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Arlindo Ugulino Netto – OTORRINOLARINGOLOGIA – MEDICINA P6 – 2010.1 1 MED RESUMOS 2011 NETTO, Arlindo Ugulino. SEMIOLOGIA PROPEDÊUTICA OTORRINOLARINGOLÓGICA (Professor Erich Melo) A otorrinolaringologia (ORL) é considerada uma das mais completas especialidades médicas do mundo, com características clínicas e cirúrgicas. Seu campo de atuação envolve as doenças que acometem o ouvido, o nariz e seios paranasais, a garganta, a faringe, a laringe, cabeça e pescoço. De uma forma geral, as principais doenças que acometem estas estruturas são inflamatórias, infecciosas e neoplásicas. As infecções de vias aéreas superiores, por exemplo, são bastante frequentes, acometendo o adulto em torno de 4 vezes ao ano e a criança em torno de 6 vezes ao ano. Mesmo sendo infecções virais e auto-limitadas, podem complicar, trazendo prejuízos ao indivíduo e à sociedade, o que mostra a importância da ORL. As sub-especialidades da ORL são aquelas que alcançam as áreas de atuações de outras especialidades médicas, tais como: oto-neurocirurgia (para cirurigas específicas da base do crânio), engenharia eletrônica e próteses implantáveis; cirurgia estética da face e tratamento de trauma de face; atuação na medicina legal e medicina do tráfego aero-espacial; medicina do sono. Para um melhor entendimento das patologias que a ORL aborda, é necessário uma breve revisão da anatomia das estruturas que a especialidade está responsável, facilitando a comunicação e a localização de lesões que estudaremos em capítulos subsequentes. ORELHA O órgão vestibulococlear, ou simplesmente, orelha ou ouvido, é o complexo morfofuncional responsável pela sensibilidade ao som e aos efeitos gravitacionais, do movimento e do equilíbrio. A orelha está abrigada na intimidade do osso temporal e consiste em três partes, cada qual com características estruturais e funcionais distintas: a orelha externa, a orelha média e a orelha interna. A primeira parte, a orelha externa, é formada pelo pavilhão da orelha ou pina, que se projeta lateralmente à cabeça e é responsável pela captação do som; e, também, pelo meato acústico externo, um curto conduto que se dirige do exterior para o interior do órgão e que se apresenta fechado na extremidade interna pela membrana do tímpano. A segunda parte, a orelha média, é formada principalmente por uma pequena câmara cheia de ar na porção petrosa do osso temporal denominada de cavidade do tímpano. Essa cavidade comunica-se com a nasofaringe por um canal osteocartilaginoso chamado tuba auditiva. Em direção oposta à tuba, a cavidade do tímpano liga-se também ao antro mastóideo e, assim, com as células do processo mastóide do osso temporal. Uma cadeia de três ossículos articulados, situados na cavidade do tímpano, estende-se da membrana do tímpano até a orelha interna e é responsável pela transmissão das vibrações provocadas pelas ondas sonoras que incidem sobre a membrana timpânica. Pode-se dizer que o complexo tímpano-ossicular tem a importante função de transferir a energia das vibrações do meio aéreo, elástico e compressível do ouvido externo a fim de modificar a inércia dos líquidos (perilinfa), incompressíveis, que envolvem os receptores especializados do ouvido interno. Arlindo Ugulino Netto – OTORRINOLARINGOLOGIA – MEDICINA P6 – 2010.1 2 A terceira poro, a orelha interna, consiste em um intricado conjunto de cavidades e canais no interior da poro petrosa do osso temporal, conhecidos como labirinto sseo, dentro dos quais existem delicados ductos e vesculas membranosas, designadas, no seu conjunto, labirinto membranceo, o qual cont m as estruturas vitais da audio e do equilbrio. O labirinto sseo constitudo por: (1) uma cavidade ssea, de dimenses milim tricas, denominada vestbulo, onde existem duas vesculas do labirinto membranceo: o utrculo e o sculo; trs canais semicirculares sseos; a cclea ssea, a qual tem forma semelhante de um caracol. Nos canais semicirculares, localizam-se os ductos semicirculares membranceos e, na cclea ssea, o ducto coclear, tamb m membranceo. A cclea e – possivelmente tamb m o sculo – so estruturas associada audio enquanto o utrculo, o sculo e os ductos semicirculares esto associados ao movimento e ao equilbrio. OSSO TEMPORAL O temporal um osso bastante importante da base do crnio. Ele a sede do rgo de audio e do equilbrio e do acetbulo para a mandbula. Portanto, sua estrutura tamb m tem importncia clnica. Admite-se que o termo “temporal” se deve ao fato de que, com o envelhecimento, os cabelos comeam a embranquecer nesta regio da cabea. O temporal se desenvolve a partir de trs brotamentos que se fundem, finalmente, em um nico osso. Distinguem-se: A parte escamosa, que cont m o acetbulo da articulao temporomandibular. A escama temporal, a maior estrutura desta poro do osso, guarda relao com a fossa m dia craniana. A parte petrosa, que cont m o rgo da audio e do equilbrio. A parte timpânica, que forma a maior parte do meato acstico externo. Devido ao seu desenvolvimento, o processo estilide deriva da parte petrosa e no da parte timpnica, como sua posio poderia erroneamente sugerir. J o processo mastide formado por duas partes do osso temporal: a parte petrosa e a parte escamosa. ORELHA EXTERNA Pavilhão auricular. O pavilho auricular (pina) formado por uma placa irregular de cartilagem elstica coberta de pele, que lhe confere forma peculiar, com depresses e elevaes; no conjunto, exibe uma superfcie lateral de aspecto cncavo e uma superfcie medial convexa correspondente. As depresses e relevos desta face cncava recebem nomenclaturas anatmicas especficas – demonstradas na figura abaixo – e so importantes no fenmeno de acstica sonora para amplificao do som. Tanto que, os antigos gregos construam seus anfiteatros com formado de pavilho auricular para melhorar a propagao sonora. Estruturalmente, a orelha constituda por uma fina placa de cartilagem elstica, coberta por pele e unida s partes adjacentes por msculos e ligamentos. contnua parte cartilaginosa do meato acstico externo, que se prende poro ssea por tecido fibroso. Esta cartilagem, por ser avascular, suprida pelos vasos da pele. Quando o pavilho sofre algum tipo de trauma, a cartilagem pode perder a sua vascularizao devido ao descolamento do pericndrio, causando fibrose, fazendo com que ele perca a sua conformao anatmica, como ocorre com as orelhas de lutadores de jiujitsu, que perde seu relevo natural devido aos microtraumas causados durante as lutas. Na parte posterior da orelha, existe um pequeno coxim gorduroso que aumenta a maleabilidade da pele nesta regio. O lbulo, por sua vez, formado por tecido fibroso e adiposo, sem cartilagem. Meato acústico externo. O meato acstico externo estende-se da concha membrana do tmpano e mede, aproximadamente, 2,5 cm de comprimento na parede pstero-superior. Estruturalmente, o meato consiste em um tero lateral cartilaginoso e dois teros mediais sseos. O meato tem a forma de S, e seco transversal apresenta-se de forma ovalada. A extremidade medial do meato sseo mais estreita do que a lateral e marcada por um sulco, o sulco timpnico, onde se insere o nulo fibrocartilaginoso da membrana do tmpano. No tecido subcutneo da poro cartilaginosa do meato, so encontradas glndulas sebceas e ceruminosas e folculos pilosos. Na pele da poro ssea do meato no existem pelos, exceto na parede superior. Arlindo Ugulino Netto – OTORRINOLARINGOLOGIA – MEDICINA P6 – 2010.1 3 ORELHA MÉDIA A orelha m dia compreende a cavidade timpnica, o antro mastideo e a tuba auditiva que, no conjunto, representam uma cmara pneumtica, irregular e contnua atrav s de passagens, em sua maior parte localizada no osso temporal.A cavidade timpnica uma fenda cheia de ar, comprimida lateralmente, forrada por mucoperisseo, a qual se estende em um plano oblquo ntero-posterior. A cavidade timpnica fechada lateralmente pela membrana do tímpano, que serve como limite entre a orelha m dia e o meato acstico externo. Essa membrana, de forma elptica, fina, semitransparente, e est colocada obliquamente, inclinando-se em sentido medial. Ela exibe aspecto levemente cncavo na face externa devido trao do manbrio do martelo (o primeiro dos trs ossculos do ouvido), firmemente fixo face interna da membrana, fazendo com que ela permanea como uma lona de circo tracionada. Se a orelha m dia estiver repleta por secreo purulenta, esta membrana pode mostrar-se abaulada, perdendo seu formato cnico. O ponto mais deprimido desta “tenda”, no centro da membrana, chama-se umbigo do tmpano e corresponde extremidade do manbrio do martelo. A partir deste ponto, uma linha esbranquiada, a estria malear, causada pelo brilho do manbrio, vista na face externa passando em direo margem superior. Na extremidade superior da estria aparece uma projeo delgada, a proeminncia malear, formada pelo processo lateral (curto) do martelo. Da, partem as pregas maleares posterior e anterior, que se dirigem as extremidades do sulco timpnico do anel timpnico do osso temporal. OBS1: A membrana timpnica normal apresenta cor p rola-acinzentada e reflete um cone de luz no quadrante ntero- inferior, usualmente chamado de cone luminoso. A cavidade timpnica propriamente dita limitada lateralmente pela membrana timpnica; superiormente por uma placa de osso compacto que forma o assoalho da fossa m dia da cavidade craniana; inferiormente pela parede jugular, marcada pela presena de c lulas timpnicas delimitadas por trab culas sseas irregulares; posteriormente pela parede mastidea; anteriormente pela chamada parede cartica, que contem o chamado msculo tensor do tmpano e o stio timpnico da tuba auditiva (de Eustquio). A parede anterior separada da art ria cartida interna por uma placa ssea fina, na qual so descritas raras deiscncias. Essa parede perfurada por pequenos pertuitos que do passagem aos vasos sanguneos e aos nervos caroticotimpnicos para o plexo timpnico. Por fim, a parede medial ou labirntica apresenta vrias estruturas, a maioria das quais estreitamente relacionadas com o ouvido interno. As c lulas a reas localizadas no osso temporal (principalmente no processo mastide) se abrem na cavidade timpnica, auxiliando na manuteno da presso desta cavidade juntamente tuba auditiva (ver OBS3). Cruzando a cavidade timpnica existe um delgado ramo nervoso denominado corda do tmpano. Este, que consiste em um ramo do nervo lingual, responsvel por levar as informaes gustatrias dos dois teros anteriores da lngua at o nervo facial, al m de levar fibras eferentes viscerais (parassimpticas) para as glndulas submandibular e sublingual. Os ossículos da orelha média formam uma cadeia articulada suspensa na cavidade do tmpano, responsvel pela conduo e amplificao das ondas sonoras da orelha externa para a orelha interna. So eles: Martelo: derivado da cartilagem de Meckel, o primeiro e maior ossculo da cadeia. Consiste em cabea, colo, processo lateral, processo anterior e manbrio ou cabo. O manbrio longo, com a extremidade achatada, em forma de esptula firmemente presa membrana do tmpano, cuja lmina prpria se divide para envolver o manbrio ao nvel do umbigo. O martelo sustentado pela sua fixao na membrana timpnica, pelo msculo tensor do tmpano (inervado pelo nervo do msculo pterigideo medial, ramo do mandibular do trigmeo; responsvel por modificar os movimentos da cadeia ossicular junto ao pequeno msculo estap dio), por ligamentos prprios e por sua articulao com a bigorna. Bigorna: o mais longo dos trs ossculos. Consiste em um corpo, um processo curto, um processo longo e no processo lenticular. Assemelha-se a um dente pr -molar, com duas razes divergentes comparveis aos processos longo e curto. Arlindo Ugulino Netto – OTORRINOLARINGOLOGIA – MEDICINA P6 – 2010.1 4 Estribo: o menor e mais medial elo da cadeia ossicular. Consiste na cabea, na base e em dois ramos ou cruras. Nota-se uma rea irregular imediatamente acima do ramo posterior representada pelo local de insero do tendo do msculo estap dio (inervado pelo nervo para o msculo estap dio, ramo do nervo facial). A base, ou platina do estribo, apresenta formas muito variveis e est acoplado janela oval da cclea. Os ossculos, por meio de dois mecanismos, promovem a amplificao do som: (1) a alavanca entre os ossículos; e (2) o mecanismo hidráulico, que concentra na pequena janela oval todo o som que chega na grande membrana timpnica, aumentando a energia sonora. Estes mecanismos garantem a amplificao do som em torno de 22 vezes, o que importante no que diz respeito mudana de meio de propagao do som: este passar de uma propagao a rea para uma propagao lquida, onde o som torna-se mais lento e com menor energia. Da a importncia de ampliar a energia sonora. OBS2: Admite-se que o msculo tensor do tmpano e o estap dio (menor msculo do corpo humano) se contraem simultaneamente e reflexamente, reagindo a sons de alta intensidade e exercendo um efeito protetor pelo amortecimento das vibraes que atingem o ouvido interno. OBS3: A presena de ar na cavidade timpnica bastante importante na manuteno pressrica regional, o que mant m a harmonia no funcionamento dos ossculos da orelha m dia. Se nesta cavidade houver uma presso negativa ou positiva com relao ao seu padro normal, ocorre um distrbio no funcionamento dos ossculos, causando alteraes na audio. A entrada ou sada de ar na cavidade timpnica e, deste modo, o controle da presso regional, realizada pela tuba auditiva (de Eustquio). Esta promove a comunicao da orelha m dia com a rinofaringe e, a cada deglutio, o ostio farngeo da tuba auditiva se abre, permitindo o controle adequado desta presso. Quando h uma variao abrupta da presso atmosf rica, esta diferena atinge a tuba auditiva e, consequentemente, a cavidade timpnica, causando uma distoro da membrana timpnica, causando um desconforto auditivo. ORELHA INTERNA O som, captado pela concha auditiva no pavilho auricular, percorre o meato acstico externo e faz vibrar a membrana timpnica. Esta, por sua vez, propaga o som ao longo dos ossculos que vibram e passam o estmulo sonoro para a orelha interna. Esta, localizada na poro petrosa do osso temporal, cont m as partes vitais dos rgos da audio e do equilbrio, que recebem as terminaes dos ramos coclear e vestibular do nervo vestibulococlear. Consiste em trs partes principais: o labirinto sseo ou perilinftico, o labirinto membranceo ou endolinftico e a cpsula tica ou labirntica circunjacente. O labirinto sseo est dentro da parte petrosa do osso temporal, medindo cerca de 20 mm de comprimento no seu eixo maior e constitui o estojo que aloja o labirinto membranceo. Apresenta trs componentes no completamente divididos: o vestbulo, os canais semicirculares e a cclea. forrado por fino peristeo, o qual revestido com uma delicada camada epiteliide e cont m um lquido – a perilinfa – que envolve todo o labirinto membranceo. As estruturas que compem o labirinto membranoso esto contidas nos compartimentos formados pelo labirinto sseo. O labirinto membranoso um sistema de vesculas e ductos preenchidos por um lquido claro, a endolinfa. As partes fundamentais do labirinto membranceo so ducto coclear, o utrculo, o sculo, os trs ductos semicirculares e suas ampolas, e o saco e o ducto endolinfticos. Arlindo Ugulino Netto – OTORRINOLARINGOLOGIA – MEDICINA P6 – 2010.1 5 NARIZE CAVIDADE NASAL A palavra nariz (do latim, nasus; do grego, rhinus) diz respeito ao nariz externo e à cavidade nasal. O nariz tem como funções a olfação, a condução e o condicionamento do ar, por meio da filtração, do aquecimento e da umidificação, e a recepção de secreções dos seios paranasais e de lágrimas provenientes do ducto nasolacrimal. O nariz externo é uma formação piramidal que se projeta no centro da face, trazendo harmonia a mesma. No crânio seco, observa-se a abertura piriforme, que é delimitada pelos ossos nasais e pelo processo frontal de cada maxila. A raiz do nariz corresponde à área de articulação dos ossos nasais com o frontal. O ápice é a extremidade livre do órgão, e o dorso é a margem que se estende da raiz ao ápice. A face inferior do nariz apresenta duas aberturas ovaladas, as narinas, que dão acesso à cavidade nasal. A cavidade nasal estende-se das narinas anteriormente, às coanas, posteriormente. O teto dessa cavidade, estreito e encurvado, está associado aos seios esfenoidal e frontal e à fossa anterior e média do crânio, além de apresentar o nervo olfatório. É formado, de diante para trás, pelos ossos frontal, etmóide (lâmina crivosa) e corpo do esfenóide. A cavidade relaciona-se, de cada lado, acima com a órbita e as células aéreas etmoidais; abaixo, com o seio maxilar e com as fossas pterigopalatina e pterigóidea. O assoalho da cavidade nasal, mais largo que o teto, corresponde ao palato duro, formado pelos processos palatinos dos maxilares e pelas lâminas horizontais dos ossos palatinos, que separa a cavidade nasal da oral. Arlindo Ugulino Netto – OTORRINOLARINGOLOGIA – MEDICINA P6 – 2010.1 6 A parede lateral da cavidade nasal bastante acidentada, complexa e importante. formada por parte dos ossos nasal, maxilar, lacrimal, etmide (c lulas a reas e conchas nasais superior e m dia), concha nasal inferior, lmina perpendicular do osso palatino e lmina medial do processo pterigide do osso esfenide. As conchas nasais e seus respectivos meatos, que so espaos em forma de fenda entre a curvatura da concha e a parede propriamente dita, so observados em cortes sagitais da cavidade nasal. As conchas superior e m dia pertencem ao osso etmide, e a concha nasal inferior um osso isolado, que se articula com o maxilar, lacrimal, etmide e palatino. As conchas so, portanto, estruturas sseas revestidas por mucosa, que apresentam um plexo venoso interno controlado pelo sistema nervoso central, sendo responsvel por filtrar e umedecer o ar. Contudo, estas conchas tornam- se edemaciadas ou “turbinadas” seguindo o denominado ciclo nasal, de modo que os vasos, sob comando nervoso, geram um edema que reveza por todas as conchas: a cada seis horas (aproximadamente), uma concha estar sob tnus parassimptico (fase de limpeza e preparao do ar), o que causa o edema, a secreo glandular, batimento ciliar e obstruo nasal parcial; enquanto as demais estaro sob tnus simptico (fase respiratria). O edema da concha nasal faz com que o ar entre em maior contato com a mucosa, melhorando a funo de filtrar, umedecer e purificar o ar. Este rodzio, ao longo do dia, quase que imperceptvel, uma vez que a resistncia nasal total no se altera. O ciclo envolve, principalmente, a concha nasal inferior. OBS4: Medicamentos que cont m cloridrato de nafazolina ou efedrina (como o Sorine) so simpatomim ticos, e atuam causando uma vasoconstrico regional na mucosa nasal, diminuindo o edema responsvel pela obstruo nasal. Contudo, estes medicamentos causam uma vasodilatao rebote para compensar o perodo em que a mucosa sofreu a pequena isquemia. Como foi comentado, entre as conchas nasais existem fendas denominadas de meatos nasais. Estes espaos so importantes por marcarem a desembocadura dos stios das principais estruturas anexas cavidade nasal: os seios paranasais e o ducto lacrimal. A relao entre estas estruturas e os meatos se d da seguinte forma: Meato nasal inferior: ducto nasolacrimal. Meato nasal m dio: seio frontal, seios etmoidais anteriores e seio maxilar. Desembocam no chamado complexo ostiomeatal, constituindo a estrutura mais importante das doenas paranasais. Meato nasal superior: seio esfenoidal e c lulas etmoidais posteriores. OBS5: importante destacar ainda as relaes dos seios etmoidais com a fossa anterior do crnio e com as rbitas, o que justifica os casos de rinussinusites que acometem as semi-c lulas a reas do osso etmide causarem quadros de infeces intracranianas. Al m disso, os seios etmides so separados das rbitas por meio de uma delgada membrana ssea denominada de lmina papircea do osso etmide, o que pode causar uma disseminao das infeces paranasais para a rbita, comum em crianas, causando, inclusive, amaurose (d ficits visuais). FARINGE E LARINGE A faringe dividida, didaticamente, em trs reas anatmicas: partes nasal, oral e larngica, sendo constituda por uma armao fibrosa (fscia faringobasilar – tnica m dia), msculos constrictores e levantadores (tnica externa) e um revestimento mucoso (tnica interna). As paredes da faringe so constitudas de trs msculos que esto envolvidos com o ato da deglutio. Esses msculos so os constrictores da faringe superior, m dio e inferior. Essas fibras musculares estriadas originam-se na rafe mediana, no meio da parede posterior da faringe, estendem-se lateralmente e se inserem no osso e no tecido mole localizado anteriormente. Arlindo Ugulino Netto – OTORRINOLARINGOLOGIA – MEDICINA P6 – 2010.1 7 Em todas as divises da faringe, existem focos de tecido linfide associado mucosa (MALT) responsveis por combater infeces respiratrias e digestivas. Existem tonsilas (agregado de MALT) presentes no teto da parte nasal da faringe (tonsila farngea ou adenide); as tonsilas tubrias esto localizadas prximas aos stios farngeos da tuba auditiva; as tonsilas localizadas entre os pilares amigdalianos so chamadas de tonsilas palatinas (amgdalas); e, mais inferiormente, as tonsilas linguais, localizadas na base da lngua. O conjunto destas tonsilas forma um verdadeiro anel ao longo das aberturas de entrada da faringe – o chamado anel linfático de Waldeyer. A laringe um rgo complexo, envolvido com a fonao, formado por 9 cartilagens interconectadas por membranas, ligamentos e articulaes sinoviais. Situa-se na parte anterior e mediana do pescoo ao nvel de C3 a C6, presa ao osso hiide e raiz da lngua. A laringe separada da faringe atrav s de um muro de membrana localizado entre a cartilagem epiglote e as cartilagens aritenides (membrana ou prega ariepigltica). Bilateralmente a esta prega, encontramos os chamados recessos (ou seios) piriformes, que se continuam diretamente com o esfago. A presena de alimentos nestes seios piriformes causam o chamado engasgo, o que desencadeia reflexos como o da tosse. O esqueleto cartilaginoso da laringe formada por 3 cartilagens mpares (tireidea, cricidea e epigltica) e por 3 cartilagens pares (aritenidea, corniculada e cuneiforme). Cartilagem tireide: Composta por duas lminas que se fundem anteriormente no plano mediano, em seus 2/3 inferiores para formar a proeminncia larngea (relevo mais visvel em homens). Tm-se como meios de fixao dessa cartilagem: Membrana tireo-hiidea (fixao superior com o hiide): ligamento tireo-hiideo mediano e ligamentos tireo-hiideos laterais. Articulao cricotireidea (sinovial): entre corno inferior e face lateral da cartilagem cricide. Cartilagem cricide: tem forma de anel, possuindo um arco anterior e uma lmina posterior. uma cartilagem espessa e resistente, representando o nico anel completo de cartilagem. Possui duas superfcies articulares: duas inferiores para os cornos inferiores da cartilagem tireide; e duas superiores paraas cartilagens aritenides. Tem como meios de fixao: Ligamento cricotireideo mediano: espessamento na membrana cricotireidea que serve como fixao superior com a margem da cartilagem tireidea. Ligamento cricotraqueal: fixao inferior com o 1 anel traqueal. Cartilagem aritenidea: cartilagem com forma piramidal articulada com as faces articulares superiores da cartilagem cricide, na poro lateral da margem superior da lmina da cartilagem cricide. O ligamento vocal estende-se da juno das lminas da cartilagem tireidea ao processo vocal da aritenide. Corresponde margem superior do ligamento cricotireideo, sendo revestido pela prega vocal. a vibrao desse ligamento que vai dar os sons das vogais na fonao. constituda por: pice (superiormente), Processo vocal (anteriormente) e pelo processo muscular (lateralmente). pice: sustenta a cartilagem corniculada Processo vocal: fixa o ligamento vocal e presta insero ao msculo vocal. Processo muscular: fixa os msculos cricoaritenideos posterior e lateral Articulaes cricoaritenides: articulaes sinoviais que permitem a mobilidade das aritenides, importante nos movimentos das pregas vocais. Cartilagem epigltica: nica cartilagem da laringe do tipo elstica (o restante do tipo hialina). Situa-se atrs da raiz da lngua e do osso hiide. Forma a margem superior e parede anterior do dito da laringe. Sua extremidade Arlindo Ugulino Netto – OTORRINOLARINGOLOGIA – MEDICINA P6 – 2010.1 8 superior é livre e sua extremidade inferior é mais afilada (percíolo epiglótico) e está fixada ao ângulo formado pelas lâminas da cartilagem tireóide pelo ligamento tireoepiglótico. Tem como meios de fixação: Ligamento tireoepiglótico: fixa às lâminas da cartilagem tireóidea. Ligamento hioepiglótico: fixa a face anterior ao hióide. Membrana quadrangular: fixa as faces laterais da cartilagem à aritenóide. A partir dessa membrana, têm-se a formação do: ligamento vestibular (margem livre inferior da membrana quadrangular); as pregas vestibulares (estende-se da cartilagem tireóidea à aritenóidea, acima da prega vocal); ligamento ariepiglótico (margem superior livre da membrana quadrangular) e prega ariepiglótica (contém as cartilagens corniculadas e cuneiformes em sua região posterior). O som que caracteriza a voz resulta da variação da relação de contração e relaxamento das pregas vocais (tensão e comprimento das pregas), na largura da rima da glote (consiste no espaço entre as pregas vocais e processos vocais da aritenóide) e na intensidade do esforço respiratório. As pregas vestibulares (falsas cordas vocais) estão localizadas superiormente às pregas vocais, mantendo uma função protetora. Elas envolvem os ligamentos vestibulares. As pregas vocais (cordas vocais verdadeiras) são compostas pelo ligamento vocal e o músculo vocal. São as principais responsáveis pela vibração que produz os sons (de vogais). De acordo com sua funcionalidade, esses músculos são classificados em: músculos extrínsecos da laringe (Supra-hióideos e Infra-hióideos) e músculos intrínsecos da laringe, que alteram o comprimento e tensão das pregas vocais e tamanho e formato da rima da glote. Estes últimos podem funcionar como: esfíncteres, adutores, abdutores, tensores e relaxadores. Os músculos intrínsecos podem originar-se na cartilagem cricóide (músculos cricotireóideos, músculos cricoaritenóideos laterais e músculos cricoaritenóideos posteriores) ou podem unir as cartilagens tireóide e aritenóide, como os músculos tireoaritenóideos (fibras paralelas ao ligamento vocal), o músculo vocal (fibras fixadas ao ligamento vocal). Podem também unir as cartilagens aritenóideas entre si (músculo aritenóideo transverso e músculo aritenóideo oblíquo) e unir as cartilagens aritenóides e epiglote, com faz o músculo ariepiglótico (fibras do aritenóideo oblíquo que se estendem até a epiglote na prega ariepiglótica). Esses músculos podem ser classificados como: Adutores: aproximam as pregas. Músculos cricoaritenóideos laterais e aritenóideos (oblíquo e transverso). Nota: alguns autores consideram tais músculos como esfíncteres devido à sua ação. Abdutores: alargam a rima da glote. Músculos cricoaritenóideos posteriores Esfíncteres: fecham e abrem a glote durante a deglutição. Músculos cricoaritenóideos laterais, Músculos aritenóideos oblíquos, Músculos ariepiglóticos. Tensores: tensionam as cordas vocais ao inclinar a cartilagem tireóidea anteriormente (gerando a voz alta). Músculos cricotireóideos e m Relaxadores: deixam as cordas flácidas tracionando as aritenóides (gerando voz baixa). Músculos tireoaritenóideos. SEMIOLOGIA OTORRINOLARINGOLGICA ANAMNESE Na anamnese para a ORL, não se faz de forma completa, mas sim, uma forma específica e dirigida para as afecções do nariz, orelha, cavidade oral, faringe e laringe. Contudo, o seguinte protocolo deve ser seguido: identificação do paciente, queixa principal e duração, história da doença atual, doenças pré-existentes e medicamentos, interrogatório sintomatológico, antecedentes pessoais e familiares, etc. Arlindo Ugulino Netto – OTORRINOLARINGOLOGIA – MEDICINA P6 – 2010.1 9 SINAIS E SINTOMAS Do ponto de vista auditivo, os principais sintomas são: Otalgia: dor auditiva. Pode ser causada por doenças infecciosas que acometam a orelha externa e média. Otorréia: presença de secreção que drena pelo meato acústico externo. Patologias inflamatórias ou tumorais podem causar otorréia com aspecto purulento, mucóide e/ou sanguinolento. Pode ser classificada como contínua ou intermitente. A otoliquorréia, isto é, secreção de líquor pelo ouvido, é um sintoma comum em fraturas de base do crânio. Otorragia: sangramento oriundo do meato acústico externo, que pode ter várias etiologias: trauma da orelha externa, da orelha média (rompimento da membrana timpânica), etc. Zumbidos: sensação de distorção auditiva. Vertigem: sensação de rotação do meio. Disacusia: déficit auditivo, que se manifesta na dificuldade que o paciente tem de ouvir ou distinguir os sons. Pode ser leve ou moderada (hipoacusia), acentuada (surdez) ou total (anacusia ou cofose). Os principais tipos de disacusia são condutiva (obstrução do meato acústico externo ou da membrana timpânica), neurossensorial (lesão do nervo vestibulococlear), mista ou central (lesão cortical: giro temporal transverso anterior). Pacientes com doenças rinussinusais podem apresentar os seguintes sintomas: Obstrução nasal Espirro Prurido Coriza Descarga nasal (gotejamento) anterior e posterior Dor, cefaléia e pressão facial Alterações do olfato e alucinações olfativas Alterações gustatórias Alterações da fonação Epistaxe Indivíduos com afecções da laringe ou da faringe poderão apresentar: Dor: incômodo doloroso na região da garganta. Odinofagia: dor ao deglutir. Disfagia: dificuldade de deglutição Dispnéia Tosse Pigarro Halitose Disfonias EXAME FÍSICO Os materiais básicos necessários para a realização do exame físico são: Espéculos auricular e otoscópio ou microscópio; Pinças auriculares; Estiletes e curetas de ouvido; Espelho frontal e foco de luz (fotóforo); Espéculos nasais; Pinças e estiletes nasais; Abaixadores da língua; Espelho de Garcia; Endoscópios flexíveis ou rígidos. As etapas do exame físico são: inspeção, palpação, otoscopia, rinoscopia anterior e posterior, oroscopia, laringoscopia indireta. Inspeção e palpação. As seguintes estruturas devem ser avaliadas e devidamente palpadas: Orelha: avaliar a forma do pavilhão auricular, a integridade das cartilagens, a região retro e pós-auricular, palpar linfonodos. Nariz e seios paranasais: avaliar o vestíbulo (entrada do nariz), estruturas da pirâmide nasal e seu eixo (pesquisar por desvios nasais) e integridadedas narinas. Boca e orofaringe: avaliar, separadamente, os lábios, vestíbulos, gengivas, mucosas jugais (bochechas), língua, assoalho, teto (palato duro e mole, tonsilas. Realizar o exame do pescoço. Arlindo Ugulino Netto – OTORRINOLARINGOLOGIA – MEDICINA P6 – 2010.1 10 Otoscopia. A otoscopia consiste no exame direto do conduto auditivo e da membrana do tmpano, com uso de aparelho denominado otoscpio. A t cnica para a realizao do exame peculiar, e consiste nas seguintes manobras: primeiramente, com a mo no-dominante, o examinador deve tracionar o pavilho auricular para trs e para cima, no intuito de retificar o meato acstico externo; introduz-se o espectro com tamanho adequado para conseguir chegar o mais profundo possvel. Todas as etapas de introduo devem ser avaliadas: integridade dos teros laterais e mediais do meato acstico externo (existem doenas, como a foliculite, que s se manifesta no tero externo do meato) e avaliar a integridade da membrana timpnica. As caractersticas desta devem ser avaliadas minuciosamente: normalmente, a membrana timpnica transparente, de colorao p rola-acinzentada e que permite a observao de algumas estruturas mais profundas da orelha m dia. O manbrio ou cabo do martelo e o processo lateral do martelo so estruturas de projeo na membrana timpnica. Este processo determina a posio anatmica da membrana timpnica: sendo sua inclinao mais anterior, para onde o processo apontar (se estiver mais prximo do plano direito ou esquerdo), ser o lado correspondente da membrana timpnica (na figura abaixo, temos a viso da membrana timpnica direita). Dois ligamentos que se destacam do processo lateral do martelo tamb m so evidentes: o ligamento malear anterior e o ligamento malear posterior. Eles dividem a membrana em duas regies: uma menor e mais superior – a parte flcida – e outra maior, localizada inferiormente aos ligamentos – a parte tensa. Al m desta diviso, para a melhor localizao das leses da membrana timpnica, devemos dividi-la em quadrantes a partir de duas linhas, uma paralela ao martelo e outra perpendicular ao umbigo do martelo. Os quadrantes so ntero-superior, ntero-inferior, pstero- inferior e pstero-superior. Devemos sempre procurar a presena do chamado cone de luz ou triangulo luminoso que, normalmente, est localizado no quadrante ntero-inferior. Este cone de luz nada mais que um reflexo da luz do otoscpio. Leses no quadrante pstero-superior so consideradas mais graves devido as suas relaes mais amplas com as articulaes dos ossculos e com o nervo corda do tmpano. Contudo, acessos cirrgicos no quadrante ntero-inferior correm o risco de leso da art ria cartida interna (que passa nesta regio do osso temporal separada da orelha m dia por uma fina placa ssea) e no quadrante pstero-inferior, leso do seio sigmide. Rinoscopia anterior e posterior. A cavidade nasal deve ser examinada com uma fonte de luz que permita trabalhar com as mos livres (espelho frontal e/ou fotforo) para manipulao da cavidade nasal. A avaliao completa da cavidade nasal pode ser feita por meio da rinoscopia anterior e da posterior. A rinoscopia anterior consiste na avaliao da cavidade nasal atrav s das narinas, com o auxlio de um esp culo nasal. O instrumental bsico da rinoscopia anterior constitudo do espelho de Glatzell, do esp culo nasal, da pina baioneta, do algodo laminado e da soluo de efedrina a 2%. A viso especular da cavidade nasal permite a avaliao das conchas nasais, dos meatos e parte do septo nasal, de maneira bastante clara. Para a realizao da rinoscopia, Arlindo Ugulino Netto – OTORRINOLARINGOLOGIA – MEDICINA P6 – 2010.1 11 devemos fazer duas manobras em tempos diferentes: (1) manter a cabeça parada para o exame do assoalho da cavidade nasal; (2) com a cabeça levantada, para avaliar o meato nasal médio. A rinoscopia posterior consiste na utilização do espelho de Garcia (o mesmo utilizado para a laringoscopia indireta), cuja lente será voltada para cima, no intuito de observar a rinofaringe e as coanas. Devidos aos inconvenientes deste exame, a rinoscopia posterior vem entrando em desuso, sendo substituída pelo uso de endoscópios. Oroscopia. A oroscopia, muito frequentemente, necessita do auxílio de uma espátula ou abaixador de língua. Para a realização do exame, o paciente abaixa a boca sem por a língua para fora. Isso porque, ao projetar a língua, as formações anatômicas posteriores da cavidade oral também são projetadas (como a faringe e as tonsilas), falsificado a inspeção. Durante a oroscopia, devemos avaliar a boca e a orofaringe. Para isso, é necessário uma iluminação adequada, que preferencialmente deve ser com espelho frontal ou fotóforo; em alguns casos em que a lesão deve ser observada com muitos detalhes, pode ser usada lente de aumento. Na boca, devemos avaliar todas as estruturas da cavidade oral propriamente dita e as outras estruturas a ela relacionadas: tecido ósseo, glândulas salivares (e seus ductos de desembocadura), língua, linfonodos regionais que possam estar aumentados de volume e articulação temporomandibular. A palpação da cavidade oral é indispensável para alguns diagnósticos. Laringoscopia indireta. Apesar da enorme tradição de exames da laringe por meio da rinoscopia posterior e da laringoscopia indireta, ambos com espelho de Garcia, não podemos deixar de considerar estes exames complementares como obsoletos nos dias da fibra óptica. Contudo, ao se realizar a laringoscopia indireta, devemos lembrar que a imagem é invertida. A videolaringoscopia é bem mais utilizada que a inspeção direta da laringe por aumentar a imagem em pelo menos 30 vezes. Contudo, a técnica de inspeção da laringe utilizando o espelho de Garcia é descrita na figura ao lado e anatomia da parte superior da laringe na figura abaixo.
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