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Definida como o sangramento gastrointestinal que se origina distalmente ao ângulo de Treitz (demarcação anatômica da junção duodeno- jejunal). Há diversas causas relacionadas a HDB, com prevalência variável associada principalmente à faixa etária do paciente. Na maioria das vezes, o sangramento é intermitente e autolimitado e, em até 15% dos casos, a hemorragia tem origem no trato digestória superior, especialmente nos casos de maior repercussão clínica. Principais causas de HDB: Doença diverticular dos cólons: 30- 55% Colite infecciosa: 2-5% Angiodisplasia/Ectasias vasculares: 10% Colopatia induzida por anti-inflamatórios: 2% Colite isquêmica: 5-20% Divertículo de Meckel Neoplasia colorretal: 2-15% Fístula aorto-entérica Pós-polipectomia: 2-7% Colite actínica: 2% Hemorroidas/Fissuras: 5-20% Varizes retais: 3% Doença inflamatória intestinal: 3-5% Etiologia quanto à faixa etária: Criança Adulto Idoso Divertículo de Meckel Doença inflamatória intestinal Divertículos Pólipo juvenil Pólipo adenomatosos Angiodisplasia Doença inflamat’ória intestinal Neoplasias Neoplasias A HDB quando esta relacionada a doença diverticular geralmente é de grande monta e indolor, ocorrendo em até 15% dos pacientes com divertículos, sendo mais frequente naqueles localizados no cólon direito, com possibilidade de ressangramento de 14- 38%, e risco ainda maior após o segundo episódio. Já na angiodisplasia, sua manifestação clínica mais frequente é a perda crônica de menor monta, resultando em anemia ferropriva e sangue oculto nas fezes. O uso de AINE`s pode causar hemorragia digestiva por uma viariedade de mecanismos, incluindo danos tópicos erosivos locais e disfunção plaquetária, ocasionando erosões e úlceras no intestino delgado e cólon. A HDB de causa inflamatória ou neoplásica geralmente se apresenta com sangramento vermelho- vivo recorrente, de pequena monta, embora alguns casos tenham maior repercussão, especialmente nos pacientes em uso de anticoagulantes ou portadores de coagulopatias. Principais manifestações: o Hemâtemese - Vômito “bora de café” que também indica sangramento trato digestivo superior que diminuiu ou parou; Conversão hemoglobina (vemerlha) em hematina (marrom) pelo ácido gástrico. o Hematoquezia - Pequena quantidade de sangue vermelho vivo nas fezes. o Melena - Fezes com enegrecimento e odor fétido, decorrente da oxidação da hematina. o Enterorragia - Presença de sangue vivo, com ou sem fezes, em sangramentos volumosos; o Sangramento oculto e anemia ferropriva - Sangramento crônico de pequena monta. A forma de apresentação pode fornecer pistas quanto à topografia do sangramento. Aquele oriundo do cólon esquerdo tende a apresentar-se de cor vermelho viva, enquanto do colón direito ou intestino delgado, com fezes de coe enegrecida ou marrom. Embora a hematoquezia sugira sangramento proveniente dos segmentos mais distais do trato distais Doenças orificiais: hemorroida, fissura Pólipos adenomatosos Colite isquêmica/ Colite actínica Hemorragia Digestiva Baixa 31.08.2021 Aula 16 – Dr. Jose de Lima Cirurgia Geral Etiologias Quadro Clínico do digestivo, nos pacientes com HDA volumosa a presença pode acelerar a peristalse e a exteriorização pode ser sob a forma de sangramento vivo nas fezes. Outras manifestações clínicas se relacionam à má perfusão tecidual decorrente da perda sanguínea, como hipotensão arterial, taquicardia, sudorese, taquipneia ou lipotimia/síncope. Esses achados são preditores de gravidade e sugerem comprometimento mais significativo do estado hemodinâmico do paciente. A avaliação inicial do paciente visa determinar a etiologia e a gravidade de HDB, triando os pacientes para instituir e medidas de suporte hemodinâmico. Dados clínicos da história e exame físico podem sugerir a localização e a etiologia do sangramento: - Idosos com sangramento indolor: sugere doença diverticular ou angiodisplasia. - Idosos com sangramento associado a dor abdominal e história de doença vascular: sugere colite isquêmica. - Paciente maior que 50 anos, com dor abdominal, emagrecimento, massa abdominal e anemia crônica: sugere neoplasia colorretal. - Paciente jovem com diarreia com sangue e muco, dor abdominal e perda de peso: sugere doença inflamatória intestinal. - Uso de AINE’s: pode causar isquemia intestinal. - Colonoscopia recente com polipectomia: sugere sangramento pós- polipectomia. - Radiação abdominal/pélvica prévia: sugere proctomia actínica. - Pacientes jovens, constipados, com evacuação dolorosa e sangramento após a evacuação: sugere doença orificial (fissura anal/hemorroida). - Cirurgias prévias: possível úlcera anastomótica. - História de aneurisma da aorta abdominal: possível fístula aortoentérica. - Dor anal: fissura anal, carcinoma retal e hemorroidas. - História de doença hepática crônica: sugere sangramento por hipertensão portal. No exame físico, é fundamental a avaliação dos parâmetros hemodinâmicos, buscando sinais como taquicardia, hipotensão ortostática, enchimento capilar letificado e alterações sensoriais, para determinar a situação hemodinâmica, ressuscitação volêmica, gravidade da hemorragia e a necessidade de internação hospitalar e em unidade de terapia intensiva. A classificação do choque hipovolêmico permite estimulo o volume de sangue perdido. O exame do abdome e da região perianal, com toque retal, é fundamental para identificação de doenças orificiais, como hemorroidas ou fissuras, além da detecção de massas no canal anal e reto distal. O exame de escolha para a avaliação e diagnóstico de pacientes com HDB é a colonoscopia. Naqueles que apresentam sangramento maciço, com repercussão hemodinâmica, é necessária a realização de endoscopia digestiva alta (EDA) como medida inicial. Caso esses métodos não identifiquem o sangramento ou não possam ser realizados, por instabilidade hemodinâmica ou hemorragia maciça, exames radiológicos auxiliam na identificação da etiologia da HDB, como angiotomografia, cintilografia e arteriografia (ou angiografia), sendo que a última apresenta vantagem em permitir intervenção terapêutica. Para paciente com sangramento crônico não diagnosticado através de EDA e colonoscopia, recomenda-se, posteriormente, repetir esses exames a fim de identificar lesões não visualizadas em análise inicial. A avaliação de intestino delgado, através da cápsula endoscópica ou enteroscopia, pode ser indicada nos casos inconclusivos. Endoscopia digestiva alta Colonoscopia Exames radiológicos o Angiotomografia o Cintilografia o Arteriografia Ambas permitem analisar de todo o TGI, incluindo o intestino delgado, porém é necessário sangramento ativo no momento do exame, dificultando a identificação nos casos intermitentes. Avaliação Inicial e Exame Físico Diagnóstico Exames Complementares Tomografia computadorizada com angiografia (angiotomografia) Trata-se de um exame rápido e minimamente invasivo, que fornece informações sobre a localização anatômica e etiologia subjacente, tais como neoplasias e malformações vasculares, sendo útil para planejar e direcionar o tratamento definitivo antes de realizar arteriografia ou cirurgia. Cintilografia É um exame com sensibilidade elevada, identificando sangramento com baixo fluxo, entre 0,1 e 0,5 mL/min. Tem menor acurácia do que a arteriografia, detectando o local da HDB em 66% dos casos, pois nos pacientes com trânsito intestinal acelerado o sangue identificado no cólon pode ser proveniente de segmentos mais proximais, demandando cautela na interpretação dos resultados. Arteriografia Tem alta especificidade, de aproximadamente 100%, embora a sensibilidade seja baixa, em torno de 30-47%, pois necessita de sangramento ativo com um fluxo maior que a cintilografia, de pelo menos 0,5-1 mL/min, dificultandoa identificação se a causa for intermitente. É indicado nos pacientes com instabilidade hemodinâmica ou sangramento maciço e persistente, nos quais a realização da colonoscopia não é possível, sendo recomendada angiotomografia prévia para determinar topografia da HDB. Apresenta desvantagem necessidade do uso de contrate, que pode ocasionar reações alérgicas e disfunção renal. Não demanda preparo intestinal. Sangramento oculto do TGI A HDB decorrente de sangramento do intestino delgado é pouco frequente, ocorrendo em apenas 2-10% dos casos. Devido à baixa prevalência e dificuldade técnica de avaliar esse segmento, a investigação não é recomendada de rotina. Nos casos de sangramento crônico não identificado após avaliação por EDA e colonoscopia, recomenda-se, posteriormente, repetir esses exames. Se ainda permanecer sem foco de sangramento definido, a avaliação do intestino delgado deve ser considerada, e pode ser realizada através da cápsula endoscópica ou enteroscopia.
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