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A arte de memorizar um idioma

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A Arte de
Memorizar
Vocabulário
Inglês e de Outros
Idiomas
 
Luis Lopes
 
Copyright © 2015 Luis Lopes. Todos
os direitos reservados.
Índice
Prefácio
1. Introdução
2. Viagem Encantadora
Estendendo a Lista
3. Os Segredos da Memória
Infalível
Associando Dois
Objetos
Criando Arquivos
Excelentes
As Regras de Ouro
4. O Mundo das Ideias
Abstratas
Substantivos Abstratos
Verbos
Adjetivos
Advérbios e Outras
Palavras
5. Recordando Sons
Desconhecidos
Encontrando Sons
Semelhantes
A Arte de Soletrar com
o Método das Letras
Vivas
O Método dos Pedaços
Lidando Com Acentos
6. O Fantástico Dicionário
Mental Multilíngue
Arquivo Mnemônico de
Idiomas
Os Gêneros
Inconfundíveis
Juntando Tudo e
Aplicando o Sistema
Um Bocadinho de
Gramática
Vantagens do Sistema
7. Mais Dicas e Técnicas de
Aprendizagem
Onde Começar
Hábitos Para Uma
Aprendizagem Eficiente
Utilizando Flashcards
Utilizando o Seizum –
Master your flashcards
Palavras Finais
Prefácio
Obrigado e parabéns por ter escolhido
este livro. Ele vai dar-lhe importantes
conhecimentos sobre a arte da
memória, ou mnemotécnica, que tem
sido utilizada desde tempos antigos,
para ultrapassar as aparentes
limitações da memória natural. Iremos
mais especificamente descrever
técnicas para aplicar estes, e outros
métodos desenvolvidos pelo autor, na
aprendizagem de vocabulário
estrangeiro, usando principalmente o
idioma Inglês para demonstrações
práticas.
Se tem dificuldade em memorizar
palavras estrangeiras, ou acha que os
métodos tradicionais são demasiado
cansativos, verá que seguindo as
instruções aqui contidas, não só
conseguirá aumentar
extraordinariamente a sua capacidade
de retenção, como também vai tornar o
processo de aprendizagem mais fácil e
agradável. Talvez já tenha ouvido falar
de mnemotécnica e tentou aplicá-la,
mas ficou desiludido ou achou que era
de aplicação limitada. Foi este o meu
caso, e depois de ter finalmente
conseguido ultrapassar todas as
barreiras, e desenvolvido um sistema
prático e eficaz para aprender Alemão,
resolvi escrever este livro para
partilhar estes segredos consigo, para
que possa aprender todos os idiomas
que quiser.
Este é um livro moderno de
mnemotécnica. Além de técnicas
tradicionais, novos métodos e sistemas
foram desenvolvidos tendo as vistas as
necessidades atuais do estudante de
idiomas estrangeiros, e do Inglês em
particular. Além disso, este livro
ensina-lhe como tirar vantagem de
tecnologias em uso, combinando-as
com a mnemotécnica, para que consiga
resultados superiores.
O objetivo deste livro é de ir além de
exemplos fáceis, e de abordar os
aspectos práticos, frequentemente
ignorados em tratados de
mnemotécnica, que lhe permitirão
fazer uso de segredos da antiguidade
no mundo moderno, para adquirir uma
memória verdadeiramente
extraordinária, que lhe permitirá
absorver vocabulário Inglês, e
inclusive outros idiomas que desejar
aprender.
Claro que para se tornar fluente num
idioma precisa muito mais do que
vocabulário. É necessário aprender
como utilizar a palavra certa num
determinado contexto, aprender a
pronunciar e escutar corretamente cada
palavra, e é essencial ter um
conhecimento das regras gramaticais.
No entanto, de nenhuma utilidade serão
estes passos adicionais, se não se
conseguir lembrar das palavras
estrangeiras! Afinal de contas,
palavras são a base de qualquer
idioma. Neste livro, vou descrever um
sistema que lhe vai permitir adquirir
um vocabulário base de dez mil
palavras, e como continuar utilizando
o sistema para ir expandindo o seu
vocabulário ainda mais além, na
medida que vai fazendo uso do idioma
no decorrer das suas atividades.
Não se esqueça que este é um manual
prático. Se o ler apenas como se
tratasse de uma novela, vai aumentar
os seus conhecimentos, mas não vai
tirar deles benefícios palpáveis. Por
isso, peço-lhe que ponha em uso as
técnicas e o sistema aqui expostos. Se
o fizer, vai entrar num grupo de elite.
Será possuidor de uma memória
extraordinária para línguas.
1. Introdução
Ontem fui encontrar-me com uma
amiga numa estação de metro em
Berlim. Caminhamos juntos até um bar
com estilo antigo, com alguma areia de
praia espalhada pelo chão. Em várias
paredes haviam pequenos cartazes
antigos, que para minha surpresa
estavam todos em Português. Alguns
deles pareciam ser publicidade de
filmes que iriam na altura estrear em
cinemas Brasileiros...
Lembro-me ainda das duas bebidas
que tomei, do que a minha amiga
vestia, do que fizemos, e de modo
geral, sobre o que conversamos. Para
isso não tive que fazer esforço nenhum
para memorizar estes detalhes, tudo
aconteceu de forma automática.
Grande coisa, dirão vocês, isto
acontece com toda a gente! Não
tentarei explicar aqui porquê, deixando
essa tarefa à psicólogos e especialistas
nesta matéria. Também é de
conhecimento geral que toda a
informação registada durante o curso
da nossa existência fica gravada no
nosso subconsciente, pelo que quando
se fala de “boa memória” refere-se à
facilidade de trazer esta informação ao
nosso consciente. É nesses termos
gerais que basearemos a nossa
discussão, para não perdermos tempo
com tecnicalidades.
Quero apenas distinguir os dois modos
de gravação de dados na nossa
memória. Existe aquele que acontece
naturalmente e de forma automática,
como todos sabemos, e outro que é
feito de maneira consciente, através de
exercícios variados, como repetições.
Também isso, todos nós temos
conhecimento, pois que já na escola
primária fomos obrigados a memorizar
o alfabeto e a tabela de multiplicações.
É neste processo voluntário de guardar
informação no cérebro, que nos iremos
concentrar neste livro. No entanto, em
vez métodos fastidiosos, usaremos a
mnemotécnica.
A invenção da mnemotécnica é
atribuída à Simonides, um poeta
Grego, que prosperou por volta de 500
A.C. A essência do seu método
consistia em criar um edifício mental
com vários compartimentos
organizados de forma conhecida. A
informação que se desejava recordar
era colocada através de imagens
mentais, em compartimentos deste
edifício, conhecido como palácio de
memória ou palácio mental.
Foram inventados vários outros
métodos mais tarde, muitos deles tendo
como base o sistema de Simonides.
Mas não é intenção minha descrever
aqui a interessante história da
mnemotécnica. Pretendo apenas
realçar o seguinte: Usando as técnicas
da mnemotécnica é possível conseguir
uma memória verdadeiramente
extraordinária, que pode até parecer à
muitos, sobrenatural. No entanto, esta
memória não é automática. Toda a
informação que deseja recordar, tem
de ser de certa forma “arquivada”
seguindo um processo mental, que
pode consistir simplesmente em
recordar uma palavra ou frase chave,
ou em associações mentais mais
complexas.
Tendo isto em mente ajuda a evitar
desapontamentos. Quando aprendi a
técnica de memorizar uma lista de
palavras que me eram lidas em voz
alta uma só vez, consegui impressionar
várias pessoas que pensavam que eu
era possuidor de uma memória
fantástica. No entanto, isto estava
muito longe da verdade. Eu irei
descrever este método neste livro, mas
como poderá ver, isto não é um
processo automático, e o método não
se adapta de maneira evidente à
qualquer tipo de informação. Não
tendo conhecimento de métodos mais
avançados, não sabia como recordar
fórmulas e outras matérias, que tive de
continuar a memorizar, com bastante
desagrado, usando os métodos
tradicionais de repetições. A
dificuldade que existe em aplicar uma
determinada técnica mnemotécnica à
vários assuntos ou matérias, é em
minha opinião, a principal razão que
leva a mnemotécnica a não ser tão
popular e amplamente divulgada como
se seria de esperar.
Mais tarde fui a busca de mais
conhecimentos de mnemotécnica, desta
vez com maior interesse na
aprendizagem de línguas, que sempre
foi uma paixão minha. Não estando
satisfeito por completo com as
limitações, ou dificuldades em aplicar
estes conhecimentos na prática,
ampliei estas técnicas e princípios,
com ideias que fui experimentando.
Neste livro irei partilhar consigo
conhecimentos, ideias, e técnicasque
adquiri e desenvolvi, para que possa
fazer uso deles na aprendizagem do
idioma Inglês. Naturalmente que os
métodos expostos vão estender-se à
outras línguas estrangeiras.
Escrevi este livro tendo em conta dois
grupos de pessoas. Um deles já tem
conhecimentos básicos de
mnemotécnica, e deseja aprender
técnicas especificas para memorizar
vocabulário Inglês, ou de outras
línguas estrangeiras. O outro, são
pessoas que nunca ouviram falar de
mnemotécnica, ou não têm ainda os
conhecimentos básicos. Se pertence ao
segundo grupo, estou verdadeiramente
excitado por ser o primeiro a dar-lhe
uma introdução ao mundo maravilhoso
da mnemotécnica. Se pertence ao
primeiro grupo, eu entendo
perfeitamente a sua situação, e terei
muito prazer em ajudar-lhe a ampliar
os seus conhecimentos.
Seja qual for o seu nível de
conhecimento, aconselho todos a lerem
este livro por completo, do principio
ao fim. Se já tiver conhecimento de
alguma matéria, poderá fazer uma
leitura rápida. Em particular, devem
todos prestar bastante atenção ao
capítulo 3, onde descrevo em detalhe
como se deve proceder para fazer boas
associações mentais. Como indica o
título deste livro, não é minha intenção
cobrir todos os tópicos de
mnemotécnica, mas sim fornecer os
conhecimentos que vão permitir-lhe
aprender vocabulário Inglês de forma
mais eficiente e agradável.
Dito tudo isto, prepare a sua chávena
de chá ou café, e vamos juntos iniciar
a nossa jornada, no universo fascinante
que é a arte de memorizar.
2. Viagem
Encantadora
Estava eu excitado por ter chegado
finalmente no Brasil! Saí do aeroporto
em São Paulo e dirigi-me à paragem
de autocarro (ônibus) onde dois
rapazes simpáticos me indicaram onde
deveria esperar. Cheguei depois à uma
estação ferroviária, onde iria apanhar
o “metrô”, que me levou próximo do
apartamento onde fiquei hospedado.
Como tinha fome resolvi sair logo à
procura de uma loja. Parei num
pequeno bar para pedir direções à dois
senhores que também foram muito
simpáticos. Estava todo mundo de bom
humor porque o Brasil tinha acabado
de vencer um jogo importante na copa
do mundo de 2014...
Mas voltaremos a falar de viagens
daqui a pouco, caros amigos e amigas.
Por enquanto passaremos à nossa
primeira lição, que é um princípio
básico na arte de memorizar. É
provavelmente a técnica mais
conhecida da mnemotécnica, tendo
inclusive, feito parte de alguns
programas de televisão. Em resumo,
consiste em utilizar lugares de um
itinerário familiar, que por associação
mental, nos permitirão recordar listas
de coisas. Vou descrever no próximo
capítulo em detalhe como se deve
proceder para fazer esta associação,
pois que os seus princípios são a base
fundamental de toda a mnemotécnica.
Por enquanto vamos concentrar-nos na
elaboração da nossa lista.
Como exemplo, poderia recordar-se
de uma jornada que percorria
frequentemente na sua infância, para ir
à escola. A sua casa, que é o começo
desta jornada, seria o primeiro lugar.
A partir daí, pode reviver na sua mente
esta jornada, e ir tomando nota de
lugares, ou pontos de referência, dos
quais se recorda neste percurso, na
mesma ordem em que os vai
encontrando nessa viagem mental.
Assim, saindo de casa vai andando e
lembra-se que no caminho encontra
uma paragem de autocarro.
Caminhando mais adiante, encontra
uma praça, e a seguir um hospital, e
assim sucessivamente. O que poderia
então dar origem à uma lista como
esta:
De Casa para à Escola
0 - Casa
1 - Paragem de autocarro
2 - Praça
3 - Hospital
4 - Escola Primária Maria Joana
5 - Estação Policial
6 - Supermercado
...
19 - Minha Escola
A lista de lugares, que de agora em
diante chamaremos de “arquivo
topográfico”, é uma lista pessoal, que
serve somente à si, pois que poderá
recordar-se sempre destes lugares, na
sua ordem usual e inversa, sem
qualquer esforço mental. E como que
por magia, isto vai permitir-lhe
recordar igualmente, coisas com a
mesma facilidade, simplesmente pelo
facto de estarem associadas à estes
lugares! Para isso, é importante que
seja sempre capaz de visualizar cada
um destes locais claramente. Na
elaboração desta lista deve por isso
ser específico. A escola, por exemplo,
trata-se de uma escola particular, não
de uma escola qualquer. Deve
inclusive, mencionar o nome da escola
na sua lista, por exemplo “Escola
Primária Maria Joana”.
Embora possa elaborar uma lista
baseada num itinerário de ida e volta,
não deve nunca utilizar caminhos
cruzados, e deve também evitar passar
duas vezes na mesma rua, mesmo que
seja do outro lado. Isto ajudará a
evitar confusões. Não importa que os
locais sejam adjacentes, podem estar
mesmo ao lado um do outro. No
entanto, apenas recomendo usar locais
adjacentes se estiver sempre
perfeitamente claro na nossa mente
qual deles aparece primeiro no nosso
itinerário. Se houver alguma sombra
de dúvida, escolha apenas um destes
dois lugares adjacentes, e continue a
sua seleção mais adiante. Outro
pormenor igualmente importante, é
evitar locais similares. Se tiver sete
paragens de autocarro (ônibus) na sua
lista, por exemplo, provavelmente será
difícil distinguir entre elas. No entanto,
pode ter por exemplo vários bares, ou
lojas, desde que tenham nomes
diferentes, e representem uma distinta
imagem mental. No exemplo acima, a
escola primária tem uma imagem
bastante diferente da “minha escola”,
que é o ponto final.
Estendendo a Lista
Visto que esta lista nos servirá de
arquivo mental, é evidente que quanto
mais comprida for melhor. Será
bastante útil que tenha pelo menos cem
lugares, e para isso podemos juntar
vários itinerários, que vamos juntar,
organizados de tal forma que nos seja
fácil recordar a sua ordem. Por
exemplo:
Arquivo Topográfico
- De casa à escola (40 lugares de 0 á
39)
- Casa da Suzana à discoteca (30
lugares de 40 á 69)
- Do hotel à torre Eiffel (30 lugares
de 70 á 99)
Devo mencionar um aspecto prático,
que até agora vi sempre ser ignorado.
Elaborar uma lista de até cem lugares
não é fácil para todos. Em tempos
antigos era mais comum as pessoas
caminharem e apreciarem os pontos de
interesse nas suas jornadas. Já em
tempos modernos, vivemos em
correria e pouca atenção prestamos
aos nossos arredores. Provavelmente
nos recordamos de pontos bastante
salientes, tais como uma grande
catedral, um centro comercial
(shopping), ou um restaurante exótico.
Mas as ruas principais de cidades
grandes estão cheias de pequenas
lojas, cafés e bares, que pela sua
semelhança, não sobressaem na nossa
mente. E embora nos possamos
recordar de vários deles, não temos
uma imagem clara dos locais, ou da
ordem em que ocorrem no nosso
itinerário.
Por outro lado, muitas ruas de zonas
suburbanas, estão cheias de casas
desconhecidas, que nos parecem
demasiado similar para servir de
qualquer uso para os nossos
propósitos. De maneira que, ao
tentarmos criar a nossa lista, mesmo
que uma determinada jornada cobrir
um percurso longo, nos lembramos
apenas, para nosso desapontamento, de
talvez não mais do que dez lugares! O
uso frequente de meios de transporte,
tais como o metropolitano, que não nos
permite sequer ver os locais ao longo
do nosso percurso, não ajuda nada.
Como fazer então para elaborar uma
lista de cem lugares? Felizmente tem
este livro e vou partilhar consigo
algumas dicas para lhe ajudar.
Primeiro, a ideia mais óbvia: já que
não nos recordamos de locais
suficientes, vamos então à busca de
mais. Esta é a altura de aproveitar um
dia lindo, e sair para conhecer melhor
a sua localidade, ou talvez até locais
mais distantes. Leve consigo um bloco
de notas e um lápis no seu passeio, ou
se preferir, o seu smartphone. Assim
que for andando, vá tomando nota dos
lugares que acha que irá recordar-se
facilmente, levando em conta as
advertências anteriormente
mencionadas. Quando regressar a casa,
veja quais dos locais se consegue
recordar na ordem correta, eliminando
da sua lista aqueles que escapam a
memória ou que criam confusões.
Adicionalmente, pode também tirar
vantagens de viagens que fez noutras
cidades, ou até mesmo países
estrangeiros. Como nem todos podemfazer uma viajem internacional apenas
com o fim de criar um arquivo
topográfico, iremos usar uma técnica
um bocado diferente. Se porventura
não conhecemos bem nenhum itinerário
de maneira a colher vários pontos para
a nossa lista, usaremos apenas aqueles
que facilmente nos ocorrem à
memória, na sua ordem cronológica,
mesmo que estejam distante, e não
façam parte de uma só caminhada. Isto
é, não se tratará de um itinerário
propriamente dito, no sentido
geográfico, mas sim no sentido
cronológico. Como exemplo,
recordando-me da viagem que
descrevia no início deste capítulo,
poderia obter a seguinte lista de
lugares:
- Aeroporto de São Paulo
- Estação ferroviária
- Metropolitano (dentro do metro)
- Linha férrea
- Estação de metro perto da
hospedagem
- Entrada do apartamento
- Elevador
- Bar local
- loja
Para que não tenha uma lista
demasiado fragmentada, recomendo
que tenha pelo menos dez locais em
cada jornada. Também será mais
conveniente que o número de locais
em cada jornada sejam múltiplos de
dez, isto é 10, 20, 30, 40 ou 50. Para
recordar-se da ordem das jornadas, de
modo a conhecer a sequência exata dos
cem lugares, poderá organizar a lista
de maneira cronológica, por distância,
favoritismo, ou uma combinação
destas, conforme lhe beneficiar mais.
Tendo dado estas explicações
detalhadas, creio que está agora pronto
para elaborar o seu próprio arquivo
topográfico. Dedique algum tempo
para esta tarefa importante antes de
prosseguir. Ficarei aguardando por si
no próximo capítulo, onde revelarei os
princípios fundamentais da
mnemotécnica e como usar esta lista
para recordar-se facilmente de cem
palavras!
3. Os Segredos da
Memória
Infalível
Quando aprendi pela primeira vez,
ainda adolescente, o método de
recordar uma lista de palavras, sem
precisar de repetição nenhuma, fiquei
verdadeiramente entusiasmado com o
potencial da mnemotécnica! Antes de
aprendermos a recordar palavras
estrangeiras, é importante saber como
recordar uma lista de palavras na
nossa língua materna. Vamos pois
começar pela descrição deste método.
Primeiro crie uma lista completamente
arbitrária de nomes de objetos. Se
tiver dificuldade em criar esta lista de
cabeça, pode recorrer à um dicionário,
ou vá anotando palavras de um ou mais
textos, tendo o cuidado de selecionar
somente objetos físicos. Quer isto
dizer que palavras tais como
“cadeira”, “árvore”, “mar”, “nariz”,
“martelo”, e “carro”, servem para a
nossa lista. Mas palavras abstratas,
como por exemplo verbos, adjetivos,
advérbios, e substantivos não físicos,
devem ser excluídas da nossa primeira
lista. Por isso, não vamos incluir
palavras tais como “comer”,
“absurdo”, “rápido”, “conhecimento”,
ou “consequentemente”.
Uma vez criada esta lista, que pode
numerá-la de 0 à 99, ou de um 1 à 100,
de acordo com o seu arquivo
topográfico, pode começar a guardar
estas palavras na sua memória. Para
isso, faça uma associação entre a
palavra em questão e o respetivo lugar
no seu arquivo topográfico, seguindo a
mesma ordem. Esta associação deve
usar detalhes específicos do objeto e
do local onde o queremos arquivar,
usando de preferência uma cena pouco
comum e ridícula ou absurda, de forma
a criar uma imagem mental viva e
clara.
Por exemplo, se a primeira palavra for
“cadeira” e o primeiro lugar no meu
arquivo topográfico for “casa”, posso
imaginar a seguinte cena: sempre que
abro a porta da minha casa, me deparo
com uma cadeira gigantesca, muito
mais alta que a própria casa. E este
sendo o meu lugar favorito salto para
cima da cadeira, e fico sentado nela,
admirando a vista que me proporciona
este ponto elevado.
Se a segunda palavra for “árvore”, e
desejo arquivá-la no lugar “paragem
de autocarro”, posso imaginar o
seguinte: na paragem de autocarro tem
uma árvore enorme, para onde todos
sobem e ficam pendurados a espera do
autocarro, enquanto se deliciam com
os seus frutos. Como alternativa, posso
imaginar que alguém deitou um feijão
mágico no chão, e de imediato cresceu
uma árvore tão grande que impedia a
entrada para o autocarro. Ou ainda:
estava eu prestes a entrar para o
autocarro, quando tropecei num objeto
e caí no chão, onde notei que havia
uma minúscula macieira, e inclusive
alguns frutos desta árvore tinham caído
para o chão.
Para associar “mar” ao local “praça”,
imagino que no meio da praça tem um
mar em miniatura, com ondas enormes,
onde vários surfistas se divertem.
Depois imagino que no “hospital” tem
um médico com um “nariz” enorme que
cheirando os pacientes consegue fazer
um diagnóstico imediato. Para ligar
“martelo” à “escola”, vejo na minha
mente que tem na minha escola um
novo professor que com um martelo
mágico, implanta conhecimentos
martelando livros na cabeça dos
alunos... e assim vou procedendo, para
colocar na minha mente, cada palavra
no seu respectivo lugar no meu arquivo
topográfico.
Como é evidente nestes exemplos,
estas associações não precisam de ter
muita lógica. A verdade é que o facto
de estas ideias serem absurdas, ajuda a
reter os objetos na memória, desde que
a imagem seja clara na nossa mente. É
muito importante visualizar as cenas
que inventamos, como se cada uma
fosse um vídeo projetado na nossa tela
mental, e não simplesmente pensar
nelas. Naturalmente, é preferível
imaginar cenas positivas, alegres, ou
engraçadas, de modo a criar sempre
memórias agradáveis.
Mas chega de teoria. Está na hora de
pôr esta técnica em prática, para que
possa convencer-se da sua eficácia.
Peça à alguém que lhe leia a sua lista
em voz alta, dando-lhe alguns
segundos de pausa, para que tenha
tempo de fazer a associação. Se não
quiser ainda revelar o seu segredo,
pode dizer que precisa de alguns
segundos para arquivar a palavra na
sua memória, que é em efeito, o que
está a fazer.
Claro que também pode ler a lista
sozinho, mas se assim fizer, use um
cronômetro ou relógio. Se estiver a
perder demasiado tempo a fazer uma
associação, provavelmente está a
tentar usar demasiada lógica. Lembre-
se que está dentro de um mundo
maravilhoso criado por si, e que você
é o diretor. As regras normais do
universo podem ser alteradas
conforme quiser, para que possa criar
uma cena que lhe ajudará a recordar o
objeto desejado. Não permita que a
lógica paralise a sua criatividade, e
liberte a sua imaginação. Verá então,
que as possibilidades de associações,
são na realidade, infinitas!
Para lembrar-se das palavras, na sua
ordem, basta percorrer o itinerário
mentalmente. No meu exemplo,
começando pelo ponto de partida,
casa, lembro-me da cena que
imediatamente me traz à memória a
primeira palavra: cadeira. E assim
sucessivamente, vou-me recordando
das restantes palavras, na sua ordem
exata: árvore, mar, nariz, martelo, até
chegar ao fim do meu percurso onde
encontrarei a palavra final.
Se porventura não se conseguir
lembrar da cena que visualizou num
determinado local, ou se ela não
estiver suficientemente clara a ponto
de trazer à memória o objeto que lá foi
arquivado, passe para o seguinte local.
Esta é uma das vantagens que este
método tem sobre o método das
repetições. Esquecendo um dos
objetos na série, por vezes faz-nos
também esquecer de vários outros
elementos que vêm a seguir, por ter
sido criado uma espécie de cadeia ou
corrente entre os elementos da lista. Já
no nosso arquivo topográfico, cada
elemento ocupa um lugar
completamente independente.
Brevemente discutiremos em detalhe
como assegurar-se que as suas
associações não lhe vão escapar da
memória.
Associando Dois Objetos
Depois de ter memorizado a sua lista
de cem palavras, pode fazer uso delas
para recordar outra lista de palavras,
sem ter de as associar diretamente ao
seu arquivo topográfico. Em vez disso,
usará as palavras da lista original
como gavetas, onde irá arquivar a
nova lista. Para isso, terá
simplesmente de associar os dois
pares de objetos correspondentes.
Como a associação de dois objetos é
de importância particular na
aprendizagem de vocábulos
estrangeiros, vamos ver alguns
exemplos.
Digamos que o primeiro objeto da
nova lista é “computador”. A palavra
gavetacorrespondente é “cadeira”,
visto ser esta a palavra arquivada no
primeiro local do nosso arquivo
topográfico. Para associar as duas
palavras, a técnica é exatamente a
mesma que usamos até agora. A única
diferença, é que se tratam de dois
objetos, em vez de um objeto e um
local. A nova associação que fizermos
não deve estar ligada ao local da
palavra gaveta. Ela pode ser feita em
qualquer lugar imaginário, que sirva a
ideia que criamos. Por exemplo,
podemos imaginar que existe uma
cadeira que ao sentarmos nela,
aparecem automaticamente um teclado
e uma tela, que nos permite configurar
por completo o tipo de cadeira, e
brincar com um jogo de computador.
Ou melhor ainda, uma rapariga sentada
por cima de um computador, brinca
com uma cadeira e um teclado.
Para associar “livro” com “árvore”
imagino que existe uma árvore, que em
troca de estórias lidas de um livro,
oferece toda a variedade e quantidade
de frutos como recompensa. A seguir,
posso associar a terceira palavra
exemplo, “cortina”, com a terceira
palavra na minha lista original, “mar”,
imaginando que tem um barco que
consegue repelir as enormes ondas de
uma grande tempestade, usando
cortinas que cobrem a embarcação. Ou
que alguém usa cortinas como asa
delta, para sobrevoar o mar, rumo à
uma ilha maravilhosa.
E assim por diante, criamos todos os
pares mnemônicos na nossa mente. Se
eu quiser saber que palavra está
arquivada em determinada gaveta,
basta pensar nela e a cena associada
me traz à memória o objeto desejado.
O reverso também acontece, isto é,
pensando na palavra arquivada,
consigo logo ver em que gaveta está.
Se quiser lembrar-me da lista inteira,
desde a primeira palavra à última,
terei de usar o arquivo topográfico
para obter a série de palavras que
utilizei como gavetas, e a partir delas,
obtenho cada palavra da nova lista, na
ordem correta.
Criando Arquivos
Excelentes
Quando se trata de associações
mnemônicas, eu não creio que existam
associações certas ou erradas, mas sim
ligações fortes ou fracas. O nosso
arquivo mental mnemônico, não é
digital (arquivado, ou não arquivado),
mas sim analógico (arquivo fraco, ou
arquivo forte). Como analogia do
último caso, pense numa gravação que
faz com um microfone, talvez no seu
computador ou smartphone. Se falar
perto do microfone, em voz alta, numa
sala silenciosa, quando tocar a sua
gravação, poderá ouvi-la com bastante
nitidez. Por outro lado, se estiver
muito distante do microfone, ou numa
sala muito ruidosa, não terá uma boa
gravação, e quando a for reproduzir,
não conseguirá ouvir a sua voz, ou não
irá perceber aquilo que falou.
Uma ligação mnemônica fraca pode
durar alguns minutos, talvez até
algumas horas no mesmo dia, graças a
nossa memória natural. Isto quer dizer
que se criar uma ligação fraca durante
a memorização da lista de palavras,
poderá lembrar-se mesmo assim, do
objeto no mesmo dia. Porém, no dia
seguinte, ou dias depois, terá
dificuldade em recordar-se do objeto.
Por vezes, essa ligação é tão fraca, que
nem mesmo logo a seguir de ter
memorizado a lista, consegue lembrar-
se do objeto. Por outro lado, quando
faz uma ligação forte, ela pode durar
vários dias, semanas, ou até mesmo
para sempre!
Depois de ter efetuado o exercício de
memorizar listas de palavras, já deve
se ter convencido da eficácia deste
sistema. Também deve ter notado que
quando não se consegue lembrar de
uma determinada palavra, ao consultar
a lista, a cena que tinha imaginado
acaba por vir à memória. E
provavelmente irá notar que a razão de
se ter esquecido do objeto em questão,
é porque esta cena em particular, não
foi tão boa quanto as outras. Noutras
palavras, tinha criado uma ligação
fraca.
Como proceder, então, para criarmos
sempre ligações fortes, de maneira a
termos um arquivo mental excelente?
Na minha experiência, notei os
aspectos comuns às boas associações.
Listei estes pontos, e decidi chamá-los
de “regras de ouro para ligações
fortes”. Embora eles não sejam
precisamente novos, organizando os
princípios mnemotécnicos desta forma,
ajudou-me a identificar claramente o
que tornava uma certa ligação fraca. E
toda a vez que segui com perfeição
estes princípios, notei que me
lembrava infalivelmente da informação
arquivada. Vou partilhar consigo estas
regras, na esperança que lhe sejam
úteis, como têm sido à mim, para criar
memórias robustas, capazes de
sobreviver o teste do tempo.
As Regras de Ouro
Em cada cena de associação
mnemônica, deve seguir-se sempre as
seguintes regras, para criar uma
ligação forte.
Regra 1 : a associação deve
envolver sempre um aspecto ou
pormenor específico à cada objeto a
ser associado. 
Regra 2 : os pormenores usados na
associação, têm de ser de tal forma
concretos, que podem ser
visualizados. 
Regra 3 : as associações devem ser
fora do comum, ridículas, ou
absurdas. 
Em vez de adicionar mais detalhes,
vou esclarecer estas regras mediante
exemplos. Suponhamos que as duas
palavras a serem associadas sejam
“elefante” e “tapete”. Uma cena
possível é “um elefante viajando num
tapete voador”. A nossa intuição pode
dizer-nos que esta ligação é boa.
Vamos examiná-la mais de perto, à luz
das regras de ouro.
Nota-se imediatamente que é uma cena
não usual, portanto a regra 3 está
satisfeita.
Os pormenores da associação são os
seguintes:
- um elefante que viaja 
- um tapete que voa
Estes dois pormenores estão
claramente visíveis na nossa imagem
mental, portanto a regra 2 está
satisfeita.
Agora vamos analisá-los
cuidadosamente em função da regra 1.
Voar é um aspecto específico à um
tapete voador. É certo que tapetes
voadores pertencem ao mundo da
fantasia, mas no nosso universo
imaginário o mundo das lendas e
fantasias são bem-vindos, desde que
façam parte dos nossos conhecimentos
ou experiência adquirida em livros,
filmes, ou outros meios. Como gostei
muito do filme “Aladim” de Disney, a
ideia de um tapete voador me é
bastante familiar. Portanto, serve para
satisfazer a regra 1. Mas essa regra
aplica-se aos dois objetos, por isso
temos de ver também o pormenor
relacionado com o elefante.
Viajar não é um aspecto específico à
um elefante. Qualquer outro animal ou
pessoa podia estar por cima do tapete.
Por isso, a regra 1 não está
completamente satisfeita. Quando digo
“específico”, não me refiro a algo
necessariamente único, mas sim
alguma caraterística que poderíamos
usar para descrever o objeto em
questão. Por exemplo, um elefante tem
uma tromba, é de grande tamanho, tem
dentes de marfim, tem orelhas grandes,
tem cauda e é cinzento. Isto são
exemplos de detalhes que podem ser
visualizados.
Esta não deixa de ser uma ligação
forte, visto que quase todos elementos
das regras foram satisfeitos. No
entanto, podemos torná-la ainda mais
forte, adicionando um aspecto que seja
mais específico á um elefante. Se não
fizermos isto, mais tarde poderemos
ter dificuldade em recordar o que é
que está por cima do tapete voador.
Assim, posso imaginar uma variação
desta cena: um elefante fictício que
conheço também de filmes Disney, o
Dumbo, que consegue voar graças ás
suas orelhas enormes, faz uma corrida
aérea com um tapete voador. Vendo
que o elefante esta quase a alcançar a
meta, o tapete enrola-se nas suas
orelhas, para o impedir de continuar a
voar.
Voar com as orelhas é um detalhe
específico ao Dumbo, logo isto me faz
lembrar do elefante voador. Um tapete
pode ser enrolado, e associamos este
pormenor específico às orelhas do
elefante. Assim, os dois pormenores
ficam associados, e ao pensar no
elefante recordo-me da cena que me
traz à memória o tapete. Do mesmo
modo, pensando no tapete igualmente
me faz lembrar das orelhas que me
fazem lembrar do elefante. Assim,
tapete e elefante ficam associados com
sucesso. Lembre-se sempre que a regra
3 é geral, mas as regras 1 e 2 têm de
ser verificadas para os dois objetos a
serem associados.
Como outro exemplo, vamos associar
as palavras “sal” e “sapato”.
Imediatamente imaginamos um homem
que punha sal no seu sapato antes de o
comer. É fácil ver que a regra 3 está
satisfeita. O sal é usado paramelhorar
o sabor de algo que se come
(pormenor específico, regra 1). Como
o ato de salgar a comida é visualizado
(regra 2), estão satisfeitas as regras 1 e
2 para o sal. No entanto, não existe
nesta cena nenhum pormenor
específico ao sapato, quebrando assim
a primeira regra de ouro. Se
tivéssemos que recordar esta
associação semanas depois
poderíamos ter dificuldades, pensando
“sei que ele salgou algo ridículo, mas
não me consigo lembrar que objeto
foi!”.
Assim, para tornar a ligação ainda
mais forte, podemos usar uma cena
alternativa: estava um grupo de amigos
a jantar mas faltava sal na mesa. Um
homem tirou o seu sapato, onde guarda
sempre um bocado de sal. Como o
sapato não cheirava bem, todos
puseram uma mola no nariz enquanto
punham o sal do sapato nas suas
refeições. Temos assim dois
pormenores específicos ao sapato: o
cheiro, e o uso alternativo como
recipiente. E para tornar o primeiro
claramente visível, imaginamos os
amigos com molas para cobrir o nariz.
Conseguimos satisfazer também as
regras de ouro 1 e 2 para os dois
objetos!
É verdade que criar cenas que
consigam satisfazer todas estas regras
é mais difícil. Por vezes pode parecer-
nos que é impossível arranjar dois
pormenores específicos e criar uma
associação entre eles. Mas isto nos
força a imaginar algo completamente
absurdo, o que satisfaz
automaticamente a terceira regra de
ouro. O nosso objetivo é treinar a
nossa imaginação para que ela crie
logo de imediato, cenas que satisfaçam
sempre estas regras.
Quero aproveitar o último exemplo
para acrescentar um outro ponto.
Devemos sempre tentar envolver todos
os nossos sentidos durante a
visualização. Assim, procuraremos
também ouvir os sons e sentir os
cheiros que aparecem na nossa cena.
No entanto, isto deve servir apenas de
catalizador do processo de gravação
mental. De acordo com a regra 2, os
pormenores essenciais devem ser
sempre visíveis. E isto nos leva
naturalmente para o tema seguinte.
4. O Mundo das
Ideias Abstratas
Até agora só lidamos com objetos
físicos. Memorizar palavras ou ideias
abstratas usando mnemotécnica é
consideravelmente mais difícil. E
apesar disto, ou por esta razão, este
tópico importante é frequentemente
ignorado, ou discutido com muita
brevidade, em livros e artigos de
mnemotécnica. E é precisamente por
isso que resolvi dedicar este capítulo à
este tema. Você verá que com um
pouco mais de imaginação, é possível
mnemonizar conceitos abstratos!
Quando me refiro à palavras abstratas,
quero dizer todas as palavras que não
são representadas de maneira distinta e
inequívoca por uma imagem mental.
Por exemplo, palavras como
“instrumento” ou “acessório” podem
perfeitamente referir-se à objetos
físicos. Mas por representarem uma
categoria ampla de objetos, não existe
uma imagem mental clara e única.
Palavras ideais para a mnemotécnica,
são aquelas que representam objetos
no mundo físico, que poderiam ser
identificadas corretamente por
qualquer pessoa, apenas vendo a
imagem de um desenho ou fotografia.
No entanto, a maior parte do nosso
vocabulário não se encontra nessa
categoria ideal. Por isso teremos de
recorrer a uma estratégia para
conseguirmos visualizar estas
palavras. Utilizando cenas que
indiretamente nos fazem lembrar das
palavras que desejamos recordar,
torna-se possível guardá-las na nossa
memória com a mnemotécnica.
Veremos mais de perto como fazer isso
com várias categorias de palavras.
Substantivos Abstratos
Quando se trata de substantivos
abstratos, deve procurar uma imagem
que lhe faça lembrar da palavra
desejada, de acordo com a sua
experiência. Por exemplo, a palavra
“ideia” pode ser representada por uma
lâmpada por cima de uma cabeça. A
palavra “pergunta” por um ponto de
interrogação. De um modo geral, a
primeira imagem que nos vem à
cabeça quando pensamos na palavra
abstrata, é a que devemos utilizar. No
entanto, é importante ter também em
conta a palavra com a qual
pretendemos associar.
Como exemplo, vamos associar as
palavras “loira” e “cúmplice”. A
primeira loira atraente que vier em
mente serve para a nossa cena mental,
que pode ser a seguinte: Uma loira
atraente assalta um banco. Quando
estava prestes a entrar no carro para
escapar, um polícia tenta detê-la. Com
um olhar e sorriso encantadores, ela
aponta para uma inocente velhinha de
bengala que por coincidência
caminhava ao lado, dizendo “prenda
esta velha, ela é a minha cúmplice”. E
sem hesitar, o policia põe algemas na
velha, e deixa a loira ir-se embora.
Vamos também associar as palavras
“galo” e “dor”. Para isso imaginamos
o seguinte: Um galo do tamanho de
uma pessoa, põe-se a dar bicadas nos
ombros de um homem. Quando o
homem reclamou da dor que sentiu, o
galo arrependeu-se, e resolveu
massagear os ombros do homem para
aliviar a dor.
Já me aconteceu várias vezes
recordar-me bem da cena que
imaginei, e mesmo assim não
conseguir extrair dela a palavra
abstrata. Por isso é que é necessário
enfatizar a palavra, criando diálogos
pequenos com realce na palavra, e
acrescentando um detalhe adicional à
cena, como fizemos no último
exemplo.
E como vamos saber através da nossa
cena, de que se trata da palavra “dor”
e não “pessoa” ou “homem”, por
exemplo? A nossa memória
normalmente consegue lembrar-se que
há uma palavra abstrata retratada pela
imagem. Mas se tivermos uma
memória muito fraca podemos indicar
este facto utilizando um sinal na nossa
visualização. Por exemplo, podemos
sempre adotar a técnica de tornar os
objetos protagonistas transparentes,
como se fossem feitos de vidro.
Assim, no exemplo anterior, o homem
seria transparente, visto que ele serve
apenas de objeto auxiliar para
transmitirmos a ideia de “dor”. Se
tiver uma cena em que usa um violino
para representar um instrumento, tome
o cuidado de usar um violino de vidro
na sua história, para que fique claro
que ele está representando um
instrumento, e não o violino em si.
Pode inclusive imaginar que o violino
cai, espalhando cacos no chão.
Verbos
Alguns verbos são evidentemente mais
fáceis de memorizar que outros. É
muito fácil imaginar uma cena com
alguém a “correr”, “nadar”, “comer”
ou a “dormir”. Visualizar cenas com
verbos tais como “apreciar”,
“desenvolver”, “adaptar”, “absorver”,
ou “acomodar” requer mais
imaginação. No entanto, devemos
proceder da mesma maneira,
procurando imaginar uma cena em que
a ação indicada pelo verbo se
desenrole o mais nitidamente possível.
Como exemplo, eu tive de associar as
palavras “absorver” e “motocicleta
(mota)”. Quando penso em absorver,
naturalmente me ocorre na mente a
imagem de uma esponja, por isso ela
me pareceu ser a imagem ideal para
representar o verbo. Assim, procurei
pormenores específicos que
permitissem associar esponja com
mota, de acordo com a primeira regra
de ouro.
Uma pessoa lavando uma mota iria
servir, mas é demasiado comum para
seguir a terceira regra de ouro, e além
disso não mostra claramente o ato de
absorver, podendo erroneamente
induzir-me a pensar que a palavra em
questão se tratasse do verbo “lavar”. A
cena que imaginei então, foi a seguinte:
alguém conduzia uma mota que tinha
atrás do escape uma enorme esponja,
que conseguia absorver o fumo da
mota, como se fosse um líquido.
Outro exemplo real demonstrando a
associação de “laço”, “táxi” e
“acomodar”. Para recordar esta
associação imaginei a seguinte cena: o
condutor de um táxi queria acomodar
várias pessoas dentro do seu táxi.
Como elas não iriam caber lá dentro
ele usou um laço grande para as
enlaçar e apertar de tal maneira que as
conseguiu acomodar dentro do táxi.
Se quisermos acrescentar um sinal nas
nossas cenas para indicar que estamos
retratando um verbo, podemos utilizar
sempre o vento. Assim, na cena
anterior, podemos visualizar as
pessoas presas no laço, sendo
arrastadas pelo vento, e o taxista
segurando o laço e a esforçar-se para
as conseguir pôr dentro do táxi.
Adjetivos
Para memorizar um adjectivo vamos
procurar sempre associá-lo à algo
físico. Tal como antes, se houver
algum objeto que imediatamente nos
ocorre à mente, devemos usá-lo. Por
exemplo,a palavra “delicioso”
imediatamente me faz pensar em bolo.
Vamos associar as palavras “táxi”,
“anel” e “abrupto”. Usando o sentido
figurado do adjetivo abrupto, podemos
atribui-lo ao táxi numa cena como esta:
um táxi que transportava a Megan Fox,
tinha um enorme anel dourado,
adornando o para-choque da frente.
Quando o motorista fez uma paragem
abrupta a inércia lançou a Megan para
fora do táxi, mas ela conseguiu
segurar-se no anel do carro, evitando
assim que a paragem abrupta a deixa-
se cair.
Tal como fizemos com os verbos e
substantivos abstratos, podemos usar
um artifício que nos ajude a lembrar de
que a palavra se trata de um adjetivo.
Para isso acrescentaremos sempre
açúcar nas nossas cenas. No nosso
último exemplo podemos imaginar que
enquanto a Megan esta agarrada ao
anel, cai-lhe por cima um monte de
açúcar, e ela resolve provar um
bocado.
Aproveito comentar que uma imagem
mental com uma pessoa que acha
atraente tem tendência em gravar-se
mais facilmente na memória. Pode tirar
vantagem deste facto, principalmente
quando tiver que lidar com
associações mais difíceis.
Advérbios e Outras
Palavras
Os advérbios e as restantes categorias
de palavras usualmente apresentam o
maior desafio. No entanto as técnicas
são as mesmas que até agora
utilizamos. Um exemplo é sempre
melhor que mais teoria, e vamos assim
associar as palavras “noite” e
“acima”. Para isso podemos utilizar
qualquer objeto que possamos utilizar
como uma espécie de recipiente para a
palavra “acima”. O ideal seria que um
dos objetos a serem associados
servisse de recipiente, senão, qualquer
outro objeto serve. Por exemplo,
podemos imaginar uma linda mulher
vestida com uma roupa extravagante a
caminhar pela cidade numa manhã
cheia de sol, e todos a volta dela
olhavam estupefactos, porque acima
dela tinha uma estrela que a
acompanhava fazendo que sobre ela
caísse uma noite que a envolvia numa
escuridão que a acompanhava onde
quer que ela fosse.
5. Recordando
Sons
Desconhecidos
Finalmente chegamos ao capítulo que
provavelmente muitos leitores
ansiavam! Chegou a hora de
aprendermos a recordar palavras
estrangeiras. Se você leu fielmente
todos os capítulos até chegar aqui,
parabéns! A sua perseverança e
dedicação serão recompensadas, pois
que você tem agora os conhecimentos
fundamentais de mnemotécnica que lhe
queria transmitir antes de entrar a
fundo neste tópico fascinante. Se
porventura saltou para este capítulo
porque já tinha conhecimentos básicos
adquiridos noutras fontes, não se
preocupe. Faremos uma abordagem
completa do assunto, e se não
compreender algo ou encontrar alguma
lacuna, poderá consultar os capítulos
anteriores mais tarde.
Existem vários métodos para lidar com
palavras estrangeiras. Quase todas as
línguas Europeias têm várias palavras
de grafia similar ou até mesmo iguais,
e não é necessário utilizar nenhum
método para as recordar. Basta
simplesmente aplicar as regras de
pronúncia da nova língua. Por exemplo
“banana” é escrita exatamente da
mesma forma em Inglês e Português,
havendo apenas uma ligeira variação
de pronúncia. A palavra Portuguesa
“importante” é simplesmente
“important” em Inglês. Uma vez
aprendidas, estas palavras fixam-se
automaticamente na memória. Se
escolher o vocabulário que vai
aprender é sempre bom acrescentar
uma boa dose destas palavras. Não só
elas servem de encorajamento,
misturando palavras familiares com
palavras desconhecidas na mesma
frase, ajuda-nos a aprender
naturalmente a nova palavra através do
contexto e uma associação natural.
Aqui estão mais alguns exemplos, que
demonstram como o seu vocabulário
Inglês pode ser enriquecido quase que
instantaneamente:
Universo - universe
Fantástico - fantastic
Delicioso - delicious
Consequência - consequence
Conversa - conversation
Incrível - incredible
Bola - ball
Estratégia - strategy
Hotel - hotel
Parque - park
É necessário fazer uma advertência.
Aprenda estas palavras de fontes
fiáveis e tome cuidado com os falsos
cognatos, também chamados de falsos
conhecidos ou falsos amigos. Não faz
mal tentar adivinhar desde que procure
imediatamente confirmação. Existe
uma história, aparentemente real, de
um rapaz que tomado de uma
autoconfiança falsa na sua habilidade
de falar Inglês, devido as semelhanças
que acabamos de observar, pensou que
a tradução de “constipação”
(resfriado) fosse “constipation”. E
neste caso isto até não é de todo
incorreto, pois que no Português
Europeu um significado menos comum
de “constipação” é prisão de ventre. Já
no Inglês este último significado é o
único, pelo menos num contexto
farmacêutico. Assim, o jovem falando
somente Inglês, pediu numa farmácia
um medicamento para “constipation”,
que lhe foi entregue. Não preciso
acrescentar que o alívio que ele teve
não era exatamente do tipo que estava
a espera...
Existem ainda palavras não tão
idênticas, mas com suficientes
semelhanças de som. Por exemplo, a
palavra Inglesa “cat” não está muito
longe da correspondente palavra
Portuguesa “gato”. Se essa semelhança
não lhe é evidente, remova a última
vogal de gato e compare os sons de
“gat” e “cat”. Além de nos permitir
uma memorização praticamente
instantânea, podemos usar este facto
para empregar uma outra técnica que
consiste em procurar uma palavra
intermediária de sentido semelhante.
No entanto, a analogia fonética é mais
empregada num método que consiste
em converter o som estrangeiro em
uma ou mais palavras “chave” na
nossa língua, que a associamos com o
seu significado. Esta é sem dúvida a
técnica mais conhecida no mundo da
mnemotécnica.
Como exemplo do método da palavra
chave, tomemos a palavra Inglesa
“apologize” (pronúncia parecida com
“apolojaiz”). Imediatamente extraímos
dela os sons “polo” e “jazz”. Assim,
inventamos uma cena para associar
estas duas palavras chave ao seu
significado que é “desculpar-se” ou
“pedir desculpa”: Tal como na história
“o flautista de Hamelin”, uma fila
enorme de carros da marca Polo eram
atraídos por um artista, sempre que ele
tocava Jazz. No fim, ele tinha sempre
de “desculpar-se” aos donos dos
carros.
Outro exemplo do método da palavra
chave. Vamos associar “book”
(pronunciado “buk”) à sua tradução
que é livro. Para isso, usamos a
palavra de som semelhante, “bosque”,
na seguinte visualização: Uma rapariga
que adorava livros, vivia num bosque
mágico onde crescia um livro em cada
ramo de todas árvores.
Encontrando Sons
Semelhantes
Torna-se claro que o desafio é
encontrar uma ou mais palavras com
som suficientemente parecidos, para
que as possamos usar como palavras
chave. E é curioso que sempre que li
sobre este método, nunca vi
mencionado esta dificuldade. Mas eu
prometi não ignorar os aspetos
práticos, por isso vou oferecer
algumas dicas para ultrapassar isto.
Uma técnica que ajuda é ler várias
vezes a palavra inglesa, se possível,
em voz alta. Rapidamente vai
encontrar palavras com sons
semelhantes. Quando se tratam de
palavras mais compridas, por vezes
teremos de usar duas ou mesmo mais
palavras, como no nosso primeiro
exemplo.
Uma razão que me levava a encontrar
mais dificuldade do que necessário é o
meu perfeccionismo. Se tem o mesmo
problema, esta é uma daquelas
ocasiões em que o perfeccionismo
deve dar lugar ao pragmatismo. Não
fique a procura da palavra perfeita. É
sempre preferível ter uma palavra um
bocado parecida do que não ter
palavra nenhuma. Mais tarde veremos
como combinar a mnemotécnica com o
método mais tradicional de cartões
relâmpago, para compensar por
eventuais deficiências nas nossas
palavras chave.
E tirando vantagem da nossa era de
tecnologia mais avançada vou revelar
um segredo que lhe pode ajudar a
encontrar palavras chave:
reconhecimento automático de fala!
Como deve saber, esta tecnologia nos
permite dar instruções aos nossos
computadores e “smartphones” falando
para eles. Como exemplo, se você usar
um motor de busca que suporte a fala,
clique no ícone ou botão do microfone
para pesquisar por voz. Fale a palavra
Inglesa com a melhor pronúncia
possível. Se tiver dois dispositivos,
por exemplo um computadore um
smartphone, pode usar o som de um
dicionário digital próximo do
microfone. Como o software está
configurado para reconhecer palavras
em Português ele vai tentar encontrar
na sua enorme lista de palavras, as que
mais se aproximam do som em Inglês
que acabou de falar. Missão cumprida!
Muitas vezes o resultado será uma
frase, e não uma palavra única. Terá
então que tentar adaptar essa frase na
sua imagem mental, ou pode ser que
lhe ajude a pensar numa palavra
melhor. Experimente, pode até achar
divertido.
Por vezes, apesar de todas as técnicas
indicadas acima, pode acontecer que
não conseguimos encontrar nenhuma
palavra chave. A propósito, aproveito
mencionar que a tarefa se torna mais
fácil quando se conhece várias línguas.
Por isso, se conhece outro idioma além
do Português, não tenha receio de
misturar palavras Portuguesas com
estrangeiras, também funciona! Senão,
como último recurso, podemos utilizar
uma outra técnica, que também nos vai
ajudar a soletrar palavras difíceis.
A Arte de Soletrar com o
Método das Letras Vivas
O Inglês é notável por ter uma escrita
bastante irregular, em contraste com o
Português, que segue um padrão tão
fácil que nos permite escrever
qualquer palavra mesmo que a
escutamos pela primeira vez. Para
ultrapassar esta dificuldade vamos
utilizar uma técnica que nos vai
permitir memorizar qualquer palavra
integralmente, letra por letra. Este
método também pode ser usado quando
não conseguimos encontrar uma
palavra chave. No entanto, por ser de
execução mais complexa e consumir
mais tempo, recomendo utilizar
somente quando for absolutamente
necessário. Quando desenvolvi este
método, queria utilizá-lo para
substituir o método da palavra chave,
mas tive de reconhecer que o tempo e
complexidade não compensam na
maior parte das vezes. Apesar disto,
resolvi partilhar esta técnica consigo,
para que a tenha disponível na sua
caixa de ferramentas de memória.
Na sua essência, o método consiste em
criar uma história que estabelece uma
associação sucessiva entre as letras.
Para atingir este objetivo, precisamos
primeiro aprender uma tabela que nos
permite representar qualquer letra com
uma imagem fácil de associar. Claro
que pode escolher outras palavras que
lhe agradem, mas tenha o cuidado de
evitar palavras que podem confundir-
se com as da tabela que apresento no
capítulo seguinte.
Tabela das Letras Vivas
A - Abacate
B - Banana
C - Cavalo
D - Diamante
E - Elefante
F - Fantasma
G - Girafa
H - Hotel
I - Ilha
J - Jornal
K - Ketchup
L - Lâmina
M - Manteiga
N - Nuvem
O - Orelha
P - Pipoca
Q - Quadro
R - Relógio
S - Sapato
T - Tigela
U - Uniforme
V - Vassoura
W - Welwitcha
X - Xadrez
Y - Yamaha
Z - Zebra
Para lembrar-se desta tabela basta usar
um bocado de imaginação. Pode por
exemplo ver na sua mente o edifício de
um hotel em forma de “H”, ou uma
vassoura dupla que é feita com “V” de
cima para baixo. Mas na verdade,
estas palavras podem-se aprender
facilmente notando que todas elas
começam com a letra que são supostas
representar. Por isso, pode
simplesmente usar a sua memória
natural. E se quiser tornar o processo
mais rápido e eficaz, pode utilizar
cartões relâmpago.
Esta parece ser uma boa altura para
introduzir o tópico de cartões
relâmpago e software relacionado. Se
ainda não sabe do que se tratam, estes
cartões (conhecidos como “flashcards”
em Inglês) usam-se bastante para
memorizar coisas que pretendemos
recordar, escrevendo-se a pergunta na
frente e a resposta no lado de trás de
um cartão. O processo consiste em ver
a parte da frente do cartão e quando
não conseguimos nos lembrar da
resposta, revela-se a parte de trás e
passa-se para o próximo cartão.
Depois de várias repetições, as
respostas eventualmente se fixam na
nossa memória.
Este método é tão popular que existe
uma enorme quantidade de software e
web-sites dedicados a usarem a versão
digital, com as vantagens que
computadores e dispositivos móveis
oferecem.
Quando quis usar certos aplicativos de
flashcards no Windows 10, fiquei
desapontado por descobrir que eles
não me permitiam usar ficheiros
comuns como cartões relâmpago.
Felizmente tem um aplicativo novo
com essa funcionalidade: Seizum -
Master your flashcards ou
simplesmente Seizum.
Seizum permite usar ficheiros Word,
Excel ou de texto, e automaticamente
detecta quais os cartões que precisam
ser repetidos, quando se tenta digitar
uma resposta. Se quiser, pode
encontrá-lo na loja da Microsoft no
seu computador com Windows 10, ou
usar outro software que lhe agrade,
pois existem vários grátis. Também
pode até usar papel, embora isto não
seja muito ecológico!
E depois deste desvio, passemos a
utilização da tabela. Vamos supor que
queira recordar-se da palavra
“sudden” (súbito ou repentino) com
exatidão. Começando com a primeira
letra, “S”, vamos substituí-la pela
imagem correspondente, “sapato”.
Fazemos o mesmo com as outras
palavras, usando uma cadeia de
associações que começa com a
primeira letra e a letra a seguir, e
assim sucessivamente. O primeiro
objeto terá uma associação dupla, pois
que também nos deve fazer lembrar da
ideia que corresponde á palavra
inteira, neste caso, “súbito”.
Eu usei a seguinte cena: Uma mulher
andava descalça na rua e sentiu algo
súbito nos pés dela, que foram
cobertos com sapatos. Como os
sapatos não combinavam com o
vestido, ela despiu-se na rua e vestiu
um uniforme. Um homem que passava
na rua gostou tanto do uniforme que
ofereceu-lhe um diamante para o
comprar. Mas ela tirou do bolso um
diamante ainda maior e negou a oferta,
dizendo que ela preferia uma boleia
(carona) para casa. Imediatamente
apareceu outro homem montado num
elefante que lhe ofereceu uma boleia,
e a mulher imediatamente saltou para
cima. Tomado de um sentimento de
ciúme, o primeiro homem foi atrás
deles, mas eles desapareceram
rapidamente numa nuvem.
Esta cena foi escrita de imediato, sem
parar para pensar, e exatamente isso
que deve fazer. Qualquer história
ridícula serve, não se preocupe em
tentar encontrar associações perfeitas,
caso contrário, irá perder demasiado
tempo.
As desvantagens deste método são
óbvias: a cena é tão comprida
conforme a palavra que se pretende
recordar, e como é feita em cadeia, se
a memória nos falhar com uma palavra
(letra), é bastante provável que todas
as restantes palavras também não
venham à memória. Além disso, é fácil
que as estórias se confundam, devido
aos protagonistas comuns. Por outro
lado, este método permite associações
rápidas pois que as estórias aparecem
quase que automaticamente, e claro,
nos permite lembrar com exatidão
como soletrar a palavra em questão.
Outra vantagem importante é que esta
técnica nos obriga a prestar atenção à
cada letra da palavra. E como a
experiência e a psicologia nos
ensinam, a atenção é de grande
importância no processo de gravação
de memórias.
Este método pode e deve ser usado
conjuntamente com o método da
palavra-chave, quando possível. Por
exemplo, na cena anterior, podemos
visualizar a mulher descalça levando
um par de sandálias que nos serve de
palavra chave que nos faz recordar de
sudden, enquanto que a história nos
indica exatamente como se deve
soletrar a palavra. Depois de ter
recorrido à cena algumas vezes para
escrever a palavra, vai dar conta que
já não precisa dela, pois que vai
conseguir lembrar-se com facilidade
de como se soletra a palavra em
questão. A magia ter-se-á realizado, e
a palavra Inglesa estará bem retida na
sua memória de longo prazo.
O Método dos Pedaços
Se não gostou muito da última técnica,
ficará contente ao saber que criei outra
que serve o mesmo propósito. O
método consiste em tirar sílabas ou
“pedacinhos” do início de palavras
conhecidas e juntando-as, constituindo
assim a palavra que queremos
recordar.
Vamos usar como exemplo a palavra
Inglesa para cogumelo, que é
“mushroom”. Analisando em detalhe a
grafia, vamos procurar o máximo de
letras comuns no vocabulário
Português que tenham uma sequência
exatamente igual. Sem consultar um
dicionário, a primeira que me vem à
cabeça é “música”(3 primeiras
letras), claro, levando em conta que o
Inglês não usa acentos, exceto com
estrangeirismos. Tendo arrancado este
pedaço da palavra, ficamos com o
fragmento “hroom”. Como não consigo
pensar em nenhuma palavra Portuguesa
que comece com “hr” tenho de usar
somente o “h”, como na palavra
“hipopótamo”, sobrando assim
“room”. Como esta é uma palavra
Inglesa muito conhecida eu podia
utilizá-la na sua totalidade, e menciono
isto para realçar que neste método
pode misturar fragmentos de várias
línguas. Isto significa que quanto mais
palavras estrangeiras aprender, mais
fácil se torna a aplicação deste
método!
Para completar o nosso exemplo
vamos assumir que a leitora ou o leitor
não conhece ainda a palavra Inglesa
“room”, que quer dizer sala ou quarto.
Extraio assim o próximo pedaço, que
são as letras “ro”, iniciais da palavra
“rolo”. Isto nos deixa somente com
“om”, que são as letras iniciais de
“ombro”.
Temos assim os seguintes pedaços:
mus(música) + h(hipopótamo) +
ro(rolo) + om(ombro), ou um total de
quatro fragmentos. Compare com o
total de 8 letras que existem na palavra
“mushroom”! Mas ainda não
terminamos. Temos agora que indicar
quantas letras cada palavra Portuguesa
contribui na constituição de
“mushroom”. Para isso, vamos atribuir
as seguintes caraterísticas às nossas
palavras, de acordo com o número de
letras das quais precisamos extrair:
1 - Uma perna
2 - Duas pernas
3 - Duas pernas e uma bengala
4 - Quatro pernas
Se tiver cinco letras ou mais, sugiro
que utilize o método da palavra chave.
Agora podemos construir a nossa cena
mental: imagine que tem um cogumelo
mágico a tocar uma música tão bonita,
que do instrumento salta uma nota
musical sólida com duas pernas e uma
bengala. A nota está com fome e quer
comer o cogumelo. Mas um
hipopótamo que estava a dançar com a
sua única perna, decide impedir a nota.
Já estava a nota musical a levantar a
sua bengala contra o hipopótamo,
quando aparece um rolo de duas
pernas que disse que quem iria levar o
cogumelo era ele, pois que era um
ingrediente indispensável á sua pizza.
Chateado com o barulho, um ombro de
duas pernas que também estava a curtir
a música do cogumelo, decidiu dar um
encontrão á todos os confusionistas.
No fim da história, os protagonistas
podem aparecer em fila, de acordo
com a sua ordem ortográfica, e pode
também tentar visualizar a ortografia
Inglesa por cima deles.
Depois de ter recorrido à esta cena
algumas vezes para recordar-se da
grafia da palavra estrangeira, vai dar
conta que rapidamente vai deixar de
precisar dela. O facto de ter sido
inclinado a prestar atenção às letras
através deste exercício mental
agradável, e muito melhor do que
repetições, terá certamente contribuído
para este sucesso.
Lidando Com Acentos
Para terminar, vou abordar o tópico de
acentos, pois que apesar de eles não
serem usados na língua Inglesa, será de
utilidade quando quiser aprender
outros idiomas. Isto faz-se com maior
facilidade usando o método dos
pedaços que acabei de descrever, ou
com a técnica das letras vivas.
Como já deve ter adivinhado, o
método consiste em atribuir
caraterísticas aos personagens da
nossa cena mental. Por exemplo,
podemos representar o trema (usado
no Português Brasileiro antes do
acordo ortográfico) presente em certas
palavras Alemãs, tais como
“ursprünglich”, com dois olhos
exageradamente grandes. Os acentos
na palavra Checa “osvětlení”, podem
ser representados por um chapéu
invertido e uma antena (de inseto). No
método das letras vivas, seria o
elefante a usar o chapéu. No método
dos pedaços, ou da palavra chave,
ponha a ornamentação sobre o
protagonista para lhe fazer lembrar que
leva os acentos indicados. As regras
do idioma serão de ajuda para indicar
onde deve colocar cada acento.
6. O Fantástico
Dicionário Mental
Multilíngue
Prepare-se para o capítulo mais
excitante deste livro. Com os
conhecimentos adquiridos nas páginas
anteriores, podemos agora aprender
um sistema que nos vai permitir
alcançar o extraordinário: reter na
nossa mente um dicionário com
traduções para dez mil palavras
Portuguesas, não só em Inglês, mas em
todos os idiomas que quisermos
dominar! Este sistema reúne as
técnicas aprendidas para que possa
adquirir vocabulário estrangeiro de
uma forma sistemática, organizada e
eficaz.
Embora é possível aprender novo
vocabulário através de repetições,
cartões relâmpago (flashcards), ou
usando o método mnemotécnico da
palavra chave por si só, é preferível
guardar as palavras aprendidas num
arquivo mental organizado. Da mesma
forma que lhe é mais fácil encontrar
ficheiros no seu computador se eles
estiverem organizados em pastas
relevantes, também nos vai ser mais
fácil encontrar a tradução de uma
palavra se ela estiver corretamente
organizada num dicionário mental. E é
precisamente isto que vamos fazer:
cada palavra que aprendermos terá um
número e lugar único no nosso arquivo
mental.
Além de lhe ajudar a tornar-se num
verdadeiro poliglota, este sistema vai
lhe dotar de um talento aparentemente
sobrenatural. Você poderá entregar a
sua lista de palavras à qualquer pessoa
e pedir um número aleatório da lista.
Ouvindo o número, poderá dizer não
só a palavra Portuguesa à que
corresponde, mas também todas as
traduções nos idiomas que aprendeu!
Para realizar este prodígio, teremos
que preparar o nosso Arquivo
Mnemônico de Idiomas (AMI). Antes
de o fazermos, é necessário aumentar
os nossos conhecimentos de
mnemotécnica.
A Metamorfose dos Números
Todos sabemos que palavras são de
um modo geral mais fáceis de recordar
do que números. Por isso, uma das
antigas técnicas de mnemotécnica
consiste em transformar números em
consoantes, com as quais podemos
criar palavras. Desta maneira, pode-se
obter o número aplicando o processo
inverso.
Para executar esta técnica vamos
aprender uma tabela, que é baseada na
semelhança dos sons de certas
consoantes, que são agrupadas para
representarem um determinado
algarismo. Existem tabelas diferentes
no mundo da mnemotécnica, que
naturalmente diferem em vários
idiomas, devido à diferença de sons. A
tabela seguinte foi preparada levando
em conta leitores que falam Português
Europeu ou similar, como de Angola
ou Moçambique, e claro, leitores
Brasileiros.
Tabela Mnemônica Para Números
Algarismo Sons de Consoantes
0
s, z, ç, sa, se, si, so, su,
za, ze, zi, zo, zu, ça, ce,
ci, ço, çu
1 t, d, ta, te, ti, to, tu, da,de, di, do, du
2 n, na, ne, ni, no, nu
3 m, ma, me, mi, mo, mu
4 r, ra, re, ri, ro, ru
5 l, la, le, li, lo, lu
6
ch, j, x, ja, je, ji, jo, ju,
cha, che, chi, cho, chu,
xa, xe, xi, xo, xu, ge, gi
7 c, g, k, q, ca, co, cu, ga,
go, gu, qua, que, qui, quo
8 f, v, fa, fe, fi, fo, fu, va,ve, vi, vo, vu
9 b, p, ba, be, bi, bo, bu,pa, pe, pi, po, pu
Volto a realçar que o som é o mais
importante na conversão. Vamos por
exemplo analisar a letra “c”. Por si só,
seguida de outra consoante ou quando
soa como “k” tal como na palavra
“cão”, tem o valor de 7. Mas quando
toma o som de “s” como em “aceso” é
convertida para 0. Já quando se junta
um “h” que muda o som para “x” tal
como na palavra “chamar”, o valor é
6.
Para nos recordarmos desta tabela
podemos recorrer à nossa imaginação
como temos feito até agora. Também
podemos empregar cartões relâmpago
em conjunto. Aqui estão alguns
auxílios mnemônicos para cada um
destes sons e os algarismos
correspondentes:
0 - Zero começa com “z”
1 - O número um é parecido com um
“t”
2 - O “n” tem duas pernas
3 - O “m” parece um três virado
4 - Um retângulo começa com “r”.
Um retângulo tem quatro lados
5 - Língua começa com “l”. Um rapaz
põe cinco dedos em cada ouvido e
usa a sua língua para fazer la-la-la-
la-la
6 - Colocando um “c” por cima de
um “h” o número a que mais fica
parecido é seis
7 - Cabelo começa com “c”. Se em
cada dia cresce um cabelo, numa
semana tem-se sete cabelos
8 - Um oito parece um fio enrolado.
Fio começa com “f”
9 - Se endireitarmos o traço de um
nove, ele se parece com um “p”
invertido, e depois de virado para
baixo fica um “b” 
Vejamos alguns exemplosde
conversão de palavras para números:
Paraíso → p r s → 940
Nuvem → n v m → 283
Calção → ca l ç → 750
Janela → j n l → 625
redondo → r d n d → 4121
quando → q n d → 721
sozinho → s z n → 002
gabinete → ga b n t → 7921
gente → ge n t → 621
possuir → p s s r → 9004
andorrano → n d r r n → 21442
chupeta → ch p t → 691
água → gu → 7
E como conversão inversa:
947 → p/b r c/k/q → parque
8203 → f/v n s/z/ç m → fauna sumo
É fácil notar que todas as palavras
podem ser convertidas para um
número, porém nem todos os números
se podem converter para uma palavra
Portuguesa inteira, isto é, por vezes é
necessário usar mais de uma palavra.
Na próxima vez que quiser recordar-se
de um número de telefone, data de
aniversário, conta bancária, ou
qualquer outra sequência de
algarismos, já sabe o que fazer.
Converta o número para uma ou mais
palavras e faça uma associação com o
objeto ou ideia em questão.
Arquivo Mnemônico de
Idiomas
Para podermos recordar até dez mil
palavras podemos simplesmente
converter cada número de 1 até 10000
numa palavra e usar cada palavra
como gaveta, como já aprendemos. No
entanto, a criação desta tabela iria
levar demasiado tempo. Por isso,
proponho uma solução alternativa.
Vamos aprender uma tabela de 100
palavras. Todas as palavras desta
tabela podem combinar-se com as
outras e entre si, o que nos vai dar 100
x 100 = 10000 gavetas!
Para podermos facilmente representar
uma sequência de números, vamos
começar a nossa tabela com 00. O que
é necessário ter sempre em mente, é
que as palavras desta tabela indicam
apenas os dois primeiros algarismos
do número que representam. Todos os
algarismos seguintes, caso existam,
devem ser ignorados.
Para lembrar-se da tabela pode utilizar
o seu arquivo topográfico de cem
lugares, que criou anteriormente. Ela
também é fácil de recordar se tentar
converter o número correspondente
numa palavra.
Tabela de Duplos Dígitos
00 - osso
01 - satélite
02 - sino
03 - semente
04 - seringa
05 - selo
06 - seixo
07 - saco
08 - asfalto
09 - sapo
10 - taça
11 - tatuagem
12 - tenda
13 - tamarindo
14 - torta
15 - televisão
16 - tijolo
17 - deque
18 - tofu
19 - tapete
20 - anis
21 - nata
22 - nenê
23 - nhambu
24 - nariz
25 - anel
26 - anjo
27 - âncora
28 - navio
29 - napa
30 - massa
31 - moto
32 - montanha
33 - mamadeira
34 - muralha
35 - mala
36 - machado
37 - maquete
38 - móvel
39 - mapa
40 - rosa
41 - rato
42 - rinoceronte
43 - remo
44 - arrecadação
45 - relva
46 - argila
47 - régua
48 - árvore
49 - raposa
50 - lasanha
51 - leite
52 - linha
53 - limão
54 - loura
55 - lulu
56 - loja
57 - leque
58 - alface
59 - lápis
60 - jasmim
61 - jade
62 - chinelo
63 - chama
64 - jardim
65 - chaleira
66 - jujuba
67 - jacaré
68 - chave
69 - chapéu
70 - gasosa
71 - gato
72 - canoa
73 - camelo
74 - corda
75 - coleira
76 - caju
77 - caco
78 - cave
79 - cabo
80 - vaso
81 - fato
82 - vinho
83 - vampira
84 - famoso
85 - viola
86 - fecho-ecler
87 - vaca
88 - vovô
89 - vapor
90 - passaporte
91 - pato
92 - pente
93 - puma
94 - pirata
95 - pelo
96 - apache
97 - boca
98 - pavão
99 - papa
Esta tabela tem uma mistura de
Português Europeu e Brasileiro. Por
exemplo nhambu é uma ave Brasileira
e fecho-ecler ou simplesmente fecho, é
conhecido no Brasil como zíper. O que
importa é que se habitue a usar a grafia
certa quando fizer a conversão da
imagem mental para os
correspondentes dígitos e vice-versa.
Tendo em conta que as diferenças são
pouquíssimas, estou certo que esta será
uma tarefa fácil.
Organização do Dicionário
Mental Multilíngue
E agora estamos preparados para criar
o Dicionário Mental Multilíngue ou
Arquivo Mnemônico de Idiomas. O
arquivo contém dez mil gavetas,
numeradas de 0000 até 9999. Cada
gaveta vai ter como rótulo uma palavra
única no nosso idioma principal, neste
caso o Português. Estas palavras ou
rótulos, servirão de índice para as
respetivas traduções em todos os
idiomas que aprendermos. Cada gaveta
vai conter várias pastas que
correspondem aos vários idiomas do
nosso dicionário. Estas pastas vão
conter a tradução da palavra-rótulo, no
idioma correspondente.
Por vezes um determinado vocábulo
pode pertencer à mais de uma classe
de palavras, por exemplo, adjetivo ou
substantivo, tendo por consequência
mais que um significado e naturalmente
mais de uma tradução correspondente.
Nestes casos, cada pasta associada à
esta palavra terá por sua vez subpastas
correspondentes à cada uma dessas
traduções, que vão conter a tradução
para cada classe de palavra.
Vamos ver um exemplo de uma
representação gráfica desta estrutura,
para o caso mais simples em que
existe apenas uma classe de palavra
para o nosso vocábulo:
Ou um caso mais complexo em que o
vocábulo pode ser adjetivo ou
substantivo:
Vamos ver um exemplo prático para o
caso mais simples:
E um exemplo prático para o segundo
caso:
Devido a similaridade de sons neste
exemplo provavelmente muitos
poderão optar em arquivar apenas uma
classe de palavras. Vejamos outro
exemplo do mesmo tipo:
Este último exemplo é interessante
porque no Inglês, assim como no
Português, a mesma palavra (adhesive)
é usada tanto para o adjetivo como
para o substantivo. Já em alguns
idiomas, existem palavras diferentes,
como pode constatar. Note que só
precisa usar subpastas quando for
necessário para o idioma em questão.
As gavetas criam-se juntando as
palavras dos correspondentes números
da tabela de duplos dígitos. Por
exemplo:
0000 = osso + osso
1260 = tenda + jasmim
9224 = pente + nariz
9999 = papa + papa
Como pastas utilizamos o nosso
arquivo topográfico. Por exemplo, eu
uso o primeiro lugar do meu arquivo
topográfico como pasta para o
Alemão. A ordem não importa, e pode
ir usando mais lugares quando quiser
aprender idiomas adicionais, até ao
limite do arquivo topográfico, que
inicialmente suporta até cem idiomas!
Se estiver excecionalmente
entusiasmado em aprender ainda mais
idiomas, basta simplesmente aumentar
o seu arquivo topográfico... Se for
necessário, use a técnica de atribuição
de caraterísticas aos seus lugares, para
identificarem que idioma representam.
Porém, quase todas as pessoas não vão
requerer este passo adicional.
E como vamos proceder para criar
subpastas dentro das pastas, quando
for necessário? Para isso utilizamos a
técnica do palácio mental. Em cada
lugar no seu arquivo topográfico, que
corresponde á um determinado idioma,
identifique no mínimo dois objetos que
possa utilizar como subpastas. Para
evitar confusões, tome o cuidado de
evitar objetos que estejam numa das
tabelas expostas. Por exemplo, para o
meu primeiro lugar, casa, eu utilizo o
sofá e o candeeiro como subpastas.
Se quiser adotar maior rigor, ou se
achar útil, pode reservar cada objeto
para uma determinada classe de
palavras; por exemplo, a mesa só para
verbos e o sofá apenas para adjetivos.
Quando precisar de mais de duas
categorias, basta escolher outro objeto.
Se na realidade não existem objetos
adequados no seu lugar topográfico,
pode usar um objeto inventado. Como
já concordamos antes, no mundo da
sua imaginação quem manda é você!
Preparação da Lista de
Palavras
Como qualquer dicionário de dois ou
mais idiomas, tem de haver uma
correspondência entre o vocábulo
estrangeiro e o da língua materna. Isto
quer dizer, que para ter todas as
gavetas do seu arquivo prontas para
uso, vai ter de as rotular ou etiquetar,
ou seja, terá de memorizar dez mil
palavras Portuguesas, que lhe servirão
de índice para o seu dicionário mental
multilíngue. Mas fique descansado,
pois vai fazê-lo de forma gradual. Será
preferível que as palavras sejam
organizadas alfabeticamente, tal como
num dicionário. Por exemplo, a sua
lista pode ter palavras como as
seguintes:
0000 – abacaxi
0001 – abade
0002 – abafar
0003 – abaixo
0004 – abalar
0005 – abanar
0006 – abandonar
0007 – abarcar
0008 – abastecer
0009 – abater
Além dos benefícios de uma melhor
organização, uma das vantagens de ter
a lista em ordem alfabéticaé que se
por acaso nos esquecermos da palavra
que pertence à uma determinada
gaveta, podemos consultar as palavras
adjacentes, que nos vão dar uma ideia
sobre as letras iniciais da palavra
esquecida. Já me aconteceu ter
dificuldade em recordar-me de uma
determinada palavra, apesar de
conseguir visualizar a imagem mental.
Graças à organização alfabética,
conseguia segundos depois, voltar a
lembrar-me dela.
Em teoria podia também agrupar as
palavras por temas, mas isso seria
pouco vantajoso. A organização
alfabética é ainda importante porque
certamente terá na sua lista palavras
sinônimas, que poderão ter imagens
mentais idênticas. O índice alfabético
vai ajudar-lhe a distinguir e a
identificar as palavras que
correspondem à cenas mentais
similares, especialmente quando se
tratarem de palavras abstratas.
A primeira coisa a fazer seria obter
uma lista de dez mil palavras comuns,
que serviriam de índice para todos os
idiomas que aprendermos. Procure
encontrar de preferência uma lista em
formato digital. Deste modo pode
colar a lista numa planilha, organizá-la
alfabeticamente, e usar o programa
para numerar essas palavras de
automaticamente.
Se por acaso já domina o idioma
Inglês tão bem quanto o Português,
sugiro que utilize palavras Inglesas
como índice para o seu arquivo, pois
que é muito mais fácil encontrar listas
de palavras em Inglês. Outra
alternativa é pedir à uma pessoa amiga
que fale o Inglês para procurar listas
de palavras frequentes em Inglês.
Depois de traduzir a lista, poderá
então arranjá-la em ordem alfabética
do vocabulário Português.
Arquivo de Trabalho e Arquivo
Permanente
Na prática, muitos terão dificuldades
em preparar uma lista de dez mil
palavras em pouco tempo. E mesmo
que o faça, ou que tenha já uma lista
disponível, vai eventualmente deparar-
se com uma palavra nova que não
conste desta lista. Por isso recomendo
que todos organizem a sua lista e
arquivo mental como descrevo a
seguir, o que lhe vai permitir utilizar
este sistema imediatamente e tirar dele
maior benefício. Note que com
arquivo, refiro-me à um conjunto de
gavetas.
O seu arquivo mental vai ser dividido
em duas partes. Reserve os primeiros
1000 números, isto é, de 0000 à 0999
para o seu arquivo de trabalho, onde
as gavetas podem ser rotuladas em
ordem aleatória. Os restantes 9000
números (de 1000 à 9999) serão
dedicados ao seu arquivo permanente
, de ordem alfabética. Por exemplo,
podia organizar a sua lista ou
palavras-rótulo da seguinte maneira:
Lista de Trabalho
0000 – ultrapassar
0001 – mesa
0002 – avião
0003 – lembrar
...
0998 – cadeira
0999 – sobremesa
Lista Permanente
1000 – abacaxi
1001 – abafar
1002 – abalar
...
9998 – zebra
9999 – zumbido
O seu arquivo de trabalho é de certa
forma temporário. Imagine que cada
gaveta tem um rótulo escrito a lápis,
que pode apagar e mudar sempre que
quiser. Neste arquivo você irá rotular
até 1000 gavetas em ordem aleatória,
com palavras dos idiomas que está a
aprender no momento. Em vez de criar
essa lista de palavras-rótulo em
avanço, você pode e deve ir
acrescentando gradualmente os rótulos
das palavras Portuguesas que
correspondem aos novos vocábulos
estrangeiros que está a aprender.
Vamos supor que esteja a fazer um
curso de Inglês numa escola ou online
e lhe acabaram de ensinar a tradução
Inglesa para as palavras morango,
cozinha, e janela. Para não se esquecer
delas vai rotular as três primeiras
gavetas do seu arquivo de trabalho que
estiverem disponíveis. E
imediatamente vai armazenar na pasta
para o Inglês nas respetivas gavetas,
os vocábulos que aprendeu
(strawberry, kitchen, window). Em
breve vou explicar em detalhe como
fazer isto.
Como vai levar algum tempo até
preencher por completo o seu arquivo
de trabalho, dedique pelo menos
alguns minutos todos os dias para ir
criando a sua lista permanente de
palavras, que estará organizada em
ordem alfabética. Para isso, pode usar
um dicionário, donde irá escolher
palavras de uso comum. Não se
preocupe ainda em adicionar a
tradução. É mais importante ter
primeiro todos os números do seu
arquivo permanente atribuídos à uma
palavra Portuguesa (rótulo) porque
quando lhe aparecer uma palavra
Inglesa que pretende recordar, vai ter
já o número da gaveta onde ela deve
ser armazenada. Também não precisa
ainda rotular as gavetas no seu arquivo
permanente mental, basta apenas ir
anotando os números das palavras em
ficheiros no seu computador, de
preferência num formato que possa ser
lido por um aplicativo de flashcards,
como por exemplo o Seizum.
Quando tiver preenchido o seu arquivo
de trabalho, parabéns, você aprendeu
1000 palavras! Você pode ainda
continuar a usar o seu arquivo de
trabalho para palavras adicionais que
ainda não tenham um número dedicado
no arquivo permanente. Para isso, 
descarte as palavras que já não precisa
manter mnemonizadas por já as
conhecer muito bem, e reuse essas
gavetas (números) para colocar outro
rótulo (palavra Portuguesa) onde irá
armazenar o novo vocábulo Inglês que
lhe interessa.
Um sinal perfeito de que pode
reutilizar uma determinada gaveta do
seu arquivo de trabalho, é quando já
nem se recorda ou necessita da cena
mental que usou para guardar a
tradução, mas conhece
instantaneamente a tradução Inglesa. 
Isto significa que a palavra Inglesa já
está na sua memória de longo prazo, e
o ficheiro no seu arquivo de trabalho
já não tem mais utilidade nenhuma.
Entretanto, vai continuar estendendo a
sua lista permanente até ela estar
concluída! Quando chegar a este ponto
pode ir começando a colocar esses
rótulos no seu arquivo permanente
mental, e simultaneamente ir gravando
as traduções Inglesas nas respetivas
gavetas.
Rotulando as Gavetas
Até aqui já ficou claro que as suas
listas de palavras, são também os
rótulos ou etiquetas que irá gravar nas
gavetas do seu arquivo de trabalho e
nas gavetas do seu arquivo
permanente. Para efetuar esta
gravação, vai fazer uma associação
mnemônica entre a palavra-rótulo e o
número da gaveta. Por exemplo, para
colocar o rótulo “cômico” na gaveta
com o número 1260 (tenda + jasmim),
faz uma associação tripla entre
“tenda”, “jasmim” e “cômico”.
Como já aprendemos como se faz uma
associação tripla, vou apenas abordar
dois pontos pertinentes:
1) Quando houver uma gaveta com
duplos dígitos repetidos como em
6868 (chave + chave), torne isso claro
na sua cena, fazendo com que a
imagem representante do duplo digito
apareça duas vezes. Por exemplo, se a
palavra-rótulo para 6868 fosse
“cama”, podia imaginar alguém a usar
duas chaves especiais. Com uma chave
abria o quarto, e com a outra chave
trancava os olhos antes de se deitar na
cama para dormir.
2) Durante a associação tripla, procure
dar ênfase ao primeiro duplo dígito, de
maneira a preservar a ordem, uma vez
que todos os duplos dígitos serão
associados duas vezes, por exemplo
1260 (tenda + jasmim) e 6012 (jasmim
+ tenda). Isto pode ser feito dando um
tamanho muito maior ao primeiro
duplo dígito, ou fazendo com que ele
apareça primeiro na cena que for
imaginada.
Para demonstrar o segundo ponto,
compare as seguintes cenas, que dão
exemplo de como colar ou gravar os
rótulos “cômico” e “pulseira” nas
gavetas 1260 e 6012 respetivamente:
1260 – cômico: numa tenda enorme
tinha uma pequena jasmim, que um
cômico tentava fazer rir com piadas
sobre flores
6012 – pulseira: num jardim uma
jasmim gigantesca oculta uma
pequena tenda onde uma mulher
procura a sua pulseira
Embora seja possível que as duas
cenas venham à memória, com
qualquer um destes números, o
importante é que vai conseguir
facilmente distinguir entre elas.
Armazenando Traduções
Quando uma gaveta está rotulada, ela
está pronta a receber quantas traduções
quisermos. Para armazenar uma
tradução, deve criar uma outra
associação tripla entre o vocábulo
estrangeiro e o número da gaveta (os
dois duplos dígitos). Além disso, esta
cena tem que estar claramente
associada ao lugar do nosso arquivo
topográfico que serve de pasta para o
idioma desejado. Isto significa que o
mesmo lugar topográfico será utilizado
para

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