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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS CCSA – Centro de Ciências Sociais Aplicadas DPCS – Departamento de Política e Ciências Sociais Curso de Graduação em Ciências Sociais Tamires Clei Nunes Disciplina optativa: Sociologia, Desigualdade e Reconhecimento – Prof.ª Maria Railma Alves Atividade Avaliativa: como a Lei pode contribuir (ou não) para a redução da desigualdade social? “III.1 HOMOFOBIA COMO CRIME RESULTANTE DE DISCRIMINAÇÃO OU PRECONCEITO DE RAÇA” A construção do argumento para enquadrar a homofobia como crime de racismo tem suas bases no princípio da igualdade, que é um dos princípios fundamentais. Eles não podem ser alterados e a demais Leis devem respeitar esses princípios, por isso são chamados de cláusulas pétreas. art. 3º, IV, da CR. “promoção do bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação” A mesma base, de defesa às liberdades e direitos que definiu o racismo como crime inafiançável e imprescritível, com função de punir discriminação atentatória de direitos e liberdades. Tendo em vista o caráter discriminatório presente tanto em injúrias raciais quanto em ações Homofóbicas e transfóbicas, é defendida a criminalização da LGBTfobia. Para enquadrar a LGBTfobia como crime de racismo, é perceptível uma alusão ao esvaziamento do conceito de raça. Quando no voto é mencionado na p. 70 que, (...) limitar o racismo a simples discriminação de raças, considerado apenas o sentido léxico ou comum do termo, implica a própria negação do princípio da igualdade, abrindo-se a possibilidade de discussão sobre a limitação de direitos a determinada parcela da sociedade, o que põe em xeque a própria natureza e prevalência dos direitos humanos. Pensando na perspectiva do movimento antirracista, em que as pautas são especificas, porém é evidente que há intersecções, como por exemplo um caso de gay negro. No mais, as razões são distintas, mesmo que há quem considere que a origem é a mesma. Cada opressão possui um modo de operar diferente, e o conceito ou nomenclatura é importante quando se trata de combate a opressão. Existem critérios para a definição de raça, mesmo existindo diferença entre os grupos que são tratados, basear somente no caráter discriminatório pode haver interpretações equivocadas, assim seria possível enquadrar as mulheres, ciganos os pobres e isso não faria sentido. No voto ainda é colocado na p. 72 que: Sempre que um modelo de pensamento, fundado na exploração da ignorância e do preconceito, põe em risco a preservação dos valores da dignidade humana, da igualdade e do respeito mútuo entre as pessoas, incitando a prática da discriminação dirigida contra uma comunidade exposta aos riscos da perseguição e da intolerância, mostra-se indispensável que o Estado ofereça proteção adequada aos grupos hostilizados, adotando mecanismos eficientes, aptos a evitar os confrontos sociais e a reprimir os atos de injusta agressão, sob pena de ofensa ao postulado que veda a proteção penal insuficiente. A grande questão é que criminalização não vai prevenir atos de homofobia, assim como não previne o racismo, em suma será uma ação corretiva. O Estado vai agir após os atos de discriminação já ocorreram, e observando nosso sistema carcerário é possível afirmar que nosso modelo de reclusão vingativo não reforma o sujeito para reinseri-lo na sociedade, ele volta ainda pior e tem grande dificuldade na ressocialização. Portanto, neste sentido considero que essa Lei não contribua para a redução da desigualdade social, mas a existência dela é importante para que crimes dessa natureza sejam corrigidos, questão visivelmente ambígua que nos coloca diante de um dilema.
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