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Tosse Crônica: - Tosse significa expelir ar subitamente dos pulmões, em geral por meio de uma série de esforços, com ruído explosivo provocado pela abertura da glote. - A repetição frequente da tosse constitui sintoma de doença, assumindo, portanto, relevância clínica. - O mecanismo de transporte ciliar é o mecanismo preferencial de limpeza das vias aéreas em indivíduos sadios, ao passo que a tosse serve como mecanismo fundamental de reserva, sobretudo em portadores de doença pulmonar. - É um sintoma encontrado em doenças pulmonares e extrapulmonares, sendo, assim, uma das maiores causas de procura por atendimento médico. OBS.: A tosse pode provocar incontinência urinária, perturbação do sono, bem como interferir nas atividades profissionais e sociais do indivíduo. - A tosse é capaz de impedir a entrada de material estranho no trato respiratório, além de remover outros materiais não gasosos da árvore respiratória (p. ex., secreção excessiva, corpo estranho). - Ela transporta secreções e material eventualmente aspirado das vias aéreas inferiores e laringe, conduzindo-os à faringe, de onde são expectorados ou deglutidos. - Como manobra involuntária, a tosse parece ser um fenômeno exclusivamente vagal desencadeado pelos receptores neurais do tipo RASs (rapidly irritant receptors) e pelas fibras C, encontrados na parte inferior da orofaringe, da laringe e do trato respiratório inferior, em especial carina e áreas de bifurcação brônquica, além de membrana timpânica, meato auditivo externo, cavidade nasal, seios maxilares, pleura, pericárdio, diafragma, esôfago e estômago. - Tosse, acompanhada ou não de expectoração, é sempre uma anormalidade. Em um paciente com tosse, a anamnese deve ser minuciosa e o exame físico, bastante criterioso. - Deve ser solicitado que o paciente tussa durante a entrevista. Quando a tosse for produtiva, o médico solicitará ao paciente que expectore para serem avaliados o aspecto e a cor da secreção expelida. - De acordo com a duração da tosse, ela pode ser: → Aguda: autolimitada, com duração inferior a três semanas → Subaguda: tosse de duração entre 3-8 semanas → Crônica: tosse superior a oito semanas - De acordo com as características clínicas, a tosse pode ser: → Improdutiva: também descrita como seca ou reflexa, é encontrada em várias doenças, principalmente nos estágios iniciais. *Destacam-se tuberculose, pneumonia, refluxo gastresofágico, doenças do tecido conjuntivo (esclerose sistêmica progressiva), fibroses pulmonares, câncer brônquico, fibrose cística, asma brônquica, bronquite crônica, faringite crônica, laringotraqueobronquite, exposição a poeiras e gases irritantes, corpo estranho nas vias aéreas superiores, pólipos nasais, tumor de mediastino, bócio, aneurisma de grandes vasos, derrame pericárdico e pneumotórax. → Produtiva: é frequente nos estágios tardios de doenças broncopulmonares, que podem ter tido início agudo. *Aí estão bronquite crônica, focos supurativos de vias aéreas superiores, tuberculose, bronquiectasias, coqueluche, abscesso de pulmão, carcinoma brônquico, broncostenose de qualquer causa, micoses pulmonares, asma brônquica complicada e empiema pleural com fístula broncopleural. → Paroxística: é observada na coqueluche, nas bronquiectasias, no abscesso de pulmão, no refluxo gastresofágico e em outras situações. *A tosse paroxística, precipitada pelo esforço físico, é encontrada nas seguintes situações clínicas: insuficiência cardíaca, asma brônquica, fibrose pulmonar, câncer brônquico, tumores e aneurismas do mediastino, pneumotórax e derrame pleural ou pericárdico. → Laríngea: costuma ser de tonalidade metálica. Uma de suas variantes é frequentemente rotulada pelo leigo como “tosse de cachorro”. *Origina-se em geral de espasmo laríngeo causado por infecções virais, aspiração de corpo estranho e alimentos, gases irritantes, úlceras, câncer de laringe e comprometimento do nervo recorrente na dependência de aneurismas, bócio intratorácico, invasão mediastinal por câncer, adenopatias e abscesso. → Reprimida: observa-se uma tentativa voluntária de suprimir a tosse que pode desencadear dor nas seguintes condições: fratura de costela, derrame pleural inflamatório, pleurodinia, nevralgia intercostal, laringotraqueobronquite aguda (geralmente viral) e afecções dolorosas da coluna e do abdome. - A tosse pode ser desencadeada por várias afecções localizadas em múltiplos sítios anatômicos distintos (zonas tussígenas). - O desafio diagnóstico e a profundidade da investigação clínica dependerão de uma série de fatores, dos quais a duração do sintoma tem importância ímpar. - As causas mais comuns de tosse crônica são síndrome da tosse de vias aéreas superiores, asma e refluxo gastresofágico, embora diversas outras razões importantes devam ser consideradas nesses pacientes. - A tosse aguda é causada mais comumente por infecções virais, resfriado comum e infecções do trato respiratório inferior, as traqueobronquites. *Quando associada a resfriado comum, será observada em 85% das pessoas nas primeiras 48 horas da infecção e em apenas 26% no 14o dia. *Pode, também, ser manifestação de outras doenças, como pneumonia, insuficiência cardíaca congestiva e tromboembolismo pulmonar. - A tosse crônica causa importante transtorno a um número apreciável de pacientes e impõe a necessidade de uma avaliação criteriosa. - É constituída por: → Síndrome da tosse de vias aéreas superiores → Hiper-reatividade brônquica → Doença do refluxo gastroesofágico *Dados atuais revelam que 90% dos pacientes com tosse crônica apresentam pelo menos um dos componentes dessa tríade. - Se a avaliação clínica sugere mais de um diagnóstico, ou se houver falha na tentativa de tratamento para uma ou mais causas, deverão ser investigadas todas as possibilidades. - Como consequência obrigatória, a menos que todas as causas sejam tratadas, a tosse persistirá. 1. Síndrome da tosse de vias aéreas superiores - Anteriormente chamada de síndrome do gotejamento pós-nasal (GPN), vem sendo reconhecida como a causa mais comum de tosse crônica. - Existem diversos fatores desencadeantes e mantenedores da síndrome, como rinite alérgica, rinite não alérgica, irritantes ambientais, rinite vasomotora e rinossinusite. - Por outro lado, o termo “gotejamento pós-nasal” vem sendo empregado por alguns autores tanto para pacientes que referem a sensação de ter algo “gotejando para dentro da garganta” e/ou a necessidade frequente de “limpar a garganta”, como para pacientes nos quais o exame físico da orofaringe indica presença de secreção mucoide ou mucopurulenta. - O diagnóstico presuntivo é estabelecido pela história clínica. - As secreções são drenadas para faringe, laringe e traqueia, causando tosse com expectoração que pode suscitar falsa hipótese diagnóstica de afecção broncopulmonar. - Não existe um exame que quantifique o GPN, sendo que, para o diagnóstico de tosse associada à STVAS, é necessária uma combinação de fatores: sintomas, exame físico, achados radiológicos e, atualmente, resposta terapêutica. A resposta terapêutica confirma o diagnóstico de STVAS. - Além de tosse crônica, as afecções dos seios paranasais podem ocasionar outras manifestações, como fungar, assoar, pigarrear e aspirar a faringe. *Fungar e assoar traduzem comprometimento das narinas. *As duas outras manifestações indicam presença de secreções na faringe. - O “sinal da aspiração faríngea” é definido como a manobra caracterizada pela deliberação forçada de ar produzida pela inspiração, através da fenda virtual que separa o palato mole da parede posterior da faringe e que acompanha de ruído característico, seguida de expectoração ou deglutição do catarro aspirado. - A tosse noturna, intensificadapelo decúbito dorsal, também constitui sinal valioso para a suspeita de gotejamento pós-nasal. - A terapêutica mais efetiva é realizada com anti- histamínico de primeira geração, associado a descongestionante e antibiótico. - Os anti-histamínicos não sedantes mais recentes, associados a descongestionantes, não são efetivos. - Quando a causa é rinite alérgica, recomenda-se evitar os alergênios agressores e utilizar um corticoide via intranasal ou o cromoglicato. - Caso o paciente seja portador de rinossinusite, deve- se associar um antibiótico adequado. - A melhora pela terapêutica apropriada ocorre habitualmente no período de alguns dias a semanas, porém uma resposta total pode levar um tempo consideravelmente mais prolongado. 2. Hiper-reatividade brônquica: - Deve ser sempre excluída como causa de tosse, já que corresponde a cerca de 24 a 29% dos casos de tosse crônica. - Os pacientes, na maioria das vezes, têm tosse associada a outros sintomas de asma, mas em alguns casos pode ser o único sintoma da doença, o que caracteriza a asma tosse-variante. - Essa “tosse variante de asma” é caracterizada por ser improdutiva, persistente e geralmente piorar à noite. - Costuma também ser exacerbada por infecções do trato respiratório superior, exercício e frio. - A ausculta pulmonar, o estudo radiológico do tórax e a espirometria costumam ser normais. - O diagnóstico de tosse variante de asma muitas vezes é feito somente pela suspeição clínica e pela demonstração de um teste de broncoprovocação (TBP) positivo. - Portanto, um TBP positivo em paciente com tosse crônica e nenhuma outra causa aparente sugere o diagnóstico de tosse variante de asma. - A patogenia da tosse na hiper-reatividade brônquica ainda não está bem elucidada. - É provável que receptores da tosse sejam funcionalmente diferentes dos outros receptores de irritação, e a tosse pode ocorrer como reflexo independente da broncoconstrição. - Entretanto, como estão intimamente relacionados, podem potencializar um ao outro. Assim, por exemplo, os receptores da tosse responderiam à deformação mecânica das vias aéreas observada na broncoconstrição. - Quando não for possível realizar testes como o TBP, a resposta ao tratamento com broncodilatador e/ou corticoide poderá constituir-se em critério diagnóstico. - A resposta terapêutica específica confirma o diagnóstico. A terapêutica não difere daquela usada para a asma típica. → Os corticoides sistêmicos são utilizados nos casos graves. → Os beta2-agonistas de ação curta proporcionam alívio dos sintomas agudos. → Utilizar espaçador associado ao nebulímetro diminui a probabilidade de o medicamento desencadear tosse. - Pode ser observado algum nível de benefício no período de uma semana, porém não é incomum a necessidade de 6 a 8 semanas para a obtenção de uma resposta completa. 3. Doença do refluxo gastroesofágico: - Constitui entidade clínica reconhecida na literatura médica atual, sendo associado a uma variedade de sintomas respiratórios, particularmente à tosse crônica. - A prevalência de tosse relacionada com refluxo gastresofágico em alguns estudos varia de 5 a 41%. - Por definição, refluxo gastresofágico corresponde ao deslocamento retrógrado do conteúdo gástrico para o interior do esôfago e, às vezes, para a faringe. - Esse material, que contém ácido clorídrico, pepsina, ácidos biliares e enzimas pancreáticas, é irritativo para a mucosa esofágica. - O refluxo gastresofágico pode ser assintomático, mas também pode gerar consequências que vão desde a sensação de pirose até formas graves de doenças esofágicas e extraesofágicas. - Tosse crônica, disfonia, soluço, broncoconstrição e dor torácica não cardíaca são reconhecidas como manifestações extraesofágicas do refluxo gastresofágico, também chamadas de atípicas. - A tosse pode ser a única manifestação clínica de refluxo gastresofágico e geralmente responde ao tratamento específico. - Embora a tosse possa ser provocada pelo refluxo que atinja hipofaringe e/ou laringe, sem aspiração desse material para as vias aéreas inferiores, a estimulação das vias aferentes do reflexo tussígeno no esôfago distal constitui o mecanismo mais aceito como causa de tosse. - O refluxo gastresofágico deve ser lembrado quando os pacientes apresentarem queixas como pirose, regurgitação, disfonia, e/ou quando a monitoração prolongada do pH intraesofágico revelar valores acima dos fisiológicos e/ou a tosse parecer ser induzida por episódios de refluxo na ausência de sintomas gastrintestinais. - O refluxo gastresofágico, obviamente, pode coexistir com asma e/ou rinossinusite. - O conteúdo gástrico refluído ao esôfago pode ser responsável por tosse crônica, broncoconstrição intermitente ou pneumonias recorrentes. - Tosse ou sibilância podem ocorrer imediatamente antes, durante ou logo depois, ou ser independentes temporalmente dos episódios do refluxo gastresofágico. → Se ocorrem logo antes, deve ser o efeito mecânico da tosse e/ou da broncoconstrição que os provoca: esse refluxo consequente da tosse, por sua vez, pela irritação provocada nas vias aéreas, aumenta mais ainda o estímulo da tosse. → A tosse e a sibilância podem ser secundárias à aspiração quando surgem durante ou imediatamente após o refluxo. - A tosse relacionada com o refluxo gastresofágico é um reflexo mediado pela via vagal. > Pode ocorrer um ciclo de autoperpetuação do reflexo da tosse independentemente da causa primária dessa tosse. - O teste de pHmetria esofágica de 24 horas por cateter é o mais sensível e específico, e a inter-relação temporal entre a tosse e o refluxo é a constatação de maior utilidade. - Caso o teste de pH por sondagem não esteja disponível ou não possa ser realizado, ou se os sintomas do paciente forem sugestivos de refluxo gastresofágico, um teste empírico com a terapêutica para refluxo gastresofágico é uma alternativa. - A terapêutica mais efetiva inclui modificações dietéticas e do estilo de vida, um bloqueador H2 ou, preferencialmente, um inibidor da bomba de prótons e um agente pró-cinético. - Podem ser necessários até seis meses para uma resposta integral. - O diagnóstico é confirmado pelo desaparecimento da tosse com a terapêutica específica. - O teste diagnóstico é necessário caso não ocorra desaparecimento da tosse com o tratamento. - Deve ser levada em consideração a cirurgia em caso de falha terapêutica clínica. - O paciente portador de tosse crônica e radiografia de tórax aparentemente normal constitui um desafio médico. - As diretrizes dos consensos sobre o tratamento da tosse (American College of Chest Physicians3 e Sociedade Brasileira de Pneumologia) chamam a atenção sobre a necessidade de abordagem sistemática. - Demonstra-se que o conhecimento dos mecanismos fisiopatológicos da tosse é de grande utilidade no procedimento diagnóstico e no tratamento dos pacientes com tosse persistente. - Quando a radiografia de tórax é normal, a maioria dos casos de tosse crônica pode ser atribuída a síndrome da via aérea superior, asma e refluxo gastresofágico, além da síndrome pós-infecciosa e bronquite crônica. - As outras causas representam cerca de 10% dos casos, estando entre elas a tosse induzida por medicamentos, que tem sido constatada mais frequentemente desde a introdução dos inibidores da enzima conversora da angiotensina (ECA). - Causas menos frequentes de tosse crônica incluem presença de corpos estranhos e outras substâncias nos condutos auditivos externos (p. ex., cerúmen ou pelos aderentes à membrana timpânica, estimulando o nervo de Arnold); lesões do diafragma, pericárdio ou estômago; osteófitos da coluna cervical que estimulam os nervos aferentes que atingem o centro da tosse; e o hipotireoidismo. - Naturalmente,a tosse crônica pode também ser ocasionada por doença pulmonar (doença pulmonar intersticial e carcinoma), doença cardíaca e exposições ocupacionais. - Quando a avaliação clínica não possibilita um direcionamento diagnóstico, torna-se necessário uma sequência de testes, individualizados para cada paciente. I. Faz-se espirometria para detecção de obstrução reversível das vias aéreas, mesmo no contexto de um exame físico normal. A asma pode ser confirmada quando existe redução do fluxo aéreo, parcial ou completamente reversível após broncodilatador. II. Quando a espirometria é normal, realiza-se o TBP com metacolina ou carbacol. Uma redução de 20% ou mais do volume expiratório forçado no primeiro segundo (VEF1) é considerada critério de positividade do teste. III. Caso os resultados de espirometria e TBP sejam normais, sugerem-se avaliação de refluxo gastresofágico, radiografias dos seios paranasais e avaliação otorrinolaringológica (auditiva, nasal e faringiana). IV. A tomografia computadorizada (TC) dos seios paranasais constitui alternativa às radiografias quando estas forem normais. V. Dá-se preferência à monitoração do pH (24 horas), embora possa não estar universalmente disponível. O método detecta com acurácia o número e a duração dos eventos de refluxo, permitindo a correlação dos episódios de tosse com o refluxo, mesmo quando o número de eventos situar-se dentro da normalidade. VI. Quando a pHmetria de 24 horas não estiver disponível, pode ser feita terapêutica empírica. O desaparecimento completo dos sintomas pode exigir tratamento prolongado. VII. Se, após a realização dos testes mencionados, a causa da tosse não for demonstrável, deve-se considerar a indicação de broncoscopia, mesmo que sua utilidade seja pequena, quando a radiografia de tórax for normal. VIII. Sua utilidade é maior (até 28%) quando os pacientes não apresentam resposta terapêutica empírica. A indução da TC de tórax visa principalmente à detecção de bronquiectasias ao estudo radiológico convencional. IX. Finalmente, considera-se a possibilidade de tosse psicogênica, que é sempre um diagnóstico de exclusão. X. Deve-se manter o paciente em observação na tentativa de detectar doença orgânica. Pode estar indicada avaliação psiquiátrica. - O tratamento da tosse crônica deve ser individualizado, levando-se em consideração as características do paciente e os recursos disponíveis. - Quando a avaliação clínica inicial sugere o diagnóstico específico, é adequada a terapêutica empírica associada ou não a exames confirmatórios. - Quando não existem dados clínicos significativos, recomenda-se a realização de teste sequenciais. 1. Síndrome da tosse das vias aéreas superiores - Deve-se tratar a síndrome da tosse das vias aéreas superiores, inicialmente, com associação entre anti- histamínicos e descongestionante em duas doses diárias. - O gotejamento pós-nasal causado por rinite alérgica habitualmente responde ao corticoide intranasal (beclometasona, budesonida, fluticasona, triancinolona). - A rinite pode responder ao cromoglicato intranasal, podendo este associar-se à terapêutica com anti- histamínico e descongestionante. - No tratamento da rinite alérgica, os anti-histamínicos não sedativos são tão efetivos quanto as preparações mais antigas, de primeira geração. O ipratrópio via nasal, duas inalações em cada narina, 2 a 3 vezes ao dia, pode ser efetivo para rinite vasomotora. Pode estar recomendada terapêutica adjuvante caso exista uma condição associada, como no caso da rinossinusite bacteriana, em que deve ser indicada a antibioticoterapia. - A rinossinusite crônica em geral exige um mínimo de três semanas de antibioticoterapia efetiva contra pneumococo, hemófilos e germes anaeróbicos, demandando terapêutica com anti-histamínicos e descongestionantes via oral, com diversos meses de tratamento com corticoide intranasal. - A cirurgia dos seios paranasais poderá ser indicada quando não houver resposta à terapêutica usual. 2. Tosse e hiper-reatividade brônquica (tosse variante de asma) - Os asmáticos, que apresentam unicamente tosse, devem ser tratados de maneira tão intensiva quanto os que sibilam. - A primeira escolha é corticoterapia inalatória ou oral. No entanto, os corticoides inalados podem desencadear tosse pela estimulação de receptores irritativos. - A utilização de espaçador pode atenuar esse fenômeno. - Pode ser necessária inicialmente a corticoterapia com corticoide oral para obter-se efeito anti- inflamatório que possibilite o uso de um produto inalatório. - Inicia-se com prednisona 20 a 40 mg/dia, diminuindo a dose lentamente conforme a resposta. - Corticoide inalatório, por exemplo, budesomida, na dose de 400 a 1.200 ug/dia, costuma controlar a tosse variante de asma. - Pode ser usado um beta-agonista de curta duração, via inalatória, conforme necessário. Nedocromil, teofilina ou beta-agonista de ação prolongada podem ser úteis. - Um esquema com anti-inflamatório associado a outros medicamentos costuma ser eficaz, salvo quando houver complicações adicionais. - A tosse nesses pacientes apresenta comportamento assemelhado ao da asma, sendo os pacientes mais propensos a exacerbações após infecções do trato respiratório. - Podem apresentar broncoconstrição e/ou crises de tosse quando houver exposição a irritantes não específicos como frio, ar seco, fumaça ou esforços físicos. 3. Tosse e refluxo gastresofágico: - Os pacientes devem ter conhecimento dos alimentos que determinam relaxamento do esfincter esofágico inferior, eliminando os da dieta. - A teofilina relaxa o esfincter esofágico inferior, podendo contribuir para o refluxo, motivo pelo qual não deve ser utilizada nos pacientes portadores de refluxo gastresofágico. - Recomenda-se evitar decúbito logo após as refeições. A cabeceira da cama deve ser elevada, especialmente quando a pHmetria esofágica de 24 horas demonstrar refluxo e posição supina. Essas medidas triviais podem ser tão importantes quanto o tratamento farmacológico. - As metas da farmacoterapia para refluxo gastresofágico são reduzir a acidez do conteúdo gástrico e facilitar o esvaziamento gástrico. - Antiácidos ou bloqueadores H2, isoladamente, podem ser inadequados para a neutralização completa do pH gástrico e para o alívio da tosse atribuída ao refluxo. - Sugere-se omeprazol 40 mg duas vezes ao dia e um agente pró-cinético, como cisaprida (10 mg, 15 a 30 minutos antes das refeições e ao deitar). - Pode ser utilizada metoclopramida em dose semelhante à da cisaprida, porém ela não é bem tolerada por alguns pacientes. - Embora os sintomas do refluxo habitualmente respondam às medidas recém-mencionadas, o controle da tosse pode exigir 2 a 3 meses de tratamento. - Se o tratamento clínico não for eficaz, deve-se considerar a indicação de cirurgia antirrefluxo. No entanto, antes de se recomendar procedimento cirúrgico, deve-se realizar pHmetria de 24 horas e endoscopia. Paciente com 25 anos, masculino, tosse com expectoração mucopurulenta há +/- 2 meses. Espirros e coriza eventuais relacionados a inalação de poeira e cheiro fortes. Pulmões limpos. A radiografia de tórax é normal. SUSPEITAS DIAGNÓSTICAS: SD1: Tuberculose Quadro arrastado com tosse tem sempre que pensar em tuberculose porque geralmente o paciente não procura o médico no início do quadro. Em boa parte dos pacientes com tuberculose, tem febre, perda de peso, anorexia – esse quadro já não fala tanto a favor Tuberculose pode vir com pulmão limpo, então não afasta a suspeita A grande imensa maioria dos casos de tuberculose tem alteração radiográfica – já diminui muito a chance de não ser tuberculose Para investigar a tuberculose nesse paciente, poderia solicitar a baciloscopiado escarro + TRM-TB OBS.: afastar a doença significa tornar muito improvável, diferente de excluir a possibilidade de ser a doença SD2: Bronquite Bronquite é um termo extremamente inespecífico. É igual a falar que é uma infecção do trato respiratório. Bronquite crônica: tosse por 3 meses consecutivos (na maioria dos dias do mês), em um período de 1 ano por dois anos consecutivos. Diagnóstico eminentemente clínico, depois de afastar as outras causas. OBS.: para afastar as outras doenças, tem que investigar fazendo exame então não é tão clínico assim. SD3: Pneumonia Pneumonia é uma doença aguda, com 4-5 dias ela já está bem definida e se o paciente não procurar atendimento para tomar o antibiótico, ela pode piorar consideravelmente. Pneumonia também é um termo específico porque várias doenças podem causar pneumonia. Ex.: pneumonia tuberculosa. SD4: IVAS Qualquer processo inflamatório-infeccioso acima da glote é considerava IVAS: faringite, laringite, amigdalite – muito inespecífico. Rinossinusite: pode causar tosse crônica, acima de 8 semanas. Ocorre por causa do gotejamento posterior – aspiração de repetição da parte posterior – é a principal causa de tosse crônica com radiografia normal Outras duas causas que devem sempre ser lembradas quando o paciente tem tosse crônica com radiografia normal: asma e drge É obrigação do clínico pensar nessas 3 possibilidades diagnósticas. ABORDAGEM DIAGNÓSTICA/TERAPÊUTICA: Clinicamente, é possível fazer teste terapêutico Se for um quadro resistente, que não melhore, parte para os exames complementares.
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