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Rafael Augusto @rafael.augustor A dor torácica é uma das principais causas de procura por atendimento emergencial, além de compreender 10% dos atendimentos totais A Síndrome coronariana aguda (SCA) é um dos principais diagnósticos, compreendendo 25% dos diagnósticos, portanto, é uma grande hipótese que deve ser levada em conta nos quadros de atendimento de dor torácica. Ao se realizar o atendimento, deve-se sempre buscar a realização de exames que excluam causas graves, pois isso determina o tipo de atendimento que será realizado e as condutas a serem realizadas. Além disso, a SCA não é a única condição a ser afastada. Dentre as outras opções temos: dissecção aguda da aorta, tromboembolismo pulmonar, pneumotórax hipertensivo, tamponamento cardíaco e mediastinites. A dor torácica tem várias origens, portanto, pode ser dividida em somática ou visceral A dor somática é a dor bem localizada e delimitada, sendo normalmente uma dor referida nas camadas da pele e nos músculos, e que age nos dermátomos (terminações nervosas que podemos delimitar bem). Exemplo: pleurite, costocondrite, zoster. Já a dor visceral é mal localizada, sem especificidade e local definida, dizendo respeito às vísceras. Além disso a enervação é bem difusa, impossibilitando o paciente apontar com exatidão o local da dor. Exemplo: SCA, espasmo esofageno. Grupos anatômicos a serem analisados na análise da dor 1. Cardíacas 2. Aorta e grandes vasos 3. Pulmão, pleura, mediastino e artérias 4. Esôfago, estômago e abdome superior 5. Músculo, nervosos e caixa torácica O melhor caminho a se seguir é a realização de um anamnese padrão ouro!!! O início de tudo deve ser moldado pelas conversas de modo a investigar minuciosamente a dor. Após isso, é importante analisar sintomas associados, antecedentes pessoais e familiares, exame físico e exames complementares Observação: Nos casos de emergência, pode ser colocado a realização do ECG como prioritário dentre as demais ações Investigação Minuciosa da dor Tipo da dor Início abrupto ou gradual Quanto tempo? (dor em cólica) Fatores de piora e melhora (alguma condição afeta) Rafael Augusto @rafael.augustor Intensidade numérica da dor (normalmente escala de 0 a 10) Fatores precipitantes (tipo de manifestação quando iniciou o quadro) Localização da dor (se somática mais fácil e já auxilia na compreensão do que paciente pode ter) Antecedentes Pessoais e Familiares Antecedentes pessoais – tudo aquilo que a pessoa tem de história que pode ser útil para compreender seu quadro: traumas, cirurgia de grande porte, períodos de imobilização, uso de drogas, consumo de álcool, tabagismo. Comorbidades – doenças prévias que podem favorecer a manifestação do quadro em questão: HAS, DM, doença arterial obstrutiva periférica, valvopatias (normalmente é tirado do paciente pela ausculta ou quando pergunta de cirurgias prévias), gravidez recente, história de neoplasia. Antecedentes familiares – analisar se há alguma questão familiar genética ou comportamental que possa ter relação com o quadro: história familiar positiva para infarto (familiares de primeiro grau, sendo homens até 55 anos e mulheres até 65), dissecção de aorta, tromboembolismo. Exames Complementares Um dos mais essenciais é o ECG, devendo ser feito em até 10 minutos após entrada. Através dele é possível identificar alguns problemas cardíacos como IAM através da verificação dos segmentos ST, ou seja, se houver supra de ST há indicativo para infarto, assim como cada patologia possui seu modo de registro. Outro exame útil é o Raio X de tórax que é útil para diagnósticos diferenciais da síndrome coronariana aguda Laboratoriais, pede-se: hemograma completo, função renal (ureia, creatinina), eletrólitos (Na, K, Mg), Marcadores de necrose miocárdica (troponina, CK-MB, CPK). Exames adicionais podem ser pedidos mediante a necessidade acerca do problema daquele paciente. Também podem ser requisitados ecocardiograma e ultrassom à beira do leito Normalmente acomete pacientes idosos com HAS não controlada. A sua fisiopatologia consiste em haver um turbilhonamento devido à HAS, fazendo com que a túnica íntima seja rasgada e o sangue da luz adentre camadas mais externas do vaso como a túnica média. Como a pressão está elevada, constantemente o “rasgo” aumenta e a esse evento chamamos de dissecção. Com o seu aumento, há a obstrução da saída de ramos da artéria aorta, o que causa isquemia para os órgãos irrigados por esses ramos. Anamnese O primeiro passo é realizar a medicação do paciente a fim de diminuir a dor, pois nesses casos costuma ser intensa e súbita. Após realizada, segue-se com a anamnese para compreender melhor o quadro clínico, seja com o paciente, seja com o auxílio de um acompanhante. O principal sintoma a ser notado é a irradiação da dor para o dorso, consequência da irrigação prejudicial realizada pela aorta nos seus ramos. Na história médica pregressa (HMP) é comum haver casos de tabagismo e aterosclerose (dislipidemias), coarctação da aorta, valva aórtica bicúspide Rafael Augusto @rafael.augustor (pacientes jovens), doenças vasculares autoimunes como fatores de relevância para o quadro (importante lembrar que algo causou o turbilhonamento que afetou o vaso. Na análise dos antecedentes médicos familiares observa-se a presença ou não de síndrome aórtica aguda em parentes. Exame Físico Realizado em ordem craniocaudal. Segue a seguinte ordem. Inspeção: observar fácies de dor, agitação, sudorese profusa e palidez (vasoconstrição cutânea) – disfagia e rouquidão aguda Sinais Vitais: diferença pressórica entre os membros (50% dos casos) Palpação: déficit de pulsos (o local de dissecção tem relação com a intensidade de determinado pulso, podendo variar entre eles. Ausculta: normalmente não apresenta alterações, a não ser que haja alterações que comprometam as valvas Observação: caso haja tamponamento cardíaco, notam-se bulhas abafadas, estase jugular e hipotensão. A fisiopatologia por detrás do pneumotórax espontâneo consiste numa ruptura espontânea de vesículas subpleurais que são consequências do tabagismo ou de fatores genéticos. Pode ser dividido em dois tipos: Primário: acomete pacientes saudáveis sem patologia pulmonar prévia Secundário: acomete pacientes com doença pulmonar, e quando se manifesta consiste num evento grave e de maior risco. Anamnese Consiste numa dor súbita, pleurítica, em repouso, localizada no hemitórax afetado, ou seja, um dor intensa no do lado em que houve o rompimento. Nesses casos, a dor intensifica-se com a respiração Exame Físico O EF pode não apresentar alterações se o pneumotórax for pequeno ou moderado. No quadro grave, as principais alterações notáveis se dão no lado afetado, dentre as quais temos. Inspeção: redução da expansibilidade Palpação: ausência de frêmito toracovocal Percussão: timpanismo Ausculta: redução do murmúrio vesicular Sua fisiopatologia consiste na entrada de ar na cavidade pleural através da fratura e assim há o colapso do pulmão ipsilateral, além disso, há o desviado mediastino para o lado oposto do pulmão que desencadeou o pneumotórax. Quanto mais ar entra, maior a pressão, fechando a abertura em questão que permitiu a entrada de ar e como há o deslocamento em questão o retorno venoso é prejudicado. Anamnese O quadro notado envolve dor súbita, com sinais clássicos de insuficiência respiratória aguda. Costuma ser mais grave em pacientes jovens, tabagistas e longilíneos Exame Físico A fisiopatologia do tromboembolismo pulmonar consiste na migração de um trombo que estava no sistema venoso para o lado direito do coração. Do Rafael Augusto @rafael.augustor coração direito, passapara o pulmão e, assim, as artérias pulmonares ficam ocluídas. A magnitude do dano pode causar hipertensão pulmonar e disfunção das câmaras cardíacas além de prejudicar a perfusão do parênquima pulmonar. Pode acontecer oclusão no nível das artérias pulmonares, hipertensão pulmonar e disfunção de câmaras cardíacas direitas, além de gerar espaço morto pulmonar por reduzir a perfusão do parênquima pulmonar Semiologia A dor nesse quadro clínico assemelha-se à angina típica que é a SCA. Paciente apresenta falta de ar (taquipneia súbita). NA sua história médica, existem alguns estados que colaboram para que seja gerado esse quadro de formação de trombos como CA, gestação, cirurgia prévia com imobilização prolongada Nesses quadros é importante a relação dos episódios de dor com a alimentação realizada pelo paciente e a realização ou não de exercícios físicos. Como exemplo, uma úlcera péptica se localiza na região epigástrica, mas pode ser referida na região subesternal ou retroesternal. Já uma ruptura no esôfago, a referência está na região retroesternal. Ou seja, mesmo que o problema esteja num órgão ou local, ele pode se manifestar na região torácica, levando à impressão de alguma patologia torácica e não abdominal como no caso da úlcera. A dor osteomuscular geralmente possui relação com movimentação, postura e respiração, sendo assim a palpação desses locais desencadeia episódios de dor, que nesse caso é contínua e localizada. Pode também se manifestar após traumas ou exercícios extenuantes A sua fisiopatologia consiste primeiramente na formação de um ateroma, o qual, é a base da insuficiência coronariana. Formação do ateroma Primeiramente ocorre uma lesão no endotélio de modo crônico. Como mecanismo de defesa, células do sistema imune migram até a região, como forma de reparar a lesão Durante o processo, células musculares lisas são direcionadas da túnica média para a íntima Macrófagos começam a trabalhar na região, e englobam os lipídeos presentes nos locais, colágeno e MEC. Uma placa de ateroma tem seus elementos típicos Cápsula fibrosa: células musculares Centro necrótico: local que está localizado os lipídeos, também chamado de centro lipídico A placa de ateroma pode ainda ser dividida em instável (vulnerável) e estável. O tipo vulnerável está associado à SCA e o estável à insuficiência coronária crônica. A placa estável possui um centro necrótico menor e uma cápsula fibrosa mais espessa. Enquanto isso, a instável tem uma capsula fibrosa fina. No quadro vulnerável/instável, pode haver o rompimento da cápsula fibrosa e assim ocorre o extravasamento do conteúdo lipídico, evento, o qual desencadeia a agregação plaquetária e a formação de coágulo, gerando assim oclusão do trombo, parcial ou total. Nesse exemplo, o trombo está parcialmente obstruído e, portanto, o quadro é de IAM, mas não apresenta supra de ST, marcando uma angina instável Rafael Augusto @rafael.augustor Nesse exemplo, o trombo está totalmente ocluído, então no ECG será encontrado supra de ST Na semiologia, classificamos ANGINA como uma dor ocasiona por isquemia que é a falta de oxigênio para o músculo cardíaco. Há dois tipos instável e estável Angina Estável (SCA) ✓ Consiste na obstrução aguada da artéria coronária. ✓ Manifestação de dor precordial ao esforço ou estresse maior que 20 minutos – intensa e duradoura (referida como pressão) ✓ Dor pode aparecer mesmo ao repouso ✓ Em geral, obstrução >70% da artéria coronária Angina Estável ✓ Dor precordial aos esforços ou estresse <20 minutos ✓ Alívio com repouso ✓ Irradiação para braço esquerdo, mandíbula ✓ Em geral obstrução> 70% da artéria coronária Semiologia na SCA Epidemiologicamente, essa síndrome possui fatores de risco atreladas a elas, como modificáveis que tem a ver com questão de saúde e cuidados medicinais e não modificáveis, como características genéticas, ou seja, a predisposição Inspeção Nesses quadros, o paciente costuma estar ansioso e desconfortável, podendo também apresentar dispneia, bem como episódios de vômitos, náuseas, palidez (baixo débito cardíaco) Sinais Vitais Pode haver: taquicardia, dispneia, elevação da PA (devido à dor) – mas também pode haver bradicardia, hipotensão (infarto agudo acometendo coronária direita) Ausculta pulmonar: pode-se avaliar congestão Ausculta cardíaca: pode estar normal ou pode haver isquemia que acomete os músculos papilares. No ECG Caso não haja obstrução, não haverá supra de ST nos registros, portanto, o mais ideal é a realização de exame laboratorial para troponina. Caso troponina+ é caracterizado como infarto, caso troponina- é caracterizado como angina instável. Caso haja obstrução total, será registrado supra de ST. Supra desnivelado: segmento ST do ECC com pelo menos 1 mm acima da linha base Exemplo de ECG com supra de ST Rafael Augusto @rafael.augustor Localização das Paredes Cardíacas no ECG Se numa precordial tiver infra de um lado, se espelhar o outro lado terá um supra (no caso se colocar v3r e v4r será visto supra) Exames Laboratoriais O principal exame é da troponina, esse exame indica se o paciente tem um quadro de IAM ou um quadro de angina instável. Deve-se colher troponina no momento zero da admissão, e normalmente o resultado é negativo mesmo com o caso sendo positivo, a questão é que demora cerca de meia hora para que a troponina atinja de modo significativo a circulação. Após isso mede-se 3h após o tempo zero que foi o de admissão e caso ainda negative mede-se 6h após. Esse valor é dado por positivo não apenas pela presença da troponina na circulação, mas também pelo aumento de mais de 20% na concentração dela de um tempo para o outro.] Raio X Através dele é possível ver se a região está congesta ou não Normal Congesto Pericardite Representa 5% dos casos de dor que não estão relacionados à SCA Rafael Augusto @rafael.augustor Em casos de causa viral ou idiopática (maioria dos casos) há sintomas de inflamação associados à febre a à leucocitose Os sintomas respiratórios semelhantes aos da gripe podem preceder a dor torácica. Anamnese Caracteriza-se por dor súbita, intensa, pleurítica (piora com a tosse e com a inspiração profunda), alívio da dor com a inclinação para frente e eventualmente possui irradiação para o trapézio. Exame Físico É realizada a ausculta de atrito pericárdico. Diagnóstico É dado através de dor torácica típica, atrito pericárdico, alterações típicas no ECG e efusão pericárdica (derrame). No ECG é comum ver supra de ST porém com uma característica de todas serem ondas crescentes com uma concavidade para cima. Em casos de tamponamento cardíaco, uma complicação grave da pericardite, o ECG fica quase sem registros devido ao líquido entre os espaços. Diagnóstico da tríade de Beck (estase jugular, hipotensão e abafamento das bulhas cardíacas) Causas Valvares Além disso, a estenose aórtica também se enquadra como um tipo de causa de dor torácica cardíaca e tem relação com funcionamento deficitário das valvas durante o ciclo cardíaco.
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