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nalmente à menor procura. Uma vez operada essa mudança, a taxa
geral de lucro voltaria a igualar-se nos diferentes ramos da indústria.
Como todo esse desarranjo obedecia originariamente a uma simples
mudança na relação entre a oferta e a procura de diversas mercadorias,
cessando a causa, cessariam também os efeitos, e os preços voltariam
ao seu antigo nível e ao antigo equilíbrio. A redução da taxa de lucro,
por efeito dos aumentos de salários, em vez de limitar-se a uns quantos
ramos da indústria, tornar-se-ia geral. Segundo a suposição de que
partimos, nenhuma alteração ocorreria nas forças produtivas do tra-
balho, nem no volume global da produção, sendo que aquele volume
dado de produção apenas teria mudado de forma. Uma maior parte
do volume de produção estaria representada por artigos de primeira
necessidade, ao passo que diminuiria a parte dos artigos de luxo, ou,
o que vem a ser o mesmo, diminuiria a parte destinada à troca por
artigos de luxo importados do estrangeiro e consumida dessa forma;
ou, o que ainda é o mesmo, em outros termos, uma parte maior da
produção nacional seria trocada por artigos importados de primeira
necessidade, em lugar de ser trocada por artigos de luxo. Isso quer
dizer que, depois de transtornar temporariamente os preços do mercado,
a alta geral da taxa de salários só conduziria a uma baixa geral da
taxa de lucro, sem introduzir nenhuma alteração permanente nos pre-
ços das mercadorias.
Se me disserem que, na anterior argumentação, dou por estabe-
lecido que todo o aumento de salários se gasta em artigos de primeira
necessidade, replicarei que fiz a suposição mais favorável ao ponto de
vista do cidadão Weston. Se o aumento dos salários fosse aplicado em
objetos que antes não entravam no consumo dos trabalhadores, seria
inútil que nos detivéssemos a demonstrar que seu poder aquisitivo
havia experimentado um aumento real. Sendo, porém, mera conse-
qüência da elevação de salários, esse aumento do poder aquisitivo dos
operários terá de corresponder, exatamente, à diminuição do poder
aquisitivo dos capitalistas. Vale dizer, portanto, que a procura global
de mercadorias não aumentaria, e apenas mudariam os elementos in-
tegrantes dessa procura. O incremento da procura de um lado seria
contrabalançado pela diminuição da procura do outro lado. Desse modo,
como a procura global permaneceria invariável, não se operaria mu-
dança de cunho algum nos preços das mercadorias.
Chegamos, assim, a um dilema: ou o incremento dos salários se
gasta por igual em todos os artigos de consumo, caso em que o aumento
da procura por parte da classe operária tem que ser compensado pela
diminuição da procura por parte da classe capitalista, ou o incremento
dos salários só se gasta em determinados artigos cujos preços no mer-
cado aumentarão temporariamente. Nesse caso, a conseqüente elevação
da taxa de lucro em alguns ramos da indústria e a conseqüente baixa
da taxa de lucro em outros provocarão uma mudança na distribuição
OS ECONOMISTAS
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