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Microeconomia: Princ´ıpios Ba´sicos Cap´ıtulo 20. Minimizac¸a˜o de custos Escola de Po´s-Graduac¸a˜o em Economia 2009 Mestrado em Financ¸as e Economia Empresarial V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Microeconomia Novembro, 2009 1 / 29 To´picos cobertos 1 Minimizac¸a˜o de custos 2 Minimizac¸a˜o de custo revelada 3 Rendimentos de escala e func¸a˜o custo 4 Custos de curto e de longo prazos 5 Custos fixos e quase-fixos 6 Custos irrecupera´veis V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Microeconomia Novembro, 2009 2 / 29 Minimizac¸a˜o de custos Suponhamos que tenhamos dois fatores de produc¸a˜o de prec¸os w1 e w2 Suponhamos que queiramos encontrar o meio mais barato de alcanc¸ar um dado n´ıvel de produc¸a˜o y Se x1 e x2 medirem as quantidades utilizadas dos dois fatores, e f(x1, x2) for a func¸a˜o de produc¸a˜o Podemos escrever esse problema como min{w1x1 + w2x2 : (x1, x2) > 0 e f(x1, x2) = y} V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Microeconomia Novembro, 2009 3 / 29 Minimizac¸a˜o de custos Representamos a soluc¸a˜o como c(w1, w2, y) A func¸a˜o (w1, w2, y) 7→ c(w1, w2, y) e´ conhecida como func¸a˜o custo Representamos os custos e as restric¸o˜es tecnolo´gicas no mesmo diagrama Todas as combinac¸o˜es de insumos (x1, x2) que tenham um dado n´ıvel de custo, C verificam w1x1 + w2x2 = C E´ uma reta com inclinac¸a˜o −w1/w2 e intercepto vertical C/w2 Variando C, obteremos uma famı´lia de retas isocusto V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Microeconomia Novembro, 2009 4 / 29 Minimizac¸a˜o de custos O produtor move-se ao longo da isoquanta (restric¸a˜o tecnolo´gica) para encontrar a posic¸a˜o o´tima V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Microeconomia Novembro, 2009 5 / 29 Minimizac¸a˜o de custos Se a soluc¸a˜o o´tima envolver o uso de certa quantidade positiva de cada fator (soluc¸a˜o interior) E se a isoquanta formar uma curva suave a volta do soluc¸a˜o Enta˜o o ponto de minimizac¸a˜o de custos sera´ caracterizado pela condic¸a˜o de tangeˆncia A taxa te´cnica de substituic¸a˜o tem de ser igual a` raza˜o de prec¸os dos fatores PM1(x?1, x ? 2) PM2(x?1, x ? 2) = TTS(x?1, x ? 2) = w1 w2 V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Microeconomia Novembro, 2009 6 / 29 Minimizac¸a˜o de custos Se tivermos uma soluc¸a˜o de fronteira (um dos dois fatores na˜o for utilizado) A condic¸a˜o de tangeˆncia na˜o precisa ser satisfeita Do mesmo modo, se a func¸a˜o de produc¸a˜o apresentar “quebra”, a condic¸a˜o de tangeˆncia na˜o tera´ sentido V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Microeconomia Novembro, 2009 7 / 29 Minimizac¸a˜o de custos Imagine qualquer mudanc¸a no padra˜o de produc¸a˜o (∆x1,∆x2) que mante´m a produc¸a˜o constante: PM1(x?1, x ? 2)∆x1 + PM2(x ? 1, x ? 2)∆x2 = 0 Observa que ∆x1 e ∆x2 teˆm de ter sinais contra´rios Se estivermos no custo mı´nimo, essa mudanc¸a na˜o podera´ diminuir os custos w1∆x1 + w2∆2 > 0 Considerando a mudanc¸a (−∆x1,−∆x2) obtemos w1∆x1 + w2∆2 = 0 A condic¸a˜o de tangeˆncia segue V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Microeconomia Novembro, 2009 8 / 29 Minimizac¸a˜o de custos As escolhas de insumos que geram custos mı´nimos sa˜o notadas x1(w1, w2, y) e x2(w1, w2, y) Essas expresso˜es sa˜o chamadas func¸o˜es demanda de fatores condicionadas ou demanda de fatores derivadas Elas medem a relac¸a˜o entre os prec¸os, a produc¸a˜o e a escolha o´tima de fatores da empresa, condicionado a que a empresa tenha um dado n´ıvel de produc¸a˜o y Atenc¸a˜o: As func¸o˜es demanda de fatores que maximizam lucros fornecem as escolhas que maximizam lucros para determinado prec¸o do produto V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Microeconomia Novembro, 2009 9 / 29 Minimizac¸a˜o de custos para tecnologias espec´ıficas Suponhamos que consideremos uma tecnologia em que os bens sa˜o complementares perfeitos f(x1, x2) = min{x1, x2} Os custos mı´nimos de produc¸a˜o sera˜o c(w1, w2, y) = w1y + w2y = (w1 + w2)y V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Microeconomia Novembro, 2009 10 / 29 Minimizac¸a˜o de custos para tecnologias espec´ıficas Suponhamos que consideremos uma tecnologia em que os bens sa˜o substitutos perfeitos f(x1, x2) = x1 + x2 Os custos mı´nimos de produc¸a˜o sera˜o c(w1, w2, y) = min{w1y, w2y} = min{w1, w2}y V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Microeconomia Novembro, 2009 11 / 29 Minimizac¸a˜o de custos para tecnologias espec´ıficas Suponhamos que consideremos uma tecnologia Cobb–Douglas f(x1, x2) = xa1x b 2 Os custos mı´nimos de produc¸a˜o sera˜o c(w1, w2, y) = kw a a+b 1 w b a+b 2 y 1 a+b onde K e´ uma constante que depende de a e b V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Microeconomia Novembro, 2009 12 / 29 Minimizac¸a˜o de custo revelada O pressuposto de que a empresa escolhe fatores para minimizar o custo de produc¸a˜o tera´ implicac¸o˜es em como as escolhas observadas se modificam a` medida que os prec¸os dos fatores se modificam Suponhamos que observamos I dois conjuntos de prec¸os, (wt1, w t 2) e (w s 1, w s 2) I dois conjuntos de escolhas da empresa, (xt1, x t 2) e (x s 1, x s 2) Suponhamos que todas essas escolhas proporcionem o mesmo n´ıvel de produto y V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Microeconomia Novembro, 2009 13 / 29 Minimizac¸a˜o de custo revelada Se cada escolha for uma escolha minimizadora de custo aos prec¸os a ela associados, teremos de ter wt1x t 1 + w t 2x t 2 6 wt1xs1 + wt2xs2 e ws1x s 1 + w s 2x s 2 6 ws1xt1 + ws2xt2 Chamaremos esse tipo de desigualdades de Axioma Fraco da Minimizac¸a˜o de Custo (AFMC) V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Microeconomia Novembro, 2009 14 / 29 Minimizac¸a˜o de custo revelada Rearrumando, obtemos (wt1 − ws1)(xt1 − xs1) + (wt2 − ws2)(xt2 − xs2) 6 0 De forma mais condensada ∆w1∆x1 + ∆w2∆x2 6 0 Se o prec¸o do primeiro bem aumenta e o prec¸o do segundo bem permanece constante, enta˜o a demanda pelo fator 1 tem de diminuir: as demandas por fatores condicionadas se inclinem para baixo Os custos teˆm de crescer se qualquer um dos prec¸os dos fatores aumentar Se uma empresa escolher produzir uma quantidade maior de produtos, e os prec¸os dos fatores permanecerem constantes, os custos dessa empresa tera˜o de crescer V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Microeconomia Novembro, 2009 15 / 29 Rendimentos de escala e func¸a˜o custo Suponhamos que tenhamos o caso natural de rendimentos constantes de escala Suponhamos que tenhamos resolvido o problema de minimizac¸a˜o: c(w1, w2, 1) a func¸a˜o custo unita´ria Qual o modo mais barato de produzir y unidades de produto? Usamos y vezes mais de cada insumo que utiliza´vamos para produzir uma unidade de produto O custo mı´nimo para se produzir y unidades de produto sera´ de c(w1, w2, 1)y No caso de rendimentos constantes de escala, a func¸a˜o custo e´ linear no produto V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Microeconomia Novembro, 2009 16 / 29 Rendimentos de escala e func¸a˜o custo E se tivermos rendimentos crescentes de escala? Se uma empresa decide produzir duas vezes mais, ela pode fazeˆ-lo por menos de duas vezes o custo, desde que os prec¸os dos fatores permanec¸am fixos Pois, se a empresa dobra os insumos, ela mais do que dobrara´ seu produto Do mesmo modo, se a tecnologia apresentar rendimentos decrescentes de escala, a func¸a˜o custo crescera´ mais do que linearmente no que diz respeito ao produto. V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Microeconomia Novembro, 2009 17 / 29 Rendimentos de escala e func¸a˜o custo Definimos a func¸a˜o de custo me´dio sendo o custo unita´rio de produzir y unidades de um produto CM(y) = c(w1, w2, y) y Se a tecnologia apresentar rendimentos constantes de escala, o custo me´dio sera´ CM(w1, w2, y) = c(w1, w2, 1) O custo por unidade produzida sera´ constante V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Microeconomia Novembro, 2009 18 / 29 Rendimentos de escala e func¸a˜o custo Se a tecnologia proporcionar rendimentos crescentes de escala, os custos me´dios sera˜o decrescentes com relac¸a˜o ao produto Se a tecnologia proporcionar rendimentos decrescentes de escala, os custos me´dios crescera˜o a` medida que o produto cresce No resto do cap´ıtulo,iremos fixar os prec¸os dos fatores Escreveremos a func¸a˜o custo como func¸a˜o somente do produto: y 7→ c(y) V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Microeconomia Novembro, 2009 19 / 29 Custos de curto e de longo prazos E´ importante distinguir os custos mı´nimos em dois casos diferentes: quando a empresa pode ajustar todos os seus fatores de produc¸a˜o e quando ela so´ pode ajustar alguns desses fatores A func¸a˜o custo de curto prazo e´ definida como o custo mı´nimo para alcanc¸ar um dado n´ıvel de produto, mediante apenas o ajuste dos fatores de produc¸a˜o vara´veis A func¸a˜o custo de longo prazo fornece o custo mı´nimo de alcanc¸ar um dado n´ıvel de produto pelo ajuste de todos os fatores de produc¸a˜o V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Microeconomia Novembro, 2009 20 / 29 Custos de curto e de longo prazos Suponhamos que no curto prazo o fator 2 seja fixado num n´ıvel predeterminado x2 A func¸a˜o custo de curto prazo sera´ definida por cs(y, x2) = min{w1x1 + w2x2 : x1 > 0 e f(x1, x2) = y} No caso de dois fatores, basta encontrar a menor quantidade de x1, de modo que f(x1, x2) = y Se houver mais fatores de produc¸a˜o varia´veis no curto prazo, o problema de minimizac¸a˜o exigira´ um ca´lculo mais elaborado V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Microeconomia Novembro, 2009 21 / 29 Custos de curto e de longo prazos A func¸a˜o demanda de fatores de curto prazo do fator 1 e´ denotada xs1(w1, w2, y.x2, y) Por definic¸a˜o da func¸a˜o custo de curto prazo cs(y, x2) = w1xs1(w1, w2, x2, y) + w2x2 A func¸a˜o custo de longo prazo e´ definida por c(y) = min{w1x1 + w2x2 : (x1, x2) > 0 e f(x1, x2) = y} As func¸o˜es demanda de longo prazo sa˜o escritas da forma x1(y) e x2(y) V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Microeconomia Novembro, 2009 22 / 29 Custos de curto e de longo prazos A func¸a˜o custo de long prazo tambe´m pode ser escrita como c(y) = cs(y, x2(y)) A quantidade minimizadora de custos do fator varia´vel no longo prazo e´ aquela que a empresa escolheria no curto prazo–caso tivesse a quantidade de fator fixo que minimiza os custos no long prazo V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Microeconomia Novembro, 2009 23 / 29 Custos fixos e quase-fixos Os fatores fixos sa˜o os que teˆm de receber pagamento, haja ou na˜o produc¸a˜o Os fatores quase-fixos so´ teˆm de ser pagos se a empresa decidir ter uma quantidade positiva de produto Os custos fixos sa˜o aqueles associados aos fatores fixos: eles independem do n´ıvel do produto e, sobretudo, teˆm de ser pagos mesmo que a empresa na˜o produza nada Os custos quase-fixos tambe´m independem do n´ıvel de produto, mas so´ precisam ser pagos se a empresa produzir uma quantidade positiva de bens Na˜o ha´ custos fixos no longo prazo Entretanto, pode haver facilmente custos quase-fixos no longo prazo V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Microeconomia Novembro, 2009 24 / 29 Apeˆndice O problema de minimizac¸a˜o de custo consiste numa minimizac¸a˜o com restric¸a˜o da forma min{w1x1 + w2x2 : (x1, x2) > 0 e f(x1, x2) 6 y} Constru´ımos a Lagrangiana L(w1, w2, λ) ≡ w1x1 + w2x2 − λ[f(x1, x2)− y] com λ > 0 V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Microeconomia Novembro, 2009 25 / 29 Apeˆndice As condic¸o˜es de primeira ordem sa˜o ∂L ∂x1 (x, λ) = 0⇐⇒ w1 = λ ∂f ∂x1 (x) ∂L ∂x2 (x, λ) = 0⇐⇒ w2 = λ ∂f ∂x2 (x) e ∂L ∂λ (x, λ) = 0⇐⇒ f(x) = y Podemos rearranjar as duas primeiras equac¸o˜es para obter w1 w2 = [∂f/∂x1](x) [∂f/∂x2](x) V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Microeconomia Novembro, 2009 26 / 29 Apeˆndice Apliquemos esse me´todo a` func¸a˜o de produc¸a˜o Cobb–Douglas f(x1, x2) = xa1x b 2 As treˆs condic¸o˜es de primeira ordem sa˜o w1 = λaxa−11 x b 2 w2 = λbxa1x b−1 2 y = xa1x b 2 Multiplicamos a primeira equac¸a˜o por x1 e a segunda por x2 V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Microeconomia Novembro, 2009 27 / 29 Apeˆndice Obtemos w1x1 = λaxa1x b 2 = λay w2x2 = λbxa1x b 2 = λby Substituindo na terceira equac¸a˜o( λay w1 )a(λby w2 )b = y Podemos resolver para λ λ = (a−ab−bwa1w b 2y 1−a−b) 1 a+b V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Microeconomia Novembro, 2009 28 / 29 Apeˆndice As func¸o˜es demandas por fatores assumira˜o a forma x1(w1, w2, y) = (a b ) b a+b w −b a+b 1 w b a+b 2 y 1 a+b x2(w1, w2, y) = (a b ) −a a+b w a a+b 1 w −ab a+b 2 y 1 a+b Um pouco de algebra tediosa mostra que a func¸a˜o custo e´ c(w1, w2, y) = [(a b ) b a+b + (a b ) −a a+b ] w a a+b 1 w b a+b 2 y 1 a+b Observe que os custos ira˜o crescer mais do que, igual a, ou menos do que linearmente com o produto, a` medida que a+ b for menor, igual a, ou maior que 1 V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Microeconomia Novembro, 2009 29 / 29 Main Talk
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