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Livro Escrevivência-A-Escrita-de-Nós 2020
Humanas / Sociais
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Danielle Profe
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Escrevivência: a escrita de nós Refl exões sobre a obra de Conceição Evaristo organização Constância Lima Duarte Isabella Rosado Nunes Escrevivência: a escrita de nós Reflexões sobre a obra de Conceição Evaristo organização Constância Lima Duarte Isabella Rosado Nunes intervenção artística Goya Lopes edição especial - comercialização proibida Editora MINA Comunicação e Arte. Rio de Janeiro, 2020 mina.com.arte contato: mina@mina.art.br Este livro segue as novas regras do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa. Todos os direitos reservados a MINA Comunucação e Arte Ltda. É vedada a reprodução no todo ou em parte, através de quaisquer meios, sem a permissão por escrito da editora. Livro “Escrevivência: a escrita de nós – Reflexões sobre a obra de Conceição Evaristo” organização Constância Lima Duarte Isabella Rosado Nunes intervenção artística Goya Lopes produção Marta Lahtermaher revisão Andreia Braz projeto gráfico Gabriela Pires Giulia Fagundes, Estúdio Daó diagramação Guilherme Vieira, Estúdio Daó Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Índices para catálogo sistemático: 1. Literatura brasileira : Apreciação crítica B869.909 Maria Alice Ferreira - Bibliotecária - CRB-8/7964 20-46142 CDD-B869.909 Escrevivência : a escrita de nós : reflexões sobre a obra de Conceição Evaristo / organização Constância Lima Duarte, Isabella Rosado Nunes ; ilustrações Goya Lopes. -- 1. ed. -- Rio de Janeiro : Mina Comunicação e Arte, 2020. ISBN 978-65-992547-0-3 1. Evaristo, Conceição 2. Literatura brasileira - Escritoras - História e crítica 3. Literatura brasileira - Escritoras negras 4. Mulheres e literatura I. Duarte, Constância Lima, II. Nunes, Isabella Rosado. III. Lopes, Goya Copyright ©2020 MINA Comunicação e Arte Todos os direitos reservados ISBN 978-65-992547-0-3 Itaú Social SUPERINTENDENTE Angela Dannemann GERENTE DE FOMENTO Camila Feldberg Macedo Pinto COORDENADORA DE ENGAJAMENTO SOCIAL E LEITURA Dianne Cristine Rodrigues de Melo GESTORA DO PROJETO OFICINA DE AUTORES Karina Bezerra Garcia COMUNICAÇÃO Alan Albuquerque Ribeiro Correia Raquel Ornellas de Souza Tayrine Naiane de Santana Mauricio MINA Comunicação e Arte diretoras Isabella Rosado Nunes Marina Nunes Martins O livro “Escrevivência: a escrita de nós - Reflexões sobre a obra de Conceição Evaristo” é parte do projeto Oficina de Autores “Memórias e Escrevivência, de Conceição Evaristo” (2018-2020), uma iniciativa do Itaú Social em parceria com a MINA Comunicação e Arte. Para Conceição Evaristo, pelo encantamento de suas escrevivências. Com admiração, Angela, Constância e Isabella. 10 Sobre o que nos move, sobre a vida isabella rosado nunes 26 A Escrevivência e seus subtextos conceição evaristo 48 Da grafia-desenho de minha mãe, um dos lugares de nascimento de minha escrita1 Conceição Evaristo 58 Escrevivência: sentidos em construção maria nazareth soares fonseca 74 Escrevivência, Quilombismo e a tradição da escrita afrodiaspórica eduardo de assis duarte 96 Escrevivência: conceito literário de identidade afro-brasileira maria aparecida andrade salgueiro 114 EscreVivência: itinerário de vidas e de palavras assunção de maria sousa e silva 134 Canção para ninar menino grande: o homem na berlinda da Escrevivência constância lima duarte SUMÁRIO 152 Sabela e um ensaio afrofilosófico escrevivente e ubuntuísta denise carrascosa 164 Escrevivência como rota de escrita acadêmica fernanda felisberto 182 Escrevivência em Conceição Evaristo: armazenamento e circulação dos saberes silenciados rosane borges 206 Intelectuais escreviventes: enegrecendo os estudos literários lívia natália 226 Vivências da absorção e da expressão angela dannemann 244 Escrevivência e exclusão nas práticas de leitura e escrita dianne cristine rodrigues de melo 262 Publicações e Fortuna crítica islene motta e ludmilla lis 272 Sobre as autoras e o autor Sobre o que nos move, sobre a vida Isabella Rosado Nunes 1111 E a Mãe Preta se encaminhava para os aposen- tos das crianças para contar histórias, cantar, ninar os futuros senhores e senhoras, que nunca abririam mão de suas heranças e de seus pode- res de mando, sobre ela e sua descendência. Foi nesse gesto perene de resgate dessa imagem, que subjaz no fundo de minha memória e história, que encontrei a força motriz para conceber, pensar, falar e desejar e ampliar a semântica do termo. Escrevivência, em sua concepção inicial, se rea- liza como um ato de escrita das mulheres negras, como uma ação que pretende borrar, desfazer uma imagem do passado, em que o corpo-voz de mulheres negras escravizadas tinha sua potência de emissão também sob o controle dos escravo- cratas, homens, mulheres e até crianças. E se ontem nem a voz pertencia às mulheres escra- vizadas, hoje a letra, a escrita, nos pertencem também. Pertencem, pois nos apropriamos des- ses signos gráficos, do valor da escrita, sem esquecer a pujança da oralidade de nossas e de nossos ancestrais. Potência de voz, de criação, de engenhosidade que a casa-grande soube es- cravizar para o deleite de seus filhos. E se a voz de nossas ancestrais tinha rumos e funções demarcadas pela casa-grande, a nossa escrita não. Por isso, afirmo: “a nossa escrevivência não é para adormecer os da casa-grande, e sim acordá-los de seus sonos injustos”. Conceição Evaristo, no depoimento que abre este livro. Escrevivência. É assim, sublinhada, que reencontro a palavra quando volto à leitura de Insubmissas lágrimas de mulheres para escrever este texto e revivo a emoção que senti quando li Conceição Evaristo, em 2017, pela primeira vez. A autora inicia o livro com o que parece ser uma dedicatória às suas perso- nagens e à Escrevivência, revelando “o quase gozo da escuta”, Isabella Rosado Nunes 1212 1. DUARTE, Constância Lima; CÔRTES, Cristiane; PEREIRA, Maria do Rosário Alves (Org.). Escrevivências: identidade, gênero e violência na obra de Conceição Evaristo. Belo Horizonte: Idea, 2016. 2. A Diretoria da EMMC participou da concepção do projeto, que incluiu leitura dos livros, redação, atividades na biblioteca, passeios pela comunidade e aulas de capoeira. de gostar de ouvir a “voz outra”, de sentir, de fazer as histórias se (con)fundirem com sua própria história, de inventar e de continuar no “premeditado ato de traçar uma escrevivência”. Tudo isso me pegou de jeito! A partir dali minha prática de leitura mudaria seu rumo: li todos os livros de Conceição Evaristo, um atrás do outro. As histórias e personagens, em sua belíssima escrita, iriam atravessar meu imaginário e ecoar nas percepções sobre a vida. “Escrevivência: a escrita de nós - reflexões, sobre a obra de Conceição Evaristo”, que começa a ser percorrido agora, é um dos resultados do Projeto “Memórias e Escrevivência”, uma iniciativa do Itaú Social em parceria com a MINA Comunicação e Arte e com a escritora, lançado em 2018. O livro é uma “teia” tecida coletivamente, que reverencia e faz um mergulho no conceito-experiência criado pela autora, em sua dissertação de mestrado, em 1995. Esta obra, organizada juntamente com a mestra, escri- tora e crítica literária Constância Lima Duarte – que editou a primeira publicação sobre o tema em 20161 –, apresenta olhares diversos sobre a Escrevivência de Conceição Evaristo. O título é inspirado na fala de Vitor Eduardo Severo da Silva, estudante da Escola Municipal Morro da Cruz, em Por- to Alegre, RS. Em 2018, Conceição Evaristo foi homenageada pela 11ª Festa Literária de Porto Alegre, a convite do curador e escritor Jefferson Tenório. E a escola realizou uma ativida- de paralela ao evento, sob a coordenação das professoras Mires Batista Bender e Maria Fernanda da Silva Viegas2: a Escrevivência, a exemplo do que vem acontecendo Brasil afo- ra, foi adotada como tema em um projeto multidisciplinar.