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FACULDADE KURIOS – FAK INSTITUTO SUPERIOR DE ENSINO – ISE CURSO DE PÓS GRADUAÇÃO LATO SENSU EM GESTÃO ESCOLAR E COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA A GESTÃO DEMOCRÁTICA DA ESCOLA: NOVAS PERSPECTIVAS E NOVAS PRÁTICAS FRANCISCA ARIANA SILVA DOS SANTOS MARANGUAPE – CEARÁ 2016 FRANCISCA ARIANA SILVA DOS SANTOS A GESTÃO DEMOCRÁTICA DA ESCOLA: NOVAS PERSPECTIVAS E NOVAS PRÁTICAS Artigo apresentado à Coordenação do Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Gestão Escolar e Coordenação Pedagógica, da Faculdade Kurios – FAK, como requisito parcial para a obtenção do título de Especialista em Gestão Escolar e Coordenação Pedagógica. Orientadora: Prof.ª Ma. Michella Rita Santos Fonseca MARANGUAPE – CEARÁ 2016 TERMO DE APROVAÇÃO FRANCISCA ARIANA SILVA DOS SANTOS A GESTÃO DEMOCRÁTICA DA ESCOLA: NOVAS PERSPECTIVAS E NOVAS PRÁTICAS Artigo apresentado à Coordenação do Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Gestão Escolar e Coordenação Pedagógica, da Faculdade Kurios – FAK, como requisito parcial para a obtenção do título de Especialista em Gestão Escolar e Coordenação Pedagógica Aprovado em ___/___/_____ Nota: _____ _______________________________________________ Francisca Ariana Silva dos Santos Banca Examinadora: ________________________________________________ Prof.ª Ma. Michella Rita Santos Fonseca Orientadora ________________________________________________ Prof.ª Esp. Clarinda Alves Pereira Coordenadora Acadêmica MARANGUAPE – CEARÁ 2016 3 A GESTÃO DEMOCRÁTICA DA ESCOLA: NOVAS PERSPECTIVAS E NOVAS PRÁTICAS SANTOS, Francisca Ariana Silva dos. 1 FONSECA, Michella Rita Santos.2 RESUMO O presente estudo reflete sobre a gestão democrática e participativa da escola, baseando-se em leitura de teóricos que, no meu ponto de vista, estão direcionados para essa proposta de estudo. Especificamente, abordou sobre a organização da escola na concepção de gestão democrática, pontuou e refletiu sobre os instrumentos que são a base para que se construa uma gestão participativa. Além disso, faz uma análise reflexiva do Projeto Político Pedagógico (PPP) de uma escola pertencente à rede pública municipal, localizada no Município de Maracanaú. O percurso metodológico utilizado no presente estudo se constitui de uma pesquisa de campo de natureza qualitativa exploratória descritiva, complementada com embasamento teórico-bibliográfico a luz de leituras de Libâneo (2007), Luckesi (1992) Gadotti (2001) e Veiga (1995), dentre outras, utilizando técnica de observação direta e análise documental, cujo instrumento adotado consiste em uma entrevista. Nesse prisma, destaca-se que a escola trabalha de forma democrática, existe a consonância entre teoria e prática na operacionalização do Projeto Político Pedagógico, ou seja, o grupo gestor exerce uma prática participativa na organização do trabalho pedagógico na perspectiva de consolidação da missão da escola, e tem uma mentalidade consciente da importância do planejamento. Vale pontuar, que o PPP da escola pesquisada parece ter sido elaborado para expressar as suas necessidades e especificidades e para ser executado nas suas práticas diárias. Palavras-chave: Gestão Democrática; Gestão Participativa; Projeto Político Pedagógico. ABSTRACT This study reflects on the democratic and participatory management of the school, based on reading theorists who, in my view, are directed to this proposed study. Specifically, he addressed on school organization in designing democratic, scored and reflected on the instruments that are the foundation for us to build a participatory management. Also, it is a reflective analysis of the Pedagogic Political Project (PPP) of a school belonging to the municipal network, located in the municipality of Maracanaú. The methodological approach used in this study consists of a descriptive 1 Aluna do Curso de Pós-Graduação em Gestão Escolar e Coordenação Pedagógica, e-mail: ariana.st07@yahoo.com.br. 2 Orientadora do artigo. Professora Mestra, do Curso de Pós-Graduação em Gestão Escolar e Coordenação Pedagógica da Faculdade Kurios – FAK, e-mail: michellafonseca@yahoo.com.br. 4 exploratory qualitative field research, complemented with theoretical and bibliographic basement light readings Libâneo (2007), Luckesi (1992) Gadotti (2001) and Veiga (1995) among others, using technique of direct observation and document analysis, which adopted instrument consists of an interview. In this perspective, it is emphasized that the school works in a democratic way, there is a line between theory and practice in the operationalization of the Pedagogic Political Project, ie, the management group exerts a participatory practice in the organization of the pedagogical work in the mission of consolidation perspective school, and has a conscious mind of the importance of planning. Vale score, the school researched the PPP seems to have been designed to express their needs and specificities and to run in their daily practices. Keywords: Democratic Management; Participative management; Pedagogical Political Project. 1 INTRODUÇÃO A gestão é essencial para qualquer organização e a gestão escolar compõe uma extensão importante da educação. Pois, a competência de gerir uma escola é de suma relevância para o desenvolvimento do educando, já que o mesmo não aprende apenas na sala de aula, porém na instituição por completo. Atualmente, a procura por aperfeiçoar a eficiência e a qualidade da educação pública tem sido uma energia poderosa a excitar o processo de mudanças na forma de gerir as escolas no Brasil. O movimento em prol da descentralização e da democratização da administração escolar pública, começado no início da década de 1980, tem encontrado apoio nas reformas legislativas. Nesta perspectiva, observa-se no campo educacional brasileiro, aspectos que apontam para uma crescente e contínua conquista de autonomia escolar, abrindo caminho para concretização da gestão democrática, participativa e descentralizada que admite que os docentes reconstruam o sentido e o prazer de educar, construindo uma nova educação. Essa concepção se destaca pela crença em uma educação que exerça com competência seu papel social baseado na ação coletiva. Nesse prisma, a democratização das ações vivenciadas nas escolas públicas dependerá de uma responsabilidade partilhada de todos os segmentos da comunidade escolar no planejamento participativo. 5 Diante do exposto, o presente estudo tem como tema, “A Gestão Democrática da Escola: novas perspectivas e novas práticas”. O interesse por esse assunto surgiu a partir de sua importância e relevância para o contexto atual escolar, levando em consideração a cultura e a especificidade que abrange a estrutura do sistema de educação atual, e é justificado pela precisão de aprofundar o meu conhecimento sobre gestão como processo de democratização e busca pela qualidade da educação. Nesse contexto, o objetivo geral consiste em abordar e refletir sobre a gestão democrática e participativa da escola, baseando-se em leitura de teóricos que, no meu ponto de vista, estão direcionados para essa proposta de estudo, dentre os quais se destacam: Libâneo (2007), Luckesi (1992), Gadotti (2001), Veiga (1995), dentre outros. Ainda de modo particular, analisar o instrumento norteador do trabalho desenvolvido em uma escola, nas dimensões, pedagógica, política, administrativa e financeira. Nesse sentido, a pesquisa empírica tem como enfoque a análise crítica do instrumento Projeto Político Pedagógico (PPP), cujo universo pesquisado se trata de uma escola pertencente à rede pública municipal localizada no Município de Maracanaú. Nesse contexto,convém dividir o trabalho em três momentos: no primeiro, abordar a organização da escola na concepção de gestão democrática; no segundo, pontuar e refletir sobre os instrumentos que são a base para que se construa uma gestão participativa, ou seja, abordar o conceito do Projeto Político Pedagógico (PPP), dando atenção aos elementos que integram sua estrutura e como ocorre o processo de sua elaboração, bem como explanar sobre a vinculação desse instrumento com o Regimento da escola; no terceiro abordar os processos metodológicos e resultados da pesquisa de campo. 2 A ORGANIZAÇÃO DA GESTÃO DEMOCRÁTICA ESCOLAR A edificação da gestão democrática na escola é um processo, que acontece com progressos e recuos, de modo que pais, estudantes, professores e funcionários têm a oportunidade de darem seu ponto de vista e determinarem as ações e as relações educacionais e pedagógicas da escola. O desenvolvimento desse processo 6 pressupõe sua construção no dia a dia escolar, o que não desvaloriza a precisão da reflexão constante a respeito das barreiras e das potencialidades que se exibem na realidade concreta. Nesta perspectiva, esse capítulo apresenta a importância da gestão participativa para a construção de uma escola pública democrática, mais justa e de melhor qualidade e o papel da comunidade escolar. 2.1 GESTÃO ESCOLAR DEMOCRÁTICA E PARTICIPATIVA Na conjuntura atual, a gestão vem sendo alvo de grandes debates no contexto social e nos ambientes escolares, por ser uma batalha continuada das escolas em busca da democracia, de realizar uma educação pautada no bom funcionamento e na integração do espaço escolar por meio de uma gestão participativa e democrática. A gestão escolar democrática no país é um processo que vem sofrendo alterações ao longo dos anos, fazendo parte da luta dos profissionais da educação. Ao longo desse tempo, ocorreram mudanças no que alude a questões políticas e sociais, constituídas em defesa de um projeto de educação pública e democrática. A Constituição Federal de 1988 instituiu princípios para a educação brasileira, como: obrigatoriedade, gratuidade, liberdade, igualdade e gestão democrática, todos regulamentados de Leis complementares. (BRASIL, 1988) Enquanto, Lei complementar da educação, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN) nº 9.394/96, estabelece e regulamenta as diretrizes gerais para a educação e seus respectivos sistemas de ensino. Em cumprimento ao art. 214 da Constituição Federal (CF), ela dispõe sobre a elaboração do Plano Nacional de Educação (PNE) em seu art. 9, resguardando os princípios constitucionais e, até mesmo, de gestão democrática. (BRASIL, 1996) A democratização da gestão é defendida enquanto possibilidade de melhoria na qualidade pedagógica do processo educacional das escolas, na construção de um currículo pautado na realidade local, na maior integração entre os agentes entrelaçados na escola: docentes, discentes, grupo gestor, pais e os demais funcionários. Conforme Santos (1992, p. 219), para alcançar uma gestão democrática é preciso confiar que a atuação de todos que fazem parte do contexto escolar “têm mais 7 chances de encontrar os caminhos para atender às expectativas da sociedade a respeito da atuação da escola”. Quão grandemente for o número de pessoas participando na vida escolar, maior é a possibilidade de “estabelecer relações mais brandas e menos arrogantes entre educadores e comunidade escolar”, já que: Quando pais e professores estão presentes nas discussões dos aspectos educacionais, estabelecem-se situações de aprendizagem de mão dupla: ora a escola estende sua função pedagógica para fora, ora a comunidade influencia os destinos da escola. As famílias começam a perceber melhor o que seria um bom atendimento escolar, a escola aprende a ouvir sugestões e aceitar influências (SANTOS, 1992, p. 219) Dessa maneira, a gestão democrática alude um processo de participação coletiva. Sua execução na escola pressupõe instâncias colegiadas de caráter deliberativo, ainda a prática do processo para a escolha de administradores escolares, também a participação de todos os segmentos da comunidade escolar na elaboração do Projeto Político Pedagógico e na delimitação do bom emprego dos recursos recebidos pela instituição escolar. Vale enfatizar, que uma instituição escolar necessita entender que uma gestão democrática adequada somente ocorre quando todos se juntam e percebem a importância e a necessidade dela, portanto, é necessário existir um conceito e entendimento claro do que é a gestão. Segundo Luck (2011, p. 33-34): Esse esclarecimento é fundamental para que as ações decorrentes sejam conscientes, claras e efetivas no seu direcionamento. Consequentemente, o estudo e a reflexão sobre a representação paradigmática da gestão educacional constituem-se em condições para que gestores educacionais se preparem para o exercício efetivo de seu papel e, durante esse exercício, aproveitem a experiência para construir conhecimentos sobre sua prática, tanto melhorando as bases do próprio exercício, como contribuindo para melhoria do trabalho dos demais gestores. Ainda, conforme os conceitos de Luck: Gestão educacional corresponde ao processo de gerir a dinâmica do sistema de ensino como um todo e de coordenação das escolas em específico, afinando com as diretrizes e políticas educacionais públicas, para a implementação das políticas educacionais e projetos pedagógicos das escolas, compromissando com os princípios da democracia e com os métodos que organizem e criem condições para um ambiente educacional autônomo (soluções próprias, no âmbito de suas competências) de participação e compartilhamento (tomada conjunta de decisões e efetivação de resultados), autocontrole (acompanhamento e avaliação como retorno de informações) e transparências (demonstração pública de seus processos e resultados). (LUCK, 2011, p. 35-36) 8 Analisando essa afirmação do autor, percebe-se que ele vê a gestão educacional como um meio para criar condições de participação, compartilhamento de opiniões e transparência. Também, na tentativa de definir escola democrática, Apple e Beane (1997, p.20) discorrem sobre democracia como um movimento em construção que deriva de tentativas explícitas de educadores para pôr em prática acordos e oportunidades que darão vida à democracia. Na compreensão de Hora (2009, p. 120): A gestão democrática na educação inclui, necessariamente, a participação da comunidade no processo educacional, sem o que seria muito mais um arranjo interno dos componentes da escola que atenderiam a interesses que certamente não estariam consentâneos com as expectativas comunitárias. Nessas citações observa-se que os autores, apresentam a gestão democrática como participação de todos os envolvidos no processo educativo. A participação é um direito e um dever de todos que unificam uma sociedade democrática. Ainda, na mesma perspectiva Libâneo (2008, p.326) destaca que: “ […] a gestão democrática, por um lado, é atividade coletiva que implica a participação e objetivos comuns, por outro, depende também de capacidades, responsabilidades individuais e de uma ação coordenada e controlada. ” A participação é entendida como o princípio necessário, para garantir, um pleno desenvolvimento da gestão democrática, como afirma Libâneo (2002, p. 87) “A participação é o principal meio de assegurar a gestão democrática, possibilitando o envolvimento de todos os integrantes da escola no processo de tomada de decisões e no funcionamento da organização escolar. ” Em suma, a gestão democrática deve ser considerada ultimamente uma das melhores formas de organização educacional, buscando a participação, democratizando seu espaço e destacando todos os seus aspectos subjetivos. Logo que dentro da gestão participativa, a participação é direito de todos, entretanto, é necessáriopronunciar que o gestor possui um papel acentuado dentro deste processo, uma vez que a tomada de decisão é coletiva, mas a realização desta ação compete ao diretor, o qual é o representante formal da escola. 9 2.2 AUTONOMIA Ainda que, não possua um único modo de implantar um sistema de gestão participativa, é possível pontuar alguns princípios, valores e prioridades, na construção efetiva dessa gestão. Nesse prisma, Libâneo (2004, p. 102), explana que: A participação é o principal meio de se assegurar a gestão democrática da escola, possibilitando o envolvimento de profissionais e usuários no processo de tomada de decisões e no funcionamento da organização escolar. Além disso, proporciona um melhor conhecimento dos objetivos e metas, da estrutura organizacional e de sua dinâmica, das relações da escola com a comunidade, e favorece uma aproximação maior entre professores, alunos, pais. Fazendo a análise acerca dessa citação, pode-se dizer que para o autor, o conceito de participação basear-se no de autonomia, que denota a competência das pessoas e dos grupos de administrarem a sua própria vida. A autonomia se contrapõe às formas autoritárias de tomada de decisão e, dessa maneira, um padrão de gestão democrático participativa tem na autonomia um dos seus mais admiráveis princípios, aludindo a livre escolha de objetivos e procedimentos de trabalho e a construção conjunta do espaço de trabalho. Situar-se em defesa da autonomia da escola e da conformidade de sua gestão democrática é acreditar ser o ponto de partida de uma renovação educacional, trazendo para o interior da escola as possibilidades de luta pela sua emancipação. A autonomia da escola não é algo adquirido, porém se ergue na inter-relação, em busca de sua própria identidade, onde os vários atores interagem uns com os outros. Nesta perspectiva declaram Gadotti e Romão (2004) que a luta pela autonomia da escola se dá no interior do seu sistema de ensino, gerando o rompimento do paradigma vivente para instituir um novo modelo de governabilidade. A força desta ação vai depender da ousadia de cada escola de vivenciar esta nova realidade, construindo nos acertos e nos erros, fortalecendo a confiança para conduzir seus problemas. Segundo Gadotti (2001, p.47) “a essência da autonomia da escola passa pela criação de novas relações sociais, opondo-se à uniformização. Escola autônoma não significa escola isolada, mas em constante intercâmbio com a sociedade e com seu sistema de ensino. ” A autonomia é a possibilidade e a capacidade de a escola elaborar e implementar um Projeto Político Pedagógico que seja relevante à 10 comunidade e à sociedade a que serve, não é mera descentralização administrativa, mas uma forma de delegação que se liga à temática da liberdade, da democracia e do pluralismo. Conforme ainda o mesmo autor, de nada adiantaria uma Lei de gestão democrática do ensino que concede autonomia pedagógica, administrativa e financeira às escolas, se o grupo gestor, os professores, os alunos, e os demais atores que participam da comunidade escolar, desconhecem a definição política da autonomia. Para Gadotti, o exercício desta autonomia não é dádiva, porém, sim, uma edificação contínua, individual e coletiva. Neste contexto, efetivar uma gestão democrática alude à participação de todos os seguimentos da comunidade escolar levando à construção de ambientes dinâmicos, caracterizados pela diversidade e pelos diferentes modos de compreender a escola. Vale explanar, que autonomia é um processo de conquista e não de incumbência. Conquista-se a autonomia com confiabilidade, por meio da interação dos membros da comunidade escolar, em uma gestão participativa e democrática. Em resumo, acredito que a autonomia escolar é o caminho para garantir rapidez nas escolas, no que se refere ao atendimento de suas necessidades básicas, bem como, permitir o aprendizado da cidadania através da participação direta da comunidade na gestão da escola. 2.3 INSTRUMENTOS PARA A ORGANIZAÇÃO DE UMA ESCOLA PARTICIPATIVA Na atual conjuntura, é bem presente no campo educacional uma tendência que retrata um processo, que desponta para uma crescente conquista de autonomia escolar, acendendo caminho para concretização da Gestão Democrática. Como já explanado no decorrer do trabalho, a partir dessa concepção se ressalta a confiança em uma educação que desempenhe com competência seu papel social com base na ação coletiva. Dessa maneira, a democratização das ações vivenciadas verdadeiramente nas escolas públicas dependerá de uma responsabilidade dividida de todos os segmentos da comunidade escolar no planejamento participativo, tendo em vista superar o modelo burocrático. Conforme Luckesi (1992, p.124): A atividade planejar, como um modo de dimensionar a política, científica e tecnicamente a atividade escolar, deve ser resultado da contribuição de todos aqueles que compõem o corpo de profissional da Escola. É preciso que todos 11 decidam, conjuntamente, o que fazer e como fazer. Na medida em que o conjunto de profissionais da Escola que constitui o seu corpo de trabalho, o planejamento das atividades também devem ser um ato seu; portanto, coletivo. Nesse sentido, uma gestão pedagógica comprometida em desempenhar com seriedade suas atividades escolares, não deve jamais se esquecer da função social da escola. Como enfatiza Dourado: [...]é função da escola criar projetos educativos numa perspectiva transformadora e inovadora, onde os fazeres e práticas não estejam centrados nas questões individuais, mas sim nas questões coletivas. Isso quer dizer que, para a escola avançar, é fundamental considerar os espaços de formação de todos que trabalham, criam, brincam, sonham e estudam, enfim, de todos aqueles que dela fazem parte. Também é fundamental não perdermos de vista que a escola é parte das relações sociais mais amplas e que as possibilidades históricas de sua organização passam pela sociedade política e civil e, nesse cenário, os processos de mudança vivenciados pelo Estado são um dos indicadores dos limites e das possibilidades da gestão escolar. (DOURADO, 2006, p.28) Nesse prisma, para consolidação de seus ideais, a escola, deverá elaborar um instrumento fundamental para tal fim, denominado Projeto Político Pedagógico (PPP), focando os critérios que nortearam sua atuação. Vale enfatizar, que a autonomia pedagógica está garantida nessa possibilidade de cada instituição elaborar e implementar seu Projeto Político Pedagógica, em conformidade com as políticas vigentes e as normas do sistema de ensino aplicáveis. Logo, a autonomia administrativa fica garantida pela constituição dos Conselhos Escolares, organizações associativas de pais e de alunos, ainda pela formulação, aprovação e implementação do Plano de Desenvolvimento da Escola (PDE) e do Regimento Escolar. A edificação coletiva estabelece uma tarefa difícil e desafiadora, para os docentes, os pais, os alunos e a comunidade visto que estabelece “um processo de busca permanente da solução de problemas das escolas, na procura de alternativas viáveis à efetivação de sua intencionalidade”. (VEIGA, 1995 p.13). Em suma, a construção do Projeto Político Pedagógico e do Regimento Escolar é um momento excepcional para determinar os caminhos institucionais da participação da família na vida escolar, pois são instrumentos de grande importância na garantia de uma gestão democrática e participativa. 2.4 PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO No contexto atual escolar, a instituição para concretizar seus ideais concorrerá para elaboração de um instrumento essencial para tal fim, designado Projeto Político 12 Pedagógico, que enfocará os critérios que presidirá sua atuação. Enfatiza-se que a construção do mesmo será operacionalizar os objetivos e metas que se propõe atingir, dirigindo o trabalho pedagógico, além das funções administrativaslevando-se em consideração os aspectos sociais, políticos e econômicos que influenciam a conjuntura escolar. Segundo foi sancionado e oficialmente publicado na Lei de Diretrizes e Bases da Educação nº 9.394/1996, emitindo o texto que contém as seguintes orientações legais: Art. 14. Os sistemas de ensino definirão as normas da gestão democrática do ensino público na educação básica, de acordo com as suas peculiaridades e conforme os seguintes princípios: I – participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto pedagógico da escola; II – participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares ou equivalentes. (BRASIL, 1996) Assim sendo, a escola origina em sua natureza pedagógica a esperança de edificação de novas práticas, colaborando para o estabelecimento de modelos cujo principal enfoque é o acesso democrático. Nesse sentido, a escola deve envolver todos os seguimentos da escola a participar da elaboração de seu projeto político pedagógico e pôr em prática as ações ali contidas, apesar de não ser tarefa fácil, é de suma importância. Quando se tem uma gestão atuante, ciente de suas funções pedagógicas, tal prática não será impossível de se realizar. Conforme afirma Dourado: A gestão, numa concepção democrática, efetiva-se por meio da participação dos sujeitos sociais envolvidos com a comunidade escolar, na elaboração e construção de seus projetos, como também nos processos de decisão, de escolhas coletivas e nas vivências e aprendizagens de cidadania. (DOURADO, 2006, p.30) Neste contexto, revisa a forma de condução entre teoria e prática do planejamento participativo, na direção de acabarem controles burocráticos, causando a consolidação de uma mentalidade de cidadania escolar cujos princípios predominantes na construção do PPP, visam o fortalecimento das bases da democracia mediante uma ação efetivamente educativa, tendendo para autonomia escolar e para concretização do vínculo entre escola e comunidade na perspectiva de garantir a qualidade do trabalho desenvolvido dentro da instituição escolar. Segundo Gandin e Gandin (2010, p.46): [...] O planejamento participativo nasce a partir da análise situacional que vê uma sociedade organizada de forma injusta, injustiça essa que se caracteriza pela falta de participação. [...] então, participação no planejamento participativo inclui a distribuição de poder, inclui a possibilidade de decidir na 13 construção não apenas no “como” ou no “com que” fazer, mas também no “o que” e no “para que” fazer. Tal compreensão constitui o fundamento, que presume o trabalho compartilhado em prol de objetivos comuns, consolidando um processo construtivo de atuação adequada da escola, assumindo o compromisso com sua responsabilidade social perante a sociedade. Essa realidade é expressa na conceituação do PPP, documento que registra a reflexão e ação da prática educativa. “[...]. Ao construímos os projetos de nossas escolas, planejamos o que temos intenção de fazer, de realizar. Lançamo-nos para diante, com base no que temos, buscando o possível. É antever um futuro diferente do presente. ” (VEIGA, 1995, p.12). Assim sendo localizada em um domínio macro o planejamento educacional, deve vincula-se fortemente com a condição de participação, constituindo um relevante aspecto que converge na direção de sua plena consolidação de direito pertencente a todas as esferas de atuação, entre elas: pedagógica, política, administrativa, financeira e patrimonial. Portanto, no contexto micro que consiste no âmbito escolar a operacionalização das tarefas ocorrem sob o regimento de elaboração do Projeto Político Pedagógico da instituição, que é norteada pelos princípios constitutivos de sua identidade. De acordo com a explicitação de Veiga (1996, p.14): A principal possibilidade de construção do projeto político-pedagógico passa pela relativa autonomia da escola, de sua capacidade de delinear sua própria identidade. Isto significa resgatar a escola como espaço público, lugar de debate, do diálogo, fundado na reflexão coletiva. Portanto, é preciso entender que o projeto político-pedagógico da escola dará indicações necessárias à organização do trabalho pedagógico, que inclui o trabalho do professor na dinâmica interna da sala de aula, [...]. De acordo, com suas prioridades se identifica a especificidade de cada escola, conforme a realidade sobre qual faz parte. Portanto, para concretização de seus ideais a mesma no processo de construção do PPP abordará os principais elementos constitutivos dessa estrutura, que são: diagnóstico, marco referencial, marco doutrinal e marco operacional. Destaca-se uma breve explicitação sobre tais elementos: o diagnóstico consiste em um processo analítico de identificação da problemática enfrentada pela escola; o marco referencial significa situar a instituição escolar em um contexto macro, considerando os aspectos políticos, econômicos e sociais; o marco doutrinal a escola vislumbra atingir o sonho idealizado para uma prática pedagógica, além de expressar 14 sua intencionalidade para a formação do cidadão; o marco operacional tem vista operacionalizar o plano de ação planejado pelos segmentos escolares envolvidos. De acordo com Vasconcelos (2002, p.21), “é o projeto que vai articular, no interior da escola, a tensa vivência da descentralização e através disto permitir o dialogo consistente e fecundo com a comunidade, e mesmo com os órgãos dirigentes”. Portanto, o Projeto Político Pedagógico é um documento de grande valor da escola, que norteia e conduz as atividades desenvolvidas no espaço escolar tendo como princípio uma transformação no ambiente escolar. Ele não deve ser construído e engavetado, mas sim construído e encaminhado as autoridades educacionais e vivenciado por todas que formam a comunidade escolar. Diante de tal realidade, é fundamental explanar que a essência da prática docente nos confere uma responsabilidade grandiosa de sermos atuantes no processo de construção e reconstrução do conhecimento, tendo em vista a emancipação cuja concepção consiste em uma perspectiva democrática. Deste modo, vivenciada na elaboração do Projeto Político Pedagógico e no envolvimento consciente de todos os segmentos da comunidade escolar, pois dessa forma uma das essenciais iniciativas de democratização parte da criação de estruturas que no processo instituído converge realmente para uma prática participativa. Enfim, é nessa perspectiva, regulada nos princípios da democracia e da participação coletiva, envolvendo, gestores, professores, servidores, estudantes e pais, que se espera das escolas a construção do seu Projeto Político Pedagógico. Trata-se de um processo que implica desvelar as aparências e chegar às essências, apreciar as raízes do processo educativo. Isto determina que se tenha desejo de mudanças, disposição a investir nesta mudança, coragem para estudar, trocar experiências, buscar caminhos novos, construir raízes concretas. 2.5 ESPECIFICIDADES E VINCULAÇÃO DO PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO (PPP) COM O REGIMENTO INTERNO DA ESCOLA E O PLANO DE DESENVOLVIMENTO DA ESCOLA (PDE) Atualmente, a maioria dos profissionais da educação sabem que o processo de planejamento da escola deve ser dirigido pela equipe escolar da melhor forma possível, a partir de sua realidade, baseado em fatos e dados e com ênfase na aprendizagem dos discentes. Nesta perspectiva, é um processo que alude a auto 15 avaliação da unidade escolar, como também a elaboração dos documentos que auxiliam o grupo escolar na tarefa de transformar a escola em uma instituição de qualidade. O Regimento Interno da Escola é um documento da unidade escolar que, baseado na proposta pedagógica, institui a organização e o funcionamento da escola, bem como regulamenta ações entre os representantes do processo educativo. Segundo Marçal (2001, p. 106), “o projeto pedagógico[...] oferece diretrizes para a elaboração do regimento escolar, orientando a estruturação e o funcionamento da escola de acordo com seus objetivos, garantindo um clima de convivência democrática”. Portanto, o regimento enquanto documento administrativo e normativo fundamenta-se nos propósitos, princípios e diretrizes definidos no Projeto Político Pedagógico da escola, bem como na legislação educacional. Deste modo, esse instrumento deve ser construído de forma coletiva com a participação de todos os segmentos internos e externos da conjuntura escolar e deve expressar a efetiva autonomia administrativa e pedagógica da escola. Vale explanar que “à medida que o projeto pedagógico se define por uma concepção disciplinar preventiva, teremos um regimento escolar menos preso às penalidades e mais direcionado para os direitos e deveres” (MARÇAL, 2001, p.107). Logo, o regimento interno da escola deve ser construído de modo a propiciar o aperfeiçoamento da qualidade da educação, situando a responsabilidade de cada um dos segmentos que compõem a instituição escolar como forma de garantir o cumprimento de direitos e deveres da comunidade escolar. Já o Plano de Desenvolvimento da Escola (PDE) é um programa voltado para o aprimoramento da gestão escolar democrática. É um moderno instrumento de planejamento que busca ajudar a escola, a identificar os seus principais desafios e, a partir daí, desenvolver e implementar ações que aprimorem os seus resultados. Portanto, o PDE pode ser considerado um processo de planejamento estratégico que a escola desenvolve para a melhoria da qualidade do ensino. Vale enfatizar, que o Plano citado acima, não substitui a proposta pedagógica, também não se confunde com ela. Pois, ele vê a escola não apenas em sua dimensão 16 pedagógica, porém vê a escola como um todo em sua perspectiva estratégica. Deste modo, é uma ferramenta gerencial que ajuda a escola a definir suas prioridades estratégicas, a decidir o que fazer para alcançar as metas de aprendizagem, ainda medir se os resultados foram alcançados, assim podendo avaliar o próprio desempenho. Portanto, o PDE não substitui o PPP e sim o complementa, já que não indica o método pedagógico, porém sinaliza se este está falhando. Por fim, todos esses documentos têm por objetivo auxiliar a equipe escolar na tarefa de transformação das escolas em escolas de qualidade. 3 A PESQUISA O principal objetivo dessa pesquisa é refletir sobre a organização da escola na concepção de gestão democrática, bem como abordar e refletir sobre os instrumentos que são os alicerces para que se construa uma gestão participativa, e de modo particular analisar de forma crítica um dos principais instrumentos pedagógicos, o Projeto Político Pedagógico (PPP) de uma escola da rede municipal de Maracanaú. Assim sendo, apresento os princípios metodológicos norteadores da pesquisa, bem como os procedimentos que são empregados para obtenção dos dados indispensáveis para esclarecimento do objeto de estudo. Explano, a seguir, sobre o tipo de pesquisa, universo pesquisado, sujeito e procedimentos metodológicos: os instrumentos e técnicas de coleta de dados. 3.1 TIPO DE PESQUISA Para realização desse estudo utilizei uma abordagem metodológica de caráter qualitativo, com o objetivo de melhor desenvolvimento do tema. De acordo com Minayo (1993), “A pesquisa qualitativa responde a questões muito particulares. Ela se preocupa com um nível de realidade que não pode ser quantificado”. Assim sendo, foram adotadas as seguintes bases de investigação: pesquisa bibliográfica concretizada através de leituras de livros e artigos. A esse respeito, Gil explana que: A principal vantagem da pesquisa bibliográfica reside no fato de permitir ao investigador a corbetura de uma gama de fenômenos muito mais ampla do que aquela que poderia pesquisar diretamente. Essa vantagem torna-se 17 particularmente importante quando o problema de pesquisa requer dados muito dispersos pelo espaço. (GIL, 2010, p.45) Deste modo, realizei o levantamento e a revisão da bibliografia, baseando-se em leitura de teóricos que, no meu ponto de vista, estão direcionados para essa proposta de estudo. No decorrer desse processo investigativo utilizei ainda a pesquisa documental e a pesquisa de campo, com a finalidade de aprofundar o conhecimento para uma melhor análise e discussão do tema. A pesquisa documental assemelha-se muito a pesquisa bibliográfica. A única diferença entre ambas está na natureza das fontes. Enquanto a pesquisa bibliográfica se utiliza fundamentalmente das contribuições dos diversos autores sobre determinado assunto, a pesquisa documental vale-se de materiais que não receberam tratamento analítico, ou que ainda podem ser reelaborados de acordo com o objetivo da pesquisa. (GIL, 2002, p. 51) A pesquisa documental proporciona várias vantagens, por exemplo: os documentos são uma fonte rica de dados, e continuam ao longo do tempo, sendo uma enorme fonte de dados nas pesquisas; a apreciação de documentos, muitas vezes, além da capacidade do pesquisador, exige apenas disponibilidade de tempo. Segundo Gil (2002, p.67), A pesquisa de campo é o tipo de pesquisa que pretende buscar a informação diretamente com a população pesquisada. Ela exige do pesquisador um encontro mais direto. Nesse caso, o pesquisador precisa ir ao espaço onde o fenômeno ocorre, ou ocorreu e reunir um conjunto de informações a serem documentadas [...]. Conforme o explanado, no desdobramento dessa pesquisa, desenvolve-se um trabalho de campo que consta de aplicação de uma entrevista com a coordenadora da EMEIEF Napoleão Bonaparte Viana, localizada em Maracanaú, e de observações, análises e registros durante a análise do Projeto Político Pedagógico da escola. Vale enfatizar, que utilizei métodos qualitativos para coletar os dados: observação simples e entrevista. Posteriormente, os dados coletados foram analisados de acordo com os objetivos previstos por esse trabalho. 3.2 UNIVERSO PESQUISADO A pesquisa contempla um sujeito, a coordenadora da escola. Portanto, essa investigação foi realizada em uma escola da rede pública de Maracanaú. 18 Primeiramente, realizei o contato com o sujeito, nesse momento foram apresentados os objetivos da pesquisa e sua metodologia, como também, coletado informações e autorização para desenvolver essa investigação e análise do PPP. 3.3 SUJEITO DA PESQUISA O sujeito desta investigação é a coordenadora Rosângela de Andrade Praciano, da EMEIEF Napoleão Bonaparte, localizada em Maracanaú. (ver no Apêndice I o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido) Acredito que a caracterização do perfil do sujeito envolvido na investigação é um elemento de relevância no processo investigativo, uma vez que sua fala e postura diante dos assuntos tratados, como também os valores e conceitos emitidos são oriundos de sua experiência profissional. Em relação ao sujeito, priorizei alguns pontos, como: idade, gênero, escolaridade, tempo de trabalho etc. 3.4 INSTRUMENTOS E TÉCNICAS DE COLETAS DE DADOS As técnicas de coleta de dados escolhidas foram às seguintes: levantamento bibliográfico, observação simples ou indireta, aplicação de questionário e entrevista individual junto a coordenadora (ver Apêndice II). Conforme já mencionado, a metodologia consistiu no levantamento e análises dos dados divididos em etapas. A primeira incide no levantamento de materiais escritos sobre o assunto abordado e na revisão da literatura e as demais em etapas de campo. Deste modo, os procedimentos iniciais da pesquisa tiveram como base o levantamento bibliográfico sobre a temática. Na segunda etapa, tentei obter informações a partir da observação simples entendida como “aquela em que o pesquisador, permanecendo alheio à comunidade, grupo ou situação que pretende estudar, observa de maneira espontânea os fatos queaí correm. Neste procedimento, o pesquisador é muito mais um espectador que ator.” (GIL,1987, p.105). Portanto, o sujeito da pesquisa foi observado, com o objetivo de se registrar, no processo dialógico, suas relações, suas manifestações, seus pontos de vista sobre os saberes a respeito do assunto abordado na investigação. A grande vantagem da entrevista sobre outras técnicas é que ela permite a captação imediata e corrente da informação desejada, praticamente com qualquer tipo de informante e sobre os mais variados tópicos. Uma entrevista bem sucedida pode permitir o tratamento de assuntos de natureza 19 estritamente pessoal e íntima, assim como temas de natureza complexa e de escolhas nitidamente individuais. Pode permitir o aprofundamento de pontos levantados por outras técnicas de coleta de alcance mais superficial (LÜDKE & ANDRÉ, 1986, p. 34). Deste modo, a entrevista representa um dos instrumentos básicos para a coleta de dados, na expectativa de pesquisa desenvolvida nessa investigação. Assim sendo, com o sujeito realizei entrevistas individuais onde privilegiei enfocar a opinião dele sobre gestão democrática e participativa, também o questionei sobre como foi feita a elaboração do Projeto Político Pedagógico da escola e quem participou de sua construção, bem como apliquei um questionário. Ainda, tive a aportunidade e ver e analisar o Projeto Político Pedagógico (PPP) da instituição. Vale pontuar que as conversas duraram em torno de 20 a 30 minutos, aproximadamente, já que as escola não destinam tempo satisfatório para uma reunião mais demorada. Dessa maneira, foram usados os horários do intervalo, do início ou do final das aulas. Destaca-se que para o registro desses encontros utilizamos o diário de campo. As visitas observadas fluíram com êxito, pois não existiu resistência de diálogo por parte da coordenadora acerca da temática. Apesar do tempo limitado, acredito que as visitas foram bastante significativas e que análise do PPP foi de grande valia para minha pesquisa. 3.5 RESULTADOS E DISCUSSÕES Partindo das definições dos autores citados durante o percurso desse trabalho, fiz uma leitura crítica do PPP da EMEIEF Napoleão Bonaparte Viana e da entrevista concedida pela coordenadora da escola que gentilmente forneceu informações primordiais sobre esse instrumento, tais como seus principais elementos constitutivos: Justificativa, Marco referencial (situacional, doutrinal e operacional), Diagnóstico, Programação (objetivo geral, objetivos específicos e metas), Procedimento do cotidiano escolar: prisma educativo (matricula, calendário escolar, aula, recreio, merenda escolar, encontro de pais x mestres, reunião do corpo discente/docente/administrativo), Recursos (recurso humanos, recursos materiais/financeiros), Avaliação qualitativa e quantitativa. O processo de elaboração contou com a participação da comunidade escolar, que respondeu a questionamentos respaldados nos seguintes parâmetros: a escola que temos (diagnóstico real), a escola que queremos (escola idealizada) e as 20 estratégias a serem desenvolvidas (escola em caminho). A partir da triagem montou- se o Projeto Pedagógico, de modo a atender aos anseios de toda a comunidade escolar, onde todos se propuseram a assumir com competência, participação e partilha as atividades estratégicas segundo os objetivos e metas a serem conquistadas no decorrer do biênio (2016 a 2018). A entrevistada salientou as principais metas estabelecidas no Projeto: reforma e ampliação da escola, aquisição de computadores e serviço de internet, ampliação de números de ventiladores, dentre outras. Enfatizou que o Projeto será bimestralmente avaliado por toda a comunidade escolar, através de reuniões previstas no cronograma de atividades da escola, tendo por finalidade, a reorganização das atividades da escola a partir da realidade do aluno, ou seja, do marco referencial, a fim de que se concretize a escola que sonham, com inserção de todos (direção, professores, pessoal de apoio escolar, alunos e pais, buscando a integração na comunidade educativa, como agentes transformadores do processo). Especificamente, examinando as concessões, os princípios e os elementos constitutivos do PPP dessa escola e confrontando com os dados colhidos (com as leituras e interpretações de alguns textos) constatei que o PPP não é uma ferramenta formal para ser arquivada e atender a caprichos administrativos, mas foi construído com a participação dos profissionais da educação e da comunidade escolar e local. Parte-se da instrução dada pela lei ou pelo sistema, mas também se busca elaborar um projeto que de fato atenda a realidade dos alunos de cada escola e as necessidades da comunidade, para que se possa construir um projeto bem estruturado que servirá de suporte para todo o processo educativo da escola, assim tornando-o mais eficaz, pois o ato de planejar (LUCKESI, 1992): “[...] é a atividade intelectual pela qual se projetam fins e se estabelecem meios para atingi-los”. Por esse motivo, os planejamentos devem ter como meta principal o indivíduo. Assim, o processo de ensino aprendizagem terá mais condições de atender as necessidades dos educandos. Enfim, o PPP deve observar a realidade socioeconômica sobre quais os alunos se insere, deixando o planejamento apenas como orientador do processo e não como fator delimitante, adequando-se a cada realidade escolar. Contudo, os profissionais da área da educação devem saber que o planejamento educacional é o instrumento básico, para que todo o processo educativo 21 se desenvolva, estabelecendo o que se deve realizar, para atingir os objetivos propostos. 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS No âmbito de delineamento do presente trabalho, fica o registro de uma análise sólida, que me proporcionou uma reflexão crítica em sua abordagem. Procurarei abordar e refletir sobre a gestão democrática e participativa. Ainda analisei o instrumento PPP, que é a ferramenta norteadora do trabalho desenvolvido em uma escola, nas dimensões, pedagógica, política, administrativa e financeira. Como vimos em minha exposição monográfica, no processo de gestão democrática e participativa da escola os discentes, os docentes, a família e os funcionários desempenham um valioso papel. A gestão democrática colabora para a edificação de uma educação de qualidade, na qual todas as crianças, jovens e adultos possam se desenvolver como sujeitos construtores da sua cidadania. Diante do demonstrativo apresentado, observei que uma escola que trabalha de forma democrática, precisa refletir sobre como ela irá funcionar, se organizar e quais instrumentos serão a base para que aconteça uma verdadeira participação de todos os segmentos da escola, e isso, é obvio resulta na elaboração do Projeto Político Pedagógico, assim sendo, o planejamento é uma exigência essencial. Como já explanado é o PPP da escola quem ajudará a resolver dificuldades, modificar o que for necessário e fazer da caminhada uma tarefa menos dolorosa. Para tanto, o modelo participativo é o mais adequado, pois o Projeto deve se firmar num processo democrático, coletivo que envolve todos os segmentos da escola, já que deve propor um referencial para caminhada conjunta e permite a satisfação da concretização do compromisso e trabalho coletivo. Felizmente, o PPP da escola investigada parece ter sido elaborado de forma participativa e não é visto como um documento de gaveta, que serve apenas para cumprir uma mera função administrativa e burocrática. Sendo assim, ao meu olhar o Projeto dessa Instituição foi construído para expressar as suas necessidades e especificidades e para ser implementado nas suas práticas diárias. 22 Em suma, a elaboração desse trabalho foi uma experiência prazerosa e acrescentou muito a minha formação. Verifiquei que numa gestão democrática se faz essencial o compartilhamento de ideias,trabalhar em equipe, ouvir e delegar sempre priorizando um ensino de qualidade onde todos os envolvidos no processo são responsáveis, em minimizar as desigualdades sociais. 5 REFERÊNCIAS APPLE, M.; BEANE, J. Escolas Democráticas. São Paulo: Cortez, 1997. BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases. Lei nº 9394/96 de 20 de dezembro de 1996. Estabelece diretrizes e bases da educação nacional. Diário Oficial da União. Brasília 20 dez.1996. BRASIL. Plano de Metas Compromisso Todos Pela Educação Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação. FNDE. Brasília: MEC, 1997. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Acessado em 16 de dezembro de 2012. Disponível em: http://www.planalto.gov.br. DOURADO, L. F. A escolha de dirigentes escolares: política e gestão da educação no Brasil. In: FERREIRA, N. S. C. (Org.). Gestão democrática da educação: atuais tendências, novos desafios. 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Gestão educacional: uma questão paradigmática. 8. ed. Petrópolis: Vozes, 2011. LUCKESI, Cipriano Carlos. Planejamento e avaliação na escola: articulação e necessária determinação ideológica. Publicação Série Ideias, n.15, São Paulo: FDE, 1992.p.115-125. LÜDKE, Menga; ANDRÉ, Marli E. D. A. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São Paulo: EPU, 1986. MARÇAL, Juliane Corrêa; SOUSA, José Vieira; MACHADO, Maria Aglaê de Medeiros. Progestão: como promover a construção coletiva do projeto pedagógico da escola?, módulo III. Brasilia: CONSED – Conselho Nacional de Secretárias de Educação, 2001. MINAYO, Maria Cecília de Souza (org). Pesquisa social: teoria, método e criatividade. Petrópolis,RJ: Vozes,1993. SANTOS FILHO, José Camilo dos. O recente processo de descentralização e de gestão democrática da Educação no Brasil. Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos, v. 73, n. 174, p. 219, 1992. VASCONCELOS, C. Projeto político-pedagógico: o planejamento como instrumento de transformação. 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Concordo que o material e as informações obtidas relacionadas à minha pessoa possam ser publicados em aulas, congressos, eventos científicos, palestras ou periódicos científicos. Porém, minha pessoa não deve ser identificada, tanto quanto possível, por nome ou qualquer outra forma. As fotografias, vídeos e gravações ficarão sob a propriedade do grupo de pesquisadores pertinentes ao estudo e sob sua guarda. ___________________, _____ de__________ 2016. 25 APÊNDICE II QUESTIONÁRIO APLICADO A COORDENADORA Prezada, Esta entrevista é instrumento de coleta de dados que servirá como parte da pesquisa de campo do artigo intitulado: A gestão democrática da escola: novas perspectivas e novas práticas, desenvolvido no Curso de Pós-Graduação Latu Sensu em Gestão Escolar e Coordenação Pedagógica da Faculdade Kurios – FAK. É oportuno salientar que este trabalho de pesquisa está sendo desenvolvido de acordo com os procedimentos científicos adequados, e qualquer informação que estiver nesta entrevista será analisada qualitativamente. Nenhuma identidade será revelada. Certa de poder contar com você agradecemos antecipadamente. A pesquisadora. ESCOLA________________________________________________________ NOME:__________________________________________________________ SEXO: ( ) M ( ) F IDADE ( ) 20 a 30 ( ) 31 a 40 ( ) 41 a 50 ( ) 51 ou mais ESCOLARIDADE ( ) Magistério ( ) Superior ( ) Especialização ( ) Mestrado ( ) Doutorado 1. Em que momento o grupo gestor e os professores se inter-relacionam? ( ) Em datas festivas, na Escola. ( ) Em reuniões de trabalho. ( ) Fora da Escola. ( ) Todos os momentos referidos. ( ) Não existe momento determinado. 2. Quem participa da tomada de decisão na instituição? ( ) Diretor e coordenadores. ( ) Grupo gestor e professores. ( ) Comunidade escolar. ( ) Grupo gestor e pais. 3. O que você entende por gestão escolar democrática e participativa? __________________________________________________________________ 4. A instituição que trabalha desenvolve uma gestão democrática? ( ) Sim ( ) Não 26 5. A escola tem Projeto Político Pedagógica? ( ) Sim ( ) Não 6. Quem participou do processo de construção do PPP? ( ) Professores e o grupo gestor. ( ) Grupo gestor ( ) Comunidade escolar (membros representantes da direção, dos professores, dos alunos, dos pais e funcionários da escola.
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