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o capital constante). A taxa de mais-valia revela o grau de exploração
da força de trabalho, ao passo que a taxa de lucro indica o grau de
valorização do capital. Os capitalistas e os economistas, seus intelec-
tuais orgânicos, só se interessam pela taxa de lucro, que dá origem à
ilusão ideológica de que o sobreproduto é criado pelo capital em conjunto
e não somente por sua parte variável. Ilusão que reforça o fetichismo
do capital.
Como, porém, a composição orgânica do capital difere entre os
vários ramos da produção, se a taxa de mais-valia for igual para todos
eles (o que pode ser coerente, do ponto de vista teórico, e aproximado,
do ponto de vista empírico), então as taxas de lucro serão desiguais
de um ramo para outro. Ora, a observação mais trivial indica que as
taxas de lucro não variam em função do coeficiente de capital variável
de cada capital individual. Em períodos plurianuais, os capitais indi-
viduais valorizam-se de acordo com uma taxa geral média, que não
tem relação com os diferentes quantitativos de força de trabalho em-
pregados pelos capitais individuais.
A formação dessa taxa média de lucro resulta da concorrência,
que força parte dos capitais a se transferir, nas circunstâncias dadas,
dos ramos com taxa de lucro cadente para os ramos com taxa de lucro
ascendente. Em conseqüência, o montante de mais-valia produzido por
todos os capitais individuais se redistribui entre eles em proporção à
cota-parte global de cada um e não à cota-parte da força de trabalho
empregada. Certa proporção de mais-valia se transfere dos capitais
com baixa composição orgânica para os capitais com alta composição
orgânica, o que, em meio a inumeráveis e incessantes flutuações, es-
tabelece a taxa geral ou taxa média de lucro. Esta, apesar de geral,
não é uniforme em cada momento dado. Ao contrário, em cada momento
dado, as taxas de lucro são diferentes nos vários ramos da produção,
o que, precisamente, obriga os capitais concorrentes a se moverem de
uns ramos para outros. É desse movimento que resulta a taxa média,
em períodos que só podem ser plurianuais, emergindo a taxa média
da alternância entre taxas altas e baixas.
A mediação entre a taxa de mais-valia e a taxa de lucro preside
a transformação do valor em preço de produção. A fórmula do valor
é: capital constante + capital variável + mais-valia. A fórmula do preço
de produção é: capital constante + capital variável + lucro médio. Aos
gastos correntes de capital constante e variável, num tempo de rotação
delimitado, Marx denomina de preço de custo. Somado o preço de custo
ao lucro médio, proporcional ao capital individual total investido, ob-
tém-se o preço de produção.
Recorrendo a um modelo aritmético de cinco setores, Marx de-
monstrou, no Livro Terceiro, como é possível a transformação do valor
em preço de produção com a simultânea satisfação de duas equações:
a da igualdade entre o total dos valores e o total dos preços de produção;
MARX
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