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UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL, ENGENHARIA ESTRUTURAL PREDITIVA, CAXIAS DO SUL, 29 DE JULHO DE 2018 *Acadêmicos do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica – Especialização em Engenharia Estrutural e Preditiva Comparativo entre Método Numérico e Experimental - Análise Modal em Pastilha de Freio Eng. Bruno Michael Mollon, Eng. Cassiano Henrique Pereira, Eng. Régis Menin* Resumo O presente trabalho tem por objetivo apresentar uma análise comparativa entre os valores resultantes da análise modal pelo método numérico e pelo método experimental de vibrações em uma pastilha de freio. O procedimento experimental foi realizado induzindo vibrações em pontos definidos da pastilha de freio. Essas vibrações foram coletadas através de um acelerômetro localizado em um ponto fixo da pastilha. O processamento destas informações foi realizado no software PULSE Labshop 17.1.0, plataforma de Brüel & Kjær. A pastilha estava em condição de contorno livre-livre. Para a realização da análise numérica, foi utilizado o software ANSYS 18.2. Também foi possível determinar o módulo de elasticidade do material de atrito através da comparação entre as frequências de vibrações obtidas. Por fim concluiu- se que a metodologia aplicada se apresentou coerente para a situação proposta e os modos de vibrar corresponderam perfeitamente com os resultados do teste experimental. Este fato, reforça a correta calibração desenvolvida no modelo numérico. Palavras-chave Análise Computacional, Análise Modal, ANSYS, PULSE Labshop, Pastilha de Freio. Comparison between Numerical and Experimental Method - Modal Analysis in Brake Pad Abstract The present work aims to present a comparative analysis between the values resulting from the modal analysis by the numerical method and by the experimental method of vibrations in a brake pad. The experimental procedure was performed inducing vibrations at defined points of the brake pad. These vibrations were collected through an accelerometer located at a fixed point on the brake pad. The processing of this information was done in software PULSE Labshop 17.1.0, Brüel & Kjær platform. The brake pad was in free-contour condition. For the numerical analysis, ANSYS 18.2 software was used. It was also possible to determine the modulus of elasticity of the friction material by comparing the frequencies of vibrations obtained. Finally, it was concluded that the applied methodology was coherent for the proposed situation and the modes of vibration corresponded perfectly with the results of the experimental test. This fact reinforces the correct calibration developed in the numerical model. Keywords Computational Analysis, Modal Analysis, ANSYS, PULSE Labshop, Brake Pad. I. INTRODUÇÃO Este artigo apresenta o desenvolvimento de uma comparação entre os métodos numérico e experimental de uma análise modal realizada em uma pastilha de freio. A proposta do trabalho tem por objetivo aplicar os conceitos e definições teóricas apresentadas na disciplina de Análise Experimental de Tensões e Vibrações do curso de Especialização em Engenharia Estrutural Preditiva ministrado na Universidade de Caxias do Sul. O objetivo deste artigo é realizar uma análise crítica entre os valores obtidos dos resultados da análise experimental em comparação com os valores obtidos via software de simulação. A partir disso, torna-se possível realizar conclusões entre a correlação do método numérico e verificar a sua validação. O componente a ser analisado trata-se de uma pastilha de freio aplicada à veículos leves. II. MATERIAL E MÉTODOS Para o desenvolvimento do presente artigo foram utilizados os softwares PULSE Labshop 17.1.0, plataforma de Brüel & Kjær para análise de ruído e vibração e ANSYS 18.2. A utilização do software PULSE Labshop foi necessária para realização e coleta dos resultados da análise experimental. O Software ANSYS foi utilizado para a realização das análises por método de elementos finitos. Com este, foi possível realizar análise modal para obtenção dos modos de vibração conforme as frequências obtidas da análise experimental. A. Análise modal experimental do componente a. Componente medido O componente a ser medido trata-se uma pastilha de freio UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL, ENGENHARIA ESTRUTURAL PREDITIVA, CAXIAS DO SUL, 29 DE JULHO DE 2018 externa aplicada no sistema de freio do eixo dianteiro de veículos leves. A Figura 1 apresenta a geometria da pastilha indicando suas cotas principais de altura (A1=51,60 mm), largura (B1=140,10 mm) e espessura (C1=16,2 mm). Figura 1 - Geometria da pastilha de freio. b. Condição de contorno Para a realização da análise experimental a condição de contorno estabelecida foi a condição livre-livre. Para obtenção de um resultado em uma condição destas foi utilizado um material específico normalizado semelhante a uma espuma, para simular a condição. A Figura 2 apresenta o cenário para obtenção desta condição de contorno. Figura 2 – Material utilizado para condição de contorno livre-livre. c. Quantidade e localização dos pontos Para ser realizada a análise modal no componente selecionado foram demarcados 25 pontos localizados conforme apresentado na Figura 3. Os pontos estão localizados estrategicamente para cobrir a maior área da plaqueta. Para carregamento no software somente devem ser carregados os pontos e essa geometria pode ser importada. Figura 3 - Pontos demarcados para inserção de vibração. d. Quantidade e orientação dos graus de liberdade medidos A condição de contorno livre-livre apresenta 6 graus de liberdade sendo 3 graus de liberdade de rotação e 3 graus de liberdade de translação. e. Sinais medidos e transdutores utilizados Os transdutores utilizados foram um acelerômetro posicionado no ponto 9 (conforme pode ser visto na Figura 2) denominado como 4517 C-001 e uma força induzida pelo martelo denominada como 8204. A Figura 4 apresenta a configuração dos transdutores no software. Figura 4 - Configuração dos sinais e transdutores utilizados no experimento. f. Estratégia de medição A estratégia de medição utilizada foi realizada pelo martelo móvel. A Figura 5 exibe o martelo utilizado para a realização do experimento. O sensor do martelo é um acelerômetro de cristal piezoeléctrico. Para esta estratégia o acelerômetro, apresentado na Figura 6, fica localizado em um ponto fixo na plaqueta e com o martelo móvel são induzidas as vibrações em cada um dos pontos demarcados na plaqueta. Figura 5 - Materlo utilizado para inserção de vibração na pastilha de freio. Figura 6 - Acelerometro utilizado para coleta das vibrações. UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL, ENGENHARIA ESTRUTURAL PREDITIVA, CAXIAS DO SUL, 29 DE JULHO DE 2018 g. Tipos de janelas aplicadas nos sinais de excitação e de resposta Para o sinal de excitação, hammer, foi aplicada a seguinte configuração: Slope: positivo; Level: 4,864 % (22,28 N); Hysteresis: 1,587 % (7,269 N); Hold-off: 100 ms e Delay: -10 ms. A configuração do sinal de excitação foi definida como transiente, e os parâmetros estipulados conforme a Figura 7. Figura 7 - Configuração do Martelo (Hammer Weighting Setup). A janela aplicada ao sinal de excitação é apresentada na Figura 8. Figura 8 - Janela aplicada ao sinal de excitação (Hammer Weighting Setup). Para o sinal de resposta, accelerometer, foi aplicada uma configuração com de curva exponencial, com leading de 3,6 ms, shift de 10 ms e Tau de 57,78 ms. Esta parametrização é apresentada na Figura 9. Figura 9 - Configuração do Acelerômetro (Response Weighting Setup). A janela aplicada ao sinal de resposta é apresentada na Figura 10. Figura 10 - Janela aplicada ao sinal de resposta (Response Weighting Setup). h. Configurações da FFTPara a configuração da FFT (Transformada Rápida de Fourier) foram realizadas as configurações. Inicialmente para a frequência foram utilizadas 6400 linhas em um período de 20k Hz. A média foi definida em 5, em modo linear. O modo de análise por baseband. O domínio da média informado por espectro. E o gatilho de coleta é o martelo. A Figura 11 apresenta a configuração realizada no software PULSE Labshop. Figura 11 - Configuração da FFT no software PULSE Labshop UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL, ENGENHARIA ESTRUTURAL PREDITIVA, CAXIAS DO SUL, 29 DE JULHO DE 2018 i. Método de ajuste de curvas (parameter estimation) utilizado: Para o ajuste de curvas foi utilizado como método de estimativa dos parâmetros o Polyreference Time Domain. Este método foi aplicado para reduzir os erros de estimativa e deixar a necessidade de capacidade computacional menor e mais confiável. O método de tradicional de Polyreference Time Domain, especifica a ordem do modelo computacional para absorver ruídos. Além disso, a consistência dos dados foi configurada como solução global com um número máximo de iterações igual a 40. A faixa de frequências consideradas foi da mínima 1306,25 Hz até a máxima 8628,125 Hz. Estas parametrizações são apresentadas na Figura 12. Figura 12 - Ajuste de curvas. B. Análise modal numérica do componente Para a realização da análise numérica primeiramente foram admitidos como dados de entrada as propriedades para os materiais dos componentes da pastilha de freio. A parte metálica é fabricada de aço carbono conforme propriedades apresentadas na Tabela 1. Já, as propriedades do material de atrito devem ser encontradas, considerando que apenas foi dado a informação do coeficiente de Poison conforme apresenta Tabela 2. Descrição Valor Unid. Densidade 7850,0 kg/m³ Módulo de elasticidade 2E+11 Pa Coeficiente de Poison 0,3 [-] Tabela 1 - Propriedades do aço carbono. Descrição Valor Unid. Densidade Calibrar kg/m³ Módulo de elasticidade Ajustar Pa Coeficiente de Poison 0,25 [-] Tabela 2 - Propriedades do material de atrito. O módulo de elasticidade refere-se ao valor que será analisado em um range recomendado de 5,0E+9 a 30,0E+9. Essa faixa de valores será variada até que a frequência obtida para cada modo de vibração tenha um erro inferior à 10%. Assim será possível determinar o módulo de elasticidade do material de atrito. Para a calibração da densidade do material de atrito foi realizada a verificação da massa da pastilha de freio resultando em um valor total de 230,4 g, conforme apresenta a Figura 13. Figura 13 - Massa da pastilha de freio. Atravéz do software ANSYS foi possível coletar as informações sobre as massas e volumes em separado da plaqueta e do material de atrito da pastilha de freio para determinação da densidade do material de atrito. A Tabela 3 apresenta os valores de massa e volume de ambos os componentes da pastilha de freio. Descrição Massa (kg) Volume (m3) Plaqueta 0,1732 2,20E-05 Material de Atrito 0,1142 3,86E-05 Total 0,2874 6,06E-05 Tabela 3 - Propriedades dos componentes da pastilha de freio. A seguir foi então encontrado a densidade do material de atrito pela Equação 1. 𝜌 = 𝑚 𝑣 (1) Onde: 𝜌 = Densidade do material de atrito (kg/m3); 𝑚 = Massa do material de atrito (kg); 𝑣 = Volume do material de atrito (m3). Com essa informação, o modelo da pastilha foi então carregado no software ANSYS para a realização da análise. Inicialmente foram definidos os materiais para os dois corpos da montagem conforme dados e procedimentos anteriormente comentados deixando apenas a informação do módulo de elasticidade a ser definido. Em Engineering Data, foram carregados dois materiais conforme apresenta Figura 14. UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL, ENGENHARIA ESTRUTURAL PREDITIVA, CAXIAS DO SUL, 29 DE JULHO DE 2018 Figura 14 - Definições de materiais e propriedades para os componentes. Finalizadas estas etapas de pré-processamento no software, o projeto pode passar para a etapa de processamento. C. Ajuste do modelo numérico Conforme mencionado anteriormente, para a determinação do módulo de elasticidade para o material de atrito, após a realização da análise modal experimental, a análise numérica deve ser calibrada. No software ANSYS é então realizada uma análise modal, com as mesmas condições de contorno da análise experimental para a determinação dos quatro modos de vibração da plaqueta. Estes modos devem atingir valores semelhantes às frequências de vibrações obtidas pelo método experimental. Para isso foram estipulados targets, sendo 10% de erro em frequência para modos até 8,0 kHz de vibração. III. RESULTADOS Durante o processamento da análise numérica pelo ANSYS foi possível foi possível chegar à um valor de módulo de elasticidade de 11,0E+09 Pa para o material de atrito. Avaliando valores superiores e inferiores a esse, foi possível notar que o erro tendia a aumentar. Fixado o valor para o módulo de elasticidade foi realizado então o refinamento da malha até um tamanho de elemento de 3,0 mm. A. Propriedades dos materiais após ajuste: Após o ajuste realizado com a calibração do modelo numérico, as propriedades para cada material que compõe a plaqueta são apresentadas na Tabela 4. Descrição Valor Unid. Plaqueta Densidade 7857,82 kg/m³ Módulo de elasticidade 200E+09 Pa Coeficiente de Poison 0,30 [-] Material de Atrito Densidade 2959,60 kg/m³ Módulo de elasticidade 11,0E+09 Pa Coeficiente de Poison 0,25 [-] Tabela 4 - Propriedades da pastilha de freio. B. Tabela comparativa entre o Método Numérico e o Método Experimental A Tabela 5 apresenta a comparação entre o método numérico e o método experimental apresentando as frequências e modos de vibrar em cada análise comparando-as e apresentando o erro percentual entre ambas. Tabela 5 - Tabela comparativa entre análise experimental e análise numérica. Forma Modal Frequência (Hz) Forma Modal Frequência (Hz) 2.533 2.657 4,90% 4.567 4.568 0,02% 5.915 5.868 -0,79% 7.747 7.291 -5,89% Experimental Analítico Erro UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL, ENGENHARIA ESTRUTURAL PREDITIVA, CAXIAS DO SUL, 29 DE JULHO DE 2018 IV. CONCLUSÕES A partir dos dados apresentados na seção de resultados, pode-se concluir que a metodologia aplicada se apresentou coerente para a situação proposta. Foi possível calibrar o modelo numérico para um percentual de erro comparativo com o teste experimental que atendeu as solicitações do trabalho. Devido à complexa composição do objeto analisado (a pastilha de freio possui uma boa parte composta pelo material de atrito, que tem propriedades não apresentadas na realização do trabalho), a faixa de erro solicitada pode ser considerada satisfatória. Além disso, os modos de vibrar corresponderam perfeitamente com os resultados do teste experimental. Este fato, reforça a correta calibração desenvolvida no modelo numérico. Como oportunidades de melhoria, pode-se citar uma calibração mais refinada do modelo numérico, tentando aproximar ainda mais o modulo de elasticidade e envolvendo dados mais precisos do amortecimento. AGRADECIMENTOS Os agradecimentos deste trabalho dedicam-se ao Professor Me. Eng. Diego Masotti pelo acompanhamento no desenvolvimento do mesmo e pelas aulas ministradas de Análise Experimental de Tensões e Vibrações. À instituição Universidade de Caixas do Sul pela disponibilização do laboratório de informática para a realização das análises e para presenciar nas aulas. Ao professor Dr. Eng. Alexandre Vieceli pela coordenação e elaboração do presente curso de especialização em Engenharia Estrutural e Preditiva. V. BIBLIOGRAFIA [1] BRÜEL & KJÆR. FFT Analysis. 2018. 53 slides, color.[2] HU, Sau-lon James; BAO, Xingxian; LI, Huajun. Improved polyreference time domain method for modal identification using local or global noise removal techniques. Science China Physics, Mechanics And Astronomy. China, p. 1464-1474. ago. 2012. [3] MASOTTI, Diego. Análise Experimental de Tensões e Vibrações Parte II: Caxias do Sul: Especialização em Engenharia Estrutural Preditiva, 2018. 67 slides, color. [4] ZHANG, Lingmi; YAO, Yingxian; LU, Mingfu. An improved time domain polyreference method for modal identification. Mechanical Systems And Signal Processing. Nanjing, p. 399-413. out. 1987.
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