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empregar as forças produtivas por eles acumuladas a fim de satisfazer
suas necessidades materiais. Não é o Estado, como pensava Hegel, que
cria a sociedade civil: ao contrário, é a sociedade civil que cria o Estado.
A concepção materialista da história implicava a reformulação
radical da perspectiva do socialismo. Este seria vão e impotente en-
quanto se identificasse com utopias propostas às massas, que deveriam
passivamente aceitar seus projetos prontos e acabados. O socialismo
só seria efetivo se fosse criação das próprias massas trabalhadoras,
com o proletariado à frente. Ou seja, se surgisse do movimento histórico
real de que participa o proletariado na condição de classe objetivamente
portadora dos interesses mais revolucionários da sociedade.
Mas de que maneira substituir a utopia pela ciência? Por onde
começar?
Nenhum registro conhecido existe que documente este momento
crucial na progressão do pensamento marxiano. Não obstante, a própria
lógica da progressão sugere que tais indagações se colocavam com força
no momento preciso em que, alcançada a formulação original do ma-
terialismo histórico, surgia a incontornável tarefa de ultrapassar o so-
cialismo utópico. O que não se conseguiria pela negativa retórica e
sim pela contraposição de uma concepção baseada na ciência social.
Ora, conforme a tese ontológica fundamental do materialismo
histórico, a base sobre a qual se ergueria o edifício teria de ser a
ciência das relações materiais de vida — a Economia Política. Esta já
fora criada pelo pensamento burguês e atingira com Ricardo a culmi-
nância do refinamento. No entanto, Marx e Engels haviam rejeitado
a Economia Política, vendo nela tão-somente a ideologia dos interesses
capitalistas. Como se deu que houvessem repensado a Economia Política
e aceito o seu núcleo lógico — a teoria do valor-trabalho?
Cabe supor que a superação da antropologia feuerbachiana teve
o efeito de desimpedir o caminho no sentido de nova visão da teoria
econômica. Em particular, tal superação permitia pôr em questão o
estatuto do conceito de alienação como princípio explicativo da situação
da classe operária. Não obstante, esse aspecto isolado não nos esclarece
acerca da virada de orientação do pensamento marxiano.
É sabido que, a partir de 1844, Marx concentrou sua energia
intelectual no estudo dos economistas. De referências posteriores, res-
salta a sugestão de que a mudança de orientação acerca dos economistas
clássicos foi mediada pelos ricardianos de esquerda. Neles, certamente,
descobriu Marx a leitura socialista de Ricardo. Assim como Feuerbach
abriu caminho à leitura materialista de Hegel e à elaboração da dia-
lética materialista, Hodgskin, Ravenstone, Thompson, Bray e Edmonds
permitiram a leitura socialista de Ricardo e daí começaria a elaboração
da Economia Política marxiana, de acordo com o princípio ontológico
do materialismo histórico e tendo em vista a fundamentação científica
do socialismo.
OS ECONOMISTAS
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