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Pensam
ento científico na educação
Juliana Bordinhão Diana / A
ndreza Regina Lopes da Silva
Código Logístico
57484
Fundação Biblioteca Nacional
ISBN 978-85-387-6453-3
9 788538 764533
Aplicar ciência no dia a dia acadêmico é um desafio que vem sendo 
realizado de forma cada vez mais constante, nas mais diferentes 
áreas do saber, superando o paradigma do pensamento linear e 
cartesiano e dando espaço para discussões interdisciplinares.
O pensamento científico integra as áreas de pesquisa, inovação e 
desenvolvimento, oportunizando for mação e desenvolvimento para 
o bem-estar coletivo. É com base nessa discussão que este livro 
foi elaborado, para que você reconheça a relevância e presença do 
conhecimento científico no seu dia a dia.
Pensamento científico 
na educação
IESDE BRASIL S/A
2018
Juliana Bordinhão Diana
Andreza Regina Lopes da Silva
Todos os direitos reservados.
IESDE BRASIL S/A. 
Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200 
Batel – Curitiba – PR 
0800 708 88 88 – www.iesde.com.br
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO 
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
D529p Diana, Juliana Bordinhão
Pensamento científico na educação / Juliana Bordinhão 
Diana, Andreza Regina Lopes da Silva. - 1. ed. - Curitiba 
[PR] : IESDE BRASIL, 2018. 
152 p. : il.
Inclui bibliografia
ISBN 978-85-387-6453-3
1. Ciência - Metodologia. 2. Ciência - Estudo e ensino. 3. 
Professores - Formação. I. Silva, Andreza Regina Lopes da. 
II. Título.
18-51203
CDD: 507
CDU: 5(07)
© 2018 – IESDE BRASIL S/A. 
É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem auto-
rização por escrito das autoras e do detentor dos direitos autorais.
Capa: IESDE BRASIL S/A. Imagem da capa: Rogotanie/iStockphoto
Juliana Bordinhão Diana
Doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Engenharia e 
Gestão do Conhecimento da Universidade Federal de Santa Catarina 
(UFSC). Mestre em Engenharia e Gestão do Conhecimento pela 
UFSC e especialista em Informática na Educação pela Universidade 
Estadual de Londrina (UEL). Graduada em Licenciatura em 
Ciências – Habilitação em Biologia, pelas Faculdades Integradas de 
Ourinhos. Atuou como coordenadora de polo de educação a distân-
cia. Trabalha na área da educação, com experiência nas funções de 
designer educacional, tutora, professora e pesquisadora em cursos 
na modalidade a distância. Tem experiência principalmente nos se-
guintes temas: educação a distância, polo de apoio presencial, design 
instrucional e produção de conteúdo para cursos a distância.
Andreza Regina Lopes da Silva
Doutora e mestre no Programa de Pós-Graduação em Engenharia 
e Gestão do Conhecimento (PPEGC) na Universidade Federal de 
Santa Catarina (UFSC). Especialista em Educação a Distância e em 
Auditoria Empresarial. Graduada em Administração pela UFSC e em 
Pedagogia pela UniCesumar. Coach e mentora acadêmica formada 
pelo Instituto Brasileiro de Coaching (IBC). Experiência na área de 
educação com ênfase em educação a distância, aprendizagem e desen-
volvimento de competências. Atua como coach e mentora acadêmica, 
como designer educacional e coordenadora de projeto e de produção. 
Também desenvolve atividades relacionas à capacitação de professo-
res e é autora de livros e artigos científicos.
Sumário
Apresentação 7
1. Discussões sobre ciência 9
1.1 Conceito e divisão da ciência 9
1.2 Evolução da ciência 13
1.3 Ciência no contexto acadêmico 16
2. A natureza do conhecimento 23
2.1 O que é conhecimento 23
2.2 Tipos de conhecimento 26
2.3 Relevância do conhecimento científico 29
3. Método científico: a sistematização do 
conhecimento 37
3.1 Método científico 37
3.2 Classificação dos métodos 41
3.3 O pensamento científico na educação 45
4. Sociedade do conhecimento e o acesso à 
informação 55
4.1 Contexto histórico da sociedade 55
4.2 Sociedade contemporânea 61
4.3 Democratização do conhecimento 66
5. Ensinar e aprender cientificamente 75
5.1 Educação científica 75
5.2 Atores da educação 77
5.3 O desenvolvimento do trabalho científico na educação 80
6. Aprendizagem em rede 91
6.1 Transformações no ensinar e aprender 91
6.2 Espaços de ensino-aprendizagem 96
6.3 Ensinar e aprender na sociedade do conhecimento 98
7. Gestão do conhecimento na prática docente 107
7.1 O que é gestão do conhecimento 107
7.2 Relação da gestão do conhecimento com a prática 
docente 111
7.3 Gestão do conhecimento no cenário acadêmico 114
8. Pensamento científico 123
8.1 Desenvolvendo o conhecimento científico 123
8.2 Tipos de pesquisa 126
8.3 Projeto científico: da teoria à prática 132
Gabarito 143
Apresentação
O pensamento científico, por meio de teorias e práticas 
sistematizadas, transcende crenças, valores e demais questões 
relacionadas ao senso comum, tornando-se um referencial da 
sociedade contemporânea, baseada no conhecimento. Trata- 
-se de uma construção que se amplia constantemente por não 
se limitar a uma única visão de mundo.
Aplicar ciência no dia a dia acadêmico é um desafio que 
vem sendo realizado de forma cada vez mais constante, nas 
mais diferentes áreas do saber, superando o paradigma do 
pensamento linear e cartesiano e dando espaço para discus-
sões interdisciplinares.
O pensamento científico integra as áreas de pesquisa, 
inovação e desenvolvimento, oportunizando formação e de-
senvolvimento para o bem-estar coletivo. É com base nessa 
discussão que elaboramos este livro, para que você reconhe-
ça a relevância e presença do conhecimento científico no seu 
dia a dia. Para tanto, esta obra foi dividida didaticamente em 
8 capítulos.
No Capítulo 1, apresentamos discussões sobre a ciência 
e sua relevância para o contexto acadêmico. No Capítulo 2, 
iniciamos o estudo sobre o conhecimento, identificando seus 
diferentes tipos e suas aplicações práticas. A sistematização do 
conhecimento, ou seja, do método científico, é discutida no 
Capítulo 3. Já no Capítulo 4 ampliamos a reflexão e destaca-
mos as características da sociedade do conhecimento e como 
se dá o acesso à informação. 
8 Pensamento científico na educação
No Capítulo 5, focamos na relevância da formação 
científica, isto é, discutimos sobre como ensinamos e 
aprendemos cientificamente. E, no Capítulo 6, continuamos 
abordando questões de aprendizagem na atualidade, agora 
com foco na aprendizagem em rede e nas transformações 
no ensinar e aprender.
Após conhecer diferentes aspectos sobre o conhecimen-
to e a aprendizagem, no Capítulo 7 buscamos apresentar a 
definição e aplicação da gestão do conhecimento na prática 
docente. E, no Capítulo 8, fechamos nosso estudo refletin-
do sobre a importância do pensamento científico na edu-
cação contemporânea.
Desejamos uma ótima leitura!
1
Discussões sobre ciência
Juliana Bordinhão Diana
A ciência está presente no nosso dia a dia de diferentes formas, 
e isso ocorre como resultado de um contexto histórico que contri-
buiu para o desenvolvimento da ciência moderna. Para compreen-
der tal contexto, neste capítulo apresentaremos o conceito de ciência 
e refletiremos sobre como ela se faz relevante no cotidiano das pes-
soas. Assim, iniciaremos nosso estudo conhecendo como a ciência 
se divide, para que possamos compreender sua evolução, e finaliza-
remos identificando sua inserção no âmbito acadêmico.
1.1 Conceito e divisão da ciência
Você sabe o que é ciência e qual é a sua aplicabilidade no nosso 
cotidiano? E na vida profissional e acadêmica? Neste capítulo, 
vamos refletir sobre a ciência e como ela faz parte das atividades 
que desenvolvemos no dia a dia. A importância de se compreender 
o que vem a ser a ciência contribui para o entendimento do nosso 
mundo contemporâneo, envolvendo toda a sua subjetividade e seu 
valor (APPOLINÁRIO, 2012).
Do latim scientia, ou do grego episteme, ciência tem como signi-
ficado aprender, conhecer (APPOLINÁRIO, 2012). Em estudos 
acerca do termo, diversos autores e pesquisadores apresentam defi-
nições importantes sobre a ciência. Vamos conhecer algumas delas?
Para Kneller(1980, p. 11), a ciência é o “conhecimento da natu-
reza e exploração desse conhecimento”. Marconi e Lakatos (2003) 
adotam a definição de Trujillo Ferrari, o qual tem a ciência como 
“um conjunto de atitudes e atividades racionais, dirigidas ao 
10 Pensamento científico na educação
sistemático conhecimento com objeto limitado, capaz de ser subme-
tido à verificação” (TRUJILLO FERRARI, 1974 apud MARCONI; 
LAKATOS, 2003, p. 80). Por sua vez, Cervo, Bervian e Silva (2007, 
p. 3) destacam a ciência como “resultado de descobertas ocasionais, 
nas primeiras etapas, e de pesquisas cada vez mais metódicas, nas 
etapas posteriores”.
Appolinário (2012) nos apresenta, ainda, algumas definições que 
complementam nosso estudo sobre o tema, nas quais considera pen-
sadores clássicos, como: Ander-Egg, um pesquisador focado nas 
sociologias, ciências políticas e na economia; Melvin Marx e William 
Hillix, que desenvolveram suas pesquisas sobre os sistemas e as teo-
rias em psicologia; Karl Popper, filósofo austríaco que dedicou sua 
vida às pesquisas sobre teorias científicas; e Newton da Costa, filó-
sofo brasileiro conhecido por suas pesquisas sobre lógica e filosofia. 
No quadro a seguir apresentamos as definições de tais autores.
Quadro 1 – Definições de ciência
Autores Definição
Ander-Egg
“Conjunto de conhecimentos racionais, certos ou pro-
váveis, obtidos metodicamente, sistematizados e verifi-
cáveis, que fazem referência a objetos de uma mesma 
natureza” (ANDER-EGG, 1978, p. 15).
Marx e Hillix
“Atividade pela qual os homens adquirem um conheci-
mento ordenado dos fenômenos naturais, trabalhando 
com uma metodologia particular (observação controla-
da e análise) e um conjunto de atitudes (ceticismo, obje-
tividade etc.)” (MARX; HILLIX, 1978, p. 19).
Karl Popper
“Um cientista, seja teórico ou experimental, formula 
enunciados ou sistemas de enunciados e verifica-os um 
a um. No campo das ciências empíricas, ele formula hi-
póteses e submete-as a testes, confrontando-as com a 
experiência, através de recursos de observação e experi-
mentação” (POPPER, 1974, p. 27).
(Continua)
Discussões sobre ciência 11
Autores Definição
Newton da 
Costa
“A ciência consiste essencialmente em sistemas de 
conhecimentos alcançados por caminho racional. Seu 
propósito: o conhecimento científico, isto é, uma série 
de crenças verdadeiras e justificadas, dentro das fron-
teiras da racionalidade [...] poder-se-ia dizer que a razão 
sozinha conduz, em princípio, às ciências formais; razão 
mais experiência, às reais” (COSTA, 1999, p. 41).
Fonte: Appolinário, 2012, p. 8.
Em uma visão geral, temos a ciência como um conjunto de fato-
res, composto de experiências, como uma forma de conhecimento. 
É possível dizer que a ciência sempre parte de um questionamento, 
da busca por uma resposta sobre algo que já existe ou não, a qual traz 
uma nova pesquisa.
Com base nessas definições e análises, é possível afirmar que as 
ciências apresentam características particulares, o que faz com que 
sejam diferenciadas de outras formas e tipos de conhecimento, indo 
muito além do senso comum (APPOLINÁRIO, 2012).
Marconi e Lakatos (2003) destacam que as ciências apresentam 
três aspectos que são essenciais para seu entendimento:
1. Objetivo ou finalidade: representa a preocupação em distin-
guir a característica comum.
2. Função: refere-se ao aperfeiçoamento da relação do homem 
com o seu mundo.
3. Objeto:
• Material – representa o que se pretende estudar; ou
• Formal – está relacionado a um enfoque especial diante 
de outras ciências sobre o mesmo objeto material.
Além desses aspectos, a ciência também tem a necessidade de 
uma classificação e divisão própria, de acordo com sua complexi-
dade. Observe a figura a seguir:
12 Pensamento científico na educação
Figura 1 – Classificação e divisão da ciência
Sociologia
Psicologia social
Política
Economia
Direito
Antropologia 
cultural
Biologia e outras
Química
Física
Ciências
Factuais
Formais
Sociais
Naturais
Matemática
Lógica
Fonte: Marconi; Lakatos, 2003, p. 81.
Seguindo a mesma proposta de classificação científica, 
Appolinário (2012) destaca que as ciências formais são aquelas dire-
tamente ligadas ao estudo das relações abstratas e simbólicas, sendo 
que suas estruturas conceituais não estão necessariamente ligadas 
a fatos. As ciências naturais, para o autor, correspondem ao estudo 
dos fenômenos naturais, ou seja, àqueles que se relacionam à vida, 
ao ambiente etc. E, por fim, as ciências sociais seriam aquelas em 
que seu estudo está voltado para a investigação de fenômenos huma-
nos e sociais.
Com base nessa explanação sobre o que é ciência, seus conceitos 
e definições, podemos identificar como ela está presente em nosso 
dia a dia. No tópico a seguir, vamos ampliar nosso conhecimento a 
respeito da ciência e o entendimento sobre suas definições, sua his-
tória e evolução.
Discussões sobre ciência 13
1.2 Evolução da ciência
Agora que você já sabe o que é ciência – a qual, de modo sim-
plista podemos apontar como o conhecimento da natureza e a 
exploração desse saber – é possível refletir: mas como a ciência che-
gou até essa definição?
Em um contexto histórico, temos que a ciência é composta por 
diversos movimentos e momentos no desenvolvimento da civili-
zação. Falando de modo figurado, para que esse movimento seja 
contínuo, é preciso que os motores da ciência estejam sempre em 
funcionamento, e, para isso, é necessário haver combustível. Dessa 
forma, o combustível que movimenta a ciência é a pesquisa, que 
é a busca por uma resposta, a compreensão de algo que se deseja 
saber, comprovar.
Ao longo da história, a busca por novos conhecimentos e pes-
quisas da comunidade científica visaram sempre ao saber e à explo-
ração. Kneller (1980) aponta que a ciência se desenrolou ao longo 
da história desde o Liceu de Aristóteles, na Grécia Antiga, o qual 
promovia um passeio no entorno de Atenas, em que os “professo-
res” ministravam suas aulas. Outros momentos marcantes ocorreram 
ao longo do Renascimento, da ciência milenar chinesa até a ciência 
europeia, sempre realizada por filósofos, matemáticos, astrônomos, 
físicos e outros que revelaram visões diferentes daquelas já apresenta-
das. O que se tinha era uma comunidade de investigadores. Em cada 
momento a natureza da ciência tinha um significado, por exemplo: 
no Renascentismo, o objetivo era “desvendar o plano de Deus em 
sua criação” (KNELLER, 1980, p. 11), enquanto nos tempos moder-
nos a natureza da ciência está em ampliar o conhecimento científico 
já obtido.
Ao buscar um entendimento e significado sobre algo, a ciência é 
vista como o conhecimento científico, e, para se chegar até ele, é preciso 
considerar as técnicas utilizadas, a fim de se obter um resultado. Assim, 
na trajetória histórica da civilização, temos diversas ciências, sendo que 
14 Pensamento científico na educação
diferentes filosofias contribuíram para que cada sociedade as desen-
volvesse. O quadro a seguir apresenta algumas dessas filosofias e como 
certas civilizações antigas agiam diante da busca pela ciência.
Quadro 2 – Civilizações e sua ciência
Civilização Característica
Chinesa 
Teoria das forças naturais opostas (yin e yang).
Teoria das cinco fases. 
Grega
Proposição das teorias dos quatro elementos: terra, ar, 
fogo e água.
Árabe
Herdou a filosofia grega e a alquimia chinesa, criando 
sua própria ciência.
Fonte: Elaborado pelas autoras com base em Kneller, 1980.
Destacamos que, no período de desenvolvimento dessas ativida-
des, os filósofos, matemáticos, astrônomos, físicos e outros pensadores 
envolvidos nesse processo de busca pelo conhecimento não as adota-
vam como características de uma ciência – a civilização atual é que as 
identifica dessa maneira. Dessas atividades, destacamos a antiga ciên-
cia chinesa e a ciência europeia. Essas duas tiveram resultados dife-
rentes, visto que a chinesa não progrediu como a europeia. Podemos 
justificar isso ao observar que as ações tomadas pelaciência chinesa 
não tiveram tanto êxito. Observe na figura a seguir as principais obser-
vações que Kneller (1980) traz a respeito dessa conclusão.
Figura 2 – Desenvolvimento da ciência europeia e da ciência chinesa
C
iê
nc
ia
 eu
ro
pe
ia
• Promoveu a combinação de dife-
rentes condições históricas.
• A Renascença promoveu o indi-
vidualismo.
• O capitalismo criou uma classe 
ávida por novos conhecimentos.
• Usavam a matemática a seu favor.
• Possuíam a noção de legislador 
divino.
• Os chineses não apresentavam 
uma geometria que permitia o 
desenvolvimento de uma astro-
nomia teórica.
• Duvidavam da razão e não bus-
cavam desenvolver suas próprias 
teorias.
• A burocracia chinesa minimizou 
a influência dos mercadores.
• Careciam da ideia de um legisla-
dor divino, não percebendo que a 
natureza tem leis.
C
iência chinesa
Fonte: Elaborada pelas autoras com base em Kneller, 1980.
Discussões sobre ciência 15
Essas observações são apontadas por Kneller (1980) como sufi-
cientes para o nascimento da ciência moderna. Torna-se importante 
destacar que, ao se ter a ciência ocidental como bem-sucedida, esta 
passa a ser tomada como o paradigma da ciência, porém ela não é a 
única. Considerando que a ciência é a busca pelo conhecimento, com o 
passar do tempo surgiram diferentes correntes de pensamento da ciên-
cia moderna, conforme destacam Sampieri, Collado e Lucio (2013): o 
empirismo, o materialismo dialético, o positivismo, a fenomenologia, 
o estruturalismo, a etnografia e o construtivismo. No quadro a seguir 
apresentamos uma breve descrição das características dessas correntes.
Quadro 3 – Correntes de pensamento da ciência
Corrente 
Principais 
pensadores
Característica
Empirismo
John Locke 
(1632-1704)
As experiências humanas é que 
constituem a formação de ideias 
e conceitos.
Materialismo 
dialético
Karl Marx 
(1818-1883)
Friedrich 
Engels 
(1820-1895)
A dialética representa o diálogo, o 
debate sobre um tema. Assim, 
o conceito da dialética é a base 
para o entendimento dos proces-
sos sociais que ocorrem no decor-
rer do tempo.
Positivismo
Auguste Comte 
(1798-1857)
Considera o conhecimento cien-
tífico como o único e verdadeiro. 
Dessa forma, no positivismo tem-
-se o culto à ciência, ao mundo 
humano e ao materialismo.
Fenomenologia
Edmund 
 Husserl 
(1859-1938)
O estudo é realizado de acordo 
com a forma em que os fenôme-
nos acontecem em seu tempo e 
espaço. Representa o estudo da 
essência de como as coisas são 
percebidas no mundo.
(Continua)
16 Pensamento científico na educação
Corrente 
Principais 
pensadores
Característica
Estruturalismo
Ferdinand 
de Saussure 
(1857-1913)
Traz uma abordagem em que se 
consideram as diferentes formas 
utilizadas ao se realizar as ativida-
des humanas. Assim, tem-se que 
a sociedade está formada sob di-
versas estruturas.
Etnografia
Bronisław 
Malinowski 
(1884-1942)
Representa a descrição detalhada 
da cultura de um povo, de uma 
sociedade. É a ciência do estudo 
das etnias.
Construtivismo
Jean Piaget 
(1896-1930)
Seu conceito está relacionado 
à atuação ativa do indivíduo no 
processo de criação e modifica-
ção das representações do objeto 
de estudo.
Fonte: Elaborado pelas autoras.
Temos, assim, que a ciência em seu desenvolvimento e evolu-
ção histórica apresentou diferentes correntes, que contribuíram com 
distintas abordagens utilizadas nas pesquisas atuais. No decorrer 
desta obra, vamos nos aprofundar sobre os diferentes métodos cien-
tíficos e como eles se fazem presentes no contexto acadêmico, o qual 
tratamos melhor no tópico a seguir.
1.3 Ciência no contexto acadêmico
Vimos anteriormente como a ciência vem se desenvolvendo e 
evoluindo, com diferentes perspectivas e correntes de pensamento. 
Também vimos que a ciência é a busca pelo conhecimento e, para 
isso, os pensadores e cientistas utilizam-se de diferentes recursos 
e formas de se chegar a um resultado. Em um contexto mais atual, 
destacamos que esses resultados representam diferentes produções 
científicas, estando diretamente relacionados ao meio acadêmico. 
Por isso verifica-se que a educação se faz presente em todo processo 
Discussões sobre ciência 17
de desenvolvimento da sociedade em que vivemos, onde o conheci-
mento e a ciência são os eixos principais.
Mas de onde surgem os questionamentos que os cientistas fazem 
para que seja produzida a ciência? Segundo Appolinário (2012, 
p. 6), “o conhecimento científico depende e se origina de indagações 
oriundas do senso comum, o que pode acabar resultando em alguma 
descoberta científica importante”. E você sabe o que é senso comum?
O senso comum foi provavelmente o primeiro tipo de conheci-
mento surgido na humanidade. Ele representa aquilo que sabemos 
das práticas que vivenciamos. Com base nesse conhecimento adqui-
rido, encontramos a solução para diferentes ações que o dia a dia nos 
apresenta e tomamos diversas decisões, das mais simples até as mais 
complexas. Por exemplo: imagine que você está em um processo 
seletivo para uma vaga de emprego muito interessante e que tem 
uma entrevista com a equipe de seleção, incluindo um coordenador 
da área de atuação, um profissional de recursos humanos e uma psi-
cóloga. Nessa situação, você sabe o comportamento que deve apre-
sentar a fim de conquistar sua vaga, explorando seu conhecimento 
sobre as atividades a serem realizadas para o cargo em questão. 
Perceba que o conhecimento que você utilizou representa aquilo que 
é comum, aquilo que sabemos diante do que é divulgado e publicado 
a respeito.
Com base no exemplo que apresentamos, é possível afirmar que o 
senso comum é muito importante no nosso cotidiano, independen-
temente da ação a ser tomada, visto que ele contribui para a tomada 
de decisões. Podemos considerá-lo como um aliado, uma vez que 
evita que tenhamos de fazer diferentes procedimentos científicos 
para chegar a uma decisão. Appolinário (2012) nos traz um exemplo 
que ajuda a compreender e reconhecer como o conhecimento cien-
tífico não é aplicável em todas as situações diárias, sendo necessário 
que lancemos mão do senso comum. Observe o texto a seguir.
18 Pensamento científico na educação
A melhor calça jeans do Brasil
Imagine a seguinte situação: você decide comprar 
uma calça jeans nova. Mas, antes, você decide utilizar 
um procedimento científico, pois seu objetivo, além 
de comprar a calça, é alcançar o resultado mais preciso 
e correto possível, envolvendo modelos, qualidade do 
tecido e custo-benefício. Para isso, você realizará um 
cronograma de execução, levantamento de produtos 
para análise e recursos financeiros. Diferentes etapas 
precisam ser cumpridas para chegar a um resultado, 
como: fazer um levantamento de mercado e modelos 
disponíveis para realizar a análise de custo-benefício. 
Com esse levantamento, que durou um mês, você 
chegou a um número de 600 peças diferentes que pre-
cisam ser analisadas quanto a modelo, tecido e preço. 
Com essas 600 calças é preciso realizar diferentes tes-
tes, resultando em mais um mês de pesquisa. Após as 
diferentes etapas de coleta de material e análises, você 
chegou à conclusão de qual seria a melhor calça jeans 
a ser comprada.
Fonte: Appolinário, 2012, p. 3-4.
Perceba que realizar procedimentos científicos é inviável para 
as ações e decisões do dia a dia, por isso o senso comum se revela 
essencial. No caso da calça jeans, não é preciso realizar um proce-
dimento científico para saber qual a melhor opção; podemos fazer 
isso consultando o vendedor da loja ou até mesmo a sua preferência 
diante do que já sabe. Em relação à entrevista do processo seletivo 
Discussões sobre ciência 19
de uma vaga de emprego, não é necessário realizar uma pesquisa 
científica para descobrir que tipo de comportamento e conduta deve 
ser adotado diante do possível futuro chefe. Isso é algo que tomamos 
conhecimento com base naquilo que vivenciamos.
É importante destacar que o senso comum não minimiza ou 
anula a importância dos procedimentos científicos,pois ambos são 
relevantes para a construção do conhecimento. Observe no quadro 
a seguir uma comparação entre esses dois tipos de conhecimento.
Quadro 4 – Senso comum e conhecimento científico
Conhecimento obtido 
com o senso comum
Conhecimento obtido com 
processos científicos
Assistemático e desorganizado. Sistemático e organizado.
Ametódico: frequentemente 
depende do acaso.
Metódico: é produzido por 
uma série de procedimentos 
específicos e bem-definidos.
Subjetivo: depende de nossos 
juízos e disposições pessoais.
Objetivo e impessoal: é direto e 
factual. Tende a ser mais isento, 
dependendo menos dos nossos 
juízos e disposições pessoais.
Fonte: Appolinário, 2012, p. 6.
O senso comum não substitui o conhecimento científico e 
vice-versa, eles se complementam. Segundo Appolinário (2012, 
p. 6), “muitas vezes, o conhecimento científico depende e se origina 
de indagações oriundas do senso comum, o que pode acabar resul-
tando em alguma descoberta científica importante”. Para realizar 
processos científicos, são utilizados métodos científicos, que vamos 
conhecer no Capítulo 3.
Assim, perceba que compreender a ciência e como ela se desen-
volve é a base para o nosso estudo nesta obra, na qual você terá a 
oportunidade de refletir sobre o pensamento científico e colocá-lo 
em prática no contexto educacional.
20 Pensamento científico na educação
Considerações finais
O contexto acadêmico exige do pesquisador o entendimento de 
diferentes termos que compõem o seu cotidiano. Assim, compreen-
der o que é ciência é uma tarefa, que contribui com a formação pro-
fissional ao longo da vida, já que a ciência faz parte das atividades 
do pesquisador, especialmente porque a essência dela é a busca por 
resultados, por novos conhecimentos.
Com base no que foi apresentado neste capítulo, adquirimos 
uma visão de conceitos e fatos históricos que colaboraram com a 
definição e o entendimento do que é ciência, bem como demonstra-
ram que seu uso está relacionado à realidade das sociedades.
A forma como a ciência está inserida no dia a dia e na história da 
humanidade reflete uma postura e método reflexivos para que, por 
meio de seu entendimento e difusão, seja base para futuras pesquisas 
e novas descobertas. Nesse sentido, fica clara a importância de distin-
guir o conhecimento que tem origem no senso comum daquele que 
é obtido com procedimentos científicos, visto que ambos envolvem 
diferentes critérios.
Ampliando seus conhecimentos
Iniciamos este livro apresentando o conceito de ciência e como 
ela se faz presente na história humana. Para ampliar ainda mais essa 
reflexão, sugerimos a leitura do artigo “Ciência, senso comum e revo-
luções científicas: ressonâncias e paradoxos”, de Marivalde Moacir 
Francelin (2004). Nesse texto, a autora complementa o que apresen-
tamos neste capítulo, e, dessa forma, contribui com sua formação.
Discussões sobre ciência 21
Ciência, senso comum e revoluções 
científicas: ressonâncias e paradoxos
(FRANCELIN, 2004, p. 26)
Uma das características singulares da ciência na contempora-
neidade é a sua flexibilidade em relação a alguns aspectos antes 
considerados indesejáveis, em função do excesso pragmático 
e do isolamento disciplinar. Porém, pode-se notar que esses 
são apenas alguns pontos salientes no âmbito científico. Vários 
outros conjuntos de relações, conceitos e interpretações pode-
riam ser estabelecidos a partir de temáticas como ciência, 
senso comum e revoluções científicas. Discussões como essa 
tornam-se quase que intermináveis. São sugestivos os distin-
tos pontos abordados em torno dos temas. O que se chama de 
“estatuto científico” parece tomar uma forma diferente nesse 
sentido, pois participa da incerteza que compõe os meandros 
científicos. São essas incertezas que se tenta abordar no pre-
sente texto. [...]
O contexto científico é variável e, sem dúvida, pode receber 
interferência do ambiente tanto local quanto global. Porém, 
essas tais influências podem ser recebidas e, principalmente, 
entendidas de diversas maneiras em um mesmo evento e por 
um mesmo observador. Exemplo disso são as revoluções cientí-
ficas que passaram por enfoques distintos em função do debate 
aprofundado e prolongado entre Thomas Kuhn e Karl Popper.
Na ciência não foi, não é e, provavelmente, não será diferente. 
Nesse sentido, o debate prende-se à ciência e tenta mapear 
uma espécie de gênese científica, justificando a necessidade de 
uma aproximação com o senso comum. Assim, reúnem-se os 
componentes que permeiam ambiente e espírito humanos em 
suas manifestações cotidianas, em detrimento dessa espécie de 
gênese científica.
22 Pensamento científico na educação
Atividades
1. A ciência apresenta diferentes definições e conceitos, que 
foram construídos com o passar do tempo por diferentes pes-
quisadores. Considerando as definições de ciência, descreva 
qual a essência do conceito e como é conhecido atualmente.
2. Com o passar do tempo, a ciência se desenvolveu com diferentes 
ações, realizadas por profissionais e pesquisadores de diversas 
áreas de atuação, em diferentes culturas. Na evolução da ciência, 
destacam-se as ciências europeia e chinesa, que trazem caracte-
rísticas e resultados diferentes. Com base nesse contexto, des-
creva as principais características de cada uma dessas ciências.
3. No contexto acadêmico, a ciência se faz presente em diversos 
momentos, nos quais a busca pelo conhecimento é intensifi-
cada. Para obter esse conhecimento, podemos considerar o 
senso comum ou os procedimentos científicos. Com base no 
que foi estudado neste capítulo, descreva as principais dife-
renças entre esses dois tipos de conhecimentos.
Referências
APPOLINÁRIO, F. Metodologia da ciência: filosofia e prática da pesquisa. 
2. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2012.
CERVO, A. L.; BERVIAN, P. A.; SILVA, R. Metodologia científica. 6. ed. São 
Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007.
FRANCELIN, M. M. Ciência, senso comum e revoluções científicas: resso-
nâncias e paradoxos. Ciência da Informação, Brasília, v. 33, n. 3, p. 26-34, set./
dez. 2004. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ci/v33n3/a04v33n3>. 
Acesso em: 23 mar. 2018.
KNELLER, G. F. Ciência como atividade humana. Rio de Janeiro: Zahar, 1980.
MARCONI, M. A.; LAKATOS, E. V. Fundamentos de metodologia científica. 
5. ed. São Paulo: Atlas, 2003.
SAMPIERI, R. H.; COLLADO, C. F.; LUCIO, M. P. B. Metodologia de pes-
quisa. 5. ed. Porto Alegre: AMGH, 2013.
2
A natureza do conhecimento
Andreza Regina Lopes da Silva
Vimos, no capítulo anterior, que a sociedade contemporânea é 
baseada no conhecimento. Diante de tal assertiva, evidencia-se a 
relevância da ciência para o desenvolvimento de um país, por meio 
da construção, reconstrução e mesmo desconstrução de saberes 
pré-existentes, pois entende-se que a ciência é reflexo de um dado 
momento histórico.
Neste capítulo, vamos discutir a natureza do conhecimento, 
como processo de desenvolvimento de um resultado futuro deno-
minado aprendizagem. Tal processo pode ser gerado pelo indiví-
duo ou pela integração coletiva e o conhecimento, assim pode ser 
entendido pela sua natureza e tipologia como elemento de valor das 
sociedades humanas.
2.1 O que é conhecimento
Na sociedade em que vivemos, o conhecimento vem sendo cada 
vez mais reconhecido como um importante recurso, conferindo 
uma vantagem social e acompanhando o crescimento do ambiente 
dinâmico da contemporaneidade.
Sendo assim, podemos entender o conhecimento como o ele-
mento de maior impacto econômico e social na atualidade. De modo 
geral, o conhecimento precisa ser construído, desconstruído e recons-
truído ao longo do tempo, criando significados com base em infor-
mações obtidas – sejam elas de pensamentos científicos, religiosos, 
filosóficos, empíricos, do senso comum, entre outros.
24 Pensamento científico na educação
Fruto da racionalidade humana, o conhecimento pode ser enten-
dido como a transformação da informação por meio de um processo 
de criação de significado.Como resultado do ambiente e contexto 
interpretado, temos novos conhecimentos sendo criados com fre-
quência. Esse processo de construção contínua exige flexibilidade 
para adaptação a uma sociedade em constante remodelagem, incen-
tivado pelo crescimento e pela produtividade acelerados.
A sociedade contemporânea integra-se, segundo Venzin, Krogh 
e Roos (1998), pelas seguintes perspectivas:
• do desenvolvimento cognitivo, baseado no conhecimento 
como algo abstrato explicitado pelo indivíduo que o produziu;
• da autopoiesis1, fundamentado no ponto de vista criativo e 
socialmente construído por meio da observação; e
• interacionista, cuja representação do ambiente se dá pelo pro-
cessamento da informação percebida pelos diferentes fluxos 
de experiência dos envolvidos.
Nesse sentido, o conhecimento pode ser entendido, segundo 
Choo (2003), como um processo resultante da combinação, intera-
ção e relacionamento que podem se dar entre indivíduos, grupos ou 
organizações para o alcance de um determinado objetivo.
Além disso, o conhecimento é construído e desenvolvido pela 
necessidade de conexão entre os indivíduos, o que, diante da neces-
sidade de adaptação constante ao ambiente, exige por vezes a con-
cepção de novos modelos mentais. Essa mudança é necessária na 
busca de um desenvolvimento sustentável, que por sua vez leva à 
inovação de produtos, serviços e competências que ampliam o hori-
zonte de oportunidades e escolhas, exigindo um processo contínuo 
de aprendizado qualificado (CHOO, 2003).
1 A autopoiesis, ou autopoiese, é um termo criado pelos professores Maturana e 
Varela, nos anos de 1970, para designar a capacidade de os indivíduos produzirem a si 
próprios (MATURANA; VARELA, 1980).
A natureza do conhecimento 25
Para gerar conhecimento, um conjunto de dados deve ser inter-
ligado a uma realidade, dando sentido à informação, que, de acordo 
com um determinado contexto, transforma-se em conhecimento, 
como podemos observar na Figura 1.
Figura 1 – Escada do desenvolvimento de conhecimento
Dado
Informação
Conhecimento
Fonte: Elaborada pelas autoras.
Esse processo de construção do conhecimento permite ao indiví-
duo desenvolver competências que podem ser empregadas em arte-
fatos criativos, sendo expressos, por exemplo, em objetos manuais 
construídos por uma realidade interpretada. Esse processo marca 
uma aprendizagem, não como causa, mas como consequência do 
desenvolvimento de um indivíduo que, em dado momento, pode 
começar a identificar situações ou cenários até então despercebidos 
– o que pode incluir desaprender pressupostos e crenças, tidas como 
verdades absolutas – para, com base nisso, aprender.
O conhecimento evoluiu pelo processo de socialização, explici-
tação e compartilhamento de saberes, num ciclo contínuo de desen-
volvimento, impulsionado pela intervenção humana. Nesse sentido, 
o conhecimento é responsável por criar valor individual, grupal e/ou 
organizacional. Logo, cresce no mesmo ritmo das mudanças vividas 
e, nesse cenário, “não somos sujeitos passivos, mas agentes partici-
pativos, capazes de ajudar no enriquecimento cultural, científico e 
tecnológico, gerando um movimento de alimentação e retroalimen-
tação entre indivíduos e sua coletividade” (CASTRO; GONTIJO; 
AMABILE, 2012, p. 25).
26 Pensamento científico na educação
O resultado do processo evolutivo do conhecimento pode ser 
entendido como uma representação de mundo por meio da análise 
sistemática de uma realidade definida por um propósito. Assim, 
infere-se que o conhecimento se configura como significado con-
gruente do processamento cognitivo de informações, que pode 
ocorrer em nível individual e/ou no coletivo.
No decorrer do século XXI, condições de alta produtividade, 
inovação e criação de redes de interação digital trazem consigo a 
concepção do conhecimento como artefato de grande valor econô-
mico, necessário ao progresso não só de países desenvolvidos, mas 
de todo o globo (CASTELLS, 2016). Em outras palavras, o conheci-
mento, em suas mais variadas tipologias, como descreveremos no 
item a seguir, é a base para a expansão da sociedade contemporânea.
2.2 Tipos de conhecimento
Existem variados tipos de conhecimento, com aspectos em 
comum entre si, mas também com grandes diferenças. Neste item, 
vamos primeiramente conhecer as principais características de qua-
tro tipos de conhecimento, definidos por Marconi e Lakatos (2010), 
como demonstra o Quadro 1.
Quadro 1 – Tipologia dos conhecimentos
Tipo de 
conhecimento
Descrição
Popular
Também conhecido como senso comum, é aquele 
conhecimento que estruturamos com a realidade 
vivida, um conjunto de crenças e opiniões em geral 
acumuladas. 
Religioso
Também conhecido como teológico, é aquele co-
nhecimento que tem relação direta com a fé, logo, 
é inspiracional, pois não é preciso ver para crer. Sua 
inspiração apoia-se em doutrinas sagradas.
(Continua)
A natureza do conhecimento 27
Tipo de 
conhecimento
Descrição
Filosófico
Iniciado pelos pré-socráticos, na Grécia Antiga, esta-
beleceu-se pela liberdade de pensamento experien-
ciado. Já com Platão e Aristóteles, destacou-se o 
raciocínio abstrato e valorativo sem a exigência de 
aplicação direta à realidade. Nietzsche, Foucault e De-
leuze, entre outros filósofos contemporâneos, enfati-
zaram o conhecimento sob o olhar do sujeito da ação.
Científico
É todo conhecimento justificado e sistematizado 
que permite, sempre que necessário, uma revisão. 
Esse conhecimento desenvolve-se por meio de um 
ciclo que vai da observação à produção de teorias, 
num fluxo constante de teoria e prática.
Fonte: Elaborado pelas autoras com base em Marconi; Lakatos, 2010.
Apesar da caracterização e divisão em quatro grandes tipos de 
conhecimento, podemos analisar um fato com base no olhar desses 
diferentes conhecimentos. Vamos usar como exemplo o nascimento 
de uma criança. No conhecimento popular, o nascimento pode ser 
visto como a continuidade de uma família. Sob a ótica do conhe- 
cimento religioso, é como uma dádiva divina. Sob a luz do 
conhecimento filosófico, esse novo ser pode ser questionado quanto 
à sua origem e ao seu destino. E o conhecimento científico, ao olhar 
para esse nascimento, pode buscar referência nas ciências biológicas 
para compreensão do sistema que integra esse novo indivíduo.
Assim, é importante percebermos que sobre um determinado 
fato podemos ter diferentes análises de conhecimento coexistindo 
sob a visão de uma mesma pessoa. Por exemplo, um cientista pode 
entender que o indivíduo é um ser vivo com sistema complexo, vê-lo 
como uma dádiva divina e, além disso, no seu dia a dia, para cuida-
dos diários, tomar por base o conhecimento de senso comum.
Esses conhecimentos aqui apresentados podem também ser 
classificados, segundo Castro, Gontijo e Amabile (2012), como 
tácito ou explícito.
28 Pensamento científico na educação
• Conhecimento tácito: do latim tacitus, pode ser entendido 
como o conhecimento empírico de um indivíduo. Logo, é 
de difícil externalização, pois geralmente foi adquirido ao 
longo da vida e se aplica de maneira inconsciente nas ações 
do dia a dia.
• Conhecimento explícito: do latim explicitus, é um conhe-
cimento que se apresenta organizado em diferentes bases, 
por meio de procedimentos, normas e regulamentações 
que, por vezes, estarão claramente formalizados em textos, 
gráficos etc.
Não é nossa intenção limitar os tipos de conhecimento, mas mos-
trar que ele trabalha a relação entre o homem e o mundo de acordo 
com seu contexto, sua realidade ou mesmo seu propósito. Essa con-
cepção não é nova. Desde os primórdios da existência humana, o 
indivíduo foi movido pela realidade que o circunda.
O que torna o conhecimento científico distinto, intenso e valioso 
é o conjunto de procedimentos metodológicos utilizados para a 
construção da ciência. Esse conhecimento é um processo em cons-
tante desenvolvimento, revisão e construção, por meio de um sis-
tema de ideias verificáveis.
Isso posto, vale lembrarmosque essa discussão sobre a ciência 
envolve um universo de possibilidades. Assim, propomos aqui um 
caminho de compreensão da ciência pela negação, por exemplo: 
ciência não é religião, não é senso comum, não é filosofia. Logo, 
o conhecimento científico permite descobertas científicas verificá-
veis e seu avanço tem relação direta com a vida dos seres humanos, 
incutindo mudança de mentalidade, costumes e maneiras de ser e 
relacionar-se com o mundo.
Considerando a visão de Castro, Gontijo e Amabile (2012), 
podemos afirmar que os saberes científicos integram as diferentes 
esferas das relações de desenvolvimento de um indivíduo ao longo 
da vida, numa perspectiva de propagação de saberes formais. Diante 
A natureza do conhecimento 29
dessa constatação, descrevemos no item a seguir as potencialidades 
da ciência na sociedade do conhecimento.
2.3 Relevância do conhecimento científico
Considerando a relevância da ciência para a evolução e o desen-
volvimento da sociedade, numa relação sistemática – verificável e 
aproximadamente exata – de integração do homem com o mundo, 
temos a complexidade do universo científico, entendido por meio 
de temas, metodologias e procedimentos inerentes às atividades 
racionais de um sistema de conhecimento.
No tópico anterior, vimos que o conhecimento é um processo 
resultante do significado dado a informações com base em uma reali-
dade e um determinado propósito. Vimos, ainda, que o conhecimento 
pode ser individual, grupal ou organizacional, sendo individual aquele 
desenvolvido pelo processo cognitivo do indivíduo, grupal quando 
envolve a discussão e interação entre diferentes indivíduos e organi-
zacional quando essa construção se dá no âmbito das organizações.
Essa temática é ampla e complexa, mas contribui para com-
preendermos mudanças nas mais diferentes esferas sociais, estimu-
lando o desenvolvimento do conhecimento e reconhecendo-o como 
um fator de produção que impacta diretamente na solução de uma 
problemática. Desse modo, busca-se no procedimento científico 
soluções, por meio da aplicação de novas ideias, investigação e veri-
ficação de resultados, a fim de corrigir hipóteses, teorias e procedi-
mentos empregados.
Nesse sentido, o conhecimento advindo da ciência e seu reco-
nhecimento são de grande importância na sociedade contempo-
rânea. O conhecimento assume a posição de recurso com o maior 
valor econômico, cultura e social do século XXI. Diante de uma 
gigantesca rede de informação, passamos a congregar a sociedade 
em uma rede de conhecimento, dos mais diferentes tipos. Contudo, 
é na ciência que o avanço desse conhecimento integra diferentes 
30 Pensamento científico na educação
interesses, criação e cooperação com base em um objeto de estudo, 
visando a promover pesquisas que tragam avanços para a população 
como um todo.
Nesse cenário, as redes de comunicação e desenvolvimento são 
construídas com iniciativas, interesses e projetos que se conectam 
multidisciplinarmente, superando as formas limitadas de desenvol-
vimento adotadas na era da industrialização. Integram-se diferentes 
conteúdos, multiplicam-se os conhecimentos e forma-se então uma 
sociedade virtual e difusa, na qual saberes não se limitam a tempo e 
espaço, pois, com as redes digitais de informação e comunicação, eles 
passam a não ter limites temporais e geográficos (CASTELLS, 2016).
Assim, crescentes práticas que objetivam o desenvolvimento de 
uma sociedade baseada no conhecimento têm sido impulsionadas 
pelo reconhecimento de que a sociedade está em constante trans-
formação. Passamos a conceber que o desenvolvimento sustentável 
cresce no mesmo ritmo que o avanço da ciência. Sendo assim, tais 
processos precisam ser integrados.
Diante da infinidade de informações e da autonomia crescente 
dos indivíduos nas últimas décadas, a tendência dessa sociedade que 
se baseia no conhecimento se intensifica com práticas de socializa-
ção, compartilhamento, externalização e internalização do conhe-
cimento, uma vez que este assume posição de gerador de valor e de 
impulsionador de mudanças e de transformações da sociedade con-
temporânea. Esse processo é reconhecido por Nonaka e Takeuchi 
(1997) como gestão do conhecimento – temática que vamos discutir 
de modo mais aprofundado no Capítulo 7.
O ponto de partida nessa nova realidade é a associação dos 
conhecimentos, sejam eles científicos, religiosos, filosóficos ou do 
senso comum, desde que levem ao fortalecimento do desenvolvi-
mento sustentável da sociedade.
A natureza do conhecimento 31
Assim, infere-se que os saberes científicos têm sido difundidos 
com maior intensidade nesse modelo de sociedade contemporânea, 
que não se limita a culturas isoladas, pois agora elas se conectam 
constantemente e ampliam-se devido à integração de indivíduos e 
espaços – algo que até o fim do século XX limitava-se a discussões 
fragmentadas em conteúdos, disciplinas, culturas e regiões distintas. 
Esse movimento de integração de saberes incentiva pesquisas e 
inovações nos mais diferentes campos do conhecimento, visando a 
criar novas riquezas em uma sociedade globalizada.
Considerações finais
A natureza do conhecimento é um tema que extrapola a con-
cepção teórica e a tipologia das ciências. Inclui a análise do conhe-
cimento científico e sua evolução como estratégia de um sistema de 
desenvolvimento sustentável, em que ciência e problemas da reali-
dade se integram na direção da qualidade de vida e de novas opor-
tunidades na sociedade.
Essa discussão é uma realidade do século XXI que exige soluções 
e iniciativas relacionadas a ações de pesquisa científica, no lugar de 
verdades absolutas instituídas pelo conhecimento revelado pela fé 
ou pelo senso comum. Essa compreensão da relevância da ciência 
apontar o interesse da sociedade moderna em compreender o 
mundo e minimizar calamidades naturais e escassez de recursos, 
um movimento possível pela integração da ciência à prática diária.
Nesse novo cenário, reconhecemos que o conhecimento exige 
um modelo de desenvolvimento progressivo e integrado, cuja cons-
trução não se limita à educação formal (series iniciais, ensino médio, 
e graduação, por exemplo), mas exige de cada um de nós um movi-
mento de autonomia e busca constante por saberes que possam 
ser integrados como processos e técnicas que estimulem a produ-
ção e socialização de novos conhecimentos, a fim de potencializar o 
32 Pensamento científico na educação
desenvolvimento da ciência. Como indivíduos aprendentes, devemos 
todos ser protagonistas da evolução da ciência, contribuindo com 
soluções inovadoras que estimulem o desenvolvimento da sociedade.
Ampliando seus conhecimentos
Neste capítulo, tratamos do conhecimento, sua tipologia e 
discutimos de maneira reflexiva a sua relevância para a sociedade 
contemporânea. Isso porque ela tem no conhecimento o seu arte-
fato de maior valor e cresce e potencializa seus resultados com base 
na construção colaborativa dele. Nesse sentido, Pereira (2014) dis-
corre sobre algumas implicações da construção do conhecimento 
em nossa sociedade, destacando a universidade como uma via de 
racionalização e de desenvolvimento dele. Para que você possa 
ampliar sua compreensão sobre a natureza do conhecimento, 
reproduzimos a seguir um excerto sobre a ciência moderna e seu 
caminho nas universidades.
A construção do conhecimento na 
modernidade e na pós-modernidade: 
implicações para a universidade
(PEREIRA, 2014)
Algumas consequências para a produção do conhecimento 
decorreram [...] para a estruturação da universidade. Com esse 
procedimento, a universidade desenvolve o conhecimento pela 
via da racionalidade e reproduz a separação sujeito-objeto.
1. O sujeito e objeto tornam-se polos opostos da relação 
de conhecimento. Para que a objetividade seja alcançada, o 
sujeito do conhecimento teve que ser reprimido e superado, 
principalmente nas qualidades de sentimento e imagina-
ção. O conhecimento torna-se algo alcançável somente pelo 
uso da razão.
A naturezado conhecimento 33
2. O método científico tem como fundamento a redução da 
complexidade. Impera que o complexo seja dividido, separado 
e classificado para que possa ser explicado, compreendido, 
trabalhado. Acredita-se que a mente humana não dá conta de 
explicar o mundo na sua complexidade. A simplificação do 
complexo constitui uma arbitrariedade consentida e é necessá-
ria para que se conheça a causa do fenômeno.
3. A organização do conhecimento vai ser feita de forma dico-
tômica, onde uma possibilidade exclui a outra. O pensamento 
é dualista – mente e corpo; razão e sentimento; explicações físi-
cas e explicações culturais. Caso predomine um dos aspectos, o 
outro está excluído. As áreas do conhecimento vão sendo sepa-
radas para que ele seja produzido na sua especificidade. Isso vai 
influenciar a formação na universidade.
4. A ciência toma como base o conceito de ordem uniforme 
como princípio organizador dominante na realidade. Isso 
levou à adoção de alguns postulados, tais como: a mudança é 
uniforme e linear; o universo é estável e mecânico, a realidade 
é simples e quantificável, o progresso é linear.
5. O método científico elimina a possibilidade de sentimentos, 
intuição e experiências pessoais poderem ser consideradas fon-
tes de conhecimento, por não serem exatos e objetivos.
[...] A ciência moderna que se constituiu na convicção de que 
há regularidade e previsibilidade no mundo físico e biológico 
vai passar essa convicção para alguns teóricos dos fenômenos 
sociais. Para estes, como para aqueles, descoberta a regulari-
dade do fenômeno, tornava-se possível a predição e o controle 
destes, fossem naturais ou humanos.
[...] Tendo essas considerações teóricas em perspectiva, nos 
questionamos na universidade a nossa condição de trabalhar 
um ensino que tome como referência a emergência de novas 
posturas paradigmáticas do conhecimento e que se questione 
quanto à estruturação imposta pelo método científico. Essas 
novas perspectivas levam a universidade a pensar sua função 
de ensinar, formar e pesquisar, baseadas somente nas certezas 
34 Pensamento científico na educação
científicas, no método experimental e na objetividade, rejei-
tando qualquer nova contribuição que não seja parametrada 
dentro dessa relação.
[...]
Atividades
1. Considerando que saímos de uma sociedade denominada 
industrial e chegamos à sociedade baseada no conhecimento, 
descreva o que é conhecimento e como o construímos.
2. A sociedade contemporânea tem o conhecimento como ele-
mento de valor. Isso traz também a consciência dos diferen-
tes tipos de conhecimento e suas principais inferências. Com 
base no que vimos no capítulo, discorra sobre seis tipos de 
conhecimento e suas principais características.
3. A sociedade passou por um processo de transformação signi-
ficativo a partir do século XX, no que diz respeito à construção 
do conhecimento como base do desenvolvimento econômico. 
Considerando o conhecimento científico, destaque os princi-
pais aspectos que o avanço da ciência agrega à sociedade do 
século XXI, cuja base é a integração em rede.
Referências
CASTELLS, M. A sociedade em rede. 17. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2016.
CASTRO, C. L. F.; GONTIJO, C. R. B.; AMABILE, A. E. N. (Org.). Dicionário 
de políticas públicas. Barbacena: EdUEMG, 2012. Disponível em <http://
bd.camara.gov.br/bd/handle/bdcamara/13076>. Acesso em: 12 abr. 2018.
CHOO, C. W. A organização do conhecimento: como as organizações usam 
a informação para criar significado, construir conhecimento e tomar deci-
sões. 2. ed. São Paulo: Senac, 2003.
A natureza do conhecimento 35
MARCONI, M. A.; LAKATOS, E. M. Fundamentos de metodologia cientí-
fica. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2010.
MATURANA, H. R.; VARELA, F. J. Autopoiesis and cognition: the realization 
of the living. Dordrecht: D. Reidel Co., 1980.
NONAKA, I.; TAKEUCHI, H. Criação de conhecimento na empresa: como 
as empresas japonesas geram a dinâmica da inovação. Rio de Janeiro: 
Campos, 1997.
PEREIRA, E. M. A. A construção do conhecimento na modernidade 
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Superior, n. 12, jul./set. 2014. Disponível em: <https://www.revistaensino 
superior.gr.unicamp.br/artigos/a-construcao-do-conhecimento-na-moder 
nidade-e-na-pos-modernidade-implicacoes-para-a-universidade>. Acesso 
em: 15 abr. 2018.
VENZIN, M.; KROGH, G.; ROOS, J. Future research into knowledge 
 management. In: KROGH, G.; ROOS, J.; KLEINE, D. (Org.). Knowing 
in firms: understanding, managing and measuring knowledge. Londres: 
Sage, 1998.
3
Método científico: a sistematização 
do conhecimento
Andreza Regina Lopes da Silva
Discutimos anteriormente sobre a ciência e sua relevância 
no contexto da sociedade atual, uma sociedade em rede. Agora, 
é importante debatermos o método científico, visto que ele sistema-
tiza o conhecimento por meio de situações concretas e com refle-
xões previamente mapeadas e discutidas. 
Diante disso, neste capítulo vamos conhecer os principais méto-
dos científicos utilizados na educação e pesquisa, os quais proporcio-
nam oportunidades de contribuir, com o desenvolvimento do país. 
O conhecimento científico não é único e acabado; ele permite, por 
meio de procedimentos definidos, a revisão de saberes prévios, a fim 
de ampliar sua aplicabilidade e compreensão em um dado período. 
Essa discussão é, sem dúvida, o ponto de partida da contribuição 
notável da ciência em relação às tendências e transformações sociais. 
3.1 Método científico
Vamos começar nossa discussão destacando que foi no início do 
século XXI que tivemos o marco do crescimento da ciência no que 
tange ao fomento público e iniciativas que estimulam sua expansão. 
Novos conceitos sobre a própria natureza e as necessidades humanas 
são explicitados por meio da ciência, permitindo aos indivíduos for-
talecer seu senso crítico, indo além do senso comum. 
A ciência tem se demonstrado um instrumento de riqueza de 
produção na sociedade do conhecimento. Na era da globalização, o 
38 Pensamento científico na educação
que diferencia um país desenvolvido dos demais é principalmente o 
investimento em ciência e tecnologia. O desenvolvimento da ciên-
cia se dá em grande parte dentro das instituições de ensino supe-
rior (IES) e exige fomento dos governos, das próprias instituições 
de ensino e da iniciativa privada. Essa relação é conhecida como 
conceito da tríplice hélice, uma abordagem integrada para o cresci-
mento econômico, como ilustra a Figura 1. 
Figura 1 – Tríplice hélice
Iniciativa 
privadaGoverno
IES
Fonte: Elaborada pelas autoras com base em Etzkowitz; Leydesdorff, 2000.
Partindo dessa discussão, podemos perceber a relevância da 
integração entre os agentes da hélice para o desenvolvimento de um 
país, pois, no que tange à inovação, o fomento é fortalecido com as 
mudanças e interações dessas relações – entre governo, IES e ini-
ciativa privada (ETZKOWITZ; LEYDESDORFF, 2000). Contudo, 
em pleno século XXI ainda temos alguns impasses no contexto bra-
sileiro: apesar da expansão da ciência no país, principalmente nas 
últimas décadas, é comum, infelizmente, a importação de tecnologia 
e fontes de conhecimento de outros países. 
Nesse sentido, como já afirmamos anteriormente nesta obra, a 
produção da ciência é fundamental para o crescimento sustentá-
vel de um país, pois é vista como um agente de competitividade e 
desenvolvimento, o que predispõe a necessidade de avançarmos no 
Método científico: a sistematização do conhecimento 39
conhecimento sobre os métodos científicos que impactam na exce-
lência das pesquisas realizadas.
Com esse contexto inicial, queremos despertar a consciência 
quanto à sistematização do conhecimento. Sabemos que, por vezes, 
falar em método científico para muitos soa como algo engessado, 
difícil, gerando inclusive resistências. No entanto, devemos desmis-
tificar aqui essa visão e mostrar que até mesmo você, como estu-
dante e profissional, contribui para essa realidade e o avanço dopaís. 
A sistematização do conhecimento ocorre por meio de métodos 
que, por sua vez, vão permitir a construção de saberes válidos e ver-
dadeiros por um caminho definido. Pense, no campo das ciências 
da saúde, como é relevante um estudo com método definido – nesse 
caso, o método clínico. Com certeza ele auxilia, além de pesquisa-
dores e profissionais na prática clínica, no bem-estar dos pacientes. 
Para uma melhor compreensão, observe a Figura 2. 
Figura 2 – Etapas do desenvolvimento do método científico
Observação ResultadoHipótese
Questão de 
análise
Experimento
Fonte: Elaborada pelas autoras.
Perceba que o método científico é composto de cinco etapas, 
sendo elas: 
1. Observação – corresponde ao mapeamento do contexto a 
ser pesquisado.
2. Questão de análise – definição da pergunta/problemática 
que direcionará a pesquisa.
40 Pensamento científico na educação
3. Hipótese – corresponde a possíveis explicações da questão 
definida para análise.
4. Experimento – relacionado a testes da hipótese definida.
5. Resultado – condição observada e evidenciada com os proce-
dimentos das experiências.
Até aqui ficou claro que a ciência consiste no estudo com méto-
dos claros e definidos da evolução do conhecimento, sejam eles 
métodos de abordagem ou de procedimentos, como veremos no 
próximo item, no Quadro 1. Ou seja, a sistematização do conhe-
cimento investigado, para a construção de ciência, é realizada com 
um método científico, independentemente de seu tipo (CASTRO; 
GONTIJO; AMABILE, 2012). Mas, agora, queremos que você 
reflita: tudo que emprega método é ciência? 
Observe que essa relação não é obrigatoriamente direta. 
Imagine-se diante de uma receita de bolo, em que métodos de 
procedimentos estão definidos, por exemplo: “bata as claras em 
neve e reserve”; “em outro recipiente, bata as gemas e a manteiga”, 
e assim sucessivamente. Temos um método, mas não é ciência. 
Método científico é uma teoria de investigação que busca respon-
der a uma problemática definida pelo racionalismo e espírito crítico 
(DESCARTES, 2011). 
Dessa forma, podemos explicar o conhecimento científico como 
o processo de criação de significado que o indivíduo gera por meio 
da abstração da informação, cuja razão procura “a verdade nas ciên-
cias” (DESCARTES, 2011, p. 27). Como resultado, queremos que 
você perceba que método é um conceito que integra o raciocínio e/ou 
o caminho que seguimos na sistematização do conhecimento. Mas 
tenha claro que não vamos aqui ensinar o método, e sim apresen-
tar suas diferentes formas para a construção da ciência. Não há um 
só procedimento, tampouco abordagens definidas, pois temos um 
processo de construção contínuo que exige dos pesquisadores e 
estudiosos flexibilidade e adaptação constante.
Método científico: a sistematização do conhecimento 41
3.2 Classificação dos métodos 
O conceito de método, como vimos anteriormente, está relacio-
nado à organização e/ou à abordagem sistemática do conhecimento 
produzido e distribuído. Ou seja, está integrado à construção e ao 
desenvolvimento sistematizado do conhecimento, permitindo ao 
pesquisador a busca por respostas em uma investigação racional. 
Para melhor compreensão, organizamos o Quadro 1. Observe: 
Quadro 1 – Métodos de abordagem e de procedimentos
Método de 
abordagem
Método de 
procedimentos
• Indutivo
• Dedutivo
• Hipotético-dedutivo
• Dialético
• Histórico
• Comparativo
• Estudo de caso
• Estatístico
• Estudo de caso
• Funcionalista
• Estruturalista 
• Etnográfico
Fonte: Adaptado de Marconi; Lakatos, 2010. 
Em geral, o método constitui a ordem e o raciocínio necessários 
para o avanço em diferentes campos de estudo, permitindo a cons-
trução de generalizações e o estabelecimento de comparações sobre 
o objeto de estudo. O método de abordagem faz analogia ao racio-
cínio obtido com base em um dado estudo já realizado, enquanto 
o método de procedimentos está relacionado à ordem das ações. 
Sendo assim, considerando a discussão apresentada por Marconi 
e Lakatos (2010), vamos às descrições dos métodos citados no 
Quadro 1. 
• Abordagem indutiva: desenvolve-se por um processo de 
raciocínio no qual, com a observação de um fenômeno, é 
possível fazer descobertas e generalizações com base em uma 
premissa observada. Por exemplo: “João é um homem mortal. 
Pedro é um homem mortal. Caio é um homem mortal”. Logo, 
42 Pensamento científico na educação
subtende-se que “todos os homens são mortais”. Ou seja, a 
abordagem indutiva trabalha com generalizações científicas.
• Abordagem dedutiva: nessa abordagem, parte-se da questão 
de que, se a premissa é verdadeira, a conclusão também é, e 
vice-versa. A proposta, nesse caso, é explicitar uma conclusão 
observada com base no maior número de situações, a fim de 
se atingir a “exatidão”. Por exemplo: “todo mamífero tem um 
coração. Todos os cães são mamíferos”. Logo, é possível afir-
mar com exatidão, pela conclusão das premissas definidas, 
que “todos os cães têm um coração”.
• Abordagem hipotético-dedutiva: considerando que o conhe-
cimento científico é desenvolvido com base em uma proble-
mática, a dedução pode ser entendida como a aproximação 
exata da solução; logo, todo resultado de uma questão cien-
tífica pode ser questionável. Sendo assim, a minimização de 
erros está relacionada à inúmera repetição da pesquisa e sua 
análise. Essas constatações nos permitem dizer que a constru-
ção do conhecimento científico é feita por meio da sistema-
tização de dados e informações, mas nem por isso é definida 
como verdade única e absoluta, principalmente em questões 
genéricas. Por exemplo: “amanhã fará sol”. Essa frase pode ser 
entendida como uma dedução com base em análises dos últi-
mos dias do mês. No entanto, trazer uma abordagem hipo-
tético-dedutiva implica em ponderar os diferentes elementos 
do estudo ou mesmo da hipótese. Sendo assim, teríamos, por 
exemplo: “Amanhã, a partir das 9 horas, fará sol em todas as 
regiões do Sul do Brasil”.
• Abordagem dialética: nesse caso, o raciocínio é movido pela 
observação da realidade ou pela busca da resposta à problemá-
tica pelo viés da contradição. Sendo assim, os princípios que 
fundamentam essa abordagem são: ação recíproca oposta; pas-
sagem da quantidade à qualidade; e discussão dos contrários. 
Método científico: a sistematização do conhecimento 43
Uma fala dialética pode ser representada por: “A sociedade do 
século XXI tem liberdade de expressão, com algumas restrições”. 
Observe que liberdade e restrições são conceitos contraditórios.
• Procedimento fenomenológico: visa à análise de um fenô-
meno que se expressa por si mesmo. Assim, nessa abordagem, 
a sistematização do conhecimento contribui com o reconhe-
cimento e a tomada de consciência de uma prática diária, por 
exemplo. É uma abordagem que não considera hipóteses e 
conhecimentos prévios, pois tem a proposta de sistematizar 
o conhecimento da observação e a compreensão direta da 
vivência humana, sem se preocupar com generalizações.
• Procedimento histórico: toma por base a investigação 
científica passada, considerando os períodos de mudanças e 
possíveis componentes, ao longo do tempo, que influenciam 
na solução a ser proposta. O procedimento histórico apoia-se 
na evolução de fatos ao longo de um determinado período. 
Por exemplo, para se pesquisar a tendência das tecnologias na 
educação, podemos estudar os meios de comunicação e sua 
evolução ao longo da história da humanidade.
• Procedimento comparativo: é utilizado para fazer a com-
paração de grupos distintos, em situação atual ou passada, 
ou, ainda, de um determinado grupo na situação presente 
comparado à situação passada. Por exemplo: “Quais elemen-
tos intersectam o modo de fazer educação do século XX e do 
século XXI?”. Observe que, ao sistematizar o conhecimento 
por meio da comparação, é possível fazer inferências signifi-
cativas quando pensamos em planejar tendências ou verificar 
necessidades de mudanças.
• Procedimento estatístico: pode ser entendido comoresul-
tado de um conjunto complexo de representações a fim de 
reduzir a análise do fenômeno a termos quantitativos, para 
então se obter generalizações. Por exemplo: organizar a faixa 
44 Pensamento científico na educação
etária da sociedade que tem formação em nível superior. 
Podemos reduzir a realidade pela estatística, apontando que 
14% dos adultos brasileiros têm ensino superior.
• Procedimento de estudo de caso: diz respeito à observação 
de fenômenos de aspectos de casos particulares. Esse estudo é 
desenvolvido visando a se obter generalizações. 
• Procedimento funcionalista: integra o olhar do pesquisador a 
casos concretos e reais, tendo em vista apresentar uma divisão 
de aspectos que o fenômeno em análise apresenta. Por exemplo: 
tipos de governo (podemos ter comunismo, autarquia, democra-
cia, entre outros). Observe que é uma sistematização do conheci-
mento, que pode ser organizada por uma determinada tipologia.
• Procedimento estruturalista: parte do conhecimento concreto 
para o abstrato, e vice-versa, dispondo de uma representação 
dos fenômenos reais em análise. Considerando que por trás 
de todo fenômeno temos uma estrutura, nesse procedimento 
deve-se analisá-la. Por exemplo: a estrutura de ingresso numa 
instituição de ensino superior pode ser resultante da aprova-
ção no vestibular, que segue a conclusão do Ensino Médio, que 
por sua vez pode advir de uma estrutura de instituição pública 
ou privada.
• Procedimento etnográfico: consiste no método que combina 
o ponto de vista do pesquisador e da comunidade da qual o 
indivíduo em evidência faz parte, já que a etnografia visa à 
observação, descrição e interpretação de determinada cultura 
para, então, propor-se à sistematização do conhecimento. Um 
exemplo é a observação e descrição de uma comunidade indí-
gena e da forma como ela compartilha o conhecimento para 
dar sustentabilidade cultural à sua tradição. 
• Procedimento clínico: comumente utilizado sob o ponto de 
vista qualitativo e/ou quantitativo na área da saúde, visando a 
compreender o processo com base nas tendências observadas. 
Método científico: a sistematização do conhecimento 45
Para tanto, é fundamental a integração entre domínio teórico 
e prático. Como exemplo, temos as pesquisas clínicas para 
combater determinado vírus que afeta crianças menores de 
2 anos de idade. 
Observe que, ao tratar da classificação dos métodos em uma pes-
quisa, temos uma amplitude de categorização. Logo, a abordagem e 
os procedimentos utilizados são definidos pelo pesquisador e orien-
tador da pesquisa com a finalidade de atender de maneira satisfa-
tória à problemática em questão. Não existe receita pronta. A cada 
pesquisa há um mapeamento metodológico. Sendo assim, vale des-
tacar que o conceito de método pode ser entendido como caminho, 
forma e até mesmo modo de pensar, que por vezes são interligados 
a instrumentos de pesquisa, visando a promover o desenvolvimento 
da sociedade, com base na evolução da ciência. 
Conhecer os métodos e ter claro qual deles será utilizado é 
essencialmente saber o caminho considerado ideal para se realizar o 
avanço do conhecimento com confiabilidade e precisão de dados e 
resultados. Nesse sentido, a concepção teórica e a maneira de estudo 
definidas por um pesquisador, com base em sua problemática, são 
fundamentais à construção de novos saberes, pois os resultados ten-
dem a representar projeções de melhoria e desenvolvimento social 
– uma característica dos tempos modernos, como possibilidade do 
avanço científico (DESCARTES, 2011). 
3.3 O pensamento científico na educação
Devido ao avanço da ciência, e, especificamente, da medicina, 
atualmente a população tem taxas de mortalidade cada vez mais 
reduzidas. Temos a ampliação da comunicação devido ao avanço 
das tecnologias, que contribuem diretamente para facilitar nossa 
rotina diária, incluindo o desenvolvimento de competências indi-
viduais. Por exemplo: por meio de ambientes virtuais, é possível, 
para muitos, mesmo com limitação temporal ou geográfica, dispor 
46 Pensamento científico na educação
de um espaço de difusão de saberes. A comunicação digital cresceu 
exponencialmente em consequência das tecnologias. Além disso, 
essas mudanças geraram uma nova cultura, que se baseia no conhe-
cimento e nos meios digitais, realidade que incide no modo de saber, 
ser e agir dos indivíduos. Contudo, apesar desse conjunto expressivo 
de contribuição da ciência para o desenvolvimento dos países, ela 
ainda não é uma realidade compreendida pela sociedade brasileira, 
que apresenta grande exclusão social, limitando o acesso de muitos 
à compreensão dos conhecimentos científicos (UNICAMP, 2002). 
Nesse sentido, é importante reconhecermos: mais do que um 
procedimento de sistematização do conhecimento, o método cien-
tífico é a base da formação de profissionais e de inovações na socie-
dade, permitindo maior acesso às diferentes áreas de conhecimento. 
Além da construção de novos saberes, o método científico contribui 
para a concepção de fundamentações lógicas, racionais, eficientes 
e eficazes. Desse modo, o pensamento científico pode ser definido 
como procedimentos e raciocínios didáticos de desenvolvimento de 
novos conhecimentos e ressignificação daqueles pré-existentes, por 
vezes sendo necessário desconstruir os saberes de senso comum. 
O conhecimento científico permite descrever aspectos do mundo 
de fatos, acontecimentos e registros históricos. Com essa definição, 
queremos que você reflita: é preciso usar somente o pensamento 
científico? Então por que ele é importante? 
É relevante o conhecimento científico na atual sociedade em 
rede, que se integra pela instrumentalidade e se comunica predo-
minantemente mediada por computadores e comunidades virtuais 
(CASTELLS, 2016). Assim, se quisermos continuar no caminho do 
desenvolvimento, é de extrema importância trabalharmos a cons-
trução do pensamento já na formação dos professores e no desen-
volvimento do aluno quando ele ingressa na escola. 
Essa prática, infelizmente, ainda não é comum na educação 
básica no Brasil, apesar de poder ser entendida como uma tendência 
Método científico: a sistematização do conhecimento 47
global, já que a ciência reconhece problemas de abordagem ampla, 
como: erradicação da pobreza, democracia da paz, proteção eco-
lógica, direitos humanos, entre tantos outros aspectos que colabo-
ram com instâncias públicas e privadas de maneira significativa 
(ARETIO, 2012). Isso porque entende-se que o desenvolvimento 
da ciência potencializa a criação de redes de participação e desen-
volve o senso de protagonismo dos cidadãos, servindo de alavanca 
ao desenvolvimento social. 
O avanço da humanidade sempre foi impulsionado pela curio-
sidade, pela busca em compreender o ser humano e o mundo em 
que vive. Isso promoveu a necessidade de troca e de estruturação 
de informações. Nesse movimento, a ciência teve sua criação, ao 
procurar respostas ao desconhecido e sistematizar o conhecimento 
por métodos definidos, dando espaço à criação das diversas áreas 
científicas. Tendo isso em vista, entendemos que desenvolver o pen-
samento científico, antecipando mudanças de cenários e criando 
novas estratégias, é fundamental ao perfil de formação e atuação 
profissional do indivíduo bem-sucedido no século XXI, o que é 
capaz de criar diferentes soluções. 
Essa compreensão demonstra que a sociedade e a cultura muda-
ram e a educação tem seguido o mesmo caminho, pois as neces-
sidades humanas transformam-se dia a dia. Sendo assim, nossa 
participação como indivíduos críticos na sociedade à qual perten-
cemos precisa mudar. E isso exige a transformação de paradigmas, 
entre eles ter o conhecimento como algo de maior valor e riqueza 
na sociedade contemporânea. Nesse contexto, o professor necessita 
assumir uma nova postura de mediador do conhecimento, facilita-
dor e até mesmo curador digital, ou seja, aquele que seleciona infor-
mações para compartilhamento e promove a construção de novos 
conhecimentos.E a realidade não é diferente para o aluno, pois se 
exige que ele assuma de modo corresponsável a sua formação e o seu 
desenvolvimento ao longo da vida. 
48 Pensamento científico na educação
Mas você pode estar se perguntando: como podemos promover 
um ambiente de integração que não se limite a informações prontas, 
mas estimule a construção de novos saberes sistematizados racional-
mente e organizados em ações?
Para respondermos a essa questão, é importante primeiro ter 
algo claro: conforme aponta Castells (2016), apesar dos primeiros 
laboratórios de pesquisa terem surgido na indústria química alemã 
já no fim do século XIX, o tema no Brasil ainda é bastante recente. 
A pesquisa – e a ciência – exige um ciclo de realimentação cumu-
lativo entre quem ensina e quem aprende, quem pesquisa e quem 
se beneficia da pesquisa. Ou seja, é um tripé que sustenta o pensa-
mento científico na educação. Para melhor compreender essa refle-
xão, observe a Figura 3.
Figura 3 – Tripé para expansão do conhecimento científico
Ensino
Expansão
 Pensamento 
científico
Extensão Pesquisa
Fonte: Elaborada pelas autoras.
Com essa figura, perceba que não estamos falando de ciên-
cia como algo distante, mas como elemento que envolve ações de 
Método científico: a sistematização do conhecimento 49
ensino, pesquisa e extensão e que se amplia pela integração da 
denominada tríplice hélice, mostrada na Figura 1. Dessa forma, 
não estamos em busca de culpados para a realidade brasileira; o 
importante para haver uma mudança é perceber que, por mais que 
esta ocorra em passos lentos, se estivermos dispostos e compro-
metidos, ela sempre acontece. Talvez você pense: mas o sistema de 
educação no Brasil não evoluiu. Nesse caso, relembre as primeiras 
práticas educacionais em nosso território, como a catequização 
feita pelos jesuítas. Certamente você irá concordar que desde então 
muito mudou, mesmo que ainda não seja o que desejamos. Hoje, 
no que tange ao avanço da ciência, precisamos principalmente de 
ações e fomento dedicados à expansão da pós-graduação no país: 
“O aumento da produção científica está associado ao crescimento 
da pós-graduação e ao financiamento da pesquisa pelas agências 
governamentais de fomento” (UNICAMP, 2002, p. 22).
Pois bem, o que queremos que você perceba é que a sistema-
tização do conhecimento amplia possibilidades de descobertas, 
melhorias e soluções. Contudo, isso não ocorre de um dia para o 
outro, tampouco se limita aos laboratórios de pesquisa. O movi-
mento de conscientização sobre o conhecimento científico é algo 
ainda não integrado de modo pleno em nossa sociedade, sobre-
tudo na parcela significativa de indivíduos que compõem o cená-
rio de exclusão social. Esse quadro atual também é um alerta para 
a necessidade de evolução do incentivo à ciência e à formação de 
cientistas no país. Isso não é uma tarefa fácil, mas é um desafio 
da sociedade de países em desenvolvimento como o Brasil. Para 
conquistarmos essa nova realidade, a formação de qualidade é 
obrigatória. Exige-se, assim, novas maneiras de promover uma 
educação que forme indivíduos críticos, “com acesso à educação 
superior e um sistema produtivo comprometido com o progresso” 
(UNICAMP, 2002, p. 17). 
50 Pensamento científico na educação
Certamente podemos afirmar que é oportuna, desejável e emer-
gente a necessidade de repensarmos o papel do professor e o com-
promisso do aluno, os quais são, antes de tudo, cidadãos que devem 
buscar o desenvolvimento da coletividade com autonomia. De modo 
geral, o pensamento científico, por meio de métodos definidos, 
contribui para expandir as possibilidades de soluções em relação à 
melhoria da qualidade de vida e ao desenvolvimento de uma nação. 
Considerações finais
Em nossa sociedade baseada no conhecimento, cada vez mais 
se reconhece a relevância e necessidade da atuação e integração da 
comunidade científica. Mas, por sua vez, ela não consegue avançar 
sozinha em pesquisas e descobertas, pois também precisa da socie-
dade. Vimos que argumentos não faltam para comprovar a impor-
tância de se investir em ciência e incentivar a formação de cientistas 
no país. Contudo, cabe também aos professores e alunos, pessoas 
comprometidas com o desenvolvimento, promover e fomentar uma 
cultura em que a construção do conhecimento não se limite à edu-
cação formal. Deve-se incluir recursos diversos e de acesso livre e 
aberto, a fim de potencializar a capacidade de desenvolvimento de 
um país no qual o meio digital é cada vez mais ágil, inclusive no 
âmbito educacional. 
Para dar conta dessa discussão, neste capítulo apresentamos os 
principais métodos científicos utilizados na pesquisa acadêmica, 
reconhecendo não só os conceitos, mas sua importância para o 
desenvolvimento social como um todo. O conhecimento científico 
torna-se uma ferramenta estratégica de desenvolvimento sustentá-
vel, podendo, por esse motivo, contribuir para a prosperidade de 
Método científico: a sistematização do conhecimento 51
um país e sua comunidade. Isso implica em promover novos saberes 
com a combinação de teorias e experiências que ultrapassam olhares 
segmentados e o senso comum. Esse resultado só pode ser obtido 
com a exploração sistemática de diferentes fontes de pesquisa de 
um objeto de interesse, a qual pode envolver, além da verificação, 
a repetição e correção de possíveis falhas de estudo. 
Entendemos que as características do meio social e profissio-
nal de uma comunidade induzem ou restringem certos compor-
tamentos. Assim, sistematizar o conhecimento exige, além de uma 
busca completa e organizada de fontes confiáveis, a valorização do 
saber científico pela sociedade, de modo a influenciar significativa 
e positivamente a coleta de informações, a construção de novos 
conhecimentos e o consequente desenvolvimento de competências 
individuais e coletivas. 
Ampliando seus conhecimentos
Neste capítulo discutimos a importância do método científico para 
a construção de conhecimentos estruturados e a crescente significân-
cia das ciências para a população brasileira. Contudo, ainda é uma 
pequena parcela da população que tem acesso à profissão de cientista 
e ao conhecimento científico em universidades ou instituições de pes-
quisa. Apesar da importância dessa atuação, são poucas as pessoas que 
se lembram do nome de algum cientista brasileiro, por exemplo. Para 
refletirmos sobre essa discussão quanto ao conhecimento científico e 
sua percepção no Brasil, sugerimos que você conheça o relatório do 
Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), que traz um olhar 
dos brasileiros quanto a esse contexto. 
52 Pensamento científico na educação
Percepção pública da ciência e 
tecnologia 2015: ciência e tecnologia 
no olhar dos brasileiros
(CGEE, 2015)
As atitudes dos brasileiros sobre ciência são, em geral, muito 
positivas, prevalecendo a percepção sobre seus benefícios, a 
confiança grande nos cientistas e nas suas motivações, bem 
como o reconhecimento da importância do investimento 
público em C&T. O otimismo quanto aos impactos da C&T 
vem crescendo desde 1987:
• O número de pessoas que acreditam que a C&T está 
associada “só a benefícios” para a humanidade conti-
nuou crescendo de forma expressiva, desde 1987, e hoje 
tal opinião é a da maioria dos brasileiros. Isto ocorreu 
mesmo que, em 2015, tenha havido uma retração na 
porcentagem de pessoas que acreditam que as ciências 
trazem “mais benefícios que malefícios”. A grande maio-
ria dos brasileiros (73%) declara acreditar que C&T traz 
“só benefícios” ou “mais benefícios do que malefícios” 
para a humanidade (em 2010 este número alcançava 
81%). Tal opinião otimista prevalece em todas as faixas 
de renda e escolaridade e em todas as regiões do Brasil, 
sendo um pouco maior na região Sul. 
[...] As atitudes sobre C&T não podem ser entendidas de 
maneira linear a partir apenas de variáveis sociodemográfi-
cas: as pessoas mais informadas não necessariamente possuem 
visões mais positivas e as pessoas com visões

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