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MATEMÁTICA APLICADA AULA 1 Profª Dayane Perez Bravo 2 CONVERSA INICIAL Durante o desenvolvimento desta aula, iremos apresentar algumas das principais ferramentas utilizadas em situações que a matemática se faz necessária. A álgebra e a geometria serão utilizadas para abstrair informações de problemas reais, de forma que seja possível tomar decisões com base nos resultados obtidos. Utilizada nas mais diversas áreas, por exemplo, na ciência da computação, estatística, engenharias, economia e medicina, a matemática nos permite modelar um problema de maneira que se torne possível solucioná-lo da melhor maneira. Nesta aula iremos introduzir conceitos essenciais para que você possa se familiarizar com as ferramentas que irá utilizar nas demais disciplinas do seu curso. Sendo assim, primeiramente abordaremos algumas operações básicas manipulação algébrica, polinômios, fatoração, expressões, equações e inequações. TEMA 1 – POTENCIAÇÃO E RADICIAÇÃO 1.1 Potenciação Você já percebeu que algumas vezes nos deparamos com números ou expressões muito grandes? Que tal descobrirmos como reduzir e simplificar esses resultados? Para fazer isso, dizemos que foi utilizada a notação exponencial. Veja a seguir alguns exemplos: a. (−3)(−3)(−3)(−3) (−3)(−3)(−3)(33)(−(−3)4 = 81 b. (𝑎 + 𝑏)(𝑎 + 𝑏) (𝑎 + 𝑏)(𝑎 + 𝑏) = (𝑎 + 𝑏)2 c. (𝑥 + 2)(𝑥 + 2)(𝑥 + 2)(𝑥 + 2) (𝑥 + 2)(𝑥 + 2)(𝑥 + 2)(𝑥 + 2) = (𝑥 + 2)4 Cuidado! Veja que (−3)4 ≠ −34, afinal, (−3)4 = 81 por conta de que os parênteses incluem o sinal na operação de potenciação. Já −34 = −(3 ∗ 3 ∗ 3 ∗ 3) = −81. 3 Simbolicamente, podemos resumir essa simplificação fazendo 𝒂 um número real, uma variável ou expressão e 𝒏 um número inteiro positivo. Então 𝑎𝑛 = 𝑎 ∗ 𝑎 ∗ 𝑎 ∗. . .∗ 𝑎⏟ 𝑛−𝑣𝑒𝑧𝑒𝑠 em que 𝑛 é o expoente, 𝑎 é a base. Podemos ler essa generalização dizendo que 𝑎𝑛 é a n-ésima potência de 𝑎 (ou 𝑎 elevado a 𝑛 ). Agora vamos observar algumas propriedades da potenciação. Para isso, vamos utilizar alguns valores genéricos: sejam 𝑎 e 𝑏 números reais (ou variáveis ou expressões numéricas) não nulos, e 𝑚 e 𝑛 números inteiros. Então: i. 𝑎𝑚 ∗ 𝑎𝑛 = 𝑎𝑚+𝑛 ii. 𝑎𝑚 𝑎𝑛 = 𝑎𝑚−𝑛 iii. 𝑎0 = 1 iv. 𝑎−𝑚 = 1 𝑎𝑚 v. (𝑎𝑏)𝑚 = 𝑎𝑚 ∗ 𝑏𝑚 vi. (𝑎𝑚)𝑚 = 𝑎𝑚∗𝑛 = 𝑎𝑛∗𝑚 = (𝑎𝑛)𝑚 vii. ( 𝑎 𝑏 ) 𝑚 = 𝑎𝑚 𝑏𝑚 Com base nessas propriedades, vamos resolver alguns exemplos: i. 32 ∗ 37 = 32+7 = 39 ii. 32 37 = 32−7 = 3−5 iii. 37 32 = 37−2 = 35 iv. 510 = 1 v. 3−5 = 1 35 vi. (3 ∗ 5)9 = 39 ∗ 59 vii. (35)2 = 32∗5 = (32)5 = 310 viii. ( 3 7 ) 2 = 32 72 ix. (2𝑎𝑏3)(5𝑎2𝑏5) = 10(𝑎𝑎2)(𝑏3𝑏5) = 10𝑎1+2𝑏3+5 = 10𝑎3𝑏8 x. ( 𝑥2 2 ) −3 = ( 2 𝑥2 ) 3 = 23 (𝑥2)3 = 8 𝑥2∗3 = 8 𝑥6 4 Percebeu como essas propriedades facilitam e simplificam a escrita quando abordamos números muito grandes ou muito pequenos? Esses conceitos são importantes, principalmente quando trabalhamos com potências na base 10, já que todo número pode ser escrito em notação científica: 𝐶 ∙ 10𝑚, em que 1 ≤ 𝑐 < 10 e 𝑚 é um inteiro positivo Por exemplo, sabendo que a distância aproximada entre a Terra e o Sol é de 149.597.870,700 quilômetros, podemos escrever essa distância em notação científica 1,5 ∗ 108 km. Note que o expoente 8 indica que podemos obter novamente o número original ao mover a vírgula por 8 casas do número decimal para a direita (Demana et al., 2009). Vamos fazer o mesmo para a massa de um elétron, que é aproximadamente 0,000 000 000 000 000 000 000 000 000 000 910 938 22 kg. Em notação científica 9, 109 382 2 ∗ 10−31. Aqui o expoente negativo −31 indica que temos a forma do número original ao mover a vírgula do número decimal 31 casas para a esquerda. Vamos simplificar a seguinte expressão: (370 000)(4 500 000) 18 000 = (3,7 ∗ 105)(4,5 ∗ 109) 1,8 ∗ 104 = 3,7 ∗ 4,5 ∗ 109 ∗ 105 1,8 ∗ 104 = 3,7 ∗ 4,5 ∗ 109+5 1,8 ∗ 104 = 3,7 ∗ 4,5 1,8 ∗ 1014 104 = 3,7 ∗ 4,5 1,8 ∗ 1014−4 = 9,25 ∗ 1010 = 92 500 000 000 1.2 Radiciação Agora vamos ver o que acontece quando trabalhamos com expoentes radicais. Mas antes disso, observe que na potenciação temos um número chamado base, que é multiplicado por si mesmo 𝑛 vezes, em que 𝑛 é o expoente. Na radiciação, é feito o contrário: é dada a potência a fim de encontrar a base. Os casos mais comuns que encontramos são a raiz quadrada e a raiz cúbica: se 𝑏2 = 𝑎, então, 𝑏 é raiz quadrada de a. Por exemplo, −3 e 3 são raízes de 9, já que (−3)2 = 9 e também (3)2 = 9. Analogamente, se 𝑏3 = 𝑎, então, 𝑏 é a raiz cúbica de 𝑎. Por exemplo, 2 é a raiz cúbica de 8, pois 23 = 8. 5 Assim podemos dizer que, sendo 𝑛 um número inteiro maior que 1, 𝑎 > 0 e 𝑏 números reais, então: i. Se 𝑏𝑛 = 𝑎, então, 𝑏 é a raiz 𝑛-ésima de 𝑎. ii. Se 𝑎 tem uma raiz n-ésima, então, a principal raiz 𝑛-ésima de 𝑎 é aquela com o mesmo sinal de 𝑎. A definição de principal raiz 𝑛-ésima de 𝑎 é indicada pela expressão com o radical 𝑎 1 𝑛⁄ . O inteiro positivo 𝑛 é o índice do radical e 𝑎 é o radicando. Dessa forma, dizemos que o expoente é fracionário. Agora vamos observar as propriedades de radicais, novamente generalizando alguns temos para facilitar a compreensão: sejam 𝑢 e 𝑣 números reais ou expressões algébricas, e 𝑚 e 𝑛 números positivos inteiros maiores que 1. Supondo que todas as raízes sejam números reais com denominadores não nulos. i. √𝑢𝑣 𝑛 = √𝑢 𝑛 ∗ √𝑣 𝑛 ii. √𝑢 𝑣⁄ 𝑛 = √𝑢 𝑛 √𝑣 𝑛⁄ iii. √√𝑢 𝑛𝑚 = √𝑢 𝑚+𝑛 iv. (√𝑢 𝑛 ) 𝑛 = 𝑢 v. √(𝑢)𝑚 𝑛 = (√𝑢 𝑛 ) 𝑚 vi. √(𝑢)𝑛 𝑛 = { |𝑢|, para 𝑛 par 𝑢, para 𝑛 ímpar Vejamos alguns exemplos: i. √6 = √2 ∗ 3 = √2 ∗ √3 ii. √96 4 √6 4⁄ = √96 6⁄ 4 = √16 4 = 2 iii. √√5 7 = √5 2+7 = √5 9 iv. (√2 3 ) 3 = 2 v. √82 3 = (√8 3 ) 2 = 22 = 4 vi. √(−6)2 = | − 6| = 6 vii. √(−6)3 3 = −6 Muitas vezes podemos encontrar frações contendo radicais no denominador. E um processo para que possamos reescrever essa fração para 6 que ela possua radicais apenas no numerador chama-se processo de racionalização, que é aplicado quando ocorrerem frações com radicais no denominador. Para que haja radicais apenas no denominador, devemos obter o denominador na forma √(𝑢𝑘) 𝑛 , multiplicar o numerador e o denominador por √(𝑢𝑛−𝑘) 𝑛 , ou seja: √(𝑢𝑘) 𝑛 ∙ √(𝑢𝑛−𝑘) 𝑛 = √𝑢𝑘 ∙ 𝑢𝑛−𝑘 𝑛 = √𝑢𝑘+𝑛−𝑘 𝑛 = √𝑢𝑛 𝑛 = 𝑢 Veja isso no seguinte exemplo: 1 √𝑥 4⁄ = (1 √𝑥 4⁄ ) ∗ (√ 𝑥4−1 4 √𝑥4−1 4⁄ ) = 1 ∗ √𝑥 34 √𝑥 4 ∗ √𝑥3 4⁄ = √𝑥 34 √𝑥4 4⁄ = √ 𝑥3 4 |𝑥|⁄ TEMA 2 – POLINÔMIOS Para calcularmos a área de um retângulo de base 𝑥 + 5 e altura 𝑥, conforme a figura abaixo 𝑥 𝑥 + 5 utilizamos a fórmula 𝐴 = 𝑏 ∗ ℎ, portanto, 𝐴 = (𝑥 + 5) ∗ 𝑥, ou seja, 𝑥2 + 5𝑥. A expressão da área desse retângulo é um de polinômio. Por definição dizemos que um polinômio em 𝒙 é qualquer expressão que pode ser escrita da forma: 𝑎𝑛𝑥 𝑛 + 𝑎𝑛−1𝑥 𝑛−1 + ⋯+ 𝑎2𝑥 2 + 𝑎1𝑥 + 𝑎0 em que 𝑛 é um inteiro não negativo e 𝑎𝑛 ≠ 0. Os números 𝑎𝑛 , 𝑎𝑛−1, ⋯ , 𝑎2, 𝑎1, 𝑎0 são números reais chamados de coeficientes. O grau do polinômio não nulo é o maior expoente da variável (𝑛), e o coeficiente principal é o número real 𝑎𝑛. Polinômios com um, dois e três termos são chamados de monômios, binômios e trinômios, respectivamente. Vejamos alguns exemplos de polinômios: i. 𝑃(𝑥) = 4𝑥3 + 5𝑥2 − 𝑥 − 2 em que o grau do polinômio é 3; ii. 𝑆(𝑡) = 𝑡7 − 9𝑡6 + 𝑡 − 𝑡2 + 2 com grau do polinômio 7; 7 iii. 𝑅(𝑥) = 5 o grau do polinômio é 0; iv. 𝑄(𝑦) = 3𝑦4 aqui temos um monômio e o polinômio é de grau 4; v. 𝑇(𝑥) = 𝑥3+ 1 temos um binômio de grau 3. Os polinômios podem apresentar valor numérico quando associamos a variável a um valor e o substituímos na sua lei de formação, por exemplo: 𝑓(𝑥) = 4𝑥2 − 7𝑥 + 5 e 𝑥 = 3, então 𝑓(3) = 4 ∗ (3)2 − 7 ∗ (3) + 5 = 4 ∗ 9 − 7 ∗ 3 + 5 = 36 − 21 + 5 = 20 Ou seja, 20 é o valor numérico que o polinômio assume quando 𝑥 = 3. O valor numérico que o polinômio 𝑃(𝑥) assume para 𝑥 = 𝛼 é o número que se obtém substituindo 𝑥 por 𝛼. O valor numérico para o qual o polinômio se anula é chamada raiz ou zero do polinômio, assim dizemos que: 𝛼 é raiz do polinômio se 𝑃(𝛼) = 0. As operações de subtração e adição são operadas apenas aos termos semelhantes, que são as variáveis elevadas a mesma potência, ou seja: (2𝑥3 − 3𝑥2 + 4𝑥 − 1) + (𝑥3 + 2𝑥2 − 5𝑥 + 3) aplicando a distributiva no segundo polinômio: = 2𝑥3 − 3𝑥2 + 4𝑥 − 1 + 𝑥3 + 2𝑥2 + (−5𝑥) + 3 agrupando os termos semelhantes (de mesma potência): = (2𝑥3 + 𝑥3) + (−3𝑥2 + 2𝑥2) + (4𝑥 + (−5𝑥)) + (−1 + 3) = (2 + 1)𝑥3 + (−3 + 2)𝑥2 + (4 − 5)𝑥 + (−1 + 3) = 3𝑥3 − 1𝑥2 − 1𝑥 + 2 = 3𝑥3 − 𝑥2 − 𝑥 + 2 A multiplicação é efetuada de acordo com a propriedade distributiva da multiplicação em relação à adição, ou seja, o produto de dois polinômios se dá pela adição dos resultados do produto de cada termo de um polinômio pelo outro polinômio. Vamos multiplicar os polinômios 𝑃(𝑥) = 2𝑥3 + 𝑥2 − 1 e 𝑄(𝑥) = 2𝑥2 + 3. 8 De acordo com a definição, devemos aplicar a distributiva, então: 𝑃(𝑥)𝑄(𝑥) = (2𝑥3 + 𝑥2 − 1 )(2𝑥2 + 3) = 2𝑥3 ∗ (2𝑥2 + 3) + 𝑥2 ∗ (2𝑥2 + 3) − 1 ∗ (2𝑥2 + 3) = 4𝑥5 + 3𝑥3 + 2𝑥4 + 6𝑥2 − 2𝑥2 − 3 = 4𝑥5 + 2𝑥4 + 3𝑥3 + 4𝑥2 − 3 Observe que se 𝑃 e 𝑄 são dois polinômios não nulos, então, o grau do polinômio 𝑃 ∙ 𝑄 é igual a soma dos graus de 𝑃 e 𝑄. Na divisão de polinômios, podemos utilizar várias técnicas, e aqui vamos tratar apenas a técnica do Briot-Ruffini. Por definição, dados dois polinômios 𝑃(𝑥) e 𝐷(𝑥), com 𝐷(𝑥) não nulo, dividir 𝑃(𝑥) por 𝐷(𝑥) significa encontrar outros dois polinômios 𝑄(𝑥) e 𝑅(𝑥), tais que: 𝑃(𝑥) 𝐷(𝑥) 𝑃(𝑥) = 𝐷(𝑥) ∙ 𝑄(𝑥) + 𝑅(𝑥) 𝑅(𝑥) 𝑄(𝑥) Para 𝑃(𝑥) o dividendo, 𝐷(𝑥) o divisor, 𝑄(𝑥) o quociente e 𝑅(𝑥) o resto. Na divisão de 𝑃(𝑥) = 𝑥4 − 7𝑥3 + 6𝑥2 + 5𝑥 − 3 por 𝐷(𝑥) = 𝑥2 + 2𝑥 − 3, o quociente será 𝑄(𝑥) = 𝑥2 − 9𝑥 + 27 e o resto 𝑅(𝑥) = −76𝑥 + 78. Veja por quê: 𝑥4 − 7𝑥3 + 6𝑥2 + 5𝑥 − 3 𝑥2 + 2𝑥 − 3 Devemos pensar em um número que multiplicado por 𝑥2 resulte em 𝑥4, e este é 𝑥2, e por último multiplicar por −1. 𝑥4 − 7𝑥3 + 6𝑥2 + 5𝑥 − 3 𝑥2 + 2𝑥 − 3 −𝑥4 − 2𝑥3 + 3𝑥2 𝑥2 − 9𝑥 + 27 0 − 9𝑥3 + 9𝑥2 + 5𝑥 − 3 devemos multiplicar por −9𝑥, para obtermos −9𝑥3: +9𝑥3 + 18𝑥2 − 27𝑥 0 + 27𝑥2 − 22𝑥 − 3 multiplicando por 27, obteremos 27𝑥2 −27𝑥2 − 54𝑥 + 81 0 − 76𝑥 + 78 como o grau do resto é menor que o grau do divisor, então, a divisão chegou ao fim. O método de Briot-Ruffini é utilizado apenas nos casos em que o divisor é de primeiro grau, 𝑥 + 𝑎 ou 𝑥 − 𝑎. Dado o polinômio cúbico do tipo 𝑎𝑥3 + 𝑏𝑥2 + 𝑐𝑥 + 𝑑 e queremos dividi-lo por 𝑥 − 𝑘, então, o esquema a ser utilizado é: 9 𝑘 𝑎 𝑏 𝑐 𝑑 𝑘𝑎 Operação diagonal: soma dos termos Operação vertical: multiplicação pelo termo 𝑘 𝑎 resto quociente Vejamos um exemplo de como aplicar este método: vamos dividir o polinômio 𝑥4 − 10𝑥2 − 2𝑥 + 4 por 𝑥 − 3: −3 1 0 − 10 − 2 4 −3 9 3 − 3 1 − 3 − 1 1 1 Assim, o 𝑥4 − 10𝑥2 − 2𝑥 + 4 = (𝑥 − 3)(𝑥3 − 3𝑥2 − 𝑥 + 1) + 1. Quando escrevemos um polinômio como um produto de dois ou mais fatores, estamos fatorando um polinômio. Um polinômio que não pode ser fatorado é um polinômio irredutível. Um polinômio está fatorado se estiver escrito como um produto de seus fatores irredutíveis. Uma das ferramentas mais utilizadas são os produtos para fatorar os polinômios. Segue uma lista de alguns produtos notáveis. Sejam 𝑎 e 𝑏 números reais, variáveis ou expressões algébricas: Produto de um soma e diferença: (𝑎 + 𝑏)(𝑎 − 𝑏) = 𝑎2 − 𝑏2 Quadrado da soma: (𝑎 + 𝑏)2 = 𝑎2 + 2𝑎𝑏 + 𝑏2 Quadrado da diferença: (𝑎 − 𝑏)2 = 𝑎2 − 2𝑎𝑏 + 𝑏2 Cubo da soma: (𝑎 + 𝑏)3 = 𝑎2 + 3𝑎2𝑏 + 3𝑎𝑏2 + 𝑏3 Cubo da diferença: (𝑎 − 𝑏)3 = 𝑎2 − 3𝑎2𝑏 + 3𝑎𝑏2 − 𝑏3 Soma de cubos: (𝑎 + 𝑏)(𝑎2 − 𝑎𝑏 + 𝑏2) = 𝑎3 + 𝑏3 Diferença de cubos: (𝑎 − 𝑏)(𝑎2 + 𝑎𝑏 + 𝑏2) = 𝑎3 − 𝑏3 Vejamos alguns exemplos de fatoração: 1. Agrupamento do tipo (𝑎 + 𝑏)(𝑐 + 𝑑) = 𝑎𝑐 + 𝑎𝑑 + 𝑏𝑐 + 𝑏𝑑: 3𝑥3 + 𝑥2 − 6𝑥 − 2 = (3𝑥3 + 𝑥2) − (6𝑥 + 2) = 𝑥2(3𝑥 + 1) − 2(3𝑥 + 1) = (3𝑥 + 1)(𝑥2 − 2) 10 2. Fatoração de trinômios de quadrado perfeito: 4𝑥2 − (𝑦 + 3)2 = (2𝑥)2 − (𝑦 + 3)2 = (2𝑥 + (𝑦 + 3)) ∗ (2𝑥 − (𝑦 + 3)) 3. Fatoração de soma e produto de dois cubos: 𝑥3 − 64 = 𝑥3 − 43 = (𝑥 − 4)(𝑥2 + 4𝑥 + 16) TEMA 3 – EXPRESSÕES FRACIONÁRIAS E COMPOSTAS 3.1 Expressões fracionárias Um quociente de duas expressões algébricas, além de ser outra expressão algébrica, é uma expressão fracionária ou uma fração algébrica. Alguns exemplos de expressões fracionárias: i. 𝑥2−5𝑥+2 √𝑥2+1 ii. 2𝑥3+3𝑥2−1 5𝑥2+𝑥−7 Se o quociente pode ser escrito como uma razão de dois polinômios, então, temos uma expressão racional. Uma expressão racional é própria se o grau do numerador é menor ao do denominador. Por exemplo: i. 𝑥 𝑥2+1 ii. 𝑥−5 3𝑥3+2𝑥2−5 Agora se o grau do numerador é maior ou igual ao grau do denominador, então, a expressão racional é imprópria, por exemplo: i. 𝑥2 𝑥2+1 ii. 𝑥3+2𝑥−6 2𝑥−1 Nos exemplos acima, note que estamos trabalhando polinômios, entretanto, quando no denominador temos a operação de radiciação/raiz, temos 11 que tomar certos cuidados com o domínio, pois ele pode haver restrições para que faça sentido à operação, ao contrário dos polinômios que são definidos na reta real. Para entendermos melhor, vejamos o exemplo a seguir. Dada a expressão fracionária 3𝑥2−𝑥+5 √𝑥−1 , para encontrar seu domínio, primeiro devemos analisar o domínio do denominador √𝑥 + 1: Pela definição temos que ter 𝑥 + 1 > 0. Sendo assim 𝑥 > −1 ou 𝑥 ∈ ]1,∞[ para que a expressão faça sentido. Agora, se olharmos os numerador 3𝑥2 − 𝑥 + 5, como se trata de um polinômio o domínio é o conjunto de todos os números reais. Combinando os dois domínios, temos que o domínio da expressão que atende às duas expressões é {𝑥 ∈ ℝ; 𝑥 > 1}. Dada a expressão 1 𝑥2−1 , repare que não é preciso analisar o domínio do numerador, entretanto, para que o denominador faça sentido, devemos ter 𝑥2 − 1 > 0. Sendo assim, 𝑥2 ≠ 1 ⟺ 𝑥 ≠ ±1, ou seja, 𝑥 ≠ −1 e 𝑥 ≠ 1. Então, o domínio da expressão fracionária deve ser 𝑥 ∈ ℝ − {−1, 1}. Vejamos agora algumas operações com frações: sejam 𝑎, 𝑏, 𝑐, 𝑑 quaisquer, onde 𝑏 ≠ 0 e 𝑑 ≠ 0. Então, valem: 1. Soma de frações (com determinação de um denominador em comum): 𝑎 𝑏 + 𝑐 𝑑 = 𝑎 𝑏 ∙ ( 𝑑 𝑑 ) + 𝑐 𝑑 ∙ ( 𝑏 𝑏 ) = 𝑎𝑑 𝑏𝑑 + 𝑐𝑏 𝑏𝑑 = 𝑎𝑑 + 𝑐𝑑 𝑏𝑑 2. Subtração de frações (com determinação de um denominador em comum): 𝑎 𝑏 − 𝑐 𝑑 = 𝑎 𝑏 ∙ ( 𝑑 𝑑 ) − 𝑐 𝑑 ∙ ( 𝑏 𝑏 ) = 𝑎𝑑 𝑏𝑑 − 𝑐𝑏 𝑏𝑑 = 𝑎𝑑 − 𝑐𝑑 𝑏𝑑 Observe que para a soma e subtração cujos denominadores não possuem fatores em comum, é conveniente pensarmos queestamos fazendo a seguinte operação de multiplicação cruzada: 𝑎 𝑏 + 𝑐 𝑑 = 𝑎𝑑+𝑐𝑏 𝑏𝑑 1. Multiplicação de frações: ( 𝑎 𝑏 ) ∙ ( 𝑐 𝑑 ) = 𝑎𝑐 𝑏𝑑 12 2. Divisão de frações (inversão e multiplicação): 𝑎 𝑏⁄ 𝑐 𝑑⁄ = ( 𝑎 𝑏 ) ∙ ( 𝑑 𝑐 ) = 𝑎𝑑 𝑏𝑐 Note que a fração do denominador inverte e multiplica a fração de numerador. Como consequência: 𝑎 𝑏⁄ 𝑐 = 𝑎 𝑏⁄ 𝑐 1⁄ = 𝑎 𝑏 ∙ 1 𝑐 = 𝑎 𝑏𝑐 3. Cancelamento de fatores iguais: 𝑎𝑏 𝑎𝑐 = 𝑏 𝑐 𝑎𝑏 + 𝑎𝑐 𝑎𝑑 = 𝑎(𝑏 + 𝑐) 𝑎𝑑 = 𝑏 + 𝑐 𝑑 Vejamos alguns exemplos das operações que acabamos de ver: 1. Some a expressão 𝑥 + 1 𝑥 : 𝑥 + 1 𝑥 = 𝑥2 𝑥 + 1 𝑥 = 𝑥2 + 1 𝑥 2. Some a expressão 1 𝑥+1 − 2 2𝑥−1 : 1 𝑥 + 1 − 2 2𝑥 − 1 = 1 𝑥 + 1 ∗ 2𝑥 − 1 2𝑥 − 1 − 2 2𝑥 − 1 ∗ 𝑥 + 1 𝑥 + 1 = 2𝑥 − 1 (𝑥 + 1)(2𝑥 − 1) − 2(𝑥 + 1) (𝑥 + 1)(2𝑥 − 1) = 2𝑥 − 1 − 2𝑥 − 2 (𝑥 + 1)(2𝑥 − 1) = −3 (𝑥 + 1)(2𝑥 − 1) = −3 2𝑥2 + 𝑥 − 1 3. Some a expressão: 𝑥 𝑥2−1 + 3 𝑥+1 : 𝑥 𝑥2 − 1 + 3 𝑥 + 1 = 𝑥 (𝑥 − 1)(𝑥 + 1) + 3 𝑥 + 1 = 𝑥 (𝑥 − 1)(𝑥 + 1) ∗ (𝑥 + 1) (𝑥 + 1) + 3 (𝑥 + 1) ∗ (𝑥 − 1)(𝑥 + 1) (𝑥 − 1)(𝑥 + 1) = 𝑥(𝑥 + 1) + 3(𝑥 + 1)(𝑥 − 1) (𝑥 − 1)(𝑥 + 1)(𝑥 + 1) 13 = (𝑥 + 1)[𝑥 + 3(𝑥 − 1)] (𝑥 + 1)(𝑥 − 1)(𝑥 + 1) = 𝑥 + 3(𝑥 − 1) (𝑥 − 1)(𝑥 + 1) = 𝑥 + 3𝑥 − 3 (𝑥 − 1)(𝑥 + 1) = 4𝑥 − 3 𝑥2 − 1 Ou, se observarmos que 𝑥2 − 1 = (𝑥 + 1)(𝑥 − 1), é o mínimo denominador comum é 𝑥2 − 1, logo: 𝑥 𝑥2 − 1 + 3 𝑥 + 1 = 𝑥 (𝑥 − 1)(𝑥 + 1) + 3 𝑥 + 1 = 𝑥 (𝑥 − 1)(𝑥 + 1) + 3(𝑥 − 1) (𝑥 − 1)(𝑥 + 1) = 𝑥 + 3(𝑥 − 1) (𝑥 − 1)(𝑥 + 1) = 4𝑥 − 3 𝑥2 − 1 3.2 Expressões compostas Muitas vezes, uma expressão algébrica complicada precisa ser simplificada para uma forma mais fácil de ser trabalhada. Uma fração composta ou fração complexa nada mais é do que uma fração na qual os numeradores e denominadores podem conter frações. O resultado das simplificações da fração composta gera uma fração simples. Para poder simplificar uma fração composta em uma simples, devemos aplicar as propriedades que já vimos. Veja um exemplo: 3 − 7 𝑥 + 2 1 − 1 𝑥 − 3 Esta é uma fração complexa. Antes de operarmos com ela ou de fazermos um estudo sobre o domínio, devemos transformá-la em uma fração simples: 3 − 7 𝑥 + 2 1 − 1 𝑥 − 3 = 3(𝑥 + 2) − 7 𝑥 + 2 (𝑥 − 3) − 1 𝑥 − 3 = 3𝑥 − 1 𝑥 + 2 𝑥 − 4 𝑥 − 3 = (3𝑥 − 1) (𝑥 + 2) ∗ (𝑥 − 3) (𝑥 − 4) 14 = 3𝑥2 − 4𝑥 + 3 𝑥2 − 2𝑥 − 8 para 𝑥 ≠ 3, 𝑥 ≠ 4 e 𝑥 ≠ −2. O artifício que vimos nas propriedades de operações de inversão e multiplicação é um dos mais utilizados nesses casos. Veja mais um exemplo: 𝑥 + ℎ 𝑥 + ℎ + 2 − 𝑥 𝑥 + 2 ℎ = (𝑥 + ℎ)(𝑥 + 2) − 𝑥(𝑥 + ℎ + 2) (𝑥 + ℎ + 2)(𝑥 + 2) ℎ = 𝑥2 + 2𝑥 + ℎ𝑥 + 2ℎ − (𝑥2 + ℎ𝑥 + 2𝑥) (𝑥 + ℎ + 2)(𝑥 + 2) ℎ 1 = 2ℎ (𝑥 + ℎ + 2)(𝑥 + 2) ∗ 1 ℎ = 2 (𝑥 + ℎ + 2)(𝑥 + 2) = 2 𝑥2 + (4 + ℎ)𝑥 + 2(ℎ + 2) para 𝑥 ≠ −(ℎ + 2) e 𝑥 ≠ −2. Outro caso que é uma expressão composta é quando envolvemos radicais. Vejamos alguns casos: i. √𝑥+1− 𝑥 2√𝑥+1 𝑥+1 ii. ( 1 𝑥+√𝑥2+1 ) (1 + 2𝑥 2√𝑥2+1 ) Vamos simplificar a primeira expressão: √𝑥 + 1 − 𝑥 2√𝑥 + 1 𝑥 + 1 = (𝑥 + 1)2√𝑥 + 1 2√𝑥 + 1 − 𝑥 2√𝑥 + 1 𝑥 + 1 1 = ( 2(𝑥 + 1) 1 2⁄ (𝑥 + 1) 1 2⁄ 2√𝑥 + 1 − 𝑥 2√𝑥 + 1 ) ∗ ( 1 𝑥 + 1 ) = ( 2(𝑥 + 1) 1 2 + 1 2 2√𝑥 + 1 − 𝑥 2√𝑥 + 1 ) ∗ ( 1 𝑥 + 1 ) = ( 2(𝑥 + 1) 2√𝑥 + 1 − 𝑥 2√𝑥 + 1 ) ∗ ( 1 𝑥 + 1 ) 15 = ( 2𝑥 + 2 − 𝑥 2√𝑥 + 1 ) ∗ ( 1 𝑥 + 1 ) = 𝑥 + 2 2(𝑥 + 1) 3 2⁄ Quando vamos simplificar expressões que envolvem radicais, devemos utilizar as propriedades de potenciação, assim como as técnicas de racionalização, que são: 1. Se o denominador é √𝑎, multiplica-se por √𝑎 √𝑎 . 2. Se o denominador é √𝑎 − √𝑏, multiplica-se por √𝑎+√𝑏 √𝑎+√𝑏 . 3. Se o denominador é √𝑎 + √𝑏, multiplica-se por √𝑎−√𝑏 √𝑎−√𝑏 . Essas mesmas instruções aplicam-se à racionalização de numeradores. Vejamos alguns exemplos numéricos: 1) 3 √12 = 3 2√3 = 3 2√3 ∗ √3 √3 = 3√3 2∗3 = √3 2 2) 1 √5+√2 = 1 √5+√2 ∗ √5−√2 √5−√2 = √5−√2 5−2 = √5−√2 3 3) 1 √𝑥−√𝑥+1 = 1 √𝑥−√𝑥+1 ∗ √𝑥+√𝑥+1 √𝑥+√𝑥+1 = √𝑥+√𝑥+1 𝑥−(𝑥+1) = √𝑥 + √𝑥 + 1 TEMA 4 – EQUAÇÕES As afirmações que fazemos a partir das igualdades de expressões algébricas são chamadas de equações. Essas equações obedecem às seguintes propriedades: sejam 𝑢, 𝑣, 𝑤 e 𝑧 números reais, variáveis ou expressões algébricas, então 1. Reflexiva: 𝑢 = 𝑢. 2. Simétrica: se 𝑢 = 𝑣, então, 𝑣 = 𝑢. 3. Transitiva: se 𝑢 = 𝑣 e 𝑣 = 𝑤, então, 𝑢 = 𝑤. 4. Adição: se 𝑢 = 𝑣 e 𝑤 = 𝑧, então, 𝑢 + 𝑤 = 𝑣 + 𝑧. 5. Multiplicação: se 𝑢 = 𝑣 e 𝑤 = 𝑧, então, 𝑢 ∙ 𝑤 = 𝑣 ∙ 𝑧. Uma solução de uma equação em 𝑥 é um valor de 𝑥 para o qual a equação seja verdadeira. Resolver uma equação em 𝑥 significa encontrar todos os valores possíveis de 𝑥 para que a equação seja verdadeira. Vamos verificar que 𝑥 = −2 é uma solução da equação 𝑥3 − 𝑥 + 6 = 0. De fato, se substituirmos o valor de 𝑥 = −2 na equação, temos: (−2)3 − (−2) + 6 =? 0 16 −8 + 2 + 6 =?0 0 = 0 Podemos ainda classificar as equações de acordo com a sua potência. Essas equações fazem parte da família de equações polinomiais. Vejamos os casos onde a potência é de primeiro e segundo grau. 4.1 Equações lineares Uma equação linear ou de primeira ordem é aquela que pode ser escrita na forma: 𝑎𝑥 + 𝑏 = 0 em que 𝑎 e 𝑏 são números reais com 𝑎 ≠ 0. Uma equação linear em uma variável tem exatamente uma única solução. E para encontrar a solução devemos fazer operações elementares de maneira a obter uma equação equivalente que produza os mesmos resultados, por exemplo: 1. Equação dada: 2𝑥 + 𝑥 = 3 9 agrupando os termos semelhantes e realizando simplificações a equação equivalente é 3𝑥 = 1 3 . 2. Equação: 𝑥 + 3 = 7 se somarmos (−3) em ambos os lados da igualdade obtemos a equação equivalente 𝑥 = 4 3. Equação: 3𝑥 = 12 se multiplicarmos pela constante 1 3⁄ em ambos os lados da igualdade obtemos a equação equivalente 𝑥 = 4. Para obter a equação equivalente, basta realizar manipulações algébricas. 4.2 Equações quadráticas Uma equação quadrática ou de segunda ordem é aquela que pode ser escrita na forma 𝑎𝑥2 + 𝑏𝑥 + 𝑐 = 0 em que 𝑎, 𝑏 e 𝑐 são números reais e 𝑎 ≠ 0. Aqui todas as técnicas de fatoração são válidas para manipular a equação e encontrar a equação equivalente de maneira a encontrar as raízes. Uma segunda técnica é para o caso de quando a equação é do tipo 17 (𝑎𝑥 + 𝑏)2 = 𝑐 em que, para resolvermos este caso, usamos a definição de radiciação: se 𝑏2 = 𝑎 então 𝑏 = √𝑎 ou 𝑏 = −√𝑎. Sendo assim (𝑎𝑥 + 𝑏)2 = 𝑐 ⇔ (𝑎𝑥 + 𝑏) = ±√𝑐 ⇔ 𝑎𝑥 = ±√𝑐 − 𝑏 ⇔ 𝑥 = ±√𝑐 − 𝑏 𝑎 Exemplo: Resolva (2𝑥 − 1)2 = 9 (2𝑥 − 1)2 = 9 2𝑥 − 1 = √9 2𝑥 − 1 = ±3 2𝑥 − 1 = 3 ou 2𝑥 − 1 = −3 2𝑥 = 3 + 1 ou 2𝑥 = −3 + 1 2𝑥 = 4 ou 2𝑥 = −2 𝑥 = 2 ou 𝑥 = −1 Lembre-se de que se 𝑎 e 𝑏 são números reais e se 𝑎 ∗ 𝑏 = 0, então, 𝑎 = 0 ou 𝑏 = 0. Essa técnica é mais genérica do que parece, pois toda equação quadrática pode ser escrita como (𝑥 + 𝑏)2 = 𝑐. Vamos relembrar o procedimento de completar quadrados. Para resolver a equação 𝑥2 + 𝑏𝑥 = 𝑐 por essa técnica, devemos adicionar (𝑏 2⁄ ) 2 em ambos os lados da igualdade e fatorando o lado esquerdo: 𝑥2 + 𝑏𝑥 + ( 𝑏 2 ) 2 = 𝑐 + ( 𝑏 2 ) 2 ⟺ (𝑥 + 𝑏 2 ) 2 = 𝑐 + 𝑏2 4 ou 𝑥2 + 2 ∙ 𝑥 ∙ 𝑏 2 + ( 𝑏 2 ) 2 = 𝑐 + ( 𝑏 2 ) 2 ⟺ (𝑥 + 𝑏 2 ) 2 = 𝑐 + 𝑏2 4 Obs.: a estratégiaé pensarmos na seguinte frase enquanto estamos realizando o processo: quadrado do primeiro (𝑥2) menos duas vezes o primeiro pela metade do segundo (−2 ∙ 𝑥 ∙ 𝑏 2 ) mais o quadrado da metade do segundo 18 ( 𝑏 2 ) 2 , menos o quadrado da metade do segundo −( 𝑏 2 ) 2 mais o termo independente 𝑐. Vamos resolver a equação 4𝑥2 − 20𝑥 + 17 = 0 pelo método de completar quadrados: 4𝑥2 − 20𝑥 + 17 = 0 𝑥2 − 5𝑥 + 17 4 = 0 𝑥2 − 5𝑥 = − 17 4 𝑥2 − 5𝑥 + ( −5 2 ) 2 = − 17 4 + ( −5 2 ) 2 (𝑥 − 5 2 ) 2 = − 17 4 + 25 4 (𝑥 − 5 2 ) 2 = 8 4 (𝑥 − 5 2 ) 2 = 2 𝑥 − 5 2 = ±√2 𝑥 = 5 2 ± √2 então as raízes são 𝑥 = 5 2 + √2 ou 𝑥 = 5 2 − √2. 4.3 Fórmula de Bhaskara Agora, se estamos com a equação geral 𝑎𝑥2 + 𝑏𝑥 + 𝑐 = 0, podemos utilizar a fórmula conhecida como Fórmula de Bhaskara: As soluções da equação 𝑎𝑥2 + 𝑏𝑥 + 𝑐 = 0, em que 𝑎 ≠ 0, são dadas pela fórmula: 𝑥 = −𝑏±√𝑏2−4𝑎𝑐 2𝑎 Vamos resolver a equação 2𝑥2 − 10𝑥 = −8. Colocando a equação da maneira padrão, podemos identificar os coeficientes para então aplicar a fórmula de Bhaskara: 2𝑥2 − 10𝑥 + 8 = 0, então, 𝑎 = 2, 𝑏 = −10 e 𝑐 = 8. 19 𝑥 = −(−10) ± √(−10)2 − 4(2)(8) 2(2) = 10 ± √100 − 64 4 = 10 ± √36 4 = 10 ± 6 4 𝑥 = 10 + 6 4 𝑜𝑢 𝑥 = 10 − 6 4 𝑥 = 16 4 𝑜𝑢 𝑥 = 4 4 𝑥 = 4 𝑜𝑢 𝑥 = 1 Assim, as raízes são 𝑥 = 4 e 𝑥 = 1. 4.4 Soluções geométricas Além do artifício da manipulação algébrica, podemos também encontrar soluções para as equações geometricamente. Para isso, devemos encontrar os valores de 𝑥 por onde a reta intercepta o eixo horizontal 𝑥. Esses valores podem ser chamados de raízes e existem várias técnicas para isso. No caso de equações de primeira ordem, temos apenas uma solução, então, o gráfico irá encontrar o eixo das abscissas (eixo 𝑥) apenas uma vez, ou seja, o gráfico de uma equação de primeira ordem é do tipo 𝑎𝑥 + 𝑏 = 0 é do tipo: Se 𝑎 > 0: Se 𝑎 < 0: 20 Nas imagens, podemos identificar a localização da raiz da equação. Note que o sinal do coeficiente 𝑎, determina se o gráfico começa do lado direito ou esquerdo. Vejamos a equação 𝑦 = 2𝑥 − 5. Para encontrar a raiz devemos fazer 𝑦 = 0 e isolar o 𝑥, ou seja, 2𝑥 − 5 = 0 ⇔ 𝑥 = 5 2⁄ é raiz, então, construindo o gráfico podemos ver o comportamento da raiz encontrada. Já para o caso de uma equação de segunda ordem, do tipo 𝑎𝑥2 + 𝑏𝑥 + 𝑐 = 0, como ela tem duas raízes, então, o gráfico deve encontrar o eixo das abscissas duas vezes, como temos na figura a seguir. Se as duas raízes são iguais, então o gráfico encontrará o eixo das abscissas apenas uma vez. Vamos resolver a equação 3𝑥2 − 6𝑥 = 5. Resolvendo por qualquer uma dos métodos apresentados acima, encontramos as raízes 𝑥1 = (6 + √96) 6 ⁄ ≈ 2,63 e 𝑥2 = (6 − √96) 6 ⁄ ≈ −0,63. 21 Dados os pontos de solução, chamados de pontos de intersecção, podemos reescrever a equação de origem, utilizando das ferramentas de fatoração que vimos. Por exemplo, para a equação de segundo grau, se dados os pontos de solução, 𝑥1 e 𝑥2, a equação 𝑎𝑥 2 + 𝑏𝑥 + 𝑐, pode ser encontrada como (𝑥 − 𝑥1)(𝑥 − 𝑥2) = 𝑎𝑥 2 + 𝑏𝑥 + 𝑐. TEMA 5 – INEQUAÇÕES Resolver uma inequação em 𝑥 significa encontrar todos os valores de 𝑥 para os quais a inequação é verdadeira. Logo, uma solução de uma inequação é um valor de 𝑥 que satisfaz a lei de formação da inequação. Resolver uma inequação significa encontrar o seu conjunto solução, que é o conjunto de todas as soluções encontradas. Formalmente, uma inequação linear em x pode ser escrita da forma 𝑎𝑥 + 𝑏 < 0 𝑎𝑥 + 𝑏 ≤ 0 𝑎𝑥 + 𝑏 > 0 𝑎𝑥 + 𝑏 ≥ 0 para 𝑎, 𝑏 ∈ ℝ com 𝑎 ≠ 0. Vejamos as propriedades que regem nas inequações: sejam 𝑢, 𝑣,𝑤 e 𝑧 números reais, variáveis ou expressões algébricas e 𝑐 um número real. 1. Transitiva: se 𝑢 < 𝑣 e 𝑣 < 𝑤, então, 𝑢 < 𝑤. 2. Adição: se 𝑢 < 𝑣, então, 𝑢 + 𝑤 < 𝑣 + 𝑤. Se 𝑢 < 𝑣 e 𝑤 < 𝑧, então, 𝑢 + 𝑤 < 𝑣 + 𝑧. 3. Multiplicação: se 𝑢 < 𝑣 e 𝑐 > 0, então, 𝑢 ∙ 𝑐 < 𝑣 ∙ 𝑐 Se 𝑢 < 𝑣 e 𝑐 < 0, então, 𝑢 ∙ 𝑐 > 𝑣 ∙ 𝑐 As propriedades listadas são verdadeiras quando trocamos a desigualdade > por ≥. Entretanto, devemos ter cuidado para os casos em que trocamos < por ≤. Note ainda que na propriedade da multiplicação a 22 desigualdade se mantém quando multiplicamos a inequação por um número positivo, mas ela inverte quando o número é negativo. Para encontrar o conjunto solução de inequação, também vamos trabalhar com equivalência, mas neste caso de inequações, vamos realizar operações elementares para então encontrar o conjunto solução da inequação. Resolvendo 3(𝑥 − 1) + 2 ≤ 5𝑥 + 6. 3(𝑥 − 1) + 2 ≤ 5𝑥 + 6 3𝑥 − 3 + 2 ≤ 5𝑥 + 6 3𝑥 − 1 ≤ 5𝑥 + 6 3𝑥 − 1 + 1 ≤ 5𝑥 + 6 + 1 3𝑥 ≤ 5𝑥 + 7 3𝑥 − 5𝑥 ≤ 5𝑥 − 5𝑥 + 7 −2𝑥 ≤ 7 −2𝑥 ( 1 −2 ) ≥ 7 ∙ ( 1 −2 ) 𝑥 ≥ − 7 2 Logo, o conjunto solução é [−3.5,∞[. Observe que o conjunto solução são intervalos. Resolvendo a inequação dupla: −3 < 2𝑥 + 5 3 ≤ 5 −3 < 2𝑥 + 5 3 ≤ 5 (−3) ∙ 3 < ( 2𝑥 + 5 3 ) ∙ 3 ≤ 5 ∙ 3 −9 < 2𝑥 + 5 ≤ 15 −9 − 5 < 2𝑥 + 5 − 5 ≤ 15 − 5 −14 < 2𝑥 ≤ 10 −14 ∙ ( 1 2 ) < 2𝑥 ∙ ( 1 2 ) ≤ 10 ∙ ( 1 2 ) −7 < 𝑥 ≤ 5 Portanto o conjunto solução é ]−7, 5]. Note que uma inequação dupla é a combinação de duas inequações. Para inequações quadráticas, como do tipo 𝑎𝑥2 + 𝑏𝑥 + 𝑐 > 0, 𝑎𝑥2 + 𝑏𝑥 + 𝑐 < 0, 𝑎𝑥2 + 𝑏𝑥 + 𝑐 ≥ 0 ou 𝑎𝑥2 + 𝑏𝑥 + 𝑐 ≤ 0, primeiramente resolvemos a 23 equação 𝑎𝑥2 + 𝑏𝑥 + 𝑐 = 0 e, então, combinados com a análise gráfica fazendo o estudo de sinal, determinamos o conjunto solução. Vejamos os exemplos abaixo para que possamos entender melhor. Resolvendo 2𝑥2 + 3𝑥 ≤ 20. Passo 1: reorganizar a inequação 2𝑥2 + 3𝑥 − 20 ≤ 0 Passo 2: resolver a equação 2𝑥2 + 3𝑥 − 20 = 0 Usando as técnicas vistas anteriormente encontramos as soluções 𝑥1 = −4 e 𝑥2 = 5 2⁄ . Passo 3: análise gráfica/análise de sinal: Note que dentro do intervalo [−4, 2.5] os valores da equação que estamos analisando são negativos, e isso se dá porque a região do gráfico correspondente está abaixo do eixo das abscissas. Mas fora do intervalo, os valores do gráfico são positivos. Passo 4: determinação do conjunto solução: Como queremos valores aos quais 2𝑥2 + 3𝑥 − 20 ≤ 0, então estamos procurando todos os valores de 𝑥 onde a equação seja negativa. E isso se dá exatamente no intervalo [−4, 2.5]. Resolvendo 𝑥2 − 𝑥 − 12 > 0. Passo 1: a inequação já está organizada. Passo 2: resolver a equação 𝑥2 − 𝑥 − 12 = 0. As soluções desta equação são 𝑥1 = 4 e 𝑥2 = −3. Passo 3: análise gráfica 24 No intervalo [−3, 4] os valores da equação que estamos analisando são negativos. Mas fora do intervalo os valores do gráfico são positivos. Passo 4: determinação do conjunto solução: Como queremos valores aos quais 𝑥2 − 𝑥 − 12 > 0, então, estamos procurando todos os valores de 𝑥 onde a equação seja positiva. E de acordo com a análise realizada anteriormente, o conjunto solução será ] − ∞,−3[ ∪ ]4,∞[. Os casos em que não existe solução para a inequação são aqueles em que o gráfico não encontra nenhuma vez o eixo das abscissas, ou que não há solução real para a equação correspondente, ou seja, quando 𝑏2 − 4𝑎𝑐 < 0, da fórmula de Bhaskara. As inequações com valor absoluto devem obedecer à definição: seja 𝑢 uma expressão algébrica em 𝑥 e 𝑎 um número com 𝑎 ≥ 0. 1) |𝑢| < 𝑎 se e somente se – 𝑎 < 𝑢 < 𝑎. 2) |𝑢| > 𝑎 se e somente se 𝑢 < −𝑎 ou 𝑢 > 𝑎. Se trocarmos as desigualdades < e > por ≤ e ≥, a definição se mantém. Resolvendo |𝑥 − 4| < 8. Vamos usar a definição apresentada: |𝑥 − 4| < 8−8 < 𝑥 − 4 < 8 −8 + 4 < 𝑥 < 8 + 4 −4 < 𝑥 < 12 Portanto, o conjunto solução é ] − 4,12[. Resolvendo |3𝑥 − 2| ≥ 5 Aplicando a definição: |3𝑥 − 2| ≥ 5 3𝑥 − 2 ≤ −5 ou 3𝑥 − 2 ≥ 5 25 3𝑥 ≤ −5 + 2 ou 3𝑥 ≥ 5 + 2 3𝑥 ≤ −3 ou 3𝑥 ≥ 7 𝑥 ≤ −1 ou 𝑥 ≥ 3 7⁄ Assim, o conjunto solução é ] − ∞,−1] ∪ [3 7⁄ , ∞[. FINALIZANDO Nesta aula, relembramos algumas operações básicas e manipulações algébricas essenciais para a resolução de alguns problemas. A fatoração de polinômios e a simplificação de expressões algébricas também foram vistas, deixando clara a necessidade do uso desses recursos para facilitar as contas. Por fim, as equações e inequações foram apresentadas. Essas, por sua vez, podem ser muito utilizadas no decorrer dos seus estudos. 26 REFERÊNCIAS DEMANA, F. D. et al. Pré-cálculo. 7. ed. São Paulo: Pearson Education do Brasil Ltda, 2009.
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