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imediato de sua execução (os chamados serviços), ou que, embora criem
bens materiais, não são lucrativas. Marx modificou as teses de Smith, ao
mesmo tempo deixando interrogações, dúvidas e problemas sem resposta,
que suscitaram controvérsias ainda abertas entre os próprios marxistas.
Antes de tudo, tendo em vista sempre a formação social burguesa,
devia ficar inteiramente claro que só o trabalho produtivo cria valor
e mais-valia. Mas isto não significa que as atividades improdutivas
sejam todas desnecessárias ou mesmo nocivas. Umas são requeridas
pela manutenção das condições gerais da vida social (os serviços do
aparelho estatal), enquanto outras são indispensáveis à efetivação inin-
terrupta dos próprios processos econômicos. A atenção de Marx incidiu
principalmente nestas últimas.
Daí que começasse por criticar a rigidez da caracterização smi-
thiana excludente de todos os serviços da esfera do trabalho produtivo.
Rigidez de inspiração fisiocrática e que levava a sobrepor a natureza
física do produto do trabalho à sua forma social. Da análise do texto
de Smith, no volume I das Teorias da Mais-Valia, emergiram distinções
bem definidas em O Capital. O capital produtivo é, por excelência, o
capital industrial, concebendo-se o capital agrícola como uma de suas
modalidades. O capital comercial e o capital bancário representam es-
pecializações funcionais improdutivas do capital social total, indispen-
sáveis, porém, à sua circulação e rotação sob forma de mercadoria
específica e sob forma de dinheiro. Uma parte da mais-valia criada na
esfera do capital industrial passa às esferas do comércio e dos negócios
bancários — assumindo as formas particulares de lucro comercial e
de juros —, com ela se pagando o lucro de comerciantes e banqueiros,
bem como o salário dos seus empregados. Mas há atividades que não
produzem bens materiais e, contudo, são necessárias ao processo de
produção ou o prolongam na esfera da circulação, devendo ser consi-
deradas produtivas e, portanto, criadoras de valor e mais-valia. Este
é o caso do transporte, armazenagem e distribuição de mercadorias.
Uma vez que as mercadorias são valores de uso destinados à satisfação
de necessidades (como bens de produção ou como bens de consumo),
é evidente que transportá-las, conservá-las em locais apropriados e
distribuí-las constituem tarefas produtivas, ainda que nada acrescen-
tem à substância ou à conformação física das mercadorias. Por conse-
qüência, uma parte das atividades abrangidas pela rubrica do comércio
tem natureza de trabalho produtivo. São somente improdutivas aquelas
atividades comerciais que derivam das características mercantis das
relações de produção capitalistas, dizendo respeito aos gastos com as
operações de compra e venda e com as suas implicações especulativas.
Por conseguinte, Marx rejeitou a caracterização de Smith acerca
do trabalho produtivo restringido apenas à produção de bens materiais
e incluiu determinados serviços no conceito de trabalho produtivo. Não
chegou, todavia, a realizar um estudo abrangente e conclusivo sobre
MARX
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