das normas jurídicas, 
se os destinatários identificam seu entendimento de justa decisão como a 
decisão jurídica e se é possível efetivar o que foi prometido nas diversas 
Declarações de Direitos – e por quais meios.

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