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Estatuto da Criança e do Adolescente - E.C.A
Aula 6: Da prática de ato infracional e das medidas pertinentes
aos pais ou responsável
Apresentação
Estudaremos o ato infracional e as possíveis ilicitudes praticadas pelas pessoas em desenvolvimento e sua
responsabilização penal.
Demonstraremos que a criança e o adolescente são detentores dos mesmos direitos individuais e das garantias
processuais que os adultos em privação de liberdade.
Elencaremos, também, nesta aula, as medidas socioeducativas a serem aplicadas aos adolescentes autores de atos
infracionais e as medidas que podem ser aplicadas aos pais ou responsável que descumprirem os deveres em relação à
criança ou ao adolescente sobre os quais exerçam poder.
Objetivos
De�nir o ato infracional;
Diferenciar as seis medidas socioeducativas previstas no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA);
Apontar as medidas aplicáveis aos pais ou responsável que não cumprem as obrigações perante a criança e o
adolescente.
Aspectos gerais
A publicação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), em 1990, trouxe uma inovação à legislação brasileira ao
abordar o ato infracional. Por ato infracional, entende-se, segundo a lei, a conduta descrita como crime ou contravenção
penal, porém praticada por criança ou adolescente.
É importante lembrar que “crianças” são as pessoas com até doze anos de idade incompletos,
e “adolescentes”, as pessoas entre doze e dezoito anos de idade.
 (Fonte: Monkey Business Images / Shutterstock)
O ato infracional distingue-se do crime e da contravenção não apenas quanto ao sujeito que os pratica, em razão da idade, mas
também em razão da �nalidade, pois o ato infracional gera medidas socioeducativas, aos adolescentes, e protetivas, às
crianças. No ato infracional, o sujeito (criança ou adolescente) que o pratica é priorizado, ao passo que, no crime e na
contravenção, a �nalidade é a sanção daquele que os pratica, priorizando-se a relação entre crime e sanção.
Sendo assim, pode-se a�rmar que tanto o crime como o delito e a
contravenção são condutas atribuídas aos sujeitos imputáveis,
enquanto a conduta equivalente, porém atribuída a crianças e
adolescentes, que não são imputáveis, é percebida como ato
infracional.
O ato infracional
Os atos infracionais praticados pelas crianças e pelos adolescentes não são desconsiderados tampouco deixam de implicar
responsabilização, eles apenas não surtem efeitos no sentido de a criança e adolescente não serem sancionados mas
submetidos a medidas socioeducativas que os prepare para a participação na vida social ou a medidas de proteção.
Quanto a isso, Campos assevera:
"Se o adolescente tem direitos, também tem obrigações, pois
tem responsabilidade social, mesmo não respondendo
penalmente pela prática de algum ato infracional. Se
intencionalmente, de forma injusti�cável, violar as normas
básicas da convivência social, investindo contra a vida, a
integridade física, o patrimônio das pessoas, estará sujeito a
medidas socioeducativas."
- CAMPOS, 2009, p. 55
A ênfase de todas as medidas socioeducativas é educar possibilitando o retorno da criança ou do adolescente ao meio social
de forma responsável e digna.
Comentário
Conforme pesquisa do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) realizada em 14.613 processos, “a maior parte dos adolescentes
infratores se concentra na faixa entre 15 e 17 anos (67%), seguida da faixa de 18 a 20 anos em que se encontram 24% do total
dos jovens. A porcentagem de adolescentes entre 12 e 14 anos (6%) é a menor, considerando ser a primeira faixa etária na qual
os adolescentes podem responder por ato infracional. Os jovens maiores de 20 anos, internados por atos infracionais
cometidos antes da maioridade, correspondem a 0,4% do total de internos constantes nos processos analisados”.
(CNJ, 2012, p. 21)
Em consonância com os princípios processuais constitucionais e os direitos fundamentais das crianças e dos adolescentes
caberá à autoridade judiciária, diante do ato infracional causado por um adolescente, a aplicação da medida competente,
dentre as previstas no art. 112 do ECA .
Entre as medidas socioeducativas previstas na lei, embora seja um rol taxativo, não há uma ordem preferencial ou mesmo uma
relação entre a medida e o ato infracional especí�co. A aplicação das medidas deverá levar em consideração a capacidade do
adolescente em cumpri-la, as circunstâncias e a gravidade da infração cometida, o que possibilita que diversos adolescentes
tenham praticado o mesmo ato infracional, mas lhes seja aplicada medida socioeducativa diversa.
1
"APELAÇÃO CÍVEL. ESTATUTO DA CRIANÇA E DO
ADOLESCENTE. ATO INFRACIONAL. ROUBO. APLICAÇÃO
DE MEDIDA SOCIOEDUCATIVA DE INTERNAÇÃO COM
POSSIBILIDADE DE ATIVIDADES EXTERNAS.
MODIFICAÇÃO. ADEQUAÇÃO ÀS CIRCUNSTÂNCIAS
PESSOAS DE CADA ADOLESCENTE ABRANDAMENTO DA
MEDIDA. A medida socioeducativa a ser aplicada deve
observar não somente o ato infracional praticado, mas
também as circunstâncias pessoais do adolescente, pois que
a �nalidade principal do Estatuto da Criança e do
Adolescente é de reeducar e ressocializar o adolescente.
Deve ser diferenciada a medida aplicada ao adolescente que
não possui antecedentes, daquele que possui poucos e,
daqueles que possuem uma conduta reiterada na prática de
atos infracionais. APELAÇÃO PROVIDA."
- TJRS. 7ª C. Cív. Ap. Cív. nº 70031420938. Rel. Des. José Conrado de Souza Júnior. J. em 28/10/2009
Cabe ressaltar que, e em se tratando de portador de doença ou de�ciência mental, este deverá receber tratamento
individualizado e especializado de acordo com a situação, tudo em consonância com o princípio da dignidade humana.
https://stecine.azureedge.net/webaula/estacio/dp0141/aula6.html
O ECA estabelece que as medidas podem ser cumulativas, mas, claro, dentro da possibilidade, como a medida de
semiliberdade e a de liberdade assistida. Porém, isso será viável se a medida for de advertência, que poderá ser acumulada
com a reparação do dano, lembrando que o objetivo será sempre a proteção integral do adolescente, de modo a promover
meios que interrompam o processo que o conduziu à prática do ato infracional e a sua ressocialização.
Segundo Menezes:
"A medida socioeducativa possui caráter de aprender a
conviver, a viver junto – um dos pilares da concepção da
educação em Edgar Morin -, sua natureza é interdisciplinar,
da ordem jurídica, social, educativa. Cada ciência poderá
identi�car a natureza da medida, cabendo ao operador do
direito a todas reconhecer. Se assim não o �zer, sonega-se a
garantia ao adolescente [...] de identi�cação da medida mais
adequada como resposta ao ato infracional."
- MENEZES, 2008, p. 86
O objetivo das medidas socioeducativas previstas no ECA, como se percebe, não é punir o adolescente que praticou o ato
infracional, mas educá-lo, levá-lo a compreender o ato praticado e, por meio de ações articuladas, como quali�cação,
orientação e inserção no mercado de trabalho, possibilitar-lhe a inclusão social.
Medidas socioeducativas em espécie
 (Fonte: Photographee.eu / Shutterstock)
Como se pode perceber, o ECA prevê, no art. 112, seis medidas socioeducativas que devem ser aplicadas pelo Juiz da Infância
e Juventude em consonância com a capacidade do adolescente cumprir efetivamente a medida, seu per�l psicológico e suas
condições sociais, bem como com a gravidade do ato praticado. Quanto ao Estado, cabe a este prover órgãos e instituições
que �quem responsáveis pela aplicação da medida.
"Uma pesquisa do Conselho Nacional de Justiça (CNJ)
concluiu que há, no Brasil, cerca de 22.640 jovens privados
de liberdade, internados em um dos 461 estabelecimentos
socioeducativos existentes no país, acusados de terem
praticado algum ato infracional. Destes, 3.921 são internos
provisórios, ou seja 17% do total tiveram a liberdade privada
sem uma sentença judicial de�nitiva."
- RODRIGUES, 2018, on-line
Advertência
A advertência como medida socioeducativa é a mais branda do rol taxativo previsto no art. 112 do ECA, a qual consiste na
repreensão verbal e deverá ser reduzida a termoe assinada. Segundo Barros Júnior (2013), a repreensão verbal tem intuito
meramente informativo, formativo e imediato acerca da prática do ato infracional e suas consequências.
Por ser mais branda, é recomendada apenas para os adolescentes que cometerem infrações de natureza leve ou quando a
ocorrência do ato é esporádica.
Obrigação de reparar o dano
A medida socioeducativa voltada à reparação do dano decorrente do ato infracional poderá ser aplicada somente quando
existirem re�exos patrimoniais decorrentes do ato, podendo resultar na devolução do próprio objeto, no ressarcimento do dano
causado, ou em outras formas que compensem o dano sofrido pela vítima. Como ressalta Campos (2009, p. 60), a obrigação
de reparar como medida socioeducativa “tem o mérito de despertar no jovem infrator a noção da responsabilidade pelo ato
praticado e a ideia de que todo dano causado a outrem deve ser ressarcido”.
É certo e pertinente que a medida socioeducativa seja efetivamente
cumprida pelo adolescente que praticou o ato infracional. Para tanto, o ECA
estabelece que para a �xação da medida a ser aplicada dever-se-á
considerar a capacidade do adolescente de cumpri-la. Porém, em
consonância com o Código Civil (CC), tendo o ato sido praticado por menor
de 16 anos de idade, competirá a ele, juntamente com os pais ou o
responsável, a reparação (arts.151 e 152, I e II CC).
Diante da impossibilidade de o adolescente reparar o dano, caberá à autoridade judiciária determinar outra medida adequada
ao objetivo das medidas socioeducativas.
Prestação de serviços comunitários
A prestação de serviços comunitários tem como objeto serviços que sejam de interesse geral, que serão prestados
gratuitamente pelo adolescente, em entidades hospitalares, escolas e outras similares e em programas comunitários ou
governamentais, conforme previsto no art. 117 do ECA.
Atenção
Considerando o princípio da proteção integral, as atividades indicadas ao adolescente não poderão conduzi-lo a uma situação
vexatória e degradante nem o levar a desenvolver qualquer atividade que seja proibida ao adolescente trabalhador.
Ainda nesse contexto, a aplicação da medida não poderá exceder 06 (seis) meses, e a jornada da prestação de serviços deverá
ser cumprida no período de 08 (oito) horas diárias em sábados, domingos e feriados e em dias úteis, sem prejudicar a
frequência do adolescente à escola ou ao trabalho.
A Lei nº 12.594/2012, que instituiu o Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (SINASE), estabelece, no art. 14, que
compete à direção do Programa de Medida de Prestação de Serviços à Comunidade identi�car, selecionar e credenciar
entidades assistenciais , hospitais, escolas ou outros estabelecimentos congêneres, bem como os programas comunitários
ou governamentais, de acordo com o per�l do socioeducando e o ambiente no qual a medida será cumprida.
2
Cabe enfatizar que a identi�cação da atividade a ser desenvolvida
tem de estar em consonância com os objetivos gerais das medidas
socioeducativas de caráter pedagógico. É importante que o
adolescente tenha um bom aproveitamento da atividade, devendo
contar, para isso, com a participação de um orientador, bem como
deverá contar com o apoio dos pais ou responsável.
Liberdade assistida
Segundo o art. 118 do ECA, a liberdade assistida será adotada sempre que se a�gurar a medida mais adequada para o �m de
acompanhar, auxiliar e orientar o adolescente visando fortalecer seus laços familiares e seus laços com a comunidade,
rompendo, por via de consequência, com a prática de atos de violência e atos infracionais. Dentre as medidas restritivas de
liberdade, esta é a mais amena.
A aplicação da medida socioeducativa de liberdade assistida requer a existência de um programa efetivo de atendimento ao
adolescente e sua família, pois não se refere apenas a vigiá-lo, mas a intervir na realidade dele, na vida dele, repercutindo na
dinâmica familiar de modo positivo, por meio de pro�ssionais capacitados.
https://stecine.azureedge.net/webaula/estacio/dp0141/aula6.html
O SINASE estabelece, no art. 13, que é de responsabilidade da direção do
programa de prestação de serviços à comunidade ou de liberdade assistida
selecionar e credenciar orientadores, designando-os, caso a caso, para
acompanhar e avaliar o cumprimento da medida; receber o adolescente e
seus pais ou responsável e orientá-los sobre a �nalidade da medida e a
organização e o funcionamento do programa; encaminhar o adolescente
para o orientador credenciado; supervisionar o desenvolvimento da medida;
bem como avaliar, com o orientador, a evolução do cumprimento da medida
e, se necessário, propor à autoridade judiciária sua substituição, suspensão
ou extinção.
Por sua vez, o art. 119 do ECA estabelece diversas tarefas a serem realizadas pelos orientadores, todas voltadas ao
desenvolvimento do adolescente e não apenas a vigiá-lo. Podemos citar a promoção social do adolescente e da sua família,
fornecendo-lhes orientação e inserindo-os, quando necessário, em programa o�cial ou comunitário de auxílio e assistência
social; a supervisão da frequência e o aproveitamento escolar do adolescente, promovendo, inclusive, sua matrícula; a
diligência no sentido da pro�ssionalização do adolescente e de sua inserção no mercado trabalho; e a apresentação do
relatório do caso.
Por se tratar de medida de natureza pedagógica voltada ao
adolescente em desenvolvimento, o ECA determina que esta será
�xada pelo prazo mínimo de 06 (seis) meses, mas poderá ser a
qualquer momento prorrogada, revogada ou mesmo substituída por
outra medida considerada mais adequada, desde que ouvido o
Ministério Público, o orientador e o defensor.
Regime de semiliberdade
O ECA estabelece, no art. 120, o regime de semiliberdade como medida socioeducativa em que o adolescente que praticou ato
infracional cumpre a medida em moradias residenciais que estejam localizadas em comunidades que contenham sistema de
saúde, transporte e educação.
Mas a�nal, quando é aplicada 
a medida socioeducativa?
Ela poderá ser utilizada de imediato em razão da gravidade do ato infracional praticado, em razão de não existirem vínculos
familiares ou como forma de transição para o regime aberto. É percebida como uma etapa de transição entre a liberdade
assistida e a internação.
Segundo o art. 120 do ECA, §1º, muito embora se trate de medida restritiva de liberdade, esse sistema permite ao adolescente
a realização de atividades, no período diurno, fora das unidades residenciais, sem qualquer vigilância, tais como ir à escola e
desenvolver atividades laborais fundamentais ao seu desenvolvimento, mantendo-o longe da violência.
Como bem ressalta Volpi:
"A semiliberdade contempla os aspectos coercitivos desde
que afasta o adolescente do convívio familiar e da
comunidade de origem; contudo, ao restringir sua liberdade,
não o priva totalmente do seu direito de ir e vir. Assim como
na internação, os aspectos educativos baseiam-se na
oportunidade de acesso a serviços, organização da vida
cotidiana etc. Deste modo, os programas de semiliberdade
devem obrigatoriamente manter uma ampla relação om os
serviços e programas sociais e/ou formativos no âmbito
externo a comunidade de moradia."
- VOLPI, 2002, p. 25
O art. 122 do ECA estabelece que as disposições referentes à internação se aplicam ao regime semiaberto. Sendo assim, pode-
se concluir que é cabível a aplicação da medida de regime semiaberto, conforme a seguir:
"Art. 122. A medida de internação só poderá ser aplicada
quando: 
I - tratar-se de ato infracional cometido mediante grave
ameaça ou violência a pessoa; 
II - por reiteração no cometimento de outras infrações graves; 
III - por descumprimento reiterado e injusti�cável da medida
anteriormente imposta."
- BRASIL, 1990
No art. 120, o ECA estabelece que a medida socioeducativa em regime semiaberto deverá ter o prazo máximo de 03 (três)
anos, sendo que a cada 06 (seis) meses deve ser realizada uma reavaliação a �m de veri�car a necessidade da medida imposta
ao adolescente.
ComentárioO estado do Rio Grande do Sul criou dois tipos de unidades de internação. O Instituto Sem Possibilidade de Atividade Externa
(ISPAE) e o Instituto de Internação Com Possibilidade de Atividade Externa (ICPAE). Assim, os adolescentes são separados
entre os que podem realizar atividades externas e os que não podem.
A decisão acerca de quem participará de qual instituto é do juiz de acordo com o per�l de cada adolescente infrator, podendo
este, inclusive, ser encaminhado ao ICPAE, seja como primeira medida, seja como forma de progressão da ISPAE.
Aos adolescentes com possibilidade de atividade externa são oferecidas visitas a museus, casas de cultura, cinemas, circo,
jogos de futebol, participação em palestras e grupos de apoio, entre outras atividades, incluindo-se aí as visitas aos familiares
nos �nais de semana.
Internação
A internação é prevista no ECA como medida socioeducativa restritiva de liberdade, devendo ser adotada como último recurso.
Muito embora se trate de medida restritiva de liberdade, o adolescente poderá realizar atividades externas, como trabalhar.
Essas atividades somente serão vedadas a ele se assim estiver decidido de forma expressa pelo Juiz da Infância e Juventude.
Diferentemente de outras medidas socioeducativas , a internação não tem lapso temporal determinado previsto em lei,
sendo necessário apenas que ocorra uma reavaliação da medida a cada 06 (seis) meses, não ultrapassando o prazo máximo
de 03 (três) anos. Ao completar 21 (vinte e um) anos de idade, o adolescente recebe a liberação compulsória.
Assim como o regime de semiliberdade, a internação poderá ser aplicada quando:
3
"Art. 122. A medida de internação só poderá ser aplicada
quando: 
I - tratar-se de ato infracional cometido mediante grave
ameaça ou violência a pessoa; 
II - por reiteração no cometimento de outras infrações graves; 
III - por descumprimento reiterado e injusti�cável da medida
anteriormente imposta."
- BRASIL, 1990
Muito embora o ECA não aborde hipótese de prescrição, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) pela Súmula nº 338, determina
que “A prescrição penal é aplicável nas medidas sócio-educativas”.
https://stecine.azureedge.net/webaula/estacio/dp0141/aula6.html
Considerando o �m educativo e pedagógico das medidas socioeducativas, o ECA estabelece, ainda, que a internação somente
poderá ser cumprida em entidade exclusiva para adolescentes, separando-os de acordo com critérios de idade, compleição
física e gravidade da infração, vendando a permanência dos adolescentes em instituições prisionais.
Ainda que o adolescente se encontre em cumprimento de medida socioeducativa de internação, serão assegurados diversos
direitos (art. 124, ECA) visando ao seu desenvolvimento adequado para o retorno à sociedade, como �car internado na mesma
localidade ou naquela mais próxima ao domicílio dos pais ou do responsável; receber visitas, ao menos semanalmente;
corresponder-se com os familiares e amigos; e realizar atividades culturais, esportivas e de lazer, entre outros.
Remissão
 (Fonte: Monkey Business Images / Shutterstock)
O ECA prevê, no art. 126, a possibilidade da remissão, ocorrendo geralmente em situações de menor gravidade, evitando ou
pondo �m ao processo que envolve o adolescente infrator.
O mesmo dispositivo atribui ao Ministério Público a prerrogativa da remissão, a qual poderá ser cumulada com outra medida
socioeducativa não restritiva de liberdade (arts. 126 e 128, ECA).
A remissão deverá ser apresentada antes da representação socioeducativa, evitando-se a instauração do processo. Após a
representação, a remissão deverá ser homologada pelo Juiz da Infância e Juventude. Assim, pode-se a�rmar que a remissão
poderá suspender ou extinguir o processo.
Medidas pertinentes aos pais ou responsáveis
 (Fonte: fizkes / Shutterstock)
Em consonância com o ECA, e em cumprimento ao princípio da proteção integral, diversas são as medidas que podem ser
aplicadas aos pais ou ao responsável legal pela criança ou pelo adolescente.
"Art. 129. São medidas aplicáveis aos pais ou responsável: 
I - encaminhamento a serviços e programas o�ciais ou
comunitários de proteção, apoio e promoção da família; 
II - inclusão em programa o�cial ou comunitário de auxílio,
orientação e tratamento a alcoólatras e toxicômanos; 
III - encaminhamento a tratamento psicológico ou
psiquiátrico; 
IV - encaminhamento a cursos ou programas de orientação; 
V - obrigação de matricular o �lho ou pupilo e acompanhar
sua frequência e aproveitamento escolar; 
VI - obrigação de encaminhar a criança ou adolescente a
tratamento especializado; 
VII - advertência; 
VIII - perda da guarda;
IX - destituição da tutela; 
X - suspensão ou destituição do poder familiar."
- BRASIL, 1990
As medidas previstas no ECA têm por �nalidade resgatar a criança e o adolescente para o seio de sua família, estando
previstas medidas de proteção à família, nos incisos I a IV, e medidas sancionatórias, nos incisos VII a X, sendo estas tomadas
apenas em situações extremas.
Atividade
1. Assinale, dentre as medidas socioeducativas previstas pelo ECA apresentadas a seguir, aquelas que sejam percebidas como
restritivas de liberdade:
a) Advertência e reparação do dano
b) Internação e advertência
c) Prestação de serviços comunitários e liberdade assistida
d) Liberdade assistida e regime semiaberto
e) Liberdade assistida e advertência
2. Considerando a liberdade assistida prevista no ECA, analise as assertivas a seguir:
I. É uma das medidas socioeducativas previstas no ECA aplicável à criança e ao adolescente quando veri�cada a prática do
ato infracional, não tendo natureza de medida privativa de liberdade.
II. A liberdade assistida será �xada pelo prazo mínimo de seis meses, podendo a qualquer tempo ser prorrogada, revogada
ou substituída por outra medida, ouvido o orientador, o Ministério Público e o defensor.
III. A liberdade assistida constitui medida privativa da liberdade, sujeita aos princípios de brevidade, excepcionalidade e
respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento.
IV. Consiste na realização de tarefas gratuitas de interesse geral, por período não excedente a seis meses, em entidades
assistenciais, hospitais, escolas e outros estabelecimentos congêneres, bem como em programas comunitários ou
governamentais.
Agora, assinale a alternativa CORRETA:
a) As assertivas I e IV são verdadeiras;
b) As assertivas I, III e IV são falsas;
c) As assertivas II e III são verdadeiras;
d) As assertivas II e IV são falsas;
e) Todas as assertivas são verdadeiras.
3. Assinale a alternativa correta:
a) A advertência não é percebida como medida socioeducativa segundo o ECA.
b) transição para o regime aberto.
c) A liberdade assistida somente poderá ser aplicada quando se tratar de ato infracional grave.
d) A advertência, a perda da guarda e a destituição da tutela são as únicas medidas previstas para quando os pais ou responsáveis
descumprirem os direitos previstos e assegurados à criança e ao adolescente.
e) A remissão somente poderá ser proposta quando já existir um processo judicial em trâmite envolvendo ato infracional praticado pelo
adolescente.
f) A prescrição penal não é aplicável às medidas socioeducativas.
4. São consideradas funções do orientador, quando o adolescente é colocado em regime de liberdade assistida:
a) apenas promover socialmente o adolescente e sua família, orientando-os e inserindo-os, se necessário, em programa oficial ou
comunitário de auxílio e assistência social.
b) apenas supervisionar a frequência e o aproveitamento escolar do adolescente, promovendo, inclusive, sua matrícula e apresentar
relatório do caso.
c) promover socialmente o adolescente e sua família, orientando-os e inserindo-os, se necessário, em programa oficial ou comunitário de
auxílio e assistência social, apenas.
d) diligenciar no sentido da profissionalização e da inserção do adolescente no mercado de trabalho, apresentar relatório do caso,
supervisionar a frequência e o aproveitamento escolar do adolescente, promovendo, inclusive, sua matrícula.e) diligenciar no sentido da profissionalização e da inserção do adolescente no mercado de trabalho, apenas.
5. Em se tratando de atos infracionais com repercussão patrimonial, assinale a medida socioeducativa mais adequada,
considerando tratar-se de meio para a educação e não a punição do adolescente infrator:
a) Internação
b) Aplicação de multa diária
c) Prisão em regime semiaberto
d) Restituição da coisa ou ressarcimento do prejuízo causado
e) Regime de semiliberdade
Notas
Art. 112 do ECA 1
Art. 112. Veri�cada a prática de ato infracional, a autoridade competente poderá aplicar ao adolescente as seguintes medidas:
I. Advertência;
II. Obrigação de reparar o dano;
III. Prestação de serviços à comunidade;
IV. Liberdade assistida;
V. Inserção em regime de semiliberdade;
VI. Internação em estabelecimento educacional;
VII. Qualquer uma das previstas no art. 101, I a VI.
(BRASIL, 1990)
Identi�car, selecionar e credenciar entidades assistenciais 2
O credenciamento poderá ser impugnado pelo Ministério Público ou mesmo ser considerado inadequado pelo Juiz da Vara da
Infância e Juventude no caso de irregularidade, devendo esta ser apurada.
Medidas socioeducativas 3
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE - ECA. HABEAS CORPUS. ATO INFRACIONAL EQUIPARADO AO CRIME DE
HOMICÍDIO QUALIFICADO. APLICAÇÃO DA MEDIDA SOCIOEDUCATIVA DE INTERNAÇÃO POR PRAZO INDETERMINADO.
PARECER TÉCNICO OPINANDO PELA PROGRESSÃO DO MENOR PARA SEMILIBERDADE. INDEFERIMENTO PELO JUÍZO
MANTIDO PELO TRIBUNAL A QUO. PRINCÍPIO DA EXCEPCIONALIDADE. ARTS. 227, §3º, V, DA CF E 122, §2º, DO ECA.
CONSTRANGIMENTO ILEGAL CONFIGURADO. ORDEM CONCEDIDA.
1. Tratando-se de menor inimputável, não existe pretensão punitiva estatal propriamente, mas apenas pretensão educativa, que, na verdade, é dever não
só do Estado, mas da família, da comunidade e da sociedade em geral, conforme disposto expressamente na legislação de regência (Lei 8.069/90,
art. 4º) e na Constituição Federal (art. 227).
2. De fato, é nesse contexto que se deve enxergar o efeito primordial das medidas socioeducativas, mesmo que apresentem, eventualmente,
características expiatórias (efeito secundário), pois o indiscutível e indispensável caráter pedagógico é que justi�ca a aplicação das aludidas medidas,
da forma como previstas na legislação especial (Lei 8.069/90, arts. 112 a 125), que se destinam essencialmente à formação e reeducação do
adolescente infrator, também considerado como pessoa em desenvolvimento (Lei 8.069/90, art. 6º), sujeito à proteção integral (Lei 8.069/90, art. 1º),
por critério simplesmente etário (Lei 8.069/90, art. 2º, ‘caput’).
3. É certo que o magistrado, no momento da reavaliação da medida socioeducativa imposta, não está vinculado a pareceres e relatórios técnicos,
podendo, com base na livre apreciação de outros elementos de convicção e motivadamente, dirimir a controvérsia.
4. Entretanto, tem-se como fundamento insu�ciente para desconsiderar o laudo técnico favorável à progressão do menor para a medida de
semiliberdade a gravidade genérica da conduta, tendo em vista a própria excepcionalidade da medida de internação, admitida, somente, nas
hipóteses legalmente previstas.
5. Ordem concedida para assegurar a progressão do menor à medida de semiliberdade, se por outro motivo não estiver internado.
(STJ. 5ª T. HC nº 105119/PI. Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima. J. em 11/09/2008).
Referências
BARROSO, D.; ARAÚJO JÚNIOR, M. A. de (Coord). Vade Mecum: Legislação selecionada para OAB e Concursos. 4. ed. São
Paulo: Revista dos Tribunais, 2013.
BRASIL. Presidência da República. Secretaria Especial dos Direitos Humanos. Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do
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Próxima aula
Formação e funções dos Conselhos Tutelares;
Hipóteses de cassação e suspensão dos Conselheiros Tutelares.
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ALVES, R. B. Direito da infância e juventude: coleção curso e concurso. 3 ed. São Paulo: Saraiva, 2008.
PIOVESAN, F. Direitos humanos e o direito constitucional internacional. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2008.
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