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TEXTO 4 - ATHAYDE, Milton. Psicologia e trabalho Que relações

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CopyrlSht O 1999 dor autorer
Ibdor or dlrcltor deota edigão rcservados à Editora da Univcrsidade do Estado do Rio de Janeiro. É
gtolbldr r duplicação ou rcprodução deste volume, ou de parte do mesmo, sob quaisquer meios, sem
I tutorlzação cxprcssa da Editora.
BdUERJ
BdItoTa da UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
Rur,São Francisco Xavier 524 - Maracanã
CEP 20550-013 - Rio de Janeiro - RJ
ïbl./Fax.: (021) 587-7788 t 587-7789
Coordenador de Publicações
Coordenadora de Produçõo
Dlagramação
Rcvisão
Capa
Apoio Administrativo
Renato Casimiro
Rosania Rolins
Ronaldo Pereira Reis
Ana Paula Mathias de Paiva / Ana Silvia Gesteira
Heloisa Fortes
Maria Fátima de Mattos
CATALOGAçÃO NA FONTE
UERJ/REDE SIRIUS/PROTAT
P974- Psicologia social : abordagens sócio-históricas e desa-
fios contemporâneos / organização, Ana Maria Jacó-
Vilela, Deise Mancebo. 
- 
Rio de Janeiro : EdUERJ,
1999.
236p.
ISBN 85-85881-70-4
l. Psicologia social. I. Jacó-Vilela, Ana Maria. II.
Mancebo. Deise.
cDU 301.r51
br
SUMARIO
Introdução
l' Parte
Reconceituando a Psicologia: Abordagens Sócio-históricas
Investigações em Torno do Objeto da Psicologia ...............
Ronald João Jacques Arendt
Indivíduo e Psicologia: Gênese e Desenvolvimentos Atuais
Deise Mancebo
E eu com isso?
Reflexões sobre a Anomia no Brasil Contemporâneo.............. 47
Eduardo Ceschin Rieche
Análise Inicial da Produção Escrita em Psicologia no Brasil 9l
Ana Maria Jacó-Vilela
2' Parte
Práticas em Psicologia e Produção de Subjetividades ....... 109
Sobre as Histórias das Práticas Grupais: Explorações quanto a um
Intrincado Problema 111
Heliana de Barros Conde Rodrigues
l5
t7
33
ROCHA, M. L, c ACUIAR, K. F. Práticus universitáriasc a lbrmação sociopolít icn, l t t :
Anuário do Lahoratrlrio de Subietividade e Política da Ul'F'. Nitcrói, n' 314' lt)97'
RODRIGIJES, l{ <lc B.C,; LEITÃO, M, B. S. c BARROS, R. D. B. dc (orgs,). (}rupu't t
instituiçí1es em análise. Rio dc Janciro: Rosa dos Tempos, 1992.
As subjetividades em revolta. Institucionalismofrancês e novas análises. l()t)\,
Instituto de Medicina Social - Universidade do Estado do Rio de Janeiro. DisscrtitçÌlo
de Mestrado em Saúde Coletiva.
SOUZA, M. P. R. e MACHADO, A. M. (orgs). Psicologia Escolar: em busca do ttovos
rumos. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1997
TADEU DA SILVA,T. (org.). O sujeito daeducação. Estudosfoucaultianos.2. ed. Petrópolis:
Vozes, 1995.
194
Professor adjunto da UERJ. Doutor em Gerência da Produção.
PSICOLOGIA E TRABALHO:
QUE RELACÓES?
MtLToN ATHAYDE*
Sgnq. g-ggpreender a vida psicossocial sem considerar a comple-
xidade que lhe é característica? Neste texto, entende-se que a própria cons-
tituição da espécie humana é atravessada pelos mesmos tipos de relações
que se estabeleceram com os outros animais e com a naífieza. No curso
destas relações - de trabalho, de produção - engendraram-se transforma-
ções sobre a naíJreza e configurou-se a espécie humana. lJma trama, um
campo altamente complexo e instável, onde o que há é uma rede de cone-
xões que náo pâra de se produzir. A pergunta decisiva a ser feita é: "como
se está operando a produção dessas conexões?"
1. Perspectiva de Análise
Nesta perspectiva, não se tlaja_.d-g..apliç.ar as tg_grias psicológicas
para Çompt-een-det o trabalho humano. Trata-se, isto sim, de incorporar as
questões referentes ao trabalho e à produção na elaboração de instrumentos
teóricos em Psicologia, para compreender a vida (psicossocial) humana.
Mas como fazê,-lo, se a chamada Psicologia do Trabalho está sob domínio
desse tipo de abordagem, que a entende como uma aplicação da Psicologia?
Pretende-se com este texto oferecer alguns elementos que contribuam para
a configuração de uma g,lyaP--piçglggia-d-o, Tr"abqlho (Oddone et al., l98l).
O próprio conceito dg tfpb--q|ho (e de produção) apresenta-se na-
tulali-z,ado e demanda maior discussão (o que não será aqui efetuado). Neste
momento, seria importante considerar que a experiência humana designada
_t1_a!alho está sempre fortemente influenciada pela forma concreta como se
dÍ10 t t l t rodtrçi io, c l istr ibuiçi t t l c consurì ì() ckls mcios clc vic l l crn urrr i r dnt l i r
socict l i tdc, i t t t l t l ic i tndo urÌ ì proccsso clc rcproduçho soci l l r luc clrvolvc pro-
tluçÍo c consunìo, tcndo corno elenrento predominante a produção. Mas é
; t rcciso turrrbénr considerar - à distância de sirnplc 's dctcrmi l isr les
tecrrológicus c/ou econômicos - que quando se aponta para a produçir<r
e()rrrO clcnrcnto predominante, quer-se dizer, no mesmo movimento, que 0
ca;ritalismo tem como condição de existência um modo específico de pro-
tfuçlto clc subjetividade (Deleuze e Guattari, 1976; 1980).
O fenômeno da modernização - enquanto um conjunto de proces-
sos sociais ligados à emergência e ao desenvolvimento do mercado mundial
é aqui clcito como ponto de partida para o desenvorvimento da análise,
tcnclo como base epistemológica o princípio de contemporaneidade: ,.a
lnatomia do homem nos dá a chave da anatomia do macaco (...), da mesma
Íbnna a economia burguesa nos dá a chave da economia antiga, etc." (Marx,
l9tì3). Este princípio de contemporaneidade do conhecimento, presente neste
raro texto diretamente epistemológico/metodológico de Marx, desloca-nos
de uma abordagem genética (embora entendendo que a sociedade capitalis-
ta seja um resultado histórico) para o estudo do corpo' da estrutura atual
da sociedade.
Um curso histórico nada simples, pois a produção, sob o capita_
lismo, acontece de formas diversas. o conceito de modo de produção ca-
pitalista possui um alto grau de abstração e procura dar conta (unto a
outros conceitos) de uma busca (teórica) de tendências na produção. ou
seja, nas diferentes formações sociais (como a brasileira, por exemplo), em
conjunturas específicas, encontramos sempre contextos históricos comple-
xos, um combate pela dominância entre diferentes modos de produção. Não
há, ao que deduzimos, capitalismo "puro',.
Para detectar a tendência da modernizaçáo, acompanhando o flu-
xo dos textos de Marx, pode-se entender que a realização da utopia do
capital significaria a dispensabilidade absoluta do trabalho humano no in-
terior do processo de trabalho (Morais Neto, 1989). Mas qual seria, para o
capital, seu sistema produtivo mais avançado? para Marx, se a maquinaria
específica do período da manufatura foi, desde o início, o próprio trabalha-
dor coletivo (produto da combinação de muitos trabalhadóres parciais), se
gqmanufatura a revolução operada no regime de produção teve como ponto
de partida a força de trabalho humana (trabalho vivo), na grande indústria
' 
E .omo saber de um corpo senão através de marcas produzidas pelo encontro entre
corpos? Sabe-se dele então que é um espaço aberto, constitutivo de dobras, redobras.
desdobras, dentros e foras que se interpenetram.
196 r97
o capital agc em busca2 clc sua base técnicar aclcquitda atritvós dit sttbortli
nação do trabalho vivo (trabalho humano) ao trabalho lÌlort(), ott sc'iit, pclo
lado dos elementos objetivos do processo de trabalho, incorporandtl a ciôtl
cia através do chamado sistema de máquinas'
Mas este esforço para detectar a tendência histórica não Í'cchit lt
questão; não pode ser confundido com o registro de etapas em evoluçiìo
(evolucionismo). Ao contrário, na medida em que se entenda o proccsso
social em sua complexidade, não fechado em sínteses totalizadoras, cstil
busca de tendências na verdade detona a abertura para a análise. Pois tr
curso não é linear, mecânico ou inexorável, afinal, não se trata de forrnas
proféticas: os sistemas se sobrepõem e coexistem. Como resume Boycr'
(1986), criticando o determinismo tecnológico, "as transformações em cur-
so parecem relativamente abertas: são tão contraditórias e multiformes quc
não podem determinar-se mecanicamente com as meras possibilidades tec-
nológicas". Entende-se com isso que a análise crítrca da modernização enl
curso pode portanto, quando muito, revelar os limites do sistema' Aliás, a
teoria da crise, avançada por Marx, apresentavaa prova lógica de um limite
interno absoluto do capitalismo. Mais recentemente, Kurz (1992: 1991)
vem oferecendo análises precisas acefca do descompasso entre as conquis-
tas técnico-científicas e a pobreza global, numa perspectiva que configura
este fim de século como um retrocesso social elementar, pois as forças
produtivas da terceira revolução industrial são incompatíveis com a
racionalidade empresarial fundada no dinheiro.
2. Percalços no Curso do CaPital
Na prática, em busca de suas utopias, o capital tem encontrado
dificuldades e talvez tenha sido menos ousado e efetivo do que poderia.
Neste curso, outros elementos encontraram visibilidade, como apontava o
movimento operário, e como pode ser lido nos textos de Castoriadis, desde
os anos 50:
(...) a força de trabalho não é uma mercadoria como as outras ('..).
Quando ele [o capitalista] compra uma jornada de trabalho, o problema
apenas começou. O que ele vai poder extrair da mesma como rendimen-
' 
Cub" lembrar que esta busca tem como solo o acaso, conforme as perspectivas do
materialismo trágico (Escobar, 1993) e do materialismo aleatório (Althusser, 1988);1993.
to cl'ctivo scrií o rcsullaclo dc urnl luta quc não ccssariÍ urrr scguntkr
t lurantc i t . i t l rni tc la clc trabalho (. . . ) . A luta implíc i ta c iní ì l rntal c los <lpcr-
t/trirls. no quc sc rcÍbre à organização capitalista tla proclução, signil' icir
ips,.fircto quc os operários opõem a essa organizaçã<t - c rcalizanr n.s
l'at<ls - uma contra-organização parcial, mas não menos efetiva, scnr a
qual não somente não poderiam resistir à direção, mas nem mcsnlo
poderiam realizar seu trabalho (Castoriadis, l9g5).
A hegemonia do modo capitalista de produzir engendrou-se em
mcio a lutas (vitórias, derrotas, negociações, acertos...) que colocaram em
cena configurações diversas de mundos do trabalho (Hobsbawm, 1997). A
Íìlrma industrial manufatureira encontrou sua expressão mais reveladora no
paradigma taylorista-fordista, que nas primeiras décadas deste século se
desenvolveu a partir dos EUA, emergindo como solução restritiva ao poder
que trabalhadores de ofício exerciam nos processos produtivos sobre os
tempos de fabricação. Este remédio foi fartamente experimentado neste
planeta, chegando a constituir-se como norma de organização do trabalho.
O eixo deste paradigma, codificado nas técnicas da chamada
"organização científica do Trabalho", serviu de base para o desenvolvi-
mento industrial da manufatura e pode ser assim resumido, segundo coriat:
(.'.) aengenharia produtiva taylorista e fordista constrói a eficácia de
suas linhas a partir de uma organização da produção em postos de tra-
balho parcelados e encadeados, tanto na fabricação quanto na monta-
gem. Do ponto de vista analí t ico, esse paradigma se baseia no
parcelamento, especialização e intensificação do trabalho (coriat, 19g7).
Fundando-se na produção em grandes séries de mercadorias pa-
dronizadas a baixo custo, este sistema foi historicamente eficaz. Entretanto,
isto não significa dizer que tal sistema tenha sido efetiva e integralmente
empregado em todo o planeta, pois na realidade este ideário implementou-
se hibridado pelas intervenções e reinterpretações implementadas pelos
trabalhadores. consequentemente, híbrido e eficaz, mas historicamente si-
tuado, chegou a uma crise,
A emergência vitoriosa do taylorismo, o aporte dos estudos de
tempos e movimentos (peças-chave da clássica psicologia do Trabalho) e
seu desenvolvimento com o fordismo - com a linha de montagem - não
ficou por aí. seu horizonte extrapolou o interior do processo de trabalho,
chegando a uma forma de gestão da sociedade que tem como modelo o
sistema de fábrica, no qual procura-se dirigi-la como a uma empresa capi-
198 t99
talista (Athayde, 1988), configurando-ss em unr nroclo dc rcgulação (ltsictr
socio-econômica) fordista. Tanto sucesso por décadas e as fragilidldcs li '
caram obnubiladas, mas em suas entranhas, desde sempre, movr:u-sc tl rc
sistência dos trabalhadores à dominação e exploração, em um cotnbitlt'
micropolítico.
Como afirma Castoriadis (1985), os operários opõem à organizit
ção capitalista de produção uma contra-organização. Certamente parciirl,
fragmentária e móvel, mas nem por isso menos efetiva: sem ela seria itlt
possível resistir à direção, e nem mesmo seria viável realizar seu traballto.
Ao lado do que alguns denominaram implícito ou informal, a Ergonomia clit
Atividade v3! apontar para o trabalho real (frente à ficção de prescrição),
de modo que a produção de uma empresa só é garantida na sua quantidadc
e qualidade quando os operários não se limitam a observar estritamentc as
ordens que lhe são dadas: eles compensam os incidentes por uma comptÌ-
tência que não é reconhecida por uma qualificação e um salário, eles mantôttt
uma colaboração informal entre os vários colegas de produção e de outros
serviços, colaboração esta indispensável para o bom funcionamento da
empresa, mas que deve dar-se em oposição às ordens estabelecidas.
J6 na dé,cada dç 30, resultados de uma pesquisa financiada pelo
grande capital (Wgstern Electric Company), aceÍca da produtividade na
linha de montagem, apontavam nesta direção (Mayo, 1945)' E ofereciam
uma indicação ainda mais precisa: estas relações são não apenas individu-
ais, mas se engendram em uma rede de comunicação, cuja visibilidade é
'opaca 
ao olhar do senso comum (daí a denominação informal). A pesquisa,
já dirigida então por Elt_on Mayo, "descotre" que se tratava de uma redc
de relações não-regulamentares, constituindo-se "naturalmente" grupos e
lideranças com decisiva influência sobre os operários, e potencialmente em
oposição às decisões gerenciais.
Frente à clássica proposta do taylorismo-fordismo - de elimina-
ção do conflito - vai-se engendrando a partir dos anos 30 uma alternativa
áe manejo do conflito, prúendendo (á que não eliminável) colocá-lo a
serviço da produtividade. Esta légt.q técnica - que apontapara a relevância
do controle,das relações humanas por manipulação -, embora seja efetiva-
mente reconhecida e aproveitada só após a II Grande Guerra, vai sendo
acoplada teoricamente a noções sociopsicológicas (Mayo)' Pesquisam-se as
necessidades e motivações humanas (Maslow), as relações psicossociais no
grupo (Homans), as trocas comunicacionais (sociometria./Moreno), a dinâ-
mica de grupo (Lewin), etc. O pressuposto geral é o de uma estrutura social
que tende para o equilíbrio, cuja possível desarmonia qualifica-se na cate-
goria maniqueísta de mal: noções de inadaptação, desequilíbrio, desorgani-
/ ; l \ ' i l ( Ì l t t t l r t ls l t t l t ' t l l t t t t t to l t t t t r lo rr n()ç i t ( ) nÌ i i l Ì i t ' l r t l r ' | r l r r l i t . iP;r(rro r los
I t , r l r : r l l l r t lor t 's
3. ( ' r isc do ' l i ry lor isnto- l 'ordisnro c
l i rnergôncia dc Novo(s) paradigma(s)
A prr. t i r do início dos anos 70, o capital ismo chegou a uma crrsc
lr . l ì rnt l l r c porsistcrì te, no inter ior da qual se si tua a cr ise do paradigma
' l i ry lrr ist l - furcl ista (não só como forma de organização do trabalho, mas
t.rno rììodo clc regulação econômica-social-subjetìva, que serviu de base
l) iuir () c lcscnvolvimento industr ial da manufatura.
Scgundo coriat (1987; 1990), foram três as cr ises do taylor ismo-
lìrrrlisrrr<-r que viabilizaram a aparição das novas tecnologias. A primeira,
t risr: clc eÍ'icácia do taylorismo como forma de controle social, remete para
. corrtrole pela tecnologia. A segunda, crise de eficiência do fordismo,
lt'rrrclc para a necessidade de ensaiar formas mais eficientes. A terceira.
rt' lrrtiva à contradição entre sua rigidez, as flutuações do mercado e as
rr.viÌ, ' l 'ormas de concorrência, demanda uma organização mais flexível.
A mudança estrutural hoje em curso caracteriza-se pela intensifi-
cirção dos fluxos de comércio e investimentos externos, pela reorganização
tkrs rnercados, pelo acirramento da competição e pela afirmação do grande
p.der econômico do Japão e da comunidade Européia, num repto à
hc:gcmonia dosEUA .
Destaca-se, nesta mudança estrutural, o salto na utilização da ciên-
ci. pela produção, subordinada aos intercsses mercantis. Nos países de
inclustrialização avançada ocorreu um forte incremento nos investimentos
crn atividades de Ciôncia e Tecnologia, provocando a aceleração do pro-
grcsso técnico (a chamada "revolução tecnológica"). Em escala global, vêm-
sc reestruturando a indústria e os serviços, tendo como base a microeletrônica,
viabilizando a associação de flexibilidade à automação (ampliando larga-
rnente as possibilidades desta última) e o crescimento impressionante do
nível de integração das funções produtivas e dos mercados.
É consensual a análise de que, frente à crise dos anos 70, as
cmpresas intensificaram a busca de novos meios para elevar a produtivida-
clc e desenvolver novos produtos e mercados. Assim, as duas últimas déca-
das deste século caracterizaram-se pera aceleração da taxa de acumulação
clc conhecimentos científicos e tecnológicos; e a base encontrada para a
ntudança de paradignta tecnológico foi a chamada Tecnologia de Informa-
çho (microeletrônica, informática e demais tecnologias nela baseadas).
I t t l r i t tsccl tntct t tc l ig i t r l l rs l t cs l l r I ' r rcc t l l t t t t t t t l ;utç l l ( 's l ruturt l . t l t t , t
s i ts tcr tc lôt tc ias anal í t icas (Cor iat , 1990; Piolc c Slbcl . l ( ) f i . l ) ; rporr t iun l ) , r r , l
utna revisão radical acerca do trabalho nas ostnl tu l 'as r lc l l ror l r r r , - r r r ' ,1,r ' ,
empresas: mudanças na natureza do trabalho e na perccpçi-to tkl sr'u l);rl)( l
pela gerência, com profundo comprometimento sobrc a c luunt i r l r r t l t ' , , r
qualidade do emprego e sobre as práticas de gestão do trabalho:
a) tendência à profissionalizaçáo do trabalho industrial:
b) aumento do grau de qual i f icação médio da força dc t t ' r t l r ; r l l r , ,
c) aumento s igni f icat ivo do nível de escolar idade do trabrr l l r r r t lor ,
d) desenvolv imento de estratégias de gestão do trabalho. \ ' rsrrrr t l t ,
estabi l izar o vínculo de emprego (dos sobreviventes l Ì ( ) " i r l r \
te") e obter a cooperação dos trabalhadores.
A aceleração do progresso técnico tcm signi f icat ivas impl ic i rç ' ( ) ( ' \
sobre o processo capitalista de trabalho, como a amenização da fragrrrt 'rr
tação do trabalho e o incremento do seu cort teúdo inovat ivo. Carvl t l l ro
(1992), a este respeito, destaca três traços básicos das radicais mudunç'rrs
ocorridas nos processos de trabarlho das atividades produtivas, nas econo
mias industrialmente mais avançadas:
a) crescimento da part ic ipação das at iv idades de inovaçarr) ( t ' n l
particular de pesquisa e desenvolvimento) no valor a-ercgutlt,
pela produção industrial, podendo-se falar em "produção ile
inovação", alargando o conceito de processo de trabalho:
b) difusão da automação programável, modificando a natl lrczir
do trabalho vivo:
b,) o t rabalho manual di reto está sendo progressivamente el int i -
' nado, emergindo erì seu lugar tarcfas de monitoramento e
supervisão de sistemas automatizztdos;
br) o trabalho em sistemas automatizados tem seu conteúdo ligir-
- do inseparavelmente ao processo de inovação tecnoló-gica. A
extrema flexibil idade das novas tecnologias possibil i ta rnaior'
freqüência de introdução de novos produtos. Por outro Iado,
na medida em que os sistemas automatizados são sistemas cnt
evolução, dependem, para seu sucesso, da realimentação rle
informações oriundas do chão de fcíbrica;
c) difusão de novos métodos de organização da produção, impli
cando maior integração das fìnções de produção, controlc clrr
qualidade e organização da produção. A "produção de qLrali
dade" implica maior delegação de responsabil idades e pressrl
põe a busca permanente de pequenas inovaçoes na mlìr ì ( ' i r r
201
dc plor l t rz, i r ( tprc nlsccrrr do slbcr i tcurÌrul i r ( lo glclos t t ' i tb i t l l t i t -
tkrrcrs nl grrópria vivôncia da produçiur).
O ccrrírrio cJc crise demandava portanto inovações, em meio às quais
o nrbô aparccc corno um totem (Coriat, 1989), correspondendo de fato ape-
ttits i\ aparôncia mais visível dessas inovações. Viabiliza-se a gestão das linhas
tlc proclução integraclas e flexíveis. Privilegia-se a racionalidade dos tempos
dus nráquinas, secundarizando-se a busca de intensificação do trabalho vivo.
Ncstc sentido, para além de se basear no encadeamento dos ritmos de traba-
lho humano, a ênfase na gestão da circulação de materiais e componentes tor-
na os custos da produção prioritariamente dependentes da ocupação das má-
qtr inas. O modelo que se anuncia vi tor ioso é o chamado ohnoísmo (ou
.lovolisuro), e aqui é importante registrar a atenção que este sisfema dá ao tra-
b_alho em grupo, reduzindo as distâncias sociais (Woods, 1991).
Mas estas novidades não substituem simplesmente o taylorismo-
lbrdismo; de fato, apenas agregam-se a este (Boyer, 1986). Ou seja, tudo
, depende das forças políticas em jogo no planeta e da divisão internacional
do trabalho então definida; das características da concorrência e das formas
de rcsistência dos trabalhadores (incluídos e excluídos) às formas de ino-
vação. Essa resistência, no entanto, contribui para a busca de renovação das
técnicas de controle do trabalho vivo.
Estas novidades têm-se acoplado ao quadro precedente, segundo
a lógica monetarista da "racionalidade econômica". Pois o capitalismo não
mudou (continua visando, mais do que nunca, acumulação de capital); quem
mudou foi o planeta: a época das "descobertas" iniciada com Colombo já
era. Não é mais possível retomar o crescimento pela antiga via da desco-
berta de terras novas e extermínio ou pela escravizaçáo dos nativos. A
ì retomada do crescimento é tentada por via do rearranjo monetário contínuo
le pela redução dos custos financeiros de produção.
Viabiliza-se a gestão de linhas de produção integradas e flexíveis.
Através da ligação de computadores a outras máquinas, desenvolve-se um
tipo de automação flexível, que torna possível a rápida modificação de
produtos em fabricação, sem mudar a estrutura básica da máquina, aprovei-
tando-se do fato de que tanto a máquina como os dispositivos são
programáveis. Tem-se como exemplo os tornos a comando numérico
computadorizado (CNC), em que o controle é efetuado pelo comando de
um tipo particular de computador. É o caso também dos robôs, dos
controladores lógico-programáveis e CAD/CAM (computador/manufatura
auxiliado por computador). O critério de flexibilidade torna o sistema pro-
dutiv-o em condições de dar conta das circunstâncias em mutação.
202 203
Percebc-sc tarnbóm unra tet tdôncia pari t i t [ ' lusci t t lc l l ì : t tot
integração nas empresas - das vendas à entrega do produto ito clit 'ttlt '
, procurando-se gerir automaticamente todo o processo. Tal cstrirtúp.iit tlt '
integração da cadeia produtiva (dentro e fora da fábrica) viabiliz.a sitllos tlt '
eficiência.
A integração das seqüências e operações da produção (corn1tltr'
tando-as), multiplicando o número de operações efetuadas numil lÌìcstìrir
fração de tempo, significa uma nova norma de gestão do capital I' ixo,
otimizando tempo e taxas de ocupação das máquinas e equipamentos. Al(irìÌ
da otimização entre os tempos de operação e circulação na fzrbric:itçrìt'.
util izando-se a informática e a eletrônica, as novas tecnologias prolìlctr'l l l
atingir a otimização da lógica mais ampla que rege o fluxo da fabricitçrto.
\ Integração aqui significa então nova forma de gestão dos fluxos matcrilis
(e de componentes), via conexões eletrônicas entre os postos de traballto.
Verifica-se, portanto, uma dupla inflexão, com vistas ao paradigrttlt
taylorista-fordista: privilegia-se a racionalização dos tempos da máqr.rinir.
secundarizando-se a busca de intensificação do trabalho humano. Ncstr.'
mesmo sentido, para além de se basear no encadeamento dos ritmos dt'
trabalho humano, a ênfase na gestão da organização da circulação dos
materiais e componentes torna os custos da produção prioritariamente dc-pendentes da ocupação das máquinas.
O paradigma aparentemente vitorioso, como foi dito, é chamadrr
toyotismo, ou ohnoísmo. Esta modalidade de produção flexível em massil
vem sendo implantada nos países do capitalismo industrialmente mais avatt-
çado, podendo ser encontrada também no Brasil. Contudo, sua caracteriz.it-
ção parece ainda insuficientemente precisa.
4'Toyota foi criada em 1918 e, em função da reduzida dimensão dtr
mercado japonês, optou por alternativa ao fordismo, procurando ptoduzir ef i-
cientemente pequenas quantidades de diferentes modelos. De 1945 a 1912 ut'tt
novo paradigina foi sendo gestado, até que, dos anos 60 em diante, a Toyota
tornou-se a indústria automobilística de maior produtividade no mundo.
No entanto, s1r4 ênfase não estava na tecnologia, ao contrário da
Nissan, por exemplo. Concentrada geograficamente, junto com seus fortìe-
cedores principais, na Toyota City (zona rural japonesa) e utilizando mão-
de-obra jovem, a empresa conquistou um clima de cooperação entre traba-
lhadores e gerência. Taiichi ohno, na linhagem de Taylor, é um engenheiro
de proãução que, secundarizando o diploma universitário, p.rivllegiou I
aprendizagem na produção, ousando em experiências diretas. O processo
que fez avançar teve em comum com o fordismo a capacidade de produçirtr
em fluxo. Mas, à sua diferença, ohno procurou lx{uzll estoque, produzinckr
nr;r \ r l ( ' l l ru nt(x l ( ' l ( ì s i l Ì i l t l ( i ln( ' ; tn l ( 'n l ( ' ( ' t ( 's . l Ì i t t iuì( lo l t l t l t t l iç l to;r t l t 's l r rur l .
N;t l r t tst ; t ( l ( ' s l l i t t ; r i l t t l t ' t tz l rç i ì ( ) . i t l i i l t ì i t \ ( ' lu( ' \ Ì t i r l ) i ì \ ( ' l t 'nt I lc 's
r ' r \ ( ) \ ( Ì j r t . t t ì t t t i t t t t ' . o M(l l )A c o Kl t isct t . O pr incipul c <t . l r r , r t - i r t - ' l i r r r r , ( .1 I ' l ' ) .
nnr . , l \ l ( ' r Ì r i r s int ' t 'ot t iz l r r lo r lc prt l t l t rçt to erì ì l ' luxo scl ì l cst í ) r luc. opcrt Ì l l ( lo i t l ) ro-
, l t tq: to t lo l tnt l ) iu ' i ì o corì ìLìç() . l ) r rsta Ío l rna os problen.Ìas c lc produção vênr Ì r
l r rnrr r rp i t l l r Ì rcr ì tc c a soluçi- i ( ) precisa scr imediata (paranclo a produção, sc
rr t ' t t 'ssr i r io) . t l l r í a palavra dc ordem de qr"ral idade total , da pr imeira vez, sem
rc l r r l r r l l ro. Obt(rn-sc c l i rn inuiç i io do tempo total de produção, e redução da
,1, ' r ruurr l r r t l t 'cspaço l ' ís ico, propic iando aumento de f lexibi l idade. É neste eixo
r lo. l l ' l ' ( l r rc r ì l ) i t rccc o Kanban, como um sistema de informação que aciona e
t orr l ro l r r i r pror lução (atravós de cartões), conectando as seções.
Orrtro c-ixo é cl da busca agressiva da eliminação total de desper-
t l t t ' i r r , sc. ja c lc mater ia is, de pessoal ou de movimentos e, inclusive, da
pror l r rçrro LÌr ì ì cxcesso. Isto é o MUDA, que envolve desde o r igor na de-
t isiro c rìo rccrutamento/seleção, até a análise dos rnétodos de trabalho.
l lrrst'rr-sc a otimização, a sinlplif icaçãto e a sincrontzação, facil i tando a
rprt ' r rd izagcnr e a rotação, propic iando a v is ib i l idade do trabalho e a capa-
( r ( l i r ( lc ' lc suger i r a l terações. Da mesmir fbrma, v iabi l iza-se a múlt ip la ope-
rrçiro ao lado de dispositivos de controle automático, tudo isto também
pr'opiciando a visibil idade do trabalho e a capacidade de sugerir alterações
(prclcnde-se, através de esquemas participativos, reduzir o desperdício das
t'rrplci<.lades intelectuais dos trabalhadores).
O eixo do melhoramento contínuo da produtividade e da qualida-
rlc lcrl o nol.Ì le de Kaisen. Os programas participativos são dispositivos
irrdispcnsáveis à obtenção deste objetivo, e, já em 1962, a Toyota adotou
os Círculos de Controle de Qual idade (CCQ's), com grande sucesso.
Ainda na busca de uma caracterização para este sistema, é impres-
cilrdível situá-lo como ctìpaz. de rápido atendimento das flutuações de
rncrcado, extremamente flexível - seja com relação à tecnologia (robôs e
Irti iquina-ferrarÌenta de controle numérico flexíveis) e à administração do
csprÌço (ltr-out celular), seja relaciorÌado ao nivelamento e seqüência da
llrodução, ao trabalhador (rodízio, treinamento, qualif icação, responsabil i-
dade) e à organização (equipes conjuntas de produção e projeto, etc.).
4. Emergência de uma Nova "Engenharia Produtiva"
Por um lado, como af i rma Boyer (1986):
Os novos princípios de automatização flexível de que já falamos vão ncr
sentido de uma mutação. Ao tornar competitiva a produção em pequenos
Iotcs c: to i Ì Ìnì lcr ì l i Ì r l lcrr t l r l r r l t t l l r t le t l r rs t ' t l t r tpt 's l to l tv l r l t ' t t l t ' \ , ( ( ì l l \ l r l l r { nì
crn tcol ia urna t las possívcis l iguras corrr l i r t t r ro t l l prot l r rç l ro rrrr l r rs l r r : r l
Sua di l 'usão po<ìcl ia abl i r a cxploração t lc Llr ì ìa r ì ( )v i ì vcr lct ì lc t l r r l t ts l , , t t : r
cotno indica o t í tu lo mcsrno da obra dc M. I ) io lc c H. Srr l re l ( l ( ) f i , l )
De acordo com a abordagem aqui desenvolv ida. dc rcct tsrr l r t l t r t l
quer evolucionismo, entende-se que o movimento para as novas tcct to lo l ' t ; r . ,
não é o único acionado pelo capi ta l . O taylor ismo-fordismo ó c:xpor l r r t lo
para os países de industrialização recente (como o Brasil). E nos prríscs lr;r
muito industr ia l izados, a cr ise tem permit ido a reat ivação e o dcscnvolv i
mento de formas muito ant igas de organização do trabalho. Por exerrrpl , ' .
recuperando o trabalho a domicíl io, seja em variantes tradicionais (corrl i ' t '
ção), seja em var iantes modernizadas ou modernistas ( t ipo casa de crrrrrpt ,
eletrônica).
Mas em que medida Íormas aparentementL' margirìais, att 'asirt l irs.
regressivas, não desempenham para a reprodução do sistema um papcÌ trì,,
significativo quanto as formas associadas aos setores de tecnologia rnlrrs
avançada?
O cenár io de novas tecnologias e de fonnas de organizaçi ìo r l t r
trabalho e gestão rÌ.ìostra, na verdade, urn leque dc alternativas sendo cxp.'
rimentado. Informatiza-se a l inha fordista ortodoxa, automatiza-se a l irthir
de montagem (ainda mantendo-se na lógica da economia de tempo tayloristir).
chegando-se até o auge de uma linha integrada flexível, a mais avançaclrr
tecnologicamente, até aqui. Iìevoluciona-se a gestão da produção e clos
meios circulantes, seja através do MRP (Muterial lÌequirentcnt Pluutittgt
- totalmente fordista, mas implicarìdo o tratrìmento informatizado de todirs
as informações, tendo como base previsões de venda a longo prazo, ujus
tando-se por antecipação às flutuações do mercado - seja através do JI' l ' /
Kanban - invertendo as tradições fordistas em suas recomendações funda-
mentais, levando diversos estudiosos a entendê- lo como um novo concci l r ' ,
cuja base de inovação encontra-se na organização do trabalho, e nào cnì
condicionantes de inovações tecnológicas. informacionais.
O estudo acerca das inovações é atravessado por um debate sobrt'
o distanciamento do chamado Íoyoíisnto com relacão ao tavlorismo-fordisrlo.
' Esta polêmica tem sido sustentada em inúmeros tcxtos. Vcr, por exemplo, Dunod. l ' .
Sociologie du Írat,ai l XXXV 1/93; Boycr. R. e Durant, J. P., { après./ordi.rrra, Syr, ' . .
Paris, 1993; Jacot, J. H. et al. - I)u.forlistne au taylorìsne, ou les voies tle la nndenti.rtttit,rt
dtt st 'stène automobile ert France ct ou Jafon, La Documentation Française. colÌccl iorr
"Études et Recherches" n" 7/8. Paris. 1990.
20s
Nr'o l i ry lo l \n l ( ì , ( )ut t ( ) l l ty lo l isnto, pr is l l ry lor isr t ro ' l '
As i t tovi tç i r t ' l i ( ' r Ì r ( ' lus() i r l ) t ( 's( 'nt iuÌ ì - l ic ( ' ( ì Ì Ì ì ( ) r rnr r l t r l l lo l )11)( ' ( 'ss()
I t ' t 'nokr1' , j1 '11 t .o lg i rn iz i rc iorr i r l cu. j l r r r t i l iz . i rção ( inr l iv i t l r r l l l 1r11 q: l rn. j r tn l i r )ó o
( ( ' t t t ( ' ( l i r t t ( ìv i r t . l ìgcrì lt i t r i i t ptoclut iva. l )o lar iz. i ì -sc cr ì t lc o cnr i ( luLìc i t ì ìcr ì l ( )
I t ' r ' t to l r11' . i1 '11 ( t lut 'sc c l 'c tua t ìo contexto dc conccpçòcs orgi ì t ì i ; / . i tc ionais c l i is-
r t t ; rs) t ' : r i r rovlrç l ìo organizacional (como o ohnoísmo, dispcnsando cl t r i ì l -
t ; r rcr i r r t ' r ' r ' r lcrr lo tccnol( tg ico da l inha).
l is t r r nova cngenhar ia produt iva opera atualmente combinando as
rrovirs o1lçr-rcs tccnológicas e organizacionais, var iando as s i tuações. Entre-
l;url(), irs novirlaclcs aqui apontadas representam rupturas e/ou aberturas no
t lornírr io orgurr izacional : "as tecnologias de informação nada mais fazem do
( lu( 's( ' i r rscr i l n i rs lógicas organizacionais" (Cor iat , 1987). Ou seja, no jogo
rrrovirçircs tccnológicas/organizacionais, o organizacional detém o papel
prrrrc ip i r l , i r part i r do qual as técnicas informacionais se subordinam e são
r r r r1 l I t 'r nrr n t irclas.
5. Modernizacão e "Fator Humano"
Dada a 
-oa".niruçao 
tecnológic a e organizacional, conseguiu-se
rlcstnotttar o caráter decisivo do "fator humano" no trabalho? Parece con-
scttsual crÌtre os pesquisadores que não. Carvalho (1990), estudando a indús-
lriit automobilística brasileira em fábricas altamente integradas e automa-
lizadas, detectou a exigência de um tipo particular de qualificação: atenção,
rirll iclcz. de intervenção, interesse e responsabilidade, que exigem um tempo
l)ilra se desenvolver.
Cresce assim a importância das atividades de manutenção e espe-
riì-se que o trabalhador seja capaz de acumular diferentes tarefas ("poliva-
lôncia"). A análise das mudanças tecnológicas na França, a partir dos anos
lÌ0, segundo diversas pesquisas, afirma que muitas cúpulas de empresas
tlcclararam considerar os recursos humanos como estratégicos, particular-
rÌìcnte após o fato de terem sido feitos investimentos maciços em novas
lccnologias, cuja implementação iria necessitar de assalariados ativos, com
boa formação, sentido de responsabilidade e capacidade de iniciativa. No
crìtanto, a "japonização" tecnológica deparou-se com o organizacional, o
llrtcrr humano local, não 'Japonizado".
Apontando para o que a ergonomia denomina confiabilidade hu-
tÌìiìna, estaria hoje em curso um processo contraditório de polartzação:
tlcsqualificação de uns (uma parte da inteligência é incorporada às máqui-
ttits) e superqualificação de outros. Neste sentido, aponta-se a vulnerabili-
daclc cla autort taçi io à clual i Í ' icação, pois as rnírcpr inirs ni ìo crrnr l ln ' rrr st tz inlr , rs
a total idade das operações e requerem, além da supcrvisiro, t l i r i r t t ' t ìçtro t '
do controle, que ajudam a prevenir panes. a capacidade dc corrtrol i r r t 's l t r
ques e consumos intermediár ios, antecipar ou adiantar, etc. . o t ; rr t ' t ' r i1 ' t '
uma qualificação diferente da tradicional.
Ou seja, ? gerência passa a se concentrar sobre os tcìrììl)()s (l('
trabalho das máquinas, passando o trabalho humano a controlar, I)r.('v('nrr,
consertar panes e otimizar o processo produtivo (pois que as novits lcícrrit 'trs
de produção automatizadas multiplicam tais perigos e defeitos, aí'clrrnrlo o
ritmo da fabricação). Em contrapartida à utopia (capitalista) da fhbricrr sr,rrr
homens, a competência humana é essencial para intervir a tempo c l)iuil
prevenir e detectar falhas; as competências dos homens para irìtcrvir ('
dominar as incertezas da produção (na automação) deverá semprc cr('s('('r.
Daí o sucesso das novas tecnologias passa a estar na razão direta da polít it lr
da gestão de pessoal e de organização do trabalho.
7. Inteligência do TFabalho
"Remexer com a pá um monte de pedregulhos está longe dc st:r
uma operação simples do ponto de vista cognitivo". Esta afirmação rlt '
Wisner (1994), desafinando o coro dos contentes, revela a compreensao rlo
trabalho humano a que chegou a Ergonomia (da Atividade). Descobriu-sc
que diante de uma situação efetiva de trabalho são elaboradas estratégias
cognitivas, desvelando-se a inteligência inerente ao trabalho humano, dado
que mesmo em um trabalho dito manual está presente uma atividade inter-
ligente.
A Ergonomia, até então subsidiária do taylorismo (embora preten-
dendo adaptar o trabalho ao homem), em uma de suas abordagens - l
Ergonomia da Atividade (Daniellou, 1996) - deslocou-se de tal vínculo,
afastando-se do artifício de laboratório, procurando soluções para as dc-
mandas do trabalho em função das situacõe.s reais nas quais homens c
mulheres operam. Em uma perspectiva clínica (Hubault, 1996), efetuando
uma abordagem de campo. postando-se no chão de fábrica, alcançou visi-
bilidade para a atividade real, desvelando-se os equívocos e estreitos lirni-
tes da tarefa prescrita.
Quando se aborda o trabalho tendo como base a análise da ativi-
dade real, desbordando a f icção da tarefa prescr i ta, depara-se corrr
disfuncionamentos, falhas e situações atípicas, e também com as formas clc
regulação dos trabalhadores frente aos imprevistos. Percebe-se a "nudez do
I
t
r ( ' r " ( i r l ) r ( ' l ( ' l l \ i r v( ' r1 l i r ( l ( ' ( ( )nt i ( l i r r Ì i ts l ) r ' ( 'scr . iç()cs ( l l gcl i ' r ì ( ' i l r c l r l ) i t l ì l is t l ì ) , ( lu( '
l : r l l t ; r ; ro turo t 'onsir lc l l r t ' l rs l r t iv i ( l l t t lcs psic<l l t ' lg icas /c()grì i t iv : ts c l psír l t t ic ' r ts)
\( 'nr l )r ' ( ' t 'or tr l l lcxirs, i r t tpt 'cscir tc l ívcis ao curso cla produça<1, t ì rcsrì ìo crì ì l l r ( :
l ; rs sirrr ; l l i l ' ic l rdlrs c cluc r ì i Ìo cr i Ìn ' ì contempladas na prcscr iç l ìo cla gcrônci l .
Lcrnbrcr-so que i Ìs cÌnprcsas, segundo a lógica taylor ista, possucrì ì
ruu ( ' ( )r ì i Ìuì to r lc normas, procedimentos e regras que def inem r igidanrcntc
o l rr l l r l l ro i r scr cÍetuado. Na prát ica, contudo, isto nunca correspondc:
t 'vr l rrnrcrr lc l ro nrodo como se trabalha, pois ocorrem imprevistos na opcra-
\'iro r'(' irl. Assirl, torna-se imprescindível a intervenção de diversas outras
:r l rv ir l i r t lcs psicológicas durante a execução das tarefas - como os macetes,
i rs t i i t ic i rs, as adaptações -, v istas como at iv idades marginais, não
(rt')conhccidas, portanto não remuneradas pelas empresas. Ou seja, a aná-
lisc tkr trabalho real * da atividade - abriu um cenário marcado pela vari-
rrlril it laclc das condições de trabalho e pelo esforço de redução desta vari-
rrlril iclirdc, cle sua gestão. Através de um sofisticado conjunto de operaçòes
tlt' 1rr-cvisão, de antecipação e de prevenção processa-se a regulação da
lrrrrrlrrção (Faverge, 1912)- .
Segundo Teiger (1993), tem-se no conceito de atividade (baseado
t'rrr Vygotsky e Leontiev) um termo mediador (um conceito intermediário),
rrranifestação da interação entre o sujeito que trabalha e o seu ambiente, no
scrrtido mais amplo. A emergência da centralidade sobre a atividade, em
lilgonomia, teria introduzido um terceiro termo (para além dos pares: sis-
tc:ma homem-máquina ou sistema homem-tarefa), gerador de uma dinâmica
nl apreensão do trabalho: o engajamento da pessoa por inteiro (corpo bi-
oltigico, inteligência, afetividade, história de vida, sociabilidade), a cada
nìomento, pelo trabalho (Montmol l in, 1986; 1990).
Enquanto objeto de pesquisa, a atividade de trabalho possui ca-
lucteríst icas or iginais:
. trata-se de um objeto que não é dado, mas constituído/recons-
tituído com os sujeitos envolvidos no trabalho;
. não pode jamais ser apreendido diretamente. É no diálogo e pela
confrontação dos pontos de vista que se constrói pouco a pouco
a representação da atividade e de seus processos subjacentes e
das conseqüências experimentadas pelos sujeitos sobre sua saú-
Quanto maior a discrepância entre trabalho real e prescrito, maior a difìcuÌdade para se
lnanter a necessária regularidade do processo. Particularmente se for mais intenso o
csforço gercncial dc negação das regulagens a serem efetuadas pelos operadores (como
vcremos).
r lc c srur vidu I 'or i t dotntbi t l l to.
. conÍ ' igura-se como urn processo, e nho col lo urì ì objcto cslrr l r t
l izado, ao contrár io dos produtos desta at iv idadc, cort to ; t
performance (quantidade e qualidade do trabalho).
Trata-se, portanto, de dar conta de uma dinâmica que estii subrrrc
tida a transformações de suas regras de funcionamento no curso do te nrpo.
Enquanto conceito, a atividade - entendida como expressito tlit
relação no trabalho - implica, ao menos, relação com o real material (irí
compreendidos os aspectos hoje denominados imateriais, simbólicos c
comunicacionais), com os outros e consigo mesmo. Fla é expressão de urrr
compromisso (para o qual são mobilizados todos os recursos) cuja constru-
ção é de natureza estratégica: uma inteligência estratégica, multidimensional,
que faz a gestão do ten-ìpo (do indivíduo, da produção, da sociedade) e qLre
resulta do pensamento natural orientado para a resolução de problernas
concretos (entendendo que se pode operar bem, sem forçosamente comprc-
ender porque e como se operou), revelando o carâtter pluralista do funcio-
namento cognitivo.
É interessante registrar que esta abordagem constituiu-se na me
dida em que a indústria de processo contínuo (como a petroquímica) foi-
se tornando o locus privilegiado para a análise ergonômica, isto é, seu
"laboratório natural" (Keyser, 1988). Anuncia-se como o modelo tendencial
da atividade produtiva, próprio de um sistema complexo (Montmollin, l984),
marcado pela variabilidade. Neste contexto, o funcionamento normaÌ é, na
verdade, uma situação atípica, e as formas de regulação automática não dão
conta do leque de variabilidade (Daniellou et al., 1983). Cabe então aos
operadores a redução da variabilidade das condições de produção, operando
ajustamentos, mantendo o processo nas normas de segurança, qualidade e
quantidade de produção, integrando o sistema (Keyser, 1990).
Neste tipo de sistema complexo, os disfuncionamentos demandam
atividades de vigilância que supõem uma intensa pesquisa de informações,
requerendo a elaboração de uma representação mental sobre o estado atual
do sistema e sobre a avaliação de seu futuro.
Emerge deste mergulho no trabalho real a singularidade em opera-
ção do Homo-sapíens - trabalhadores que, apesar dos "efeitos colaterais "
dos "remédios" da gerência capitalista, estiveram de certo modo, imunes ìr
' Analisando o sistetna de fábrica (Marx), Foucault instrumentou-se coffl o conceìto dc
poder discipLúrar, desenvolvendo análises Íècundas acerca da produção de subjetividaclc
neste sistema. Ver Athavde (1988).
208 209
r l tst t l r l l t t l t I tot l t t l iv t t t l t 's t th jc l iv i r l ; r t l t 's i l r r l iv i r l rur l iz tut lcs t ' i r l io l iz l r l r t t .s ' . ( )pt .
l l l r lo l i 's ( l Ì l ( ' , l ì i l t i l ( ' ( ) l ìs( ' l l t t t t t l l t t 'orr l ; r t lo lnr l r t t l l to ( ' t Ì ì [ ( . f l ì ) ( )s r lc l l ror l t r t iv i
r l l t t l t ' t ' t l t t l t l i t l i t t le. l ) t1)ccssi t t ì ì I r tot lc l t ls ( ) l )cr i ì t ( i r ios c()grì i t ivos r lc str i r i r ( iv i t l i r -
t l t ' , t ' t1t tc l l l t t ' l t t tao scrcl t l t lagir t los. p l r r i r nho i rdoccercrn psic l t r ic t rntcntc.
t l t 'st ' t lvolve t t t s istctr t l ts dcÍ 'cnsivos soÍ ' ist icaclos (crn alguns casos, paracklxul-
I t l ( ' l l l ( ' . o sis lct t ta dcfcnsivo enrprcgadcl maximiza a produt iv ic lacle), revelan-
rfrr rr sr l ' r ' i rncnl<l psícluico (Dejours, l ,981) - real idade para a qual os respon-
s;tvt ' is pt ' l t t l l lot luçiro. assim como os pcsquisadores a seu serviço. selnpre
nr()slr i r r i l r ì ì c l ispl icência (ou omissho, negação), quando não manipulação.
AtcrÌto àr problemática da exportação de tecnologia, wisner ( | 9g l ;
l()fi,5) dcscrrvolveu uma abordagem antropotecnológica, em busca da supe-
r;rçlro rlo ctnoccntrismo, da ótica colonialista, efetuando uma análise precisa
rlir rrtividaclc intelectual - cognitiva - dos operadores em situação de traba-
l l r . r : rn cor ' l textos diversos (considerando-se a exportação/venda de
tt ' t 'nologia). O rápido desenvolvimento de uma antropologia cognit iva vem
pt 'rnr i t indo compreender cada vez melhor por que muitos sistemas técnicos
t'xPortados funcionam mal (ou não funcionam) no país onde são aplicadas:
t'orrdições materiais desfavoráveis levam à degradação dos sistemas técni-
c'os, iì negligência ou ao menosprezo das dificuldades cognitivas situacionais
rlos operadores.
A Análise Ergonômica do Trabarho (AET), no entanto, vem sendo
:rpcrtèiçoada, ao configurar-se (com Theureau, 1990) o Estudo do Curso da
Ação (ECA). visando a compreensão da diversidade do uso do pensamento
rras atividades de trabalho, a Ergonomia Situada (ou da Atividade) utiliza-
sc de conceitos e métodos oriundos da Antropologia cultural e da Antro-
pologia Cognit iva.
No entendimento de wisner, a parte essenciar deste campo disci-
plinar é de natureza lingüística, conduzindo a atenção para a questão dos
saberes, cuja capacidade de emprego até mesmo na vida industrial modema
scria fator essencial de êxito. Ao saber mobilizado na atividade de trabalho,
csta abordagem ergonômica denomina competência, distinguindo de quali-
l ' icação, que seria o reconhecimento social deste saber. Esta competência éÍìrrmada através do intercâmbio comunicativo, das trocas de iniormações
!Ìntre os membros das equipes de trabalho - seja para a construção de
diagnoses, seja para a identificação de panes do sistema, etc. (Montmollin
lala em regulação interativa).
saberes que se configuram, muitas vezes, em 'ícompetências la-
Wisner denomina saberes tácitos as quali f icações formalmentc reconhecidas por diploma
acadêmico.
t t . r ì tcs", r t rro lcconlrcciclrrs í ì rrnralnrcntc, pat 'a alórt t r los "si t l r r ' t t 's l r i t ' i los"",
prol ìrrrc lanrcntc l igados ìr cul tura. Neste encarl inharncnto cl ist i t tgt t t ' t t t -st ' ; ts
compctôncias técnicas das sociais. Quanto a estas úl t imits, os cstuclos t t ()s
canteiros de construção na França mostraram a relevância das capacitlittlt 's
anteriores do trabalho coletivo. A forte presença de imigrantes (rntritrrs
vezes oriundos de uma mesma aldeia), compartilhando as mesmas reprcsctì
tações coletivas, com entendimento lingüístico perfeito, obtém êxitos nolri '
veis (Vidal, 1985; 1986). Sabemos que o mesmo ocorre no Brasi l , ncstt '
setor produtivo (Figueiredo, 1995; Athayde, 1996). Veremos em outro tri
pico o quanto esta abordagem pode ser útil para desvelar a capacidrtclt'
cognitiva operada nos coletivos de trabalho. Ou seja, dois pontos são dcs-
tacados e articulados: a importância da inteligência no trabalho (sua cott-
figuração em competências) 
-e a relevância das competências sociais (cn-
gendradas nos coletivos de trabalho).
A opção aqui pela denominação "inteligência do trabalho" se lìz
por analogia com Montmol l in (1984), quando cr iou a expressão " intel igôn-
cia da tarefa". Em que sentido? Ora, sabe-se que as formas concretas dc
difusão das novas tecnologias são múltiplas e parciais, entretanto seria
possível destacar tendências:
a) um trabalho mais abstrato, simbólico, crescentemente distanci-
ado da matéria em processamento;
b) um trabalho coletivo, em que a competência dos indivíduos
passa pelas equipes, no qual a circulação de informação é
essencial ;
c) um trabalho mais gestionário, em que o operador deve deter-
minar suas" intervenções a partir de variáveis econômicas e
contraintes' técnicas.
Nesta perspectiva de análise, a automação (entendida aqui como
informatização da produção) coloca em crise o saber-fazer herdado do
taylorismo-fordismo, dando os contornos de uma nova qualificação operativa.
Sua emergência depende, dentre outros fatores tendenciais, daquele apon-
tado como relativo à intelectualizaçáo ou abstração do trabalho.
Trata-se da representação do processo de fabricação sob forma de
signos abstratos, de símbolos e da tomada de decisão a partir desta repre-
sentação. Então é importante queo operador possua uma imagem operat iva
Este conceito da Ergonornia tcm sido traduzido l icqüentemente por e.r igência, mas scrÍ
necessário buscar outra paÌavra, que incorpore o sentido de pressão, de constrangimenlo.
'i
210 2tr
do l t roccsso l lcr t i t tct t tc i to t t ' t tb i t l l to clrrc vai cÍ 'ctrrar. Mas ni ìo sc tr i r t i r lc l t r i
de t t t t t i t t t t t tc l i t t tça r ì l c i ì r 'g, i Ì drr l rabalho c ckl scu cvorrtual incrorncrrto pcl i r
pl tssug0rì ì c lc urt ta car 'ga csserrciulmentc Í ' ís ica a ulna ouLl 'a cloravantc
privilcgirrdarì'ìcrìtc rncntal (c1uc podc sel crescente, sefiì cntretanto contotlì-
plur aunronto na demanda de intelectualidade no trabalho).
Ncstc tipo de automação, aqui considerada como tendência cuja
poÍcncialidade nos interessa, o saber-fazer antigo não é totalmente desqua-
liÍ ' icirdo. Assim, a intelectualizaçáo do trabalho não consiste somente na
/ lprcndiz.agenr de uma nova linguagem, mas também na reutilização do
i sabcr-Íazer antigo, em um quadro de trabalho mais abstrato.
A ergonomia apresenta-se então como aquelâ que trata da "ativi-
dadc do operador competente". Enteúda-se competente como alguém que
ltossui e ut i l iza estruturas mentais. nas quais se art icula tudo aqui lo com o
quc o operador conta para realizar a tarefa (sob o aspecto cognitivo). Não
se trata, portanto, de designar um "bom" operador.
Com o conceito de competência, pode-se analisar a atividade de
urn trabalhador conforme um estatuto epistemológico. Neste entendimento,
considera-se a articulação de conhecimenfo, d9 saber-fazer, dos tipos de
raciocínio (operações de tratamento de informações que sobrevêm no curso
'lò trabalho, e que representam a parte viva da atividade mental do opera-
dor), das estratégias cognitivas (organizaçáo em um nível superior das
condutas inteligentes), e das habilidades diversas que cada trabalhador aciona
para dar conta de sua tarefa específica.
Remete-se então para uma atividade de trabalho inteligente, um
operador inteligente, mas também organizado, pais os conhecimentos e
modos de raciocínio envolvidos não explicam inteiramente seu comporta-
-mento. 
No curso dos tempos, os trabalhadores se organizam: planificam sua
ìiüiaaOe, alteram os objetivos, interrompem ou perseveram a ação, apres-
sam-se ou demandam tempo. Fazem a colocação e a gestão de problemas,
diagnosticam uma situação; sempre contemplando um "metaconhecimento".
8. Mobilização Subjetiva
Mas esta inteligência do trabalho não tem entre seus recursos
apenas os requisitos cognitivos. Ao contrário, o interesse pelos sistemas
considerados vitoriosos - como o "modelo japonês" - vem trazendo ao
debate a importância da U-obilizaçáo psíquica, da inteligência criadora no
trabalho (Dejours, 1993a; 1993c).
Tem-se que enfrentar esta questão, pois o "paradigma cognitivista"
2t2 2t3
- entendcndo o horncm conro sistcma dc tratatrrc:nto clc inÍìrrrrtaçito (Ncwcll
e Simon, 1972) - tornou-se hegemônico. Entretanto, no contexto cla ltrgottotttiit
da Atividade, nos anos 80 um importante deslocamento foi operado, cot'tt it
produção do objeto teórico "curso da ação"o (Pinsky e Theureau, l9tì21
1987). Procurou-se, a partir daí (particularmente Theureau, nos anos 90),
"abordar a cognição de uma forma coerente com os paradigmas teórictl c
epistemológico da autopoièse" (Theureau, l99Z). Este paradigma, Theurcatt
postula como base para a constituição da "Antropologia Cognitiva Situada",
fazendo um uso particular dos textos de M4lgpna.e Varela, de cunhtr
cognitivista. Para ele, trata-se de uma "nova disciplina em via de constitui-
ção, que estuda os domínios cognitivos e consensuais dos atores em sitt-t-
ação natural" (Theureau , 1992). Uma perspectiva que, por um lado entendc
a Ergonomia como uma arte (e não propriamente como uma disciplina
científica), e por outro define (expandindo) o campo desta disciplina cnr
gonstituição como sendo o das práticas humanas (aí inserido o trabalho).
Quanto ao estudo da relação subjetiva com a tarefa, a Psicodinâ-
gr19a do Trabalho, em particular, nos tem trazido uma importante contribui-
ção (Dejours, 1987; 1993b; 1993d; 1997), procurando captar seus proces-
sos e suas dinâmicas.
Parte-se da crítica à concepção dominante, em que a luta pela
confiabilidade está prioritariamente voltada para objetivos técnicos, na qual
se tenta (sempre que possível) desembaraçar-se dos humanos (das falhas
humanas). As investigações e intervenções nos mundos do trabalho, desde
os anos 80, oferecem materiais esclarecedores. Nas indústrias químicas, por
exemplo, detectaram que, sob efeito do medo, os operadores criam formas
de trabalhar tais que, no mesmo movimento, previnem certos incidentes e
otimizam o funcionamento do processo. Na indústria da construção civil,
de forma análoga ao que se verificou para a segurança das instalações,
também as pessoas se protegem: os trabalhadores inventam/elaboram/trans-
mitem uns aos outros determinados procedimentos (um saber-fazer de pru-
dência lCru, 1983] não ensinado, nem pela formação, nem pela supervisão),
através dos quais eles evitam (ou reduzem a freqüência e violência dos)
acidentes de trabalho.
Analisando o sucesso do "modelo japonês", a s!íryiç.a 
.Q-q trabalho
tem sua atenção voltada para o-gu4nto a organização do trabalho e a gerên-
"O'curso da ação'é a atividade de um (ou vários) ator(es) engajado(s) em uma situação
e para eles significativo, ou seja, narrável e comentável por ele(s) a todo instante". "Com
o termo engajamento, nós insistimos no caráter ao mesmo tempo ativo e passivo da
relação do ator com suâ situação" (Theureau, 1992).
r t , l u l t l t / ;un l t ut l ( . l t l Ì ( . l t ( . t i t ( l ( )s () l . r ( 'nt( lor t .s. I (cvt . l i t , ( , t ì t i t ( ì , ( )s t ( . ( .urso\ l ) \ t ( lu l
t u ' , t l t 's l t t 's l t ; t l t i1 ' , i r ' l t i l t l t ' l rg i ' r r t ' i l r pt ' l i t ic t t , r r l l t t 'scrr l ; r r r t l ( ) sui ls r ' l r l l r t ' l t ' r ls l r t l rs
t t t t ' l ; tpst t 'o l t i l Ì ic i ts ( l )c ' j t l t t rs, 199-ì i t , 199-ìc) . l Ìe:vcl t r t i r r r rb i ' r r r i r i r r r l lor târr t ' i i r t l t '
\ t t , t l t l l l iz i tç i ìo prt t ' i t i r sat ic lc. csclarcccndo o cplanto a sub Lr l i l iz . l rção r lcslc
prr l t ' t t t t : t l t i t t t Ì ì l t r l r ts pr incipir is Í 'onlcs c lc soÍ ì ' imcnto, c lc c lcscstabi l ização cla
( ' r { , t t ( ) t t t t i r l ls ic()ssornl t t ica c Í ì r rmas dc descontpcnsação/docnça ( i r / rurrr , l913(t :
l " r ) | ) .
A trnii l isc da modcrnização em curso permite então perceber, í 'az
r1r i i l ( ' ( ' ( ' r ' ( ; l roduz, cm seu sent ido or ig inal) a relevância destacada da
rrr . l r r l rz i rç l ro cogni t iva e psíquica da intel igência prát ica nos mundos do
lr ; r l l t l l ro.
9. Iìxclusão, Trabalho e Psicologia
Até aqui tem-se tratado das relações entre os processo de trabalho
t' srrb.jctivação, contemplando os incluídos. Considerando-se, entretanto, a
lìrnrur dc rnodernização da sociedade capitalista em curso, é possível detec-
t iu 'sc st :n l d i f iculdades sua tendência - cr iminosa e suic ida - para a exclu-
srro (Castel, 1994; Kurz, 1992). Daí, esta outra Psicologia do Trabalho, o
( l r fc tcm a dtzer l
Quanto ao domínio da Psicopatologia do Trabalho, temos no Brasil
r ras invest igações de Sel igman-Si lva, desde os anos 80 (1986), um acúmulo
significativo de materiais sobre o que a autora denomina "Psicopatologia da
lìccessão" (1994), tratando em particular da questão do desemprego ( I 997).
(lomplementar a esta via investigativa, cabe indagar sobre que efeitos po-
sil ivos para a saúde mental (a curto, médio e longo prazos) poderiam estar
scndo agenciados com o afastamento de situações de trabalho em regra
rrocivas, quais as estratégias construídas para não adoecer (Dejours, 1987;
Athayde, 1997b).
Com as crises financeiras, para além do desemprego, outros fenô-
rìrenos emergentes são o da naturalização da desregulamentação dotrabalho
(Athayde. 1991a) e o crescimento do setor informal, para onde uma parcela
ruinda maior da população global está sendo empurrada. Está por ser expe-
rimentada, inclusive, a análise ergonômica da atividade de trabalho do
urnbulante, de modo a caracterizar a sua situação de trabalho.
Ambas as situações - desemprego e desvio para o inforntal -
colocam toda uma larga discussão para a dinâmica psicológica familiar das
(frações de) classes atingidas. Estaria em curso a constituição de 
'rma nova
adolescência? Quais os efeitos da extensão do tempo de latência para a
t 'x l lc l iôrrc i i r r lo t t ' i rbalho sol . r r .c l r se xual i r l i rc lc, os l ) t ' ( )ccssos t lc i t l t ' t t l t l l r ' l tç l t t '
c a sociabi l ic laclc ' Ì
A Psicologia do Trabalho, que tem desenvolvido prírticits (lL: "l)r't '
paração para a aposentadoria" nas empresas, estará preparada pala rt itttsi'tr
cia da aposentadoria no horizonte existencial dos trabalhadores'/ ' lìrlvt'z
caiba aproveitar para introduzir no debate questões acerca do quc sigrrilr
caria estar no direito de exercício de outro tipo de trabalho, não cotrtltLrl
sório, fora do estatuto do emprego e do salário...
O trabalho precoce, envolvendo crianças, traz de volta a discusslttr
acerca do caráter compulsório do trabalho na sociedade capitalista; assirtt
como dá concretude à questão das reformas agrária (Athayde, 1997b) tr
urbana e da educação, põe de pontã-cabeça os valores em curso. Permitc-
nos, a partir de sua (lamentável) presença empírica, a busca por uma mc-
lhor compreensão das relações entre o jogo (o lúdico) e o trabalho.
A luta antimanicomial tem levado a experiências inovadoras accr-
ca da reinserção social, quando a questão das formas possíveis de autono-
mia e trabalho está em foco. Em um país como o Brasil, precisam ser'
conhecidas e estudadas as formas de intercâmbio entre cooperativas dc
produção e associações de usuários de serviços de atendimento psicossocial.
permitindo formas de inserção altemativas nos mundos do trabalho.
A crise profunda - e até aqui sem saída - do sistema penitenciário
muito rapidamente poderá colocar na ordem do dia a questão da privatização
desse sistema, tendo como base de financiamento principal o trabalho com-
pulsório dos prisioneiros. E, certamente encontrará forte apelo social, na
mesma sociedade em que hoje o trabalho livre é proibido nas prisões, sob
absoluto controle das redes mafiosas.
A divisão sexual do trabalho, articulada à divisão social, promo-
vendo uma dupla forma de exploração, até aqui tem sido uma questão que
prima pela ausência de profissìonais da Psicologia do Trabalho. O trabalho
das mulheres, a feminizaçáo de ofícios, a dupla jornada de trabalho e,
acima de tudo, o trabalho doméstico encontram-se ainda como um campo
de ignorância que não pode ser admitido para úma outra Psicologia do
Trabalho.
Encontram-se aqui, portanto. apenas anunciadas, segundo a ótica
do autor, as questões concretas do drama humano que se faz contemporâ-
neo, que latejam e demandam escuta para uma Psicologia do TrabaÌho
sensível aos "sinais da rua".
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