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06/09/2021 21:22 Correção https://www.desafionotamaxima.com.br/mock_exams/91029263/correct_exam?locale=pt-BR 5/14 1 // (ID 1273612) PORTUGUÊS > INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS DAS ESFERAS SOCIAIS 575 SEGUNDOS 50 PONTOS O texto abaixo foi escrito por um dos mais importantes cronistas brasileiros, o capixaba Rubem Braga. CARTA AO PREFEITO Rio de Janeiro, junho de 1951. Senhor Prefeito do Distrito Federal Eu sou um desses estranhos animais que tem por “hábitat” o Rio de Janeiro; ouvi- me, pois, com o devido respeito. Sou um monstro de resistência e um técnico em sobrevivência – pois o carioca é, antes de tudo, um forte. Se, às vezes, saio do Rio por algum tempo para descansar de seus perigos e desconfortos (certa vez inventei até de ser correspondente de guerra, para ter um pouco de paz) a verdade é que sempre volto. Acostumei-me a viver perigosamente. Não sou covarde como esses equilibristas estrangeiros que passeiam sobre �os entre os edifícios. Vejo-os lá de cima, longe dos ônibus e lotações, atravessando a rua pelos ares e murmuro: eu quero ver é no chão. Também não sou assustado como esse senhor deputado Tenório Cavalcante, que mora em Caxias e vive armado; moro no paralelo 38, entre Ipanema e Copacabana e, às vezes, nas caladas da noite, percorro desarmado várias boates desta zona e permaneço horas, dentro da penumbra, entre cadeiras que esvoaçam e garrafas que partem docemente na cabeça dos �eis em torno. E estou vivo. Ainda hoje tenho coragem bastante para tomar um ônibus ou mesmo uma lotação e ir dentro dele até o centro da cidade. Vivo assim, dia a dia, noite a noite, isto que os historiadores do futuro, estupefatos, chamarão de Batalha do Rio de Janeiro. Já �z mesmo várias viagens na Central. Eu sou bravo, senhor. Sei também que não me resta nenhum direito terreno, respiro o ar dos escapamentos abertos e me banho até no Leblon, considerado um dos mais lindos esgotos do mundo.; aspiro o perfume da curva do Mourisco e a brisa da Lagoa e – sobrevivo. E compreendo que, embora vós administreis à maneira suíça, nós continuaremos a viver à maneira carioca. Eu é que não me queixo; já me aconteceu escapar de morrer dentro de um táxi em uma tarde de inundação e ter o consolo de, chegando em casa, encontrara a torneira perfeitamente seca. Prometeste, senhor, acabar em 30 dias com as inundações no Rio de Janeiro; todo o povo é testemunha desta promessa e de seu cumprimento: é que atacaste, senhor, o mal pela raiz, que são as chuvas. Parou de chover, medida excelente e digna de Fe ed ba ck 06/09/2021 21:22 Correção https://www.desafionotamaxima.com.br/mock_exams/91029263/correct_exam?locale=pt-BR 6/14 encômios. Mas não é para dizer isso que vos escrevo. É para agradecer a providência que vossa administração tomou nestas últimas quatro noites, instalando uma esplêndida lua cheia em Copacabana. Não sei se a �zestes adquirir na Suíça para nosso uso permanente, ou se é nacional. Talvez só possamos obter uma lua cheia de�nitiva reformando a Constituição e libertando Vargas. Mas a verdade é que o luar sobre as ondas me consolou o peito. E eu andava muito precisado. Obrigado, senhor. Rubem Braga Rubem Braga. Para gostar de ler. São Paulo, Editora Ática, 2002. Considerando as informações apresentadas na crônica, avalie as a�rmativas a seguir: I.O personagem da crônica vive na área urbana, mas especi�camente na cidade do Rio de Janeiro, capital do Brasil na época que foi escrito. II. Ao �nal do texto, o autor diz: “Prometeste, senhor, acabar em 30 dias com as inundações no Rio de Janeiro; todo o povo é testemunha desta promessa e de seu cumprimento: é que atacaste, senhor, o mal pela raiz, que são as chuvas. Parou de chover, medida excelente e digna de encômios.” Através desse trecho é possível perceber que o autor elogia o prefeito, pois, ele apoia o contexto político no qual está inserido. III. Essa crônica foi escrita em 1951, quando a capital do Brasil era a cidade do Rio de Janeiro. Na época, segundo o texto, a cidade do Rio de Janeiro apresentava muito problemas ambientais, sociais e econômicos pelos quais, o autor da carta, culpa a administração política. IV. Apesar de o texto ser uma crônica, gênero textual que trata de acontecimentos corriqueiros do cotidiano, ele foi escrito com a estrutura de um bilhete, apresentando local e data, saudação inicial, desenvolvimento da mensagem, despedida e assinatura do remetente. Em relação as a�rmativas que condizem com as informações presentes na “crônica”, é correto o que se a�rma em: I e III apenas. Fe ed ba ck 06/09/2021 21:22 Correção https://www.desafionotamaxima.com.br/mock_exams/91029263/correct_exam?locale=pt-BR 7/14 II, III e IV apenas. I e II apenas. III e IV apenas. I, II, III e IV. Resolução da questão Veja abaixo o comentário da questão: A alternativa correta é “I, e III apenas”. Crônicas não se ajustam a uma classi�cação estática e intransigente dos gêneros. Ela se apropria de outros formatos para discutir de forma séria alguma coisa pitoresca da realidade ou discute de forma pitoresca alguma coisa absurdamente séria da sociedade. Assim, crônica é um texto que já nasce subversivo, daí sua adequação em momentos de repressão e sua pouca aceitação por uma elite que pregava o romance como carro chefe da leitura nacional. O gênero então é híbrido, metamór�co, moderno. É o triunfo da subjetividade sobre a objetividade. Rubem Braga a utiliza como relato de suas ações enquanto jornalista (vide Marley e Eu). Portanto, para ele, a crônica é mais que um veículo social de informação, um gênero jornalístico ou simplesmente brincadeira. A crônica é uma “máquina de confessar” sensações, vontades, raivas as quais o autor tem de mesclar com o gesto mecânico de grafá-las: datilografando, suspenso da realidade e ao mesmo tempo revisor do dia que se passou. A temática do autor é vária. Ele percebeu, primeiramente, os aspectos desumanos da sociedade industrial que se formava no Brasil, daí sua crítica a mecanização do homem e consequentemente, sua falta de lirismo – talvez seja esta a explicação da crônica de Braga ser tão densa de emoção. BORGES, Gustavo. Melhores crônicas, Rubem Braga. Disponível em: <http://literaturaprofessorgustavoborges.blogspot.com/2017/10/melhores- cronicas-rubem-braga.html>. Acesso em: 09 nov. 2018. Fe ed ba ck 06/09/2021 21:22 Correção https://www.desafionotamaxima.com.br/mock_exams/91029263/correct_exam?locale=pt-BR 8/14 I. É possível identi�car onde o personagem da crônica mora diante do cabeçalho que apresenta a cidade e data, e interpretando a frase: “Eu sou um desses estranhos animais que tem por “hábitat” o Rio de Janeiro[...]”. II. No trecho apresentado, o autor está sendo irônico ao a�rmar que as inundações desapareceram da cidade do Rio de Janeiro por uma ação do prefeito em suspender as chuvas. Sabemos que isso não é possível, pois, as estações do tempo obedecem ao ciclo da natureza de primavera, verão, outono e inverno desenvolvidos num período de três meses aproximadamente. III. Os problemas descritos na sentença podem ser observados nos seguintes trechos: “Eu é que não me queixo; já me aconteceu escapar de morrer dentro de um táxi em uma tarde de inundação e ter o consolo de, chegando em casa, encontrara a torneira perfeitamente seca. Prometeste, senhor, acabar em 30 dias com as inundações no Rio de Janeiro[...]” – problema ambiental. “Se, às vezes, saio do Rio por algum tempo para descansar de seus perigos e desconfortos (certa vez inventei até de ser correspondente de guerra, para ter um pouco de paz) a verdade é que sempre volto. Acostumei-me a viver perigosamente.” – problema social. “E compreendo que, embora vós administreis à maneira suíça, nós continuaremos a viver à maneira carioca” – crítica a administração política. IV. A crônica apresentada possui a estrutura de uma carta e não de um bilhete. O Bilhete é um tipo de texto cotidiano muito frequente, empregado em contextos informais e escrito entre pessoasque possuam um grau de afetividade. Em resumo, são textos comunicativos que contém mensagens simples, os quais são escritos em pequenos papéis e enviados para a amiga de escola, irmão, mãe, dentre outros. Ainda que ambos sejam textos do cotidiano, o bilhete difere da carta sobretudo, por ser um texto breve. Além disso, os bilhetes não são textos selados e enviados pelo correio. No entanto, eles podem apresentar, como nas cartas, um P.S. (pós-escrito), ou seja, uma informação no �nal do corpo do texto. TODAMATÉRIA. Gênero textual bilhete. Disponível em: <https://www.todamateria.com.br/genero-textual-bilhete/>. Acesso em: 09 nov. 2018. Fe ed ba ck 06/09/2021 21:22 Correção https://www.desafionotamaxima.com.br/mock_exams/91029263/correct_exam?locale=pt-BR 9/14 Enviar para revisão Comentário da sua resposta: Colocamos abaixo uma breve explicação sobre a alternativa que você marcou errada: Clique aqui para escrever porque a alternativa D é incorreta (se aplicável)... 2 // (ID 1273116) PORTUGUÊS > INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS DAS ESFERAS SOCIAIS 162 SEGUNDOS 50 PONTOS Leia o texto a seguir. Conto Erótico - Luis Fernando Veríssimo -Assim ? -É. Assim. -Mais depressa ? -Não. Assim está bem. Um pouco mais para... -Assim ? -Não, espere. -Você disse que... -Eu sei. Vamos recomeçar. Diga quando estiver bem. -Estava perfeito e você... -Desculpe. -Você se descontrolou e perdeu o... -Eu já pedi desculpa! -Está bem. Vamos tentar outra vez. Agora. -Assim? -Um pouco mais pra cima. -Aqui? -Quase. Está quase! -Me diga como você quer. Oh, querido... -Um pouco mais para baixo. -Sim. -Agora para o lado. Rápido! -Amor, eu... -Para cima ! Um pouquinho... -Assim? -Aí! Aí! Fe ed ba ck 06/09/2021 21:22 Correção https://www.desafionotamaxima.com.br/mock_exams/91029263/correct_exam?locale=pt-BR 10/14 -Está bom? -Sim. Oh, sim. -Pronto. -Não! Continue. -Puxa, mas você.. -Olha aí... Agora você... -Deixa ver... -Não, não. Mais para cima. -Aqui? -Mais para o lado. -Assim? -Para a esquerda!! O lado esquerdo! -Aqui? -Isso! Agora coça. http://www.paralerepensar.com.br/verissimo_contoerotico.htm. Acesso em:13/05/2017 Durante toda a leitura do texto somos orientados para um sentido diferente daquele que temos ao chegar ao �nal dele. Assim, além de trabalhar propositalmente com marcas textuais que dão à história uma orientação de sentido diferente, por meio de que procedimento o autor constrói esse duplo sentido no texto: deixando de dizer quem é o narrador para o leitor. omitindo dados do contexto em que se dá o diálogo. deixando de mencionar palavras do texto. omitindo informações sobre quem vai ler o texto. deixando de apresentar o escritor do texto para o leitor. Fe ed ba ck 06/09/2021 21:22 Correção https://www.desafionotamaxima.com.br/mock_exams/91029263/correct_exam?locale=pt-BR 11/14 Enviar para revisão Resolução da questão Veja abaixo o comentário da questão: Esse texto é um ótimo exemplo de como o autor usou a ambiguidade de maneira intencional, causando assim efeitos de sentidos e de humor. Comentário da sua resposta: Colocamos abaixo uma breve explicação sobre a alternativa que você marcou errada: Clique aqui para escrever porque a alternativa B é incorreta (se aplicável)... 3 // (ID 1274110) PORTUGUÊS > INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS DAS ESFERAS SOCIAIS 262 SEGUNDOS 50 PONTOS Leia o fragmento abaixo, retirado do conto Os Desastres de So�a, de Clarice Lispector. Qualquer que tivesse sido o seu trabalho anterior, ele o abandonara, mudara de pro �ssão, e passara pesadamente a ensinar no curso primário: era tudo o que sabíamos dele. O professor era gordo, grande e silencioso, de ombros contraídos. Em vez de nó na garganta, tinha ombros contraídos. Usava paletó curto demais, óculos sem aro, com um �o de ouro encimando o nariz grosso e romano. E eu era atraída por ele. Não amor, mas atraída pelo seu silêncio e pela controlada impaciência que ele tinha em nos ensinar e que, ofendida, eu adivinhara. Passei a me comportar mal na sala. Falava muito alto, mexia com os colegas, inter rompia a lição com piadinhas, até que ele dizia, vermelho: — Cale-se ou expulso a senhora da sala. Ferida, triunfante, eu respondia em desa�o: pode me mandar! Ele não mandava, senão estaria me obedecendo. Mas eu o exasperava tanto que se tornara doloroso para mim ser o objeto do ódio daquele homem que de certo modo eu amava. Não o amava como a mulher que eu seria um dia, amava-o como uma criança que tenta desastradamente proteger um adulto, com a cólera de quem ainda não foi covarde e vê um homem forte de ombros tão curvos. Ele me irritava. De noite, antes de dormir, ele me irritava. Fe ed ba ck 06/09/2021 21:22 Correção https://www.desafionotamaxima.com.br/mock_exams/91029263/correct_exam?locale=pt-BR 12/14 LINSPECTOR, Clarice. Os desastres de So�a. In: A legião estrangeira. Ed. São Paulo, Siciliano, 11992. p. 7-25. A composição textual nos permite dizer que: Enviar para revisão As adjetivações detalham o espaço em que se dá a narrativa. As sequências descritivas são mais relevantes do que às narrativas. Os elementos comparativos contribuem para o leitor entender os sentimentos do narrador-personagem. O enredo se revela sob o olhar do professor. O discurso indireto condiciona o texto à imparcialidade. Resolução da questão Veja abaixo o comentário da questão: Clique aqui para escrever o gabarito da questão... Comentário da sua resposta: Colocamos abaixo uma breve explicação sobre a alternativa que você marcou errada: Clique aqui para escrever porque a alternativa C é incorreta (se aplicável)... Fe ed ba ck 06/09/2021 21:22 Correção https://www.desafionotamaxima.com.br/mock_exams/91029263/correct_exam?locale=pt-BR 13/14 4 // (ID 1273248) PORTUGUÊS > INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS DAS ESFERAS SOCIAIS 229 SEGUNDOS 50 PONTOS O Romance Romântico brasileiro pode ser divido em quatro temas: Urbano, Indianista, Histórico e Regionalista. Observando que alguns romances poderiam acumular mais que um dos temas. São manifestações nativistas que se transformarão no nacionalismo do século XIX, simultaneamente com o indigenismo proveniente do Período Colonial, em marcha, para chegarmos �nalmente à brasilidade do Modernismo. (Fonte: Castello, Jose Aderaldo. A Literatura Brasileira: Origens e Unidade (1500- 1960), 2004). Dentro desse contexto, análise os seguintes trechos: De José de Alencar – O Guarani (1857): “Peri compreendera o gesto da índia; não fez, porém, o menor movimento para segui-la. Fitou nela o seu olhar brilhante e sorriu. Por sua vez a menina também compreendeu a expressão daquele sorriso e a resolução �rme e inabalável que se lia na fronte serena do prisioneiro.” De Joaquim Manuel de Macedo – A Moreninha (1844): “Entre todas essas elegantes e agradáveis moças, que com aturado empenho se esforçam por ver qual delas vence em graças, encantos e donaires, certo que sobrepuja a travessa Moreninha, princesa daquela festa.” De José de Alencar – Iracema (1865): “Além, muito além daquela serra, que ainda azula no horizonte, nasceu Iracema.” De José de Alencar – Lucíola (1862): “Um embaraço imprevisto, causado por duas gôndolas, tinha feito parar o carro. A moça ouvia-me; voltou ligeiramente a cabeça para olhar-me e sorriu. “ De José de Alencar – Senhora (1875): “Raras vezes aparecia Fernando, que arranjava uma desculpa qualquer para justi�car sua ausência. A menina, que não pensava em interroga-lo, também não contestava esses fúteis inventos. Ao contrário, buscava afastar da conversa o tema desagradável." A partir desse contexto, assinale a alternativa que apresenta corretamente o tipo de Romance. 06/09/2021 21:22 Correção https://www.desafionotamaxima.com.br/mock_exams/91029263/correct_exam?locale=pt-BR 14/14 Enviar para revisão O Guarani é um romance histórico e indianista. Senhora e Lucíola são romances históricos. A Moreninhae Iracema são romances regionalistas. Iracema e O Guarani são romances históricos. Senhora e A Moreninha são romances regionalistas. Resolução da questão Veja abaixo o comentário da questão: Clique aqui para escrever o gabarito da questão... Comentário da sua resposta: Colocamos abaixo uma breve explicação sobre a alternativa que você marcou errada: Esta alternativa está correta, pois o Romance O Guarani, além de ser indianista, re�ete um caráter histórico do início da colonização do Brasil, conforme explicado no texto base.
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