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Passagem da primeira para a segunda tópica Freudiana Freud teorizou a primeira tópica entre os anos de 1900 e 1920. Nela, as instâncias psíquicas funcionavam como sistemas estanques, sendo divididas entre pré-consciente, consciente e inconsciente. Nessa primeira tópica, o funcionamento da psique era regido pelo conflito entre os princípios do prazer e da realidade. Entretanto, Freud percebeu em suas análises que trazer o inconsciente à consciência não era suficiente para amenizar o sofrimento dos seus pacientes, uma vez que as angústias sempre retornavam em função da compulsão à repetição (protótipo da pulsão de morte). Para tanto, ele propôs um avanço no seu modelo teórico, iniciando, assim, a segunda tópica. Esse novo modelo perdura de 1920 até 1939 (ano do falecimento de Freud), sendo responsável por apresentar os conceitos mais conhecidos da teoria freudiana: Isso, Eu e Supereu (Id, Ego e Superego). As principais diferenças entre o primeiro e o segundo momento dos fundamentos de Freud são a maior flexibilidade das instâncias e a mudança no dualismo pulsional. É importante ressaltar que as tópicas se complementam ao invés de se anularem, havendo troca nas nomenclaturas e avanços de certos conceitos. Como dito anteriormente, na primeira tópica, Freud propôs o dualismo entre as pulsões sexuais (busca incessante pela satisfação) e as pulsões do eu (autoconservação). Todavia, o pai da psicanálise, a partir do descobrimento do narcisismo, notou que esse conflito não se mantinha, já que percebeu uma parte inconsciente no Eu e passou a compreender que essa instância também era investida de libido. Dessa forma, a distinção entre as pulsões sexuais e as pulsões do Eu se tornou confusa, posto que o Eu passou a ser visto como capaz de recalcar e, ao mesmo tempo, possuir propriedades do recalcado. Assim, Freud rejeitou a pulsão do Eu e manteve um dualismo subvertido, dividindo as pulsões sexuais em duas: libido do eu, que designa uma libido autoerótica, e libido do objeto, que diz sobre o investimento em objetos externos. A partir dessas constatações, Freud surge com o segundo dualismo pulsional, agora não mais dividido a partir dos movimentos da libido, mas fundamentado na oposição dos objetivos libidinais, que podem visar uma ligação (pulsão de vida) ou um desprendimento (pulsão de morte). Nesse novo dualismo, Freud explica que as pulsões de vida são aquelas cuja finalidade é construção de vínculos entre o psiquismo, nosso corpo, os seres e as coisas por meio da libido. Em oposição a isto, a pulsão de morte visa o desligamento da libido dos objetos e o retorno do ser ao estado inorgânico. Dessa forma, nesse novo modelo dual, as pulsões têm por característica tentar restabelecer um estado anterior, tanto a pulsão de vida, na tentativa de aumentar a tensão, quanto a pulsão de morte, que anseia pelo retorno ao zero.
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