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e a da igualdade entre o total da mais-valia e o total dos lucros. Trata-se do que chamaremos doravante de teorema das duas igualdades. No modo de produção capitalista, a lei do valor manifesta-se nes- tas duas igualdades ao nível do sistema em conjunto, dado que, nas transações singulares, já não é possível, senão por acaso, a troca de equivalentes. Uma vez que o preço de produção é inexplicável sem o pressuposto do valor, a lei do valor domina no modo de produção ca- pitalista porém o faz sob a metamorfose que converte o valor em preço de produção. Por conseguinte, o regulador do nível das oscilações dos preços de mercado já não é diretamente o valor, mas sua forma transfigurada de preço de produção. Contudo, entre o preço de produção e os preços de mercado, Marx colocou mais uma mediação categorial — a do valor de mercado. Cada mercadoria é lançada à venda com um valor indi- vidual, a partir do qual deverá concorrer com as mercadorias congêneres do mesmo setor. Grosso modo, conforme a produtividade técnica apli- cada à sua produção e o grau de exploração da força de trabalho, as mercadorias se distribuem em três grupos: a) o de preço de produção igual à média socialmente necessária; b) o de preço de produção superior à média; c) o de preço de produção inferior à média. Se a demanda das mercadorias em questão for maior do que sua oferta, os preços de mercado tenderão a oscilar no patamar do grupo cujo preço de produção é superior à média, no qual se situará o valor de mercado, motivo por que os dois outros grupos auferirão um superlucro. Em caso contrário, sendo a oferta superior à demanda, o valor do mercado descerá ao patamar do grupo com preço de produção inferior à média, ou seja, do grupo com mais alto índice de produtividade, cujo lucro corresponderá à taxa média, enquanto os demais operarão abaixo dela, até mesmo com prejuízo. Somente no caso de coincidência aproximada entre oferta e demanda é que os preços de mercado oscilarão no patamar do preço de produção e do valor de mercado do grupo médio, o que propiciará superlucro ao grupo de preço de produção inferior, ao passo que o grupo de preço de produção superior não conseguirá chegar à taxa média de lucro. Percebe-se, portanto, que, ao contrário da crítica de Böhm-Bawerk e de opiniões correntes, Marx não desprezou a celebrada lei da oferta e da demanda. Só que admitiu sua atuação apenas à superfície dos fenômenos econômicos e rejeitou a explicação psicologista dessa atua- ção, posteriormente desenvolvida pela corrente marginalista, com a teoria subjetiva do valor. A oferta depende da aproximação dos preços de mercado com relação ao preço de produção. Em última instância, portanto, dado certo preço de custo, depende de que o capitalista ob- tenha a taxa média de lucro. Em caso contrário, reduzirá sua oferta ou transferirá seu capital para outro ramo. Mas a taxa média de lucro é determinada por fatores como a taxa de exploração da força de tra- OS ECONOMISTAS 46
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