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Desafios Contemporâneos - Unidade 1

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DESAFIOS 
CONTEMPORÂNEOS 
CAPÍTULO 1 – SOMOS TODOS 
CIDADÃOS? 
 
Luísa Maria Silva Dantas 
 
 
 
 
INICIAR 
Introdução 
Ao ouvir as palavras cidadão e cidadania, é comum nos remetermos às 
ideias de cidade e de participação dos indivíduos em sua sociedade. Além 
disso, cidadania também está associada à concepção de direitos que 
conformam uma vida digna, ou seja, o cidadão vive em uma coletividade, 
a sociedade, participa dela e possui direitos e deveres que lhe garantem 
uma vida digna. Essa poderia ser uma maneira de definir o que é 
cidadania, ligada à um coletivo de pessoas que atuam na sociedade de 
forma democrática e igualitária. Contudo, ao olhar ao nosso redor, será 
mesmo que todos os indivíduos de nossa sociedade participam 
ativamente das decisões que envolvem suas cidades, estados e a nação 
brasileira? Ou ainda, todas essas pessoas, que poderiam ser consideradas 
cidadãos, exercem de fato a cidadania? Em outras palavras, possuem as 
condições necessárias a uma vida digna? A igualdade, tão clamada e 
defendida pela sociedade moderna está de fato sendo defendida e 
praticada em nossa sociedade? 
Neste capítulo, vamos estudar as origens dessas ideias que parecem tão 
naturalizadas em nosso dia a dia, entender como foram instituídas e quais 
são os principais desafios para uma sociedade justa e igualitária na 
contemporaneidade. 
Acompanhe esse capítulo com atenção e bons estudos! 
 
 
 
1.1 Construção da Cidadania 
A palavra cidadania ou o que ela representa, nem sempre existiu ou teve o 
mesmo significado em diferentes lugares e ao longo do tempo. A 
concepção de cidadania a qual nos referimos é localizada no mundo 
ocidental e teve sua consolidação com o surgimento do mundo moderno, 
pautado nos ideais da razão, da ciência e da ampliação da participação 
política, que motivaram importantes revoluções, inicialmente, no 
contexto europeu, nos séculos XVIII, XIX e XX. 
Outra ideia e valor importante, também surgido na modernidade, é o 
próprio conceito de indivíduo, entendido enquanto um sujeito de direitos 
e envolto aos ideais de igualdade e liberdade que configuraram os 
Estados democráticos e capitalistas, com a formação da sociedade civil e 
a proteção da propriedade privada. O antropólogo francês Louis Dumont 
(1911-1998) identifica o individualismo como a ideologia da modernidade, 
ou seja, o conjunto de ideias em que o indivíduo é colocado como um 
valor central, posto que a ideologia é o modo como diferentes grupos 
sociais atribuem sentido às suas experiências no mundo. Vamos, a seguir, 
apresentar uma breve história da cidadania no contexto mundial. 
1.1.1 Breve história da cidadania 
As possíveis origens da cidadania remetem à antiguidade e aos contextos 
de Roma e Grécia, posto que nas cidades-estados desses países foram 
identificadas as primeiras formas de participação da população nas 
decisões da cidade. Apesar de cada integrante ter direito de voz e voto, 
apenas os considerados como cidadãos tinham este privilégio. Cidadãos 
eram apenas os homens, livres e com propriedades. Mulheres, escravos, 
artesãos e comerciantes estavam excluídos dessa classificação. 
Contudo, um conjunto de transformações ocorridas desde o século XV 
com a Expansão Marítima, Reforma Protestante no século XVI, além da 
Revolução Científica (século XVII), Independência dos Estados Unidos 
(1776), Revolução Francesa (1789), Revolução Industrial (final do século 
XVIII) e urbanização do mundo ocidental, provocaram mudanças 
profundas que promoveram o fim da Idade Média e o advento da 
Modernidade. 
 
 
Figura 1 - Revolução Francesa, quando burgueses e camponeses uniram-se para depor o 
Estado Absolutista. Fonte: Oleg Golovnev, Shutterstock, 2018. 
 
 
O momento que instaura a modernidade pode ser caracterizado pela 
consolidação da burguesia enquanto grupo central, pois além do poder 
econômico acumulado com a expansão marítima e a posterior compra de 
fábricas, este grupo também conquistou o poder político, antes 
concentrado na aristocracia rural e na igreja católica. A mudança de 
gestão e organização política trouxe o surgimento do Estado Moderno, 
que concentrou o aparato administrativo, jurídico e de segurança das 
novas Nações. E também os ideais de liberdade e igualdade para todos os 
indivíduos inseridos em cada território. 
Deslize sobre a imagem para Zoom 
 
 
 
VOCÊ O CONHECE? 
 
 
 
Os filósofos ingleses Thomas Hobbes (1588-1679) e John Locke (1632-1704), e o franco-suíço 
Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) são conhecidos como contratualistas por defenderem 
que o surgimento do Estado Moderno é resultado de um contrato social, em que os homens 
viveriam em um estado de natureza e decidiram abrir mão de sua total liberdade para a 
constituição da sociedade civil. Contudo, estes filósofos divergiam quanto ao estado de 
natureza e a função do Estado. Para Hobbes, esta instituição viria para evitar uma guerra de 
todos contra todos; para Locke, atuaria como um juiz, já para Rousseau foi a instituição da 
propriedade privada que provocou o surgimento do Estado, posto que o estado de natureza 
seria o Éden, da felicidade plena. 
 
 
 
Então, desde a noção de cidadania que apenas abarcava homens 
abastados em Roma e Grécia, passando por quase nenhuma incidência no 
período feudal, é na modernidade, principalmente com a elaboração da 
Declaração de Independência dos Estados Unidos da América (1776) e a 
Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (1789), elaborada na 
França, que a cidadania, na forma como é pensada e vivenciada por nós 
atualmente, foi inaugurada. 
Juntamente às transformações políticas, a sociedade e a economia 
também foram bastante abaladas com a possibilidade de participação 
nas decisões que envolviam estados, regiões e países e com a 
industrialização e urbanização que o mundo ocidental experimentava a 
partir do século XVIII. O modo de produção capitalista, pautado pela 
formação de um grupo que vendia a sua mão de obra para os donos das 
máquinas e fábricas em troca de um salário, gerou a classe trabalhadora, 
primeiro grupo que passou a organizar-se coletivamente para a conquista 
de direitos visando melhorar suas condições de vida e trabalho. Portanto, 
praticando uma das dimensões da cidadania, que é a luta por direitos 
civis, políticos e sociais. 
O sociólogo britânico Thomas Humphrey Marshall (1893-1981), em sua 
obra “Cidadania, classe social e status”, de 1950, (ARAÚJO, BRIDI e 
MOTIM, 2013), focada no contexto industrial inglês, defendia que a busca 
pela efetivação dos direitos era a condição principal para a cidadania, e os 
classificou em três grupos: 
1. Direitos civis – relacionados à liberdade de expressão, de prática 
religiosa e direito de propriedade; 
2. Direitos políticos – relacionados à possibilidade de opinar e de ocupar 
cargos políticos; 
3. Direitos sociais – voltados para a garantia de dignidade de cidadãos à 
margem da sociedade. 
 
 
VOCÊ SABIA? 
O marxismo contribui bastante para a construção da cidadania, é o que afirma 
Maria de Lourdes Manzini-Covre em seu livro “O que é cidadania?” Numa 
constante briga com a burguesia no que se refere a forma do uso dos direitos 
aplicados a sociedade na dominância de grupos sociais, o marxismo é base de 
uma teoria usada para transformar a sociedade burguesa, expressando a ideia do 
trabalho como forma de opressão e exploração. Marx (1818-1883) avança na 
questão da cidadania ao ser sufocado por esta luta. (MANZINI-COVRE, 2013). 
A denúncia de Marx vai de encontro a questão do trabalhador. Por exemplo, o 
operário é obrigado a vender sua força e habilidades no trabalho, mas nãoescolhe 
suas condições trabalhistas, percebendo que na maioria das vezes não tem o 
retorno esperado nos aspectos de alimentação, educação, mobilidade e saúde, a 
chamada exploração capitalista. Perceba que a influência do marxismo tem 
impacto relevante na construção da lei em oferecer um melhor sistema de 
trabalho, sendo que na ascensão do capitalismo se tem uma ideia de exploração 
ao operário que trocava suas horas de trabalho por remunerações baixíssimas. 
Agora você consegue perceber o ponto onde Marx quer chegar, é isso mesmo! O 
sistema socialista, onde o estado perde forças e a sociedade trabalhadora que dita 
o planejamento de todos ao trabalho e aos bens necessários a vida. Note que a 
imagem do socialismo ideal é aparentemente linda, mas no leste Europeu este foi 
destruído por suas próprias mazelas. Mas não podemos negar que o “poderoso” 
Estado procura na atualidade se mostrar como um órgão de todos, porém no 
fundo visa favorecer os que estão no poder. 
Veja que todo esse ideal tem impacto na cidadania, que hoje é usada como arma 
para combater a exploração do Estado, esse tipo de cidadania sempre é sufocada 
pela cidadania pautada no consumo, herança capitalista, assim como a cidadania 
mais plena é uma herança marxista, que de forma aparente é benéfica ao 
trabalhador e a sociedade oprimida, mas que no fundo não funciona plenamente. 
 
Com isso, temos uma pequena contextualização da cidadania de modo 
global, mas e quanto ao Brasil? Acompanhe no próximo tópico. 
1.1.2 Cidadania no Brasil 
A cidadania no Brasil é um assunto bastante delicado, mas como em 
qualquer outro contexto, é importante saber a história de nosso país e os 
caminhos que foram e continuam sendo traçados a favor ou contrários à 
ampliação da cidadania dos brasileiros. Diferentemente do contexto 
europeu, em que as revoluções burguesas, a valorização da ciência e da 
razão e os movimentos operários contribuíram para a consolidação da 
igualdade e participação política de sua população desde o século XVIII, 
por aqui o percurso se deu posteriormente, influenciado pelos 
acontecimentos do além-mar, ou seja, pela expansão marítima europeia. 
Se a cidadania diz respeito à participação popular na vida política de um 
Estado-Nação e o exercício de direitos civis, políticos e sociais, nosso país 
esteve bastante aquém de alcançá-la. Primeiro, porque africanos e 
indígenas foram escravizados durante pelo menos três séculos, tendo a 
escravidão abolida apenas um ano antes da Proclamação da República, 
em 1888. Além disso, para ficarmos apenas no exemplo de direitos 
políticos, no Brasil, apenas em 1934 foi permitido às mulheres votar e 
somente com a Constituição de 1988 os analfabetos conquistaram este 
direito. 
Desde a primeira Constituição (1891) até a atual (1988), o Estado 
brasileiro assumiu várias feições, de ser sustentado e ocupado apenas por 
ruralistas, quando o voto era aberto e vigiado (“voto de cabresto”), 
passando pela Era Vargas (1930-1945), uma iniciante democracia, 20 anos 
de ditatura militar (1964-1984), até alcançarmos o retorno ao regime 
democrático de direito (1985). Nesse percurso, os direitos políticos foram 
conquistados por grande parte da sociedade, mas os direitos civis e 
sociais ainda se manifestam como um grande desafio para os 
movimentos sociais e os indivíduos que defendem uma ampla cidadania 
como condição para um mundo mais justo e igualitário. 
Vamos tomar como exemplo a população negra. Apesar da liberdade de 
culto religioso ser um direito civil garantido pela Constituição de 1988, é 
comum as mídias registram casos de assassinatos e violências a líderes e 
casas de religião de matriz africana. Quanto aos direitos sociais, institutos 
de pesquisa, como o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 
divulgam dados que comprovam o assassinato de grande parte da 
juventude, o encarceramento da população negra e a violência contra as 
mulheres, principalmente negras. 
 
 
 
VOCÊ SABIA? 
Educação, saúde, moradia, trabalho, lazer, esporte e segurança são 
direitos garantidos a todos os cidadãos brasileiros pela Constituição 
Federal de 1988. Ainda que na teoria isso seja de conhecimento, na 
prática, esses direitos estão longe de serem garantidos pelo Estado, 
fazendo com que uma parcela da população recorra aos serviços 
privados, e a maioria simplesmente viva cotidianamente sem acessá-los, 
ainda que a existência dos impostos seja justificada para garanti-los. 
Deslize sobre a imagem para Zoom 
Na resistência a favor da vida e da dignidade da população excluída dos 
meios de subsistência e integração social, o Brasil conta com extenso 
número de movimentos sociais, sindicatos, associações e organizações 
não governamentais, que atuam questionando e pressionando projetos e 
leis aprovados e postos em prática pelos poderes legislativo, executivo e 
também judiciário, visando a efetivação de políticas públicas e sociais que 
de fato reconheçam a cidadania da maioria da população brasileira. 
 
 
 
Figura 2 - Exemplo de ocupação irregular muito comum no Brasil devido à falta de 
moradia em melhores condições. Fonte: De Visu, Shutterstock, 2018. 
 
 
Ao longo do tempo, os movimentos sociais também foram mudando sua 
organização e forma de atuação. Se na metade do século XX se proliferou 
grande número de sindicatos representativos da classe trabalhadora, com 
forte estrutura hierárquica e práticas de panfletagem para a organização 
de passeatas e greves, atualmente, com o desenvolvimento de novas 
tecnologias, os movimentos encontram-se cada vez mais horizontais e 
abarcando maiores escalas via mídias digitais que tem capacidade para 
conectar pessoas nos mais distantes lugares do globo. As manifestações 
de junho de 2013, bem como outras da contemporaneidade, foram 
articuladas e disseminadas de tal modo. Vamos continuar nossos estudos 
com o tema direitos humanos. 
 
 
1.2 Os Direitos Humanos 
Para entender o que são e como surgiu os direitos humanos, precisamos 
contextualizar historicamente de qual momento e local estamos falando. 
Vimos que o conceito de cidadão foi se transformando, pois nem sempre 
abarcou todas as pessoas que compunham determinada sociedade, já 
que durante muito tempo apenas eram considerados cidadãos os 
homens, livres e com propriedades. 
A concepção de direitos humanos, que nos referimos com tanta 
naturalidade, foi desenvolvida na modernidade, quando as revoluções 
burguesas depuseram os regimes absolutistas e a democracia, 
caracterizada pela soberania popular, foi estabelecida. O surgimento dos 
Estados Democráticos, a partir do século XVII no contexto europeu, 
institucionalizou a sociedade civil e impulsionou o surgimento de direitos 
e deveres para a manutenção e organização da sociedade. A ideia de 
cidadania está atrelada a este cenário de ampliação da participação 
política e da conquista de direitos: “na sua acepção mais ampla, 
cidadania é a expressão concreta do exercício da democracia” (PINSKY; 
PINSKY, 2010, p.10). 
Historicamente, os direitos foram associados e restritos aos grupos 
dominantes e a ampliação para o conjunto maior da sociedade está 
ligada à modernidade e suas transformações políticas, sociais e 
econômicas. Os direitos humanos da contemporaneidade se pretendem 
universais, indivisíveis, interdependentes e inter-relacionados. 
A seguir, vamos apresentar e discutir alguns aspectos históricos e 
sociológicos dos direitos humanos. 
1.2.1 Aspectos históricos e sociológicos dos Direitos 
Humanos 
A Declaração Universal dos Direitos Humanos, publicada originalmente 
em 10 de dezembro de 1948, pela Organização das Nações Unidas (ONU, 
2009),é considerada o marco regulatório decisivo para a implementação 
e fiscalização dos direitos humanos no mundo ocidental moderno. A ONU 
surgiu em 1945, ano em que terminou a Segunda Guerra Mundial, com o 
intuito de incentivar o diálogo entre as nações e evitar novas catástrofes 
mundiais. Nesse sentido, a declaração dos direitos humanos foi um 
documento importante para enfatizar o caráter universal dos direitos, 
levando em consideração a pluralidade dos povos, bem como a sub- 
representatividade de determinados grupos nas esferas de poder e 
prestígio. 
A defesa pela igualdade e liberdade dos indivíduos foi uma das principais 
bandeiras ainda nas revoluções liberais-burguesas nos séculos XVII e XVIII. 
Àquela época, o grupo que conseguiu acumular renda, mas que ainda era 
desprovido de poder e participação política, uniu-se ao povo, os 
desprovidos de privilégios, mas obrigados a pagar altos impostos para os 
nobres, para o rei e para a igreja, para ter mais forças e conseguir realizar 
tais revoluções. Ao garantirem sua vitória, a burguesia aos poucos foi 
agindo contrariamente à consolidação de direitos para o povo, posto que 
não mais precisava de seu apoio, mas agora da exploração de suas vidas e 
trabalho para desenvolver o sistema capitalista. 
Nesse período, começaram a ser disseminadas as correntes do socialismo 
e do comunismo entre a classe trabalhadora, que passou a organizar-se 
na forma de partidos e sindicatos e lutar por melhores condições de 
trabalho A primeira metade do século XX foi marcada então pela divisão 
do globo entre países capitalistas e socialistas, culminando no 
surgimento de estados fascistas e totalitários e na Segunda Guerra 
Mundial. 
 
 
 
VOCÊ QUER VER? 
 
 
 
No filme Norma Rae (FRANK JR; RAVETCH, 1979), a protagonista vem de uma família com 
gerações de trabalhadores da indústria têxtil e a partir do contato com um ativista passa a 
questionar as condições de trabalho e propor a organização de um sindicato. 
 
 
 
Nas práticas de colonização promovidas pela Europa na América Latina, 
África e Ásia também podemos identificar a desumanização dos povos 
dominados, que tiveram sua cultura, língua, economia e religião 
negligenciados e combatidos em prol da ocidentalização do mundo. 
Outro exemplo de violência contra a universalidade da humanidade pôde 
ser observada no regime nazista alemão que, baseado em uma ideia de 
supremacia racial, também dizimou milhões de pessoas e implementou 
os campos de concentração. 
 
 
 
VOCÊ SABIA? 
No Brasil foi instituída uma Comissão Nacional da Verdade (CNV), em 
2011, durante o governo de Dilma Rousseff, para investigar violações aos 
direitos humanos cometidos entre 18 de setembro de 1946 e 5 de 
outubro de 1988, abarcando o primeiro período democrático do país 
(1946-1964), a ditadura militar (1964-1984), o retorno à democracia 
(1985) e a instituição da atual Constituição Federal (1988). 
 
 
Outro desafio a partir da Declaração Universal dos Direitos Humanos é de 
que todos os indivíduos “são iguais perante a lei”, além de livres para 
expressarem suas opiniões e cultuarem a religião que escolherem. Bom, 
basta olharmos qualquer reportagem e/ou relato do cotidiano para 
Deslize sobre a imagem para Zoom 
percebermos que a justiça não se aplica de maneira igualitária, 
independente da cor/etnia, classe social, gênero, nacionalidade, 
orientação sexual, opção política-ideológica etc. Também temos os casos 
de “prisioneiros da consciência”, ou seja, pessoas que foram presas por se 
manifestarem contrariamente a governos totalitários, como durante a 
ditadura militar no Brasil. E quanto à religião, casos de repressão às suas 
manifestações, como o uso no véu na França por muçulmanas, que foi 
repreendido, ou os casos de depredação de casas de religião de matriz 
africana no Brasil. 
 
 
 
Figura 3 - Praticante de religião de matriz africana, que apesar de estar garantida pela 
constituição brasileira, continuam sofrendo violência. Fonte: Vitoriano Junior, 
Shutterstock, 2018. 
 
 
Então, é pertinente nos determos na afirmação de John Dewey que o 
historiador Marco Mondaini (2009, p. 159) nos traz à tona: “Se você quer 
estabelecer a concepção de uma sociedade, descubra quem está na 
prisão”. Essa afirmação é importante para que possamos avaliar se os 
ideais de justiça social, paz, diversidade cultural e respeito aos direitos 
humanos estão sendo exercidos nos diferentes países. 
No próximo tópico, vamos discutir as assimetrias entre o Brasil de direito, 
caracterizado pelas leis, e o de fato, fundamentado na prática cotidiana. 
 
 
 
 
VOCÊ QUER VER? 
 
Ouvimos e falamos muito em direitos humanos, em diversas lutas, protestos, nas mídias em casa. Sim eles 
estão por toda parte, inclusive na sua mente. Mas afinal de conta O que são direitos humanos? Como surgiu 
este conceito e como na prática esses direitos são aplicados na sua vida? Se fizessem a você estas perguntas 
o que responderia? Pense por alguns instantes e assista o pequeno documentário disponível no site unidos 
pelos direitos humanos clicando no link <https://www.unidospelosdireitoshumanos.org.br/what-are-human-
rights/>, mergulhe nas páginas da história e no mundo do conhecimento deste aspecto tão importante para 
sua vida, ao final reflita, seus direitos são os direitos dos outros. 
 
 
 
 
1.2.2 Brasil Legal x Brasil Real 
O caminho percorrido pelos Estados Unidos, Inglaterra e França, é de 
conquista de direitos civis – as liberdades individuais (século XVII e XVIII), 
depois direitos políticos – igualdade política (século XIX), e direitos sociais 
– igualdade social (século XX). No Brasil, houve inicialmente, alguns 
ganhos sociais, como a consolidação das leis trabalhistas (CLT), em 1943, 
durante o governo de Getúlio Vargas, para que posteriormente fossem 
conquistados direitos civis e políticos, principalmente após a ditadora 
militar, em 1984, quando foi (re)instituído no Brasil o Estado Democrático 
de Direito. 
Em termos legais, o Brasil se coloca como um dos países com legislação 
mais avançada da América Latina, contudo percebemos grande 
contradição entre o campo “legal” e o “real”, ou seja, apesar de uma 
constituição e leis que garantem a igualdade, liberdade e dignidade de 
todos os cidadãos, os direitos fundamentais como saúde, moradia, 
segurança, transporte, lazer e educação são escassos a ampla parcela da 
população. 
A dinâmica social contemporânea, ainda que imbuída em um cenário de 
direitos e normas jurídicas estabelecidas, se passa como se ainda 
vivêssemos na idade média, quando o poder econômico e político eram 
determinados pelo nascimento, já que mesmo com a igualdade presente 
nas leis, não há meios adequados para que pessoas de diferentes estratos 
sociais alcancem os lugares mais prestigiados da sociedade. Mesmo que a 
justificativa não seja mais os “desígnios de deus”, a estratificação ou 
desigualdade social é uma das características mais evidentes de nosso 
país. 
 
 
 
VOCÊ QUER LER? 
 
 
 
“Quarto de Despejo – Diário de uma favelada” (JESUS, 2014) é um livro em que são editados 
os diários de Carolina Maria de Jesus, uma mulher negra, migrante de Minas Gerais, 
papeleira e moradora de uma favela em São Paulo, na década de 1950. O livro retrata o 
cotidiano de miséria, privações e a sociabilidade da escritora, sua família e vizinhos, 
explicitando as trajetórias de pessoas à margem da cidadania e dos direitos fundamentais 
no Brasil. 
 
 
 
Pessoas são tratadas de forma distinta conforme os marcadores de 
diferença, classe, cor e gênero, por exemplo. O aparato público é utilizado 
comfins privados e o coronelismo ainda se apresenta como uma das 
principais práticas políticas. Esse clientelismo que deveria ter acabado 
com a instituição da democracia e ampliação da cidadania ainda não foi 
exterminado, já que os políticos atuais são os mesmos ou, então, 
descendentes dos antigos coronéis. Assim, os direitos humanos ainda não 
conseguiram garantir a emancipação real da maioria da população 
brasileira. 
 
 
 
 
VOCÊ QUER VER? 
 
 
 
No filme Quanto vale ou É por quilo? (BIANCHI; BENAIM; CANITTO, 2005) é retratado os 
trâmites entre política e filantropia, além de fazer uma analogia entre o comércio de 
escravos e a atual exploração da miséria por vários agentes sociais. 
 
É inegável que desde a abertura política já tivemos inúmeros avanços, 
mas infelizmente estes também chegam acompanhados por retrocessos. 
A reforma agrária que possibilitaria a permanência dos agricultores no 
campo, a manutenção de identidade e cultura de quilombolas e indígenas 
ainda não foi realizada. Ao mesmo tempo em que houve a universalização 
de crianças nas escolas, também enfrentamos uma taxa de mais de 10 
milhões de brasileiros desempregados (GOMES, 2018). Vivemos, então, 
em um Brasil em que uns são mais humanos do que outros? Enfrentar 
essas disparidades se constitui como um desafio urgente para 
construirmos um lugar realmente plural e digno para todos, onde a paz, a 
segurança coletiva, o desenvolvimento e os direitos humanos sejam 
indissociáveis. 
Agora, vamos apresentar a situação de grupos que permanecem à 
margem de parte ou integralmente dos direitos humanos. 
 
 
1.3 Mulheres e Minorias 
Este tópico diz respeito aos avanços, desafios e entraves para o exercício 
da cidadania e do respeito aos direitos humanos de grupos 
subalternizados, também chamados de minorias. O primeiro ponto que 
precisamos elucidar se relaciona justamente a palavra minorias. Quando 
a ouvimos, a primeira ideia que nos vem a cabeça tem a ver com um 
número reduzido, ou seja, com quantidade. No entanto, essa imagem 
pode gerar equívocos quando a palavra minorias está associada a 
políticas públicas ou direitos humanos. Isso porque grupos compostos 
por milhões de pessoas – que, muitas vezes, podem constituir a maioria 
em termos numéricos da população de determinada sociedade -, mas 
que, contrariamente à sua presença numérica, estão sub-representados 
em espaços de poder, prestígio, educação, renda, saúde e lazer. Além 
disso, são hiper-representados entre o grupo com menor poder 
aquisitivo, ocupando os empregos menos valorizados e prestigiados, 
deficitários de saúde, educação, moradia, segurança, lazer e respeito aos 
direitos humanos. 
Nesse sentido, as mulheres e outros grupos como homossexuais, 
transexuais e transgêneros, deficientes, idosos, jovens e crianças, são 
estratos da sociedade considerados minorias justamente por estarem 
mais vulneráveis a violências e carentes de respeito aos seus direitos 
humanos mais fundamentais. Em contraponto às minorias, está o grupo 
hegemônico, provido de privilégios e vantagens historicamente 
perpetuadas. Esse lugar é ocupado por homens, brancos, heterossexuais, 
que moram nos lugares mais caros das cidades, ocupam profissões bem 
remuneradas e respeitadas e estão menos sujeitos às violências 
criminosas e institucionais, fazendo com que pessoas que não 
correspondem a este perfil sejam vistas e tratadas como não tão 
“humanas” assim. 
 
 
 
VOCÊ QUER VER? 
 
 
Vamos lá, você deve se perguntar as vezes se no meio de tantas leis que promovem a igualdade, por que 
ainda existe tanta desigualdade? O site believe.earth/pt-br trás de forma simples e objetiva 10 ações diárias 
para promover a igualdade entre homens e mulheres clique <https://believe.earth/pt-br/10-acoes-do-dia-dia-
que-promovem-igualdade-de-genero/>; após a leitura e anotações, você é desafiado a pensar em fatos 
sociais e profissionais que geram desigualdade entre homens e mulheres, ai você percebera que a situação 
ainda tem muito a ser trabalhada, quer ver? Vou adiantar um dos fatos, o analfabetismo é um deles, dos 750 
milhões de pessoas sem habilidades básicas em leitura, mais da metade são meninas. No link a seguir você 
encontrará a leitura ilustrada desses fatos sobre estas desigualdades listadas pela ONU (Organização das 
Nações Unidas). <https://nacoesunidas.org/onu-16-fatos-sobre-desigualdades-entre-homens-e-mulheres/>. 
 
 
Será que diferenças são o mesmo que desigualdades? É o que vamos 
abordar no próximo tópico. 
1.3.1. (Des)naturalização das desigualdades 
Enquanto seres coletivos, vivendo em sociedade, nossa socialização 
desde a infância se dá por meio de instituições sociais, como família, 
escola, igreja e Estado, que, frequentemente, disseminam o modelo 
hegemônico sobre o que é normal ou anormal para a contribuição da 
ordem social. Entretanto, nesta “ordem”, normalmente alguns grupos são 
privilegiados, enquanto outros são inferiorizados. Portanto quem detêm 
o poder político e econômico não pretende perder seus privilégios e, para 
isso, faze uso do aparato ideológico para manter a estrutura social no 
modelo que mantém sua posição de dominação sobre outros. 
Isso acontece, por exemplo, em relação ao conceito, características e 
significados de mulher e homem em nossa sociedade. Somos ensinados 
que quem nasce com uma vagina é do sexo feminino e devem ser 
socializados como mulheres, enquanto quem nasce com pênis, devem 
aprender a ser homem. Essa associação, que durante tanto tempo foi 
vista como natural e disseminada pelas instituições sociais, atualmente 
começa a ser tensionada por estudiosos que irão defender que a própria 
biologia é uma construção cultural (MARILYN STRATHERN, 1992 apud 
CARVALHO, 2012), portanto não é natural ou imutável. 
Mas, seguindo o modelo sexo-gênero (GAYLE RUBIN, 1975 apud 
CARVALHO, 2012), tão difundido ao longo dos tempos, a genitália 
determinaria o comportamento social das pessoas e também o papel que 
estas deveriam desempenhar nos seus contextos sociais. Podemos 
perceber que essa estrutura binária contribuiu para a dominação 
masculina e a opressão das mulheres. 
Alguns autores vão justificar que as mulheres estariam ligadas à natureza 
e à reprodução da família e do lar, enquanto os homens estariam 
atrelados à cultura, ao espaço público e ao sustento de suas famílias e 
lares, como se homens e mulheres estivessem limitados a apenas um 
destino estabelecido pela natureza. 
Várias pesquisas em diferentes sociedades (MARGARETH MEAD, 2000 apud 
CARVALHO, 2012) contrapuseram este quadro, demonstrando que 
existem vários modelos sobre o que é ser homem ou mulher e nem 
sempre ligados à constituição biológica dos seres. Além disso, hoje se 
sabe que a maneira dicotômica de classificar o mundo em macho/fêmea, 
alto/baixo, mente/corpo, é apenas uma das possibilidades de 
entendimento, dentre várias outras, cada vez mais múltiplas. 
Em relação especificamente às mulheres, que se constitui como uma 
minoria por não gozar de plena cidadania e respeito aos direitos 
humanos, foi justamente durante as revoluções liberais, que elas 
passaram a questionar sua ausência no grupo dos cidadãos. A Declaração 
dos Direitos do Homem e do Cidadão, por exemplo, não incluía as 
mulheres. Desde o início da modernidade, as mulheres passaram a lutar 
por sua efetiva inserção na sociedade civil, reclamando seu direito de 
voto e também de poderem assumir cargos políticos. 
 
VOCÊ SABIA? 
A Arábia Saudita é um país em que as diferenças entre os direitos e 
papéis de homens e mulheres é bastante desigual, visto sob o contexto 
dos direitos humanos. As mulheres precisam da autorizaçãode um 
parente masculino para viajarem, trabalharem ou casarem. Foi o último 
país no mundo a negar as mulheres o direito de voto, conquistado 
apenas em 2015, e ainda assim, a representatividade das mulheres é 
irrisória, apenas 1 em cada 10 eleitores. 
 
 
A luta pelo direito do voto, quando da consolidação dos Estados 
democráticos no ocidente, se constituiu como a “primeira onda” na 
história oficial do feminismo – movimento acadêmico e ativista que atua 
em prol das mulheres. Posteriormente, com a industrialização e 
urbanização, as mulheres também passaram a se organizar para 
exercerem direitos iguais aos dos homens como o de ocupar o emprego 
que lhes desse vontade e ter a mesma remuneração que seus pares 
masculinos. Além disso, também passaram a questionar seus papéis 
sexuais enquanto apenas esposas, mães e responsáveis pelos afazeres 
domésticos, e a reivindicar por liberdade sexual, o que foi facilitado com a 
invenção da pílula anticoncepcional na década de 1950, a prática sexual 
não mais estaria atrelada somente à reprodução. 
 
 
 
 
Figura 4 - Dilma Rousseff foi, até o momento, a primeira e única mulher presidente do 
Brasil (2011 a 2016). Fonte: Shutterstock, 2018. 
 
 
Enquanto ferramenta de produção de conhecimento científico, após o 
conceito de papéis sexuais, na década de 1980, a feminista estadunidense 
Joan Scott (1985) introduziu o conceito de gênero para estudar o caráter 
Deslize sobre a imagem para Zoom 
cultural dos papéis de homens e mulheres. Partindo dessa ferramenta 
analítica, muitas pesquisas foram desenvolvidas, mas inicialmente 
apenas chamando atenção para as trajetórias sociais e dificuldades que 
as mulheres enfrentavam/enfrentam em seus cotidianos. Depois, houve o 
entendimento de que a categoria gênero seria relacional, se trataria das 
relações sociais constituídas por homens e mulheres e suas 
peculiaridades. Nesse momento, surgem trabalhos que também 
interpelam e manifestam a existência de masculinidades e feminilidades 
no plural. 
Isso significa que de categorias que antes foram determinadas 
biologicamente, homens e mulheres passaram a ser constructos sociais 
e,portanto, passíveis de mudanças, já que a cultura está em contínua 
transformação. 
 
 
 
 
VOCÊ QUER LER? 
 
 
 
O livro “O conto da aia” (ATWOOD, 2017), em inglês The Handmaid’s Tale, é um romance da 
canadense Margaret Atwood lançado originalmente em 1985. A partir de uma cidade fictícia 
dos Estados Unidos, a história retrata um golpe em que um grupo conservador toma o 
poder, destruindo o país e impondo papéis sexuais para diferentes grupos de mulheres, que 
remetem às ideias de natureza e submissão. 
 
 
 
Além das recentes discussões sobre o caráter cultural da natureza, as 
perspectivas de feministas afro-estadunidenses, desenvolvidas pelos 
menos desde os anos 1960, juntamente com as abordagens de mulheres 
do “terceiro mundo”, passaram a ter maior visibilidade a partir dos anos 
1990. Autoras como Angela Davis, Bel Hooks, Kimberlé Crenshaw, 
Chandra Mohanty e Lélia Gonzalez chamaram atenção para a 
heterogeneidade da categoria mulher, defendendo que as experiências e 
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opressões variam de acordo com o lugar que determinada mulher ocupa 
e da sociedade em que está inserida. Desse modo, salientam que classe 
social, cor, orientação sexual e religião não podem ser entendidas de 
forma separada ou hierarquizada, pois, muitas vezes, atuam de forma 
simultânea nas trajetórias de diferentes mulheres. Então, levantaram 
críticas a respeito de apenas um discurso feminista, pautado nas 
experiências de mulheres, brancas, heterossexuais, norte-americanas e 
europeias. 
 
 
 
Figura 5 - Mulher protestando em ato público pela garantia de direitos civis, políticos e 
sociais. Fonte: arindambanerjee, Shutterstock, 2018. 
 
 
Para enfrentar as desigualdades e violências que diferentes mulheres 
ainda enfrentam, os movimentos sociais, organizações não 
governamentais e partidos sensibilizam a opinião pública por meio de 
campanhas e protestos, visando o estabelecimento de leis de proteção e 
políticas afirmativas para que as mulheres possam ser respeitadas em 
seus direitos humanos e ocupem diferentes espaços sociais. 
No Brasil, em 7 de agosto de 2006, foi sancionada a Lei Maria da Penha - 
Lei 11.340 (BRASIL, 2006) que visa criminalizar e punir a violência contra 
as mulheres. Há também a Lei do Feminicídio – Lei 13.104 (BRASIL, 2015) – 
que classifica como crime os assassinatos cometidos em razão de serem 
mulheres. 
Qual seria o outro seguimento social que também permanece em 
desigualdade em nossa sociedade? Veja a resposta no tópico a seguir. 
 
 
1.4 A questão étnica racial 
Para justificar a colonização, exploração e dominação de povos e países, 
os europeus ancoraram-se em teorias pseudocientíficas que abalizavam 
diferenças étnico-raciais enquanto desigualdades intelectuais e morais. 
Isto é, utilizaram a teoria da evolução das espécies desenvolvida por 
Charles Darwin (1809-1882) para explicar a manutenção e proliferação de 
certos tipos de animais e vegetais, e construíram a teoria da evolução 
social, pautando-se pelo argumento de que povos também deveriam 
passar por estágios evolutivos para progredirem. Iriam da selvageria, 
passando pela barbárie, até chegar na civilização, que seria a cultura 
ocidental europeia. 
Assim, o argumento moralmente defendido para a colonização era de que 
os europeus iriam “civilizar” o novo mundo, enquanto uma “missão de 
ajuda humanitária”. Não é preciso adivinhar que para tal intento, no caso 
brasileiro, trataram como selvagens e bárbaros indígenas, africanos e 
seus descendentes. Era preciso tornar inferior estes grupos, juntamente 
às suas culturas e religiões, para que o projeto “civilizatório” desse certo. 
Com isso, foram aplicadas na sociedade brasileira teorias raciais que 
surgiram na Europa desde o século XIX, e pregavam a ideia de supremacia 
e pureza raciais. Então, além do genocídio da população indígena e a 
escravização de africanos, também foram postos em práticas políticas 
públicas para o embranquecimento da população, sob o argumento que o 
desenvolvimento da nação estaria diretamente relacionado com o fim da 
população negra e indígena. 
 
 
 
 
VOCÊ O CONHECE? 
 
 
 
O psiquiatra e filósofo martinicano, de ascendência francesa e africana, Franz Fanon (1925- 
1961), escreveu sobre os efeitos do racismo na subjetividade de homens racializados e lutou 
pela independência da Argélia. Suas obras “Pele negra, máscaras brancas” (1952) e “Os 
condenados da terra” (1961) são referências dos estudos culturais e pós-coloniais. 
 
 
 
Como você pode subentender, durante muitos séculos o conceito de 
cidadão brasileiro não incluía a população negra ou indígena. Por serem 
considerados “menos humanos” que os brancos, não eram reconhecidos 
como sujeitos dos direitos humanos, logo, o país vem perpetuando uma 
dívida com esses grupos, que podem ser considerados minorias, e que, 
infelizmente, apesar de alguns direitos já reconhecidos, continuam tendo 
que resistir aos efeitos da discriminação racial que estrutura a sociedade 
brasileira. 
Surge, então, a pergunta: como consolidar a cidadania e a democracia 
plena em um país fundado na desigualdade social e no preconceito 
racial? A resposta passa por uma grande revolução em todas as esferas da 
vida social, com a prioridade dos direitos humanos universais. Com isso, 
poderemos pensar em nos desenvolvermos e constituirmos em um povo 
harmônico e miscigenado de fato, enquanto isso, ainda temos muita 
estrada pela frente.VOCÊ QUER VER? 
 
Racismo é um assunto delicado, é necessário sair um pouco da teoria e ver como acontece na realidade 
cotidiana das pessoas, acompanhe agora um pequeno vídeo produzido pela GNT onde três mulheres negras, 
incluindo a filósofa Djamila Ribeiro, discutem o que é o racismo. Um dos contextos é a educação, o acesso 
as escolas e universidades. Vamos lá? <https://youtu.be/dU-hqu7aqj4> talvez você passe por estas situações 
citadas ou conheça alguém que vive estes dramas raciais. 
 
 
Já no próximo tópico, vamos estudar a sociedade brasileira, posto que a 
partir da identificação, é possível buscar soluções para os problemas. 
1.4.1 Enxergando a sociedade brasileira 
A década de 1930 ficou conhecida como o período em que surge a 
sociologia no Brasil. O início foi marcado por perguntas que buscavam 
entender a sociedade e a cultura brasileira, “afinal, o que faz o Brasil, 
Brasil?”. Nesse momento, surgiram obras importantes com o intuito de 
responder tal questionamento como “Casa Grande e Senzala” (FREYRE, 
1992 [1933]), do pernambucano Gilberto Freyre (1900-1987), em que 
podemos perceber uma crítica à supremacia racial das teorias raciais do 
século XIX. O autor aborda a miscigenação entre europeus, africanos e 
indígenas como o traço central da sociedade brasileira, mas defende o 
que ficou conhecido como o “mito da democracia racial”, como se no 
Brasil não existisse conflitos raciais e todos os povos vivessem com 
respeito, igualdade e harmonia. Desse modo, o mito da democracia racial 
corresponde à ideia de que no Brasil não existem conflitos raciais e todos 
os segmentos sociais tem a mesma oportunidade de acesso a direitos, 
bens e serviços, ou seja, uma falácia. 
 
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Figura 6 - A capoeira é uma arte marcial brasileira, desenvolvida por africanos e brasileiros 
escravizados e durante muito tempo sua prática foi proibida. Fonte: Val Thoermer, 
Shutterstock, 2018. 
 
 
Por décadas e mesmo nos dias atuais, o mito de que no Brasil não existem 
conflitos raciais ainda é disseminado quando se deseja discorrer sobre a 
sociedade brasileira. O problema é que ele mascara e invisibiliza a 
realidade de grupos brasileiros (negros e indígenas), contribuindo assim 
para a perpetuação de violências, desigualdades e segregações. 
 
 
 
 
VOCÊ QUER LER? 
 
 
 
O livro “Um defeito de cor” (GONÇALVES, 2006), escrito por Ana Maria Gonçalves, é a história 
de uma africana trazida à força para ser escravizada no Brasil, seus antepassados e os 
eventos que vivencia no “novo mundo”. É uma obra prima que reflete o horror da escravidão 
e do racismo na sociedade brasileira, mas também um documento histórico sobre 
resistência, solidariedade e espiritualidade. 
 
 
 
No Brasil, metade da população é negra ou não branca (SARAIVA, 2017), 
mas estes estão sub-representados nos locais de prestígio e poder da 
sociedade e hiper-representados nas profissões de menor valorização e 
remuneração, como o trabalho doméstico, de portaria e segurança. 
Ocupam os bairros menos valorizados, distantes do centro das cidades, 
muitas vezes, com falta de saneamento básico e serviços. Assim como as 
mulheres, a população negra ou não branca, sobretudo, mulheres negras, 
ganham menos que os homens brancos ao realizarem o mesmo serviço. 
CASO 
No Brasil, existem aproximadamente 6 milhões de 
trabalhadores domésticos. Destes, mais de 95% são mulheres, e 
em torno de 70% mulheres negras. Apenas 30% destas 
trabalhadoras possuem a carteira de trabalho registrada e 
contribuem para a previdência social. Isso quer dizer que 
durante décadas essas mulheres trabalharam sem a garantia de 
um salário mínimo, uma jornada de trabalho estabelecida e a 
garantia de aposentadoria. Somente em 2015, foi 
regulamentada a “lei das domésticas”, LCP 150 (BRASIL, 2015), 
que visa equiparar os direitos das trabalhadoras domésticas aos 
demais trabalhadores. A lei abarca somente trabalhadoras 
mensalistas, enquanto cresce o número de diaristas, que 
trabalham várias vezes por semana. Algumas trabalhadoras 
preferem o trabalho na forma de diaristas, pois podem 
flexibilizar seus horários, porém com isso apenas recebem 
quando estão trabalhando, além de que os danos para a saúde a 
longo prazo podem ser bem maiores. 
Atualmente, o Ministério do Trabalho busca fiscalizar e punir os 
empregadores que não estão obedecendo a lei 150/15. Os 
movimentos sociais continuam se organizando para 
conseguirem mais direitos para as diaristas, que já representam 
aproximadamente 30% do grupo. 
 
 
 
 
Os indígenas são os povos originários de nossas terras e bastantes 
heterogêneos, organizados em diferentes etnias, com língua e cultura 
próprias. De acordo com o censo de 2010 (BRASIL, 2012) do Instituto 
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), existem aproximadamente 
817.963 indígenas, falando 274 línguas distintas e divididos em torno de 
305 povos. 
É comum achar que eles fazem parte do passado, de uma cultura 
selvagem e que vivem apenas na Floresta Amazônica. Essas ideias 
etnocêntricas foram disseminadas durante a colonização justamente para 
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colaborar com a exploração e dizimação dos povos indígenas e, 
atualmente, são usadas por empresários que visam o uso ilimitado das 
terras para fins privados e comerciais. 
Como o número do censo em relação à diversidade nos mostra, os índios 
persistem e estão cada vez mais ocupando diferentes lugares na 
sociedade sem perderem suas identidades. 
As culturas indígenas são parte constitutiva da sociedade brasileira, seja 
no vocabulário, nas práticas alimentares ou medicinais, e suas influências 
estão presentes no cotidiano de qualquer cidadão, bem como a influência 
das culturas africanas, europeias e, em menor medida, asiáticas. 
 
 
 
Figura 7 - Exemplo do sincretismo que forma a sociedade brasileira, mulher negra 
performatiza uma dança com influências indígenas. Fonte: ostill, Shutterstock, 2018. 
 
 
Como mecanismo para promover a igualdade de segmentos sociais 
historicamente discriminados, políticas públicas diferenciadas 
começaram a ser desenvolvidas, de ações afirmativas, com intuito de 
implantar mecanismo de cotas para que os grupos minoritários possam 
alcançar de maneira mais rápida igualdade de oportunidades nas 
sociedades. 
De acordo com a antropóloga Ana Paula Comin de Carvalho (2012), 
citando o etnólogo Carlos Moore Wedderburn (2005), diferentemente da 
ideia de que as políticas de ação afirmativa surgiram nos Estados Unidos, 
na década de 1960, no contexto da luta pelos direitos civis de afro- 
americanos, as ações afirmativas teriam sido originadas na Índia, já no 
pós-PrimeiraGuerra Mundial, quando as castas inferiores começaram a 
clamar por mais representatividade nas esferas de poder. Esse 
movimento teria se intensificado após a Segunda Guerra Mundial, com as 
lutas de independência dos países da África e Ásia, para então servirem 
como forte instrumento em busca de igualdade pelas mulheres norte- 
americanas e europeias, pelas populações negras diaspóricas 
(populações oriundas da África que se estabeleceram em outros lugares 
do globo), e também na América Latina. 
Em especial no Brasil, as políticas de ação afirmativas, que visam resgatar 
a equidade de segmentos sociais de maneira rápida e eficaz, passaram a 
ter maior incidência a partir dos anos 2000, quando não apenas a 
representação feminina foi estimulada na esfera governamental, mas 
outras minorias organizaram-se na luta pela igualdade de direitos. Desse 
modo, atualmente existem cotas para diferentes gruposnas esferas da 
política, do trabalho e da educação. Porém, estão em risco quando 
grupos conservadores põem em cheque sua importância, como acontece 
em relação à política de cotas para negros e indígenas nas universidades 
brasileiras. 
 
 
 
Síntese 
Concluímos a unidade introdutória aprendendo que o conceito de 
cidadão nem sempre abarcou todos os indivíduos de uma determinada 
sociedade, assim como a consolidação dos direitos humanos continua 
sendo um desafio diário, sobretudo, para minorias sociais. 
Neste capítulo, você teve a oportunidade de: 
• aprender que a Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948) 
se constitui como o documento de referência para a implementação 
dos direitos humanos nas constituições dos mais diversos países; 
• estudar os percursos históricos para o surgimento da cidadania e a 
garantia dos direitos humanos no contexto brasileiro, chamando 
atenção para os desafios que persistem na consolidação da 
igualdade e justiça social em nosso país. 
 
 
 
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