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por uma vida de penosas vicissitudes na companhia de um líder re-
volucionário. Marx se transferiu, então, a Paris, onde, em janeiro de
1844, publicou o único número duplo dos Anais Franco-Alemães, editado
em colaboração com Arnold Ruge, figura destacada da esquerda hege-
liana. A publicação dos Anais visava a dar vazão à produção teórica
e política da oposição democrática radical ao absolutismo prussiano.
Naquele número único, veio à luz um opúsculo de Engels intitulado
Esboço de uma Crítica da Economia Política, acerca do qual Marx
manifestaria sempre entusiástica apreciação, chegando a classificá-lo
de genial.
Friedrich Engels (1820-1895) era filho de um industrial têxtil,
que pretendia fazê-lo seguir a carreira dos negócios e, por isso, afas-
tara-o do curso universitário. Dotado de enorme curiosidade intelectual,
que lhe daria saber enciclopédico, Engels completou sua formação como
aluno-ouvinte de cursos livres e incansável autodidata. Viveu curto
período de hegeliano de esquerda e também sentiu o impacto da ir-
rupção materialista feuerbachiana. Mas, antes de Marx, aproximou-se
do socialismo e da Economia Política. O que ocorreu na Inglaterra,
onde esteve a serviço dos negócios paternos e entrou em contato com
os militantes operários do Partido Cartista. Daí ao estudo dos econo-
mistas clássicos ingleses foi um passo.
O Esboço de Engels focalizou as obras desses economistas como
expressão da ideologia burguesa da propriedade privada, da concor-
rência e do enriquecimento ilimitado. Ao enfatizar o caráter ideológico
da Economia Política, negou-lhe significação científica. Em especial,
recusou a teoria do valor-trabalho e, por conseguinte, não lhe reconhe-
ceu o estatuto de princípio explicativo dos fenômenos econômicos. Se
estas e outras posições seriam reformuladas ou ultrapassadas, o Esboço
também continha teses que se incorporaram de maneira definitiva ao
acervo marxiano. Entre elas, a argumentação contrária à “Lei de Say”
e à teoria demográfica de Malthus. Mais importante que tudo, porém,
foi que o opúsculo de Engels transmitiu a Marx, provavelmente, o
germe da orientação principal de sua atividade teórica: a crítica da
Economia Política enquanto ciência surgida e desenvolvida sob inspi-
ração do pensamento burguês.
Os Anais Franco-Alemães (assim intitulados com o objetivo de
burlar a censura prussiana) estamparam dois ensaios de Marx: a In-
trodução à Crítica à Filosofia do Direito de Hegel e A Questão Judaica.
Ambos marcam a virada de perspectiva, que consistiu na transição do
liberalismo burguês ao comunismo. Nos anos em que se encontravam
em gestação as condições para a eclosão da revolução burguesa na
Alemanha, o jovem ensaísta identificou no proletariado a classe agente
da transformação mais profunda, que devia abolir a divisão da sociedade
em classes. Contudo, o procedimento analítico e a formulação literária
dessas idéias mostravam que o autor ainda não adquirira ferramentas
OS ECONOMISTAS
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