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ANTIDEPRESSIVOS CRITÉRIOS GERAIS: - Inicia-se o tratamento com dose baixa da medicação, com aumento progressivo até chegar à dose terapêutica. Os antidepressivos têm período de latência de 2 a 4 semanas para resposta adequada, portando a reavaliação do tratamento deve ser feita após esse período; - Deve ser avaliado o perfil de cada paciente, buscando entender os sintomas apresentados, o uso de outras medicações, a tolerância, os possíveis efeitos indesejáveis, a adesão ao tratamento e o custo; - Se existe uma história familiar ou história anterior de resposta positiva a determinada droga, esta deve ser tentada em 1º lugar; - Se não houver história prévia, deve-se utilizar como 1ª escolha um ISRS ou tricíclico e monitorar por 2-3 semanas. A resposta geralmente aparece em até 4 semanas; - Após 4 semanas, se o antidepressivo não tiver o efeito desejado, uma mudança de classe de antidepressivo e/ou potencialização da terapia podem ser experimentados; - L-triiodotironina (T3), carbonato de lítio e l-triptofano podem ser utilizados para potencializar o efeito antidepressivo; - O tempo de tratamento é longo, geralmente de 6-12 meses após a medicação alcançar dose terapêutica; - Nos casos de depressão em idosos, a mirtazapina pode ser uma boa escolha devido ao padrão reduzido de efeitos colaterais. Também possui ação sedativa; - A retirada do antidepressivo deve ser gradual, ao longo de 1-2 semanas, dependendo da meia-vida do composto, para prevenir o efeito rebote; - A Eletroconvulsoterapia (ECT) fica reservada aos casos de transtorno depressivo grave com sintomas psicóticos e refratário ao uso de antidepressivos. INIBIDORES SELETIVOS DA RECAPTAÇÃO DE SEROTONINA (ISRS) REPRESENTANTES MECANISMO DE AÇÃO INDICAÇÕES EFEITOS ADVERSOS FARMACOCINÉTICA GERAL Bloqueio especifico da proteína receptadora de serotonina (5-HT). Inibem a captação de serotonina, aumentando a sua concentração na fenda sináptica e a atividade neuronal pós-sináptica. Pouco bloqueia o transportador de dopamina e os receptores muscarínicos, a-adrenérgicos e H1 histamínicos. Depressão Transtornos de ansiedade (TOC, transtorno de pânico, TAG, TEPT) Ansiedade social Transtorno disfórico pré-menstrual Os mais seguros, eficazes, menos efeitos colaterais, melhor custo-benefício. Cefaleia Sudoração, agitação Efeitos gastrintestinais (náuseas, êmese e diarreia) Fraqueza, cansaço Disfunções sexuais Alterações de massa corporal Distúrbios do sono (insônia e sonolência) Cautela em crianças e adolescentes, pelo potencial a tendências suicidas Interações medicamentosas Síndrome serotoninérgica* Síndrome da interrupção** Boa absorção VO Picos séricos entre 2-8h, com meia-vida 16-36h Absorção pouco influenciada por alimentos Excreção renal Ajuste de dose em hepatopatas FLUOXETINA (protótipo – 3ª geração) * Prozac Mistura racêmica cujo enantiômero é o inibidor + potente da bomba de captação de serotonina Depressão associada à convulsão Compulsão alimentar (hiperfagia) Bulimia nervosa TOC e depressão na infância Efeito anorexígeno Efeitos estimulantes Meia-vida longa (50h) Meia-vida do metabólito de 10 dias Disponível em liberação lenta, com única dose semanal PAROXETINA Pode ser associada com alprazolam em casos de depressão com ideação suicida Pode cursar com interações medicamentosas Possível efeito sedativo Excreção renal e fecal SERTRALINA TOC em crianças Efeitos estimulantes Absorção + influenciada por alimentação Excreção renal e fecal FLUVOXAMINA TOC em crianças Possível efeito sedativo CITALOPRAM (+ moderno) Mistura racêmica cujo enantiômero é o inibidor + potente da bomba de captação de serotonina ESCITALOPRAM (derivado) Grande eficácia OBS: Bupropiona e mirtazapina têm menos efeitos adversos sexuais Sildenafila, vardenafila ou tadalafila pode melhorar a função sexual. * Todo ISRS tem potencial para causar síndrome da serotonina, que pode incluir sinais de hipertermia, rigidez muscular, sudoração, mioclonia, alterações do estado mental e dos sinais vitais, quando usados na presença de IMAO ou outro fármaco altamente serotoninérgico. Por isso, deve-se obedecer a longos períodos de eliminação de cada classe de fármaco antes de administrar uma nova classe. ** Todo ISRS tem potencial para causar, se retirados subitamente, principalmente os com menores meias-vidas. A fluoxetina tem o menor risco de causar essa síndrome, que inclui cefaleia, mal-estar, sintomas de gripe, agitação, irritabilidade, nervosismo e alterações no padrão de sono. ANTIDEPRESSIVOS TRICÍCLICOS (ADT) AMINAS TERCIÁRIAS: imipramina (protótipo), amitriptilina, clomipramina, doxepina e trimipramina AMINAS SECUNDÁRIAS: desipramina e nortriptilina (metabólitos N-desmetilados) e protriptilina TETRACÍCLICOS: maprotilina e amoxapina REPRESENTANTES MECANISMO DE AÇÃO INDICAÇÕES EFEITOS ADVERSOS FARMACOCINÉTICA GERAL Bloqueio não seletivo e potente de norepinefrina e serotonina no neurônio, no terminal nervoso pré-sináptico Bloqueando a principal via de remoção de neurotransmissor, aumentam a concentração de monoaminas na fenda sináptica Pouco bloqueia o transportador de dopamina Bloqueiam os receptores serotonérgico, a-adrenérgico, histamínico e muscarínico Depressão moderada a grave Transtorno de pânico Tratamento da enxaqueca e de síndromes de dor crônica de causa desconhecida Em doses baixas, tratamento de insônia (principalmente doxepina) Bom custo e disponibilidade Todos têm eficácias similares, a escolha depende da tolerância a efeitos adversos, a respostas prévias, a condições médicas pré-existentes e à duração de ação Alternativa à ISRS ineficaz * Cautela em pacientes suicidas, em muito jovens ou muito idosos Pelo bloqueio muscarínico: visão borrada, xerostomia, retenção urinária, taquicardia sinusal, constipação, agravamento do glaucoma estreito, alteração na condução cardíaca Pelo bloqueio a-adrenérgico: hipotensão ortostática, tonturas, taquicardia reflexa Pelo bloqueio H1: sedação Aumento de massa corporal Disfunções sexuais Síndrome de interrupção e efeitos colinérgicos rebote Pode agravar angina instável, HPB, epilepsia, arritmias pré-existentes Boa absorção VO Ampla distribuição Penetram na BHE O período inicial de tratamento geralmente é de 4 a 8 semanas Excreção renal A dosagem pode ser reduzida gradualmente para melhorar a tolerância, exceto em recaída Índice terapêutico estreito Pacientes que não respondem a um ADT podem se beneficiar de outro fármaco desse grupo IMIPRAMINA (protótipo) Indicada nos quadros depressivos, síndrome do pânico, TOC, TDAH Controle da micção de crianças na cama (pela contração do esfíncter interno da bexiga) Efeito sedativo moderado Possível indução de arritmias cardíacas e de outros problemas cardiovasculares graves Mais provável para hipotensão ortostática Efeito notado de 2 a 8 semanas AMITRIPITILINA Tratamento da enxaqueca e de síndromes de dor crônica de causa desconhecida Forte efeito sedativo NORTRIPTILINA Efeito sedativo suave Depressão Profilaxia de enxaqueca Mais indicada para idosos Menos provável para hipotensão ortostática, menos ação colinérgica CLOMIPRAMINA Efeito sedativo moderado Pode ser em TOC e como auxiliar na dor crônica Tratamento do transtorno de pânico AMOXAPINA Bloqueio não seletivo e potente de norepinefrina e serotonina no neurônio, no terminal nervoso pré-sináptico Bloqueia os receptores 5-HT2 e D2 MAPROTILINA Inibidor relativamente seletivo da captação de norepinefrina DESIPRAMINA Inibidor relativamente seletivo da captação de norepinefrina INIBIDORES DA RECAPTAÇÃO DE SEROTONINA E NOREPINEFRINA (IRSN) REPRESENTANTES MECANISMO DE AÇÃO INDICAÇÕES EFEITOS ADVERSOS FARMACOCINÉTICA GERAL Dupla ação de inibir a captação de serotonina e de norepinefrina Pouca atividade em receptores adrenérgicos, muscarínicos ou histamínicos São potentes, pouca interação, menos efeitos colaterais Caros Depressão nos casos em que ISRS foi ineficaz Depressão com sintomas dolorosos clônicos (moduladosem parte por vias de serotonina e norepinefrina no SNC) Alívio de sintomas físicos da dor neuropática Síndrome de interrupção VENLAFAXINA Potente inibidor da captação de serotonina Em dosagens médias e altas inibe captação de norepinefrina Em dosagens elevadas é um inibidor fraco da captação de dopamina Náuseas, tonturas Cefaleia Disfunções sexuais Insônia, sedação Constipação Em doses elevadas pode ocorrer aumento da PA e da FC Sua meia-vida + do seu metabólito ativo é cerca de 11h. · DESVENLAFAXINA É seu metabólito ativo desmetilado, não tem muito de seus efeitos clínicos e adversos DULOXETINA Inibe a captação de serotonina e norepinefrina em todas as dosagens Não deve ser administrada em pacientes com insuficiência hepática ou doença renal em estágio terminal Efeitos adversos GI (náuseas, xerostomia, constipação) Diarreia e êmese Insônia, tonturas, sudoração Sonolência Disfunção sexual Possível aumento da PA ou da FC Vários metabolitos no fígado Excreção renal Alimentos retardam a sua absorção Meia-vida ~12h INIBIDORES DA MONOAMINA OXIDADE (IMAO) A monoamina oxidase (MAO) é uma enzima mitocondrial encontrada em nervos e outros tecidos, como fígado e intestino. No neurônio, funciona como "válvula de segurança", desaminando oxidativamente e inativando qualquer excesso de moléculas de neurotransmissor (norepinefrina, dopamina e serotonina) que possa vazar das vesículas sinápticas quando o neurônio está em repouso. O IMAO pode inativar reversível ou irreversivelmente a enzima, permitindo que as moléculas do neurotransmissor fujam da degradação, se acumulem no neurônio pré-sináptico e vazem para o espaço sináptico. Ação antidepressiva indireta. REPRESENTANTES MECANISMO DE AÇÃO INDICAÇÕES EFEITOS ADVERSOS FARMACOCINÉTICA GERAL Forma complexos estáveis com a enzima, causando inativação irreversível. Isso gera aumento dos estoques de norepinefrina, serotonina e dopamina no interior dos neurônios e subsequente difusão do excesso de neurotransmissor para a fenda sináptica Inibem a MAO no cérebro, fígado e intestino, onde se catalisam desaminações oxidativas de fármacos e substâncias potencialmente tóxicas, como a tiramina, encontrada em certos alimentos muitas interações com fármacos e alimentos Depressão, em caso de pacientes que não respondem ou são alérgicos aos ADT ou que apresentam forte ansiedade Tratamento de estados fóbicos Propriedades estimulantes úteis para pacientes com atividade psicomotora baixa Depressão atípica * Contraindicado em depressão grave e ideação suicida Sonolência, hipotensão ortostática, visão borrada, xerostomia, disúria, constipação Uso limitado devido às complicadas restrições alimentares exigidas Muitas interações fármaco-fármaco e fármaco-alimento Incapacidade de degradar tiramina da dieta, causando grande liberação de catecolaminas armazenadas nos terminais nervosos e consequente “crise hipertensiva", com cefaleia occipital, rigidez no pescoço, taquicardia, náuseas, hipertensão, arritmias cardíacas, convulsões. Boa absorção VO Excreção renal A regeneração de enzima ocorre várias semanas após interromper o IMAO. Assim, quando houver troca de antidepressivos, deve haver intervalo mínimo de 2 semanas após o fim do tratamento com o IMAO e o início de outro antidepressivo de qualquer classe FENELZINA, ISOCARBOXAZIDA TRANILCIPROMINA Efeito estimulante, pode causar agitação e insônia. SELEGILINA Doença de Parkinson Pode ser utilizada em idosos Efeito estimulante, pode causar agitação e insônia Menos interações Disponível para administração transdérmica Em dosagens baixas, menor inibição da MAO hepática e intestinal Meia-vida média/curta OBS: Tiramina: presente em queijos envelhecidos, fígado de aves, peixe em conservas ou defumado, como anchovas e sardinhas, e vinhos tintos ANTIDEPRESSIVOS ATÍPICOS Grupo misto de fármacos que têm ação em vários locais diferentes REPRESENTANTES MECANISMO DE AÇÃO INDICAÇÕES EFEITOS ADVERSOS FARMACOCINÉTICA BUPROPIONA Fraco inibidor da captação de dopamina e norepinefina Alivia sintomas de depressão Ajuda a diminuir a compulsão por nicotina e atenua os sintomas de abstinência dos usuários que tentam parar de fumar Xerostomia, sudoração, nervosismo, tremores Baixa incidência de disfunções sexuais Risco de convulsões em doses altas Contraindicado para pacientes com risco de convulsões ou que sofrem de transtornos alimentares Meia-vida curta: + de uma dosagem/dia ou formulações de liberação lenta Baixo risco de interações MIRTAZAPINA Aumenta a neurotransmissão por serotonina e norepinefrina bloqueando os receptores a2 pré-sinápticos Bloqueio de receptores 5HT2 Atividade anti-histamínica Efeito sedativo vantajoso em pacientes deprimidos com dificuldade em dormir Sem efeitos adversos antimuscarínicos Não interfere na função sexual Aumento de apetite e da massa corporal NEFAZODONA, TRAZODONA Inibidor fraco da captação de serotonina Bloqueio dos receptores 5HT2A pós-sinápticos Potente bloqueio de H1 Antagonistas leves a moderados nos receptores alfa Com o uso crônico, podem insensibilizar autorreceptores pré-sinápticos 5HT1A e, assim, aumentar a liberação de serotonina Efeito sedativo: anti-H1 Ortostasia e tonturas: anti-alfa Priapismo (trazadona) Hepatotoxicidade (nefazodona)
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