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Este fixara residência em Manchester, passando a gerir ali os interesses
da firma paterna associada a uma empresa têxtil inglesa. Durante os
vinte anos de atividade comercial, a produção intelectual não pôde
deixar de se reduzir. Mas Engels achava gratificante sacrificar a própria
criatividade, contanto que fornecesse a Marx recursos financeiros que
o sustentassem e à família e lhe permitissem dedicar o máximo de
tempo às investigações econômicas. Demais disso, Engels incumbiu-se
de várias pesquisas especializadas solicitadas pelo amigo. A circuns-
tância de residirem em cidades diferentes deu lugar a copiosa corres-
pondência que registrou, quase passo a passo, a tormentosa via de
elaboração de O Capital.
No decorrer das investigações, conquanto se mantivesse claro e
inalterado o objetivo visado, foi mudando e ganhando novas formas a
idéia da obra final. Rosdolsky rastreou na documentação marxiana,
entre 1857 e 1868, nada menos que catorze esboços e notas de planos
dessa obra. De acordo com o plano inicial deveria constar de seis livros,
dedicados aos seguintes temas: 1) O Capital; 2) A Propriedade Terri-
torial; 3) O Trabalho Assalariado; 4) O Estado; 5) O Comércio Inter-
nacional; 6) O Mercado Mundial e as Crises. À parte, um livro especial
faria a história das doutrinas econômicas, dando ao estudo da realidade
empírica o acompanhamento de suas expressões teóricas.
A deflagração de nova crise econômica em 1857 levou Marx a
apressar-se em pôr no papel o resultado de suas investigações, motivado
pela expectativa de que nova onda revolucionária voltaria a agitar a
Europa e exigiria dele todo o tempo disponível. Da sofreguidão nesse
empenho resultou não mais do que um rascunho, com imprecisões e
lapsos de redação. Fruto de um trabalho realizado entre outubro de
1857 e março de 1858, o manuscrito só teve publicação na União So-
viética, entre 1939 e 1941. Recebeu o título de Esboços dos Fundamentos
da Crítica da Economia Política, porém ficou mais conhecido pela pa-
lavra alemã Grundrisse (Esboços dos Fundamentos). Vindos à luz já
sob o fogo da Segunda Guerra Mundial, os Grundrisse não despertaram
atenção. Somente nos anos sessenta suscitaram estudos e comentários,
destacando-se, neste particular, o trabalho pioneiro de Rosdolsky.
Embora se trate de um rascunho, os Grundrisse possuem extraor-
dinária relevância, pelas idéias que, no todo ou em parte, só nele ficaram
registradas e, sobretudo, pelas informações de natureza metodológica.
Uma dessas idéias é a de que o desenvolvimento das forças pro-
dutivas pelo modo de produção capitalista chegaria a um ponto em
que a contribuição do trabalho vivo se tornaria insignificante em com-
paração com a dos meios de produção, de tal maneira que perderia
qualquer propósito aplicar a lei do valor como critério de produtividade
do trabalho e de distribuição do produto social. Ora, sem lei do valor,
carece de sentido a própria valorização do capital. Assim, o capitalismo
deverá extinguir-se não pelo acúmulo de deficiências produtivas, porém,
OS ECONOMISTAS
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