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Os ricardianos de esquerda eram inferiores ao próprio Ricardo
sob o aspecto da força teórica, porém a perspectiva socialista, conquanto
impregnada de idéias utópicas, os encaminhou a interpretar a teoria
ricardiana do valor-trabalho e da distribuição do produto social no
sentido da demonstração de que a exploração do proletariado constituía
o eixo do sistema econômico da sociedade burguesa. A significação do
conhecimento desses publicistas na evolução do pensamento marxiano
é salientada por Mandel que, a tal respeito, assinala o quanto deve
ter sido proveitosa a temporada passada por Marx na Inglaterra, em
1845. Ali, não só pôde certificar-se da defesa da teoria do valor-trabalho
pelos ricardianos ligados ao movimento operário, como, ao revés, o
abandono dela pelos epígonos burgueses do grande economista clássico.
Em 1846, Proudhon publicou o livro Sistema das Contradições
Econômicas ou Filosofia da Miséria, no qual atacou a luta dos operários
por objetivos políticos e reivindicações salariais, colocando em seu lugar
o projeto do intercâmbio harmônico entre pequenos produtores e da
instituição de “bancos do povo”, que fariam empréstimos sem juros aos
trabalhadores. Tudo isso apoiado na explicação da evolução histórica
inspirada num hegelianismo mal-assimilado e retardatário.
Marx respondeu no ano seguinte com Miséria da Filosofia, que
escreveu em francês. À parte a polêmica devastadora contra Proudhon,
resumindo a crítica ao socialismo utópico em geral, o livro marcou a
plena aceitação da teoria do valor-trabalho, na formulação ricardiana.
Sob este aspecto, Miséria da Filosofia constituiu ponto de virada tão
significativo na evolução do pensamento marxiano quanto A Ideologia
Alemã. Não importa que Marx também houvesse aceito, na ocasião,
as teses de Ricardo sobre o dinheiro e sobre a renda da terra, das
quais se tornaria depois renitente opositor. O fato de conseqüências
essencialíssimas consistiu em que o materialismo histórico encontrava,
afinal, o fundamento da Economia Política, o que vinha definir o caminho
da elaboração do socialismo científico. Na própria Miséria da Filosofia, a
aquisição desse fundamento resultou numa exposição muito mais avan-
çada e precisa do materialismo histórico do que na Ideologia Alemã.
Com base na teoria de Ricardo interpretada pelos seguidores de
tendência socialista, Marx empenhou-se na proposição de uma tática
de reivindicações salariais para o movimento operário, o que expôs
nas conferências proferidas em 1847-1848, mais tarde publicadas em
folheto sob o título de Trabalho Assalariado e Capital.
Marx e Engels haviam ingressado numa organização de emigra-
dos alemães denominada Liga dos Comunistas e receberam dela a
incumbência de redigir um manifesto que apresentasse os objetivos
socialistas dos trabalhadores. A incumbência teve aceitação entusiás-
tica, ainda mais por se avolumarem os indícios da eclosão de uma
onda revolucionária no Ocidente europeu. Publicado no começo de 1848,
o Manifesto do Partido Comunista foi, com efeito, logo submergido pela
MARX
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