Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL, ENGENHARIA ESTRUTURAL PREDITIVA, CAXIAS DO SUL, 29 DE JULHO DE 2018 *Acadêmicos do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica – Especialização em Engenharia Estrutural e Preditiva Análise Comparativa entre os Métodos Analítico e Experimental de um Ensaio Extensométrico Eng. Bruno Michael Mollon, Eng. Cassiano Henrique Pereira, Eng. Régis Menin* Resumo Este artigo consiste em uma análise crítica de comparação entre um ensaio extensométrico, que representou o funcionamento de uma balança e o cálculo analítico teórico. O experimento foi realizado com a montagem de uma viga com restrição das rotações e translações em uma das extremidades, ou seja, configuração cantilever. Além disso, foram instalados extensômetros (strain gages), com uma determinada configuração, para obter a deformação no elemento a partir da aplicação de carregamentos controlados na outra extremidade. Utilizando um módulo amplificador universal e o software Catman, foi possível coletar dados e identificar a massa que estava sendo aplicada no carregamento. O cálculo analítico, por sua vez, foi realizado com embasamento em conceitos de mecânica dos sólidos, como momento fletor, momento de inércia, tensão de flexão e lei de Hooke. Ao final, para as três cargas ensaiadas, foi encontrado como maior erro relativo, entre o cálculo e o resultado experimental, 0,40%. Ou seja, o experimento apresentou um resultado satisfatório para representação de uma situação prática de extensômetria. Palavras-chave Extensometria, Strain gage, Mecânica dos Sólidos, Análise Experimental de Tensões Comparative Analysis between Analytical and Experimental Methods of an Extensometric Test Abstract This article consists in a critical comparative analysis between an extensometric test, which represented the function of a balance, and the analytical theoretical calculus. The experiment was realized with the assembly of a beam with the restriction of rotations and translations in one of the borders, that is and Cantilever configuration. Furthermore, strain gauges, with a determined configuration, were installed to obtain the strain on the element started from the application of a controlled loading on the other edge. Using a, universal amplifier modulus and the Catman software, it was possible to collect the data and to identify the mass which was applied in the loading. The analytical calculus, on the other hand, was realized with basement in concepts from solid mechanics, such as bending moment, moment of inertia, bending stress and the Hooke’s law. In the end, for the three tested loadings, the maximum relative error between the calculus and the experimental result was 0,40%. That is, the experiment presented a satisfactory result to represent a practical situation of extensometry. Keywords Extensometry, Strain gauge, Solid Mechanics, Stress Experimental Analysis. I. INTRODUÇÃO Este artigo apresenta o desenvolvimento de uma comparação entre os métodos analítico e experimental de um ensaio extensométrico. A proposta do trabalho tem por objetivo aplicar os conceitos e definições teóricas apresentadas na disciplina de Análise Experimental de Tensões e Vibrações do curso de Especialização em Engenharia Estrutural Preditiva ministrado na Universidade de Caxias do Sul. O objetivo deste artigo é realizar uma análise crítica entre os valores obtidos dos resultados dos cálculos analíticos e os valores obtidos dos ensaios experimentais de extensômetria. A partir disso, torna-se possível realizar conclusões coerentes sobre a aplicabilidade da teoria apresentada. O componente a ser analisado trata-se de uma viga engastada em um sistema conforme é apresentado na Figura 1. Figura 1 - Sistema montado para análise da deformação da viga Para a realização desta análise será calculada a deformação da viga conforme a carga aplicada Com os dados de entrada para a resolução do problema, são UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL, ENGENHARIA ESTRUTURAL E PREDITIVA, CAXIAS DO SUL, 29 DE JULHO DE 2018 apresentados os valores obtidos de cálculos analíticos e estes são comparados com valores obtidos pelo ensaio experimental. II. MATERIAL E MÉTODOS A. Apresentação do sistema para coleta de resultados O material de estudo, no qual foram realizados os testes, trata-se de uma viga engastada em uma das pontas por um suporte disponibilizado para realização da análise. Na Figura 2 pode ser visto o desenho da viga medida a partir do engaste na referida ponta. O conjunto apresenta, portanto, um comprimento livre de 300,0 mm. A viga possui uma largura de 25,3 mm e uma espessura de 3,2 mm. Os strain gages foram posicionados à uma distância de 82,0 mm do engaste e a carga foi posicionada a uma distância de 270,0 mm. Vale ressaltar que a viga utilizada tinha dois strain gages instalados. Um na parte superior (g1), em tração, medindo deformação longitudinal, e um na parte inferior (2), em compressão, medindo deformação transversal. Figura 2 - Desenho do sistema montado para análise. B. Cálculo analítico da deformação em função da carga Para realização do cálculo analítico da deformação em função da carga, deve ser considerado que a viga é fabricada em aço carbono com módulo de elasticidade próximo à 210 GPa. Os dados de entrada são apresentados na Tabela 1. Descrição Rep. Valor Unid. Comprimento livre c 300,00 mm Distância engaste-gage deg 82,00 mm Distância engaste-carga dec 270,00 mm Largura b 25,20 mm Espessura h 3,20 mm Massa 1 m1 500,00 g Massa 2 m2 1008,20 g Massa 3 m3 1519,20 g Tabela 1 - Dados de entrada da análise A obtenção da deformação da viga é feita pela Lei de Hooke, que correlaciona a tensão apresentada e o módulo de elasticidade do material que está sendo analisado. O módulo de elasticidade do material é um valor tabelado, porém faz-se necessário o cálculo da tensão. Para isso, inicialmente é preciso obter o momento de inércia da viga pela Equação 1. 𝐼 = 𝑏 ∗ ℎ3 12 (1) Onde: 𝐼 = Momento de inércia da viga (m4); 𝑏 = Largura da viga (m); ℎ = Espessura da viga (m). A seguir deve ser calculado o momento fletor com a Equação 2. 𝑀 = 𝑚 ∗ 𝑔 ∗ 𝑑𝑒𝑐 (2) Onde: 𝑀 = Momento fletor da viga (Nm); 𝑚 = Massa analisada – m1, m2 e m3 (kg); 𝑔 = Aceleração gravitacional (m/s2). 𝑑𝑒𝑐 = Distância engaste-carga (m); Deve-se calcular a distância da linha média da seção transversal do componente até o ponto de aplicação da carga. Para isso utiliza-se a Equação 3. 𝑦 = ℎ 2 (3) Onde: 𝑦 = Distância da linha média até o ponto de aplicação da carga (m); ℎ = Espessura da viga (m). Então pode ser obtida a tensão apresentada pela Equação 4. 𝜎 = 𝑀 ∗ 𝑦 𝐼 (4) Onde: 𝜎 = Tensão (Pa); 𝑀 = Momento fletor da viga (Nm); 𝑦 = Área da seção transversal da viga (m2); 𝐼 = Momento de inércia da viga (m4). Por fim, conforme mencionado anteriormente, através da Lei de Hooke é calculada a deformação pela da Equação 5. 𝜎 = 𝐸 ∗ 𝜀 (5) Onde: 𝜀 = Deformação da viga [m/m]; 𝜎 = Tensão (Pa); 𝐸 = Módulo de elasticidade do material (Pa). g1 g2 UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL, ENGENHARIA ESTRUTURAL E PREDITIVA, CAXIAS DO SUL, 29 DE JULHO DE 2018 C. Especificação dos strain gages Os strain gages utilizados para coleta das deformações apresentadas na viga foram pesquisados com base no catálogo da HBM. O strain gage utilizado é o modelo LY, que representa a linha de strain gages com 1 grid de medição, utilizado para deformação em uma única direção, com resposta a temperatura para aço e disponível com resistência nominal que atenda a necessidade de 120 Ω. O material do suporte do grid é composto por poliamida. A Tabela 2 apresenta as informações sobre os strain gages utilizados considerando que a resistência deve serigual a 120 Ω, o tamanho da grade de 6,0 mm e o K ou Sg igual a 2. Tabela 2 - Especificações do strain gage utilizado. D. Ligação dos strain gages na ponte de wheatstone Para a ligação dos strain gages na ponte de wheatstone o esquema de ligação (fios e conectores) foi baseado no catálogo do QuantumX. Foi utilizado ½ ponte SG conforme esquema representado na Figura 3. Figura 3 - Representação do esquema de ligação da ponte de wheatstone. Foram utilizados dois cabos para realizar este esquema de ligação. Estes foram adaptados conforme apresenta Tabela 3. Tabela 3 - Representação de ligação dos cabos utilizados. Então realizadas as ligações, o sistema foi montado para coleta das deformações conforme apresenta a Figura 4. Figura 4 - Montagem da viga engastada com strain gages conectados. Para a coleta dos resultados, foi utilizado o software catmanEasy V4.1.2 e o módulo HBM MX440B. Conforme QuantumX operating manual o Módulo Amplificador Universal MX440B pode conectar até 4 transdutores via um conector de dispositivo 15- pin D-SUB- 15HD. A Figura 5 apresenta o módulo conectado ao computador e o software em execução. Figura 5 - Módulo HBM conectado ao computador para processamento III. RESULTADOS A Tabela 4 apresenta a comparação entre os resultados analítico e experimental de carga e o erro percentual entre ambos. a b c d 1-LY1x-6/120 120 6 2.7 13 6 LS5 1, 3 1-LY1x-6/120A 120 6 2.7 13 6 LS5 1 Dimensions [mm/inch] Measuring grid Carrier Ordering number Nominal (rated) resistance [Ω] Solder terminals Preferred types Preto 5 Amarelo 2 Verde 3 Vermelho HSG Verde 8 Vermelho 7 Cabo 2 Cabo 1 UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL, ENGENHARIA ESTRUTURAL E PREDITIVA, CAXIAS DO SUL, 29 DE JULHO DE 2018 Analítico (g) Experimental (g) Erro (%) 500,0 502,0 -0,40 1.008,2 1.006,0 -0,22 1.519,2 1.525,0 0,38 Tabela 4 - Erro percentual entre valores das massas. A partir da Tabela 4, pode-se observar que o maior erro encontrado foi de 0,40% para a massa inicial de 500,0 g. Ou seja, o resultado foi satisfatório para as suas condições de aplicação. O erro encontrado pode ter diversas fontes apontadas, primeiramente, não houve verificação da indicação do strain gage utilizado para esta aplicação. Eventualmente pode-se localizar modelos com maior precisão. Além disso, erros de alinhamento durante a instalação podem contribuir para um desvio maior. Outras fontes de incerteza são a resistência dos fios da ponte, a calibração do modelo, a excitação instável que pode ocasionar erros de leitura e deformações não- intencionais que podem ocorrer por causa de umidade, por exemplo. IV. CONCLUSÕES Com a obtenção do erro relativo entre os resultados experimentais da análise de tensões, com o uso de extensômetria, e o cálculo analítico, baseado em conceitos de mecânica dos sólidos, pode-se concluir que o procedimento adotado foi correto. O maior erro, de 0,40%, é um valor consideravelmente baixo para uma aplicação genérica de balança e para as condições de realização do ensaio. Também por se tratar de um experimento com fins didáticos, pode-se afirmar que o objetivo estabelecido foi atingido. Mais importante do que encontrar um resultado preciso, foi desenvolver o procedimento adequado para a realização de um ensaio de extensômetria. AGRADECIMENTOS Os agradecimentos deste trabalho dedicam-se ao Professor Me. Eng. Diego Masotti pelo acompanhamento no desenvolvimento do mesmo e pelas aulas ministradas de Análise Experimental de Tensões e Vibrações. À instituição Universidade de Caixas do Sul pela disponibilização do laboratório de informática para a realização das análises e para presenciar nas aulas. Ao professor Dr. Eng. Alexandre Vieceli pela coordenação e elaboração do curso de especialização em Engenharia Estrutural e Preditiva. V. BIBLIOGRAFIA [1] HOTTINGER BALDWIN MESSTECHNIK GMBH. Strain Gauges: Absolute precision from HBM. Darmstadt: Hbm, 2017. 90 p. [2] HOTTINGER BALDWIN MESSTECHNIK GMBH. Quantum X: Operating Manual. Darmstadt: Hbm, 2017. 220 p. [3] MASOTTI, Diego. Análise Experimental de Tensões e Vibrações. Caxias do Sul: Especialização em Engenharia Estrutural Preditiva, 2018. 44 slides, color.
Compartilhar