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LAUDO PERICIAL LP 000/2018 AUTOS NR. xxxxxx AUTOR(es) - BRUNA GABRIELA SCHADLER MAHMAD RÉU(s) – VARA - TIONILIO JOSÉ RIBEIRO, IDÁLIA ANA RIBEIRO 1º VARA CÍVEL DA COMARCA DE CASCAVEL PARANÁ Bruna Gabriela Schadler Mahmad, Arquiteta e Urbanista, pós- graduanda em Engenharia de Avaliações e Perícias, CAU PR – A135320-9, Perita nomeada por Vossa Excelência nos autos supra, vem apresentar as conclusões que chegou através deste Laudo Pericial investigatório de Manifestações Patológicas da Edificação. Cascavel 2018 2 SUMÁRIO 1. CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES .................................................................... 4 1.1. GERAL ................................................................................................................ 4 1.2. PRESSUPOSTOS, RESSALVAS E FATORES LIMITANTES ............................ 5 2. OBJETIVO .............................................................................................................. 5 2.1. Geral ................................................................................................................... 5 2.2. Específico ............................................................................................................ 6 3. OBJETO ................................................................................................................. 6 4.2. CRITÉRIOS ADOTADOS PARA INSPEÇÃO DA EDIFICAÇÃO ......................... 8 4.2.1. Classificação das Anomalias e Falhas ............................................................. 8 4.2.1.1. Anomalia ....................................................................................................... 9 4.2.1.2. Falhas ......................................................................................................... 10 4.2.2. Grau de Risco ................................................................................................ 11 4.3. CRITÉRIO DA INSPEÇÃO PREDIAL ADOTADO ............................................. 12 4.3.1. Nível de inspeção .......................................................................................... 12 4.3.2. Tipo de inspeção ............................................................................................ 13 5. ANÁLISE TÉCNICA .............................................................................................. 13 6. DESENVOLVIMENTO DOS TRABALHOS PERICIAIS ........................................ 14 7. CAUSAS DOS PROBLEMAS APRESENTADOS ................................................ 14 8. CONCLUSÕES DA PERÍCIA ............................................................................... 15 10. RELATÓRIO FOTOGRÁFICO .............................................................................. 16 11. RELATÓRIO FOTOGRÁFICO SEGUNDA VISTORIA…………………………………………………….…..18 12. TERMO DE ENCERRAMENTO ........................................................................... 29 ANEXO I – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ................................................................... 30 ANEXO II – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS……………………………………………31 3 LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Localização do Imóvel em questão .................................................................. 7 Figura 2 - Danos causados em toda lateralidade do imóvel ........................................... 14 Figura 3 - Tabela de preços CUB ................................................................................... 16 Figura 4: Rachaduras ocorridas pela força aplicada horizontalmente na residência devido à sobrecarga de aterro em estrutura insuficiente de muro.................................. 17 Figura 5: A incidência de rachaduras ocorreu após o aterramento do lote vizinho. ....... 17 Figura 6: Os danos à residência foram generalizados, porém, em alguns lugares a intensidade foi maior. ..................................................................................................... 18 Figura 7: Lateral danificada do imóvel. ........................................................................... 18 Figura 8: Além de rachaduras e deslocamento, estão ocorrendo infiltrações nas paredes danificadas. .................................................................................................................... 19 Figura 9 - Vista da sala – a fratura aumentou desde a última vistoria ............................ 20 Figura 10 - Vão entre a sala e a cozinha – aumento das patologias .............................. 20 Figura 11 - Aumento da fratura tanto em extensão quanto em diâmetro ....................... 21 Figura 12 - Aumento considerável da avaria .................................................................. 21 Figura 13 - Aumento considerável da avaria .................................................................. 22 Figura 14 - Aumento considerável da avaria .................................................................. 22 Figura 15 - Afastamento do forro ainda continua ........................................................... 23 Figura 16 - Aumento considerável da avaria .................................................................. 23 Figura 17 - Aumento considerável da avaria .................................................................. 24 Figura 18 - Fratura não percebida na ocasião da última vistoria .................................... 24 Figura 19 - Fratura não percebida na ocasião da última vistoria .................................... 25 Figura 20 - Fratura não percebida na ocasião da última vistoria .................................... 25 Figura 21 - Fratura não percebida na ocasião da última vistoria .................................... 26 Figura 22 - Aumento da avaria ....................................................................................... 26 Figura 23 - Porta não fecha mais ................................................................................... 27 Figura 24 - Aumento das fraturas no piso ...................................................................... 27 Figura 25 - Fratura não percebida na ocasião da última vistoria .................................... 28 Figura 26 - A fratura aumentou em extensão ................................................................. 28 4 1. CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES 1.1. GERAL i. A Perícia em Edificações caracteriza-se pela determinação da origem, causa e mecanismo de ação de um fato, condição ou direito relativo a uma edificação, tendo como foco central a análise das manifestações patologias identificadas no imóvel. Sendo assim serão apontadas as causas dos fatos, condição ou direito e encontrar o nexo causal aos seus efeitos, permitindo a posterior apuração das responsabilidades; ii. Os profissionais que sobrescrevem este laudo efetuaram levantamento e coleta de dados no imóvel vistoriado com registro fotográfico datado e depoimento dos moradores, funcionários e outros interessados; iii. No contexto aqui apresentado a ANOMALIA representa a irregularidade relativa à construção ou funcional, enquanto que a FALHA diz respeito à manutenção, operação e uso inadequado ou inexistente da edificação, conforme Norma de Inspeção Predial do IBAPE/SP; iv. Aceitam-se como verdadeiros os documentos enviados e/ou consultados, bem como informações prestadas por terceiros, como de boa fé e confiáveis; v. Este trabalho visa unicamente a constatação e análise de vícios construtivos, patologias que foram expressamente solicitados nos autos, vícios ocultos ou demais anomalias existentes não apontadas neste laudo pericial não são de responsabilidade deste trabalho ou do profissional aqui envolvido; vi. No escopo dessa perícia não está previsto a realização de ensaios destrutivos ou não destrutivos ao imóvel. Inicialmenteserão realizados levantamentos e coletas de dados gerais nos imóveis vistoriados, com registro fotográfico datado, análise das patologias alegadas, fundamentação teórica e análise da documentação como: projetos, 5 memoriais descritivos e de cálculos, relatórios, laudos, certidões, contratos, alvarás fornecidos por órgãos de fé pública e outros. Caso os procedimentos anteriores não sejam suficientes e havendo a real necessidade para apuração e conclusão dos fatos, será solicitado a Excelentíssimo(a) Doutor(a) Juiz(a) de Direito procedimentos complementares, como análise e ensaios laboratoriais ou qualquer outro recurso imprescindível para finalização da peça técnica; vii. A profissional responsável, Arquiteta e Urbanista, pós graduanda em engenharia de avaliações e perícias Bruna Gabriela Schadler Mahmad, com registro no CAU/PR A135320-9 e IBAPE/PR xxx vem apresentar este Laudo Pericial que obedece às diretrizes preconizadas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT e pelo Instituto Brasileiro de Avaliações e Pericias – IBAPE. Bem como declara respeitar os preceitos do Código de Ética da Profissão elaborado pelo CREA/CONFEA. 1.2. PRESSUPOSTOS, RESSALVAS E FATORES LIMITANTES Foram realizados questionamentos e inquirições aos presentes no dia da Perícia para melhor compreensão dos fatos, conforme preconiza o Art. 429 do Código de Processo Civil. Informações essas que foram usadas como subsídio para a confecção desse laudo. 2. OBJETIVO 2.1. Geral O objetivo geral da perícia técnica visa fornecer elementos técnicos objetivos, racionais e lógicos, fundamentados em princípios físicos e matemáticos aplicados à engenharia, como auxílio à apuração da verdade dos fatos. Desta forma, fornecer, ao Eminente Julgador, subsídios contundentes e esclarecedores de todas as questões relativas aos aspectos técnicos de Engenharia envolvidos na lide. 6 Em especial, constatar e analisar a existência de manifestações patológicas na edificação, levantada nos Autos, mediante a verificação “in loco” e “visum et repertum” - perpetuar a memória – através de registro fotográfico das características físicas e do estado de conservação do edifício. O escopo do presente trabalho consiste em apuração da ocorrência de danos na residência objeto desse parecer, e, confirmando-se os eventos, apurar responsabilidades. 2.2. Específico a. Vistoriar e inspecionar os imóveis dos autores; b. Descrever e caracterizar as manifestações patológicas apresentadas na edificação, referenciando segundo a bibliografia consultada, como livros, artigos e trabalhos acadêmicos; c. Apontar as possíveis origens, causas e mecanismos de ocorrências das falhas e anomalias identificadas na residência; d. Apresentar o diagnóstico das manifestações patológicas e possíveis responsáveis; e. Constatar os possíveis danos causados pelas falhas e anomalias construtivas; f. Elaborar o presente laudo e responder aos quesitos formulados pelas partes, esclarecendo todas as questões relativas aos aspectos técnicos de engenharia envolvidos na lide. 3. OBJETO O objeto de análise investigatória é uma residência habitacional unifamiliar localizada na Rua Quintino Bocaiúva, bairro Parque São Paulo na cidade de Cascavel - Paraná. 7 Figura 1 - Localização do Imóvel em questão. Fonte: Google Earth Padrão do Construtivo: BAIXO (R1-B) em face de classificação normatizada pela NBR 12721/06 - Avaliação de custos unitários de construção para incorporação imobiliária e outras disposições para condomínios edilícios — Procedimento da Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT. Idade real: 15 anos (aprox.). Idade aparente: 15 a 18 anos. Estado de conservação: Médio Data do Habite-se: não tive acesso. 8 4. METODOLOGIA E CRITÉRIOS ADOTADOS A metodologia para realização da perícia, em geral, consiste em etapas fundamentais sendo estas o trabalho de campo, a investigação técnica e a fase conclusiva. A vistoria e análise do trabalho de campo podem e devem ser acompanhadas de investigações “in loco”, havendo a necessidade de serem complementadas com estudos baseados em documentos técnicos e outras fontes de informação, para se alcançar a conclusão, com fundamentação. 4.1. MÉTODOS UTILIZADOS PARA LEVANTAMENTO DOS DADOS Vistoria ”in loco” das manifestações patológicas com registro fotográfico; Análise dos documentos; Análise técnica e diagnóstica dos problemas patológicos; Parecer conclusivo. 4.2. CRITÉRIOS ADOTADOS PARA INSPEÇÃO DA EDIFICAÇÃO Como suporte para a análise técnica e diagnóstica das manifestações patológicas utilizou-se alguns critérios de classificação das falhas e anomalias encontradas. Abaixo encontra-se os critérios utilizados. 4.2.1. Classificação das Anomalias e Falhas Anomalias construtivas são aquelas que prejudicam o desempenho e a vida útil prevista e estão relacionadas às deficiências de ordem construtiva ou funcional. As falhas 9 são as não conformidades decorrentes de ações de manutenção e, portanto, possuem origem em atividades de manutenção, uso e operação inadequada ou inexistente. As anomalias e falhas constituem não conformidades que impactam na perda precoce de desempenho real ou futuro dos elementos e sistemas construtivos, e redução de sua vida útil projetada. Podem comprometer, portanto: segurança; funcionalidade; operacionalidade; saúde de usuários; conforto térmico, acústico e luminoso; acessibilidade, durabilidade, vida útil, dentre outros parâmetros de desempenho definidos na ABNT NBR 15575. As não conformidades podem estar relacionadas a desvios técnicos e de qualidade da construção e/ou manutenção da edificação. Podem, ainda, não atender aos parâmetros de conformidade previstos para os sistemas construtivos e equipamentos instalados, tais como: dados e recomendações dos fabricantes, manuais técnicos em geral, projetos e memoriais descritivos, normas, etc. 4.2.1.1. Anomalia As origens das Anomalias (ou Avarias) construtivas são originárias de fatores Endógenos, Exógenos, Naturais e Funcionais. - Endógena: originaria da própria edificação (projeto, materiais e execução); Os fatores Endógenos ou internos são intrínsecos ao próprio sistema edificante periciado e podem ser provenientes de erro de projeto, desacerto na execução ou execução descuidada assim como emprego de material diverso ao especificado pelo projetista ou de pouca qualidade, ou ainda, da combinação dessas etapas, assim, infiltrações, trincas, portas e janelas empenadas e outros problemas aparentes ou ocultos, devem ser reparados na fase inicial para evitar agravamentos posteriores. 10 - Exógena: originaria de fatores externos a edificação, provocados por terceiros; Os fatores Exógenos ou externos são decorrentes da ação de terceiros na edificação, tais como os danos causados por obra vizinha, choques de veículos em partes da edificação, vandalismo etc., e podem ameaçar seriamente o prédio, sugerindo-se a imediata correção desses. - Natural: originaria de fenômenos da natureza (previsíveis ou imprevisíveis); Os fatores Naturais decorrentes principalmente das condições climáticas, previsíveis ou não, onde o calor e sol intensos, o frio excessivo, as chuvas torrenciais, o granizo, as ventanias e demais ações imprevisíveis da natureza, tais como, as excessivas descargas atmosféricas, as enchentes, os tremores de terra e outras, podem causar avarias ou alterar as condições de funcionamento dos sistemas projetados, colocando em risco as edificações. - Funcional: originaria do uso. Já os fatores Funcionais, que também podem colocar em risco as edificações e poderiam ser evitados, provocam danos decorrentes do desgaste do material ou da sua degradação, após significativo tempo de vida em uso repetitivo e contínuoou de uso inadequado e de falta de manutenção, tais como as sujidades e desgastes dos revestimentos e fachadas, as incrustações e corrosões das tubulações hidráulicas, os ataques de pragas urbanas (cupins), as infiltrações das jardineiras e outras. 4.2.1.2. Falhas As falhas podem ser classificadas em: 11 - De Planejamento: decorrentes de falhas de procedimentos e especificações inadequados do plano de manutenção, sem aderência a questões técnicas, de uso, de operação, de exposição ambiental e, principalmente, de confiabilidade e disponibilidade das instalações, consoante a estratégia de Manutenção. Além dos aspectos de concepção do plano, há falhas relacionadas às periodicidades de execução. - De Execução: associada à manutenção provenientes de falhas causadas pela execução inadequada de procedimentos e atividades do plano de manutenção, incluindo o uso inadequado dos materiais. - Operacionais: relativas aos procedimentos inadequados de registros, controles, rondas e demais atividades pertinentes. - Gerenciais: decorrentes da falta de controle de qualidade dos serviços de manutenção, bem como da falta de acompanhamento de custos da mesma. 4.2.2. Grau de Risco Conforme a referida Norma de Inspeção Predial do IBAPE, as anomalias e falhas são classificadas em três diferentes graus de recuperação, considerando o impacto do risco oferecido aos usuários, ao meio ambiente e ao patrimônio. “GRAU DE RISCO CRÍTICO – IMPACTO IRRECUPERÁVEL – é aquele que provoca danos contra a saúde e segurança das pessoas e meio ambiente, com perda excessiva de desempenho e funcionalidade, causando possíveis paralisações, aumento excessivo de custo, comprometimento sensível de vida útil e desvalorização imobiliária acentuada. GRAU DE RISCO REGULAR – IMPACTO PARCIALMENTE RECUPERÁVEL – é aquele que provoca a perda parcial de 12 desempenho e funcionalidade da edificação, sem prejuízo à operação direta de sistemas, deterioração precoce e desvalorização em níveis aceitáveis. GRAU DE RISCO MÍNIMO – IMPACTO RECUPERÁVEL – é aquele causado por pequenas perdas de desempenho e funcionalidade, principalmente quanto à estética ou atividade programável e planejada, sem incidência ou sem a probabilidade de ocorrência dos riscos relativos aos impactos irrecuperáveis e parcialmente recuperáveis, além de baixo ou nenhum comprometimento do valor imobiliário. ” Neste caso, devido a avaliação e perícia realizadas, constatou-se que se tratam de anomalias de grau de risco regular (impacto parcialmente recuperável). 4.3. CRITÉRIO DA INSPEÇÃO PREDIAL ADOTADO 4.3.1. Nível de inspeção Segundo IBAPE/SP (2011), a Inspeção Predial pode ser classificada com o nível pretendido e da finalidade da mesma, sendo: “Nível 1: Identificação das anomalias e falhas aparentes, elaborada por profissional habilitado. Nível 2: Vistoria para a identificação de anomalias e falhas aparentes eventualmente identificadas com o auxílio de equipamentos e/ou aparelhos, bem como análises de documentos técnicos específicos, consoante à complexidade dos sistemas construtivos existentes. A Inspeção Predial nesse nível é elaborada por profissionais habilitados em uma ou mais especialidades. Nível 3: Equivalente aos parâmetros definidos para a inspeção de NÍVEL 2, acrescida de auditoria técnica conjunta ou isolada de aspectos técnicos, de uso ou de 13 manutenção predial empregada no empreendimento, além de orientações para a melhoria e ajuste dos procedimentos existentes no plano de manutenção. ” Esta inspeção é classificada como “INSPEÇÃO DE NÍVEL 01”. Caracteriza-se pela verificação isolada ou combinada das condições técnicas de uso e de manutenção do sistema da edificação, de acordo com a Norma de Inspeção Predial do IBAPE, respeitado o nível de inspeção adotado, com a classificação das deficiências encontradas quanto ao grau de risco que representa em relação à segurança dos usuários, à habitabilidade e à conservação do patrimônio edificado. 4.3.2. Tipo de inspeção Os tipos de mais usuais de inspeção são seguintes: • Inspeção de recebimento de obra; • Inspeção de edifício em garantia; • Inspeção predial; • Inspeção de manutenção predial; 5. ANÁLISE TÉCNICA 5.1. ANÁLISE DOS VICÍOS E DEFEITOS CONSTRUTIVOS A autora reclama de erros de execução/projeto e/ou imperícia na movimentação de terra da edificação vizinha, onde após o aterramento houve o embarrigamento do muro devido à sobrecarga de aterro e/ou insuficiência estrutural do muro, que ocasionaram inúmeros danos à sua residência. Após apuração preliminar, constatou-se que a residência sofreu um efeito de alavanca, onde a força horizontal aplicada pelo muro teve incidência maior em um dos lados da edificação, que por consequência, ocasionou trincas e rachaduras características desta configuração de dano. 14 O requerido executou às suas expensas serviços que são atribuição exclusiva da profissão de engenheiro Civil, logo, ele atuou no EXERCÍCIO ILEGAL DA PROFISSÃO. Conforme resolução do CREA/PR, movimentações de terra com mais de 1,0m de altura necessitam de acompanhamento de profissional habilitado. O aterro executado sem acompanhamento técnico prejudicou o imóvel do requerente em toda a sua extensão. Abaixo, uma imagem explicativa do fenômeno aqui citado: Aterro Sobrecarga Danos Casa Danificada FACHADA FRONTAL Figura 2 - Danos causados em toda lateralidade do imóvel. Fonte: acervo da autora 6. DESENVOLVIMENTO DOS TRABALHOS PERICIAIS Apurou-se que realmente ocorrem os danos relatados pelo autor e evidenciaram- se mais alguns, os quais são citados no item 7. Estiveram presentes na vistoria, além dos proprietários do imóvel, também seu filho, nora e filha. 7. CAUSAS DOS PROBLEMAS APRESENTADOS Apurou-se que as principais causas dos problemas reclamados são: 15 a) Erros de execução e/ou projeto, bem como imperícia na movimentação de terra da edificação vizinha que ocasionaram os danos a seguir elencados: - Estufamento/embarrigamento, recalque e deflexão das paredes devido à sobrecarga do aterro; - Rachaduras generalizadas na residência; - Desalinhamento estrutural da edificação, onde portas e janelas estejam emperradas; - Peças cerâmicas trincadas; - Desnível de até 4,00 cm dos pisos. 8. CONCLUSÕES DA PERÍCIA As reclamações procedem. Houve ligação entre o muro e a parede da casa da reclamante. Essa ligação é condenável do ponto de vista técnico de engenharia civil. Não há dúvidas de que os danos foram provocados pela movimentação de terra. Parte da casa está comprometida estruturalmente. Os danos são progressivos, podendo avançar em até dez anos. 9. CUSTOS PARA REPARAÇÃO A metodologia para determinação dos custos prováveis para recuperação do imóvel é baseada no CUB do projeto padrão que mais se encaixa à edificação e seu estado atual de conservação. O CUB do projeto padrão R1B, ou seja, casa residencial baixo padrão 1 pavimento é o mais apropriado para esse caso. Dados retirados do site sinduscon/PR: 16 Figura 3 - Tabela de preços CUB. Fonte: site Sinduscon-PR. O CUB para padrão baixo monta em R$ 1.329,11/m². Apurei que os reparos são necessários em 55,00m² da residência. Podemos utilizar, com razoável precisão, 50% do CUB para emprego em orçamentos de reformas, ou seja, R$ 664,55/m². Para determinação do valor total multiplicamos R$ 664,55x45m² = R$ 29.904,75 (vinte e nove mil, novecentos e quatro reais e setenta e cinco centavos). Entretanto o CUB desconsidera a margem de lucro da empreiteira bem como acompanhamento técnico de engenheiro ou arquiteto. Logo, há que se incidir a esse total, 30%. Assim, temos: R$ 29.904,75 + 30% = R$ 38.876,17 (trinta e oito mil, oitocentos e setenta e seis reais e dezessete centavos). 10. RELATÓRIOFOTOGRÁFICO 17 Figura 4: Rachaduras ocorridas pela força aplicada horizontalmente na residência devido à sobrecarga de aterro em estrutura insuficiente de muro. Fonte: acervo da autora. Figura 5: A incidência de rachaduras ocorreu após o aterramento do lote vizinho Fonte: acervo da autora. 18 Figura 6: Os danos à residência foram generalizados, porém, em alguns lugares a intensidade foi maior. Fonte: acervo da autora. Figura 7: Lateral danificada do imóvel. . Fonte: acervo da autora 19 Figura 8: Além de rachaduras e deslocamento, estão ocorrendo infiltrações nas paredes danificadas. . Fonte: acervo da autora 11. RELATÓRIO FOTOGRÁFICO DA SEGUNDA VISTORIA Uma segunda visita foi realizada no local após um período de 3 meses para verificar se havia avanço das anomalias, e foi constatado que está havendo um aumento progressivo das patologias, conforme relatório fotográfico registrado abaixo: 20 Figura 9 - Vista da sala – a fratura aumentou desde a última vistoria. Fonte: acervo da autora Figura 10 - Vão entre a sala e a cozinha – aumento das patologias. Fonte: acervo da autora 21 Figura 11 - Aumento da fratura tanto em extensão quanto em diâmetro. Fonte: acervo da autora Figura 12 - Aumento considerável da avaria. Fonte: acervo da autora 22 Figura 13 - Aumento considerável da avaria. Fonte: acervo da autora Figura 14 - Aumento considerável da avaria. Fonte: acervo da autora 23 Figura 15 - Afastamento do forro ainda continua. Fonte: acervo da autora Figura 16 - Aumento considerável da avaria. Fonte: acervo da autora 24 Figura 17 - Aumento considerável da avaria. Fonte: acervo da autora Figura 18 - Fratura não percebida na ocasião da última vistoria. Fonte: acervo da autora 25 Figura 19 - Fratura não percebida na ocasião da última vistoria. Fonte: acervo da autora Figura 20 - Fratura não percebida na ocasião da última vistoria. Fonte: acervo da autora 26 Figura 21 - Fratura não percebida na ocasião da última vistoria. Fonte: acervo da autora Figura 22 - Aumento da avaria. Fonte: acervo da autora 27 Figura 23 - Porta não fecha mais. Fonte: acervo da autora Figura 24 - Aumento das fraturas no piso. Fonte: acervo da autora 28 Figura 25 - Fratura não percebida na ocasião da última vistoria. Fonte: acervo da autora Figura 26 - A fratura aumentou em extensão. Fonte: acervo da autora. 29 12. TERMO DE ENCERRAMENTO Nada mais tendo a acrescentar, o laudo principal é encerrado com 29 folhas e 2 anexos, dando um total de 32 folhas. Cascavel, 7 de Dezembro de 2018. ________________________________________ BRUNA G. S. MAHMAD Arquiteta e Urbanista CAU A135320-9 30 ANEXO I – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Segundo Sika (2007), a junta pode ser definida como a separação física provocada intencionalmente em locais pré-estabelecidos, num dado elemento da estrutura de modo que as duas partes dessa estrutura possam-se movimentar, uma sobre a outra, sem a interferência de esforços entre elas, designada como junta de dilatação. Outro fato importante que destaca Lobo, Ferreira e Renófio (2003, P. 174), “Um aspecto que tem sido negligenciado por muitos construtores é a “junta de movimentação”, que necessariamente deve ser deixada entre o muro de arrimo e a edificação existente, o que corresponde a uma folga de alguns centímetros”. Ripper (1996) diz “As juntas de dilatação entre paredes e pisos sempre devem existir, para que recalques da parede ou estrutura não sejam transmitidos ao piso e vice- versa”. Dabus (2008, p. 04) também cita que “quando não são providenciadas juntas entre as construções, o recalque dos muros de arrimo acaba arrastando, para baixo, as paredes da edificação vizinha”. Consoli, Milititsky, Schnaid (2005, p. 134) diz que em uma nova construção edificada sem o cuidado essencial de promover juntas entre ela e a já existente pode ocasionar grandes problemas, pois à medida que a nova obra carrega suas fundações e provoca recalques, induz a distorção significativa na obra existente. 31 ANEXO II – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABNT, Associação brasileira de Normas Técnicas. NBR 12721/06 - Avaliação de custos unitários de construção para incorporação imobiliária e outras disposições para condomínios edilícios. Rio de Janeiro, 2005. ABNT, Associação brasileira de Normas Técnicas. NBR 15575/13 – Norma de desempenho. Rio de Janeiro, 2013. BRASIL. (mar de 2015). Artigo 429. Código de Processo Civil. DABUS ARQUITETURA. Ambientes que devem ser impermeabilizados. Disponível em: http://www.dabus.com.br/dicas/8. Acesso em: 11/09/2018. IBAPE, Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia – Norma de inspeção predial nacional. São Paulo, 2018. MILITITSKY, Jarbas; CONSOLI, Nilo Cesar; SCHNAID, Fernando. Patologia das fundações. 2ª ed. São Paulo: Oficina de textos, 2015. RIPPER, Ernesto. Como evitar erros na construção. 3ª ed.rev. São Paulo: Pini, 1996. 168p. SILVA SANCHES, Maryam Caiena. Estudo de casos de patologias estruturais ocasionadas por ação das águas pluviais e aterros na região de Campo Mourão, PR. 2013. Trabalho de conclusão de curso de engenharia civil – Universidade tecnológica federal do Paraná, Campo Mourão, 2013. 32 SINDUSCON, (2018). Acesso em 5 de Dezembro de 2018, disponível em: <https://sindusconpr.com.br/tabelas-cub-pr>. SIKA Portugal – “Catálogo de fichas de produtos – Prontuário”. Edição nº 7. 2007.
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