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M.Buesco-RodriguesdeBrito

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M. Buesco – Rodrigues de Brito: um Libelo contra o colonialismo
	O autor pretende dar um enfoque mais apurado da primeira metade do século XIX no Brasil. Nesse período, o Brasil apresentou uma duradoura estagnação econômica, o que leva muitos historiadores econômicos a menosprezá-lo.
	Entretanto, este não é o caso. Buesco argumenta que o período 1800-1850 foi muito importante para construir as bases que garantiram a expansão econômica da segunda metade do século. Após uma queda secular, a renda per capita se estabilizou entre 1800-1850. Se muitos historiadores econômicos vêem nisso um sinal para desprezar a importância econômica do período, Buesco vê nisso um marco da mudança de rumo da economia brasileira. Ou seja, o autor entende que, dado a tendência de queda da renda per capita nos séculos anteriores, o fato da renda per capita ter se estabilizado significa que aquele período estava presenciando um conjunto de acontecimentos que possibilitaram e condicionaram a expansão futura da renda per capita. Segundo Buesco: “A época de Mauá só foi possível graças à de Cairu.” 
	Após rejeitar a abordagem marxista, que tenta enquadrar a própria Independência brasileira e seus antecedentes dentro das “contradições socioeconômicas da dialética histórica”, Buesco enumera uma série de fatores que contribuíram para a transformação brasileira no período de 1800-1850; entre os fatores sociais, culturais e humanos estão: a formação de uma elite intelectual nacional (José Bonifácio, Cairu e outros), a difusão de informações ocorrida pelo aparecimento da Imprensa Nacional, a evolução, ainda que precária, do sistema educacional, a expansão da classe média e da imigração branca; entre os fatores econômicos, destacam-se: o surgimento e expansão do café, a eliminação do tráfico negreiro, marco do início da substituição de um sistema de trabalho claramente nocivo ao desenvolvimento e responsável pela liberação de capitais para aplicação em outras atividades, a criação do Banco do Brasil.
	Posteriormente, o autor trabalha a questão dos tratados internacionais. Diferentemente de Furtado (vide contrapeso cambial), Buesco afirma que as tarifas de importação extremamente baixas constituíram um entrave para o desenvolvimento da produção nacional.
	Só então, o autor começa a falar do liberalismo de Rodrigues de Brito. Na resposta dada à indagação do Governador Conde da Ponte sobre as causas do desenvolvimento da lavoura, Rodrigues de Brito, inspirado nas idéias liberais de Adam Smith, critica os impostos, restrições, limitações e proibições promovidos pela Metrópole na colônia.
	Nesse documento, Rodrigues atribui à política metropolitana a falta de liberdade, de facilidades e de instruções que tanto atrapalhavam o crescimento da atividade econômica colonial. Mais especificamente, Rodrigues ataca: a limitação da escolha da produção agrícola a ser desenvolvida, a limitação da produção industrial, e limitação das áreas de comércio (o que demonstra a insatisfação em relação ao intermédio metropolitano), os privilégios que garantiam monopólios (restrições à construção de novos engenhos, por exemplo, constituíam uma barreira à entrada que beneficiava quem já estava na atividade), etc. O libelo contra o colonialismo propõe ainda algumas medidas para melhorar a situação: defesa dos intermediários comerciais, que ao aumentarem a demanda garantiam melhores preços aos produtores e ao aumentarem a oferta menores preços aos consumidores, defesa do fim ou diminuição de impostos e restrições e do intermédio metropolitano pelo qual as exportações brasileiras tinham de passar antes de chegarem aos centros consumidores.
	Por fim, a síntese: “A sua oposição, em nome do liberalismo, aos entraves, impostos, controles, limitações e proibições, é a revolta disfarçada contra a política colonial..As liberdades que ele pleiteia, em nome da nova doutrina, implicam no abandono dos próprios fundamentos do colonialismo, sobretudo nos seus moldes mercantilistas.”

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