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A Importância da Atenção Farmacêutica no Tratamento do Diabetes

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AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente à Deus, que me deu energia e benefícios para concluir esse trabalho.
Agradeço aos meus pais, que sempre me incentivaram todos os anos que estive na faculdade.
Agradeço à minha esposa e meu filho, que estiveram sempre ao meu lado me apoiando e ajudando em tudo que precisava, sem eles eu não teria conseguido.
Por fim, agradeço a todas as pessoas que fizeram parte dessa etapa decisiva em minha vida.
“Não tente ser uma pessoa de sucesso. Em vez disso, seja uma pessoa de valor.”
(Albert Einstein)
RESUMO
Sabe-se que vários estudos foram realizados para demonstrar que a prática da atenção farmacêutica pode trazer resultados satisfatórios em relação aos custos, qualidade e adesão ao tratamento proposto com o uso de insulina. Não só no Brasil, mas em outros países, deve-se valer da atenção farmacêutica como uma ferramenta essencial para o acompanhamento do tratamento dos pacientes acometidos do diabetes. A Sociedade Brasileira de Diabetes já diz que o não tratamento ou tratamento incorreto do diabetes, pode levar a várias complicações crônicas como retinopatia, nefropatia, neuropatia, pé diabético, infarto do miocárdio, acidentes vasculares e infecções. O conceito básico do termo Diabetes Mellitus é classificado como um grupo de transtornos metabólicos, desencadeado por uma hiperglicemia, resultante da deficiência na secreção de insulina, defeitos em sua ação, ou ambos os casos. De acordo com pesquisas, é possível afirmar que quase 387 milhões de pessoas possuam diabetes, e pressupõe-se que no futuro esse número ultrapasse 450 milhões de pessoas. Por se tratar de uma Doença Crônica Não-Transmissível (DCNT), um pequeno aumento em sua incidência é capaz de trazer grandes implicações na saúde da população, presumindo-se que está em curso uma epidemia de DM. Diante do cenário atual, a atenção farmacêutica está ligada, em geral, diretamente à qualidade a atenção à saúde, uma vez que quando os profissionais da área da saúde se valem dos mais diversos recursos disponíveis para promover o máximo benefício ao paciente, interligando com um trabalho multiprofissional, faz com que os pacientes e a população só tenham a ganhar, causando um efeito positivo e impacto de prevenção à doença.
PALAVRAS-CHAVE: Insulina; Diabetes; Farmacêutico.
ABSTRACT
It is known that several studies have been conducted to demonstrate that the practice of pharmaceutical care can bring satisfactory results regarding the costs, quality and adherence to the proposed treatment with insulin. Not only in Brazil, but in other countries, pharmaceutical care should be used as an essential tool for monitoring the treatment of patients with diabetes. The Brazilian Society of Diabetes already says that the untreated or incorrect treatment of diabetes can lead to several chronic complications such as retinopathy, nephropathy, neuropathy, diabetic foot, myocardial infarction, strokes and infections. The basic concept of the term Diabetes Mellitus is classified as a group of metabolic disorders triggered by a hyperglycemia resulting from deficiency in insulin secretion, defects in its action, or both. According to research, it is possible to say that almost 387 million people have diabetes, and it is assumed that in the future this number exceeds 450 million people. Because it is a Chronic Noncommunicable Disease (NCD), a small increase in its incidence may have major implications for the population's health, assuming that an epidemic of DM is ongoing. Given the current scenario, pharmaceutical care is generally linked directly to quality health care, since when health professionals use the most diverse resources available to promote maximum benefit to the patient, linking with a multiprofessional work, makes patients and the population only gain, causing a positive effect and impact of disease prevention.
KEY-WORDS: Bupropion; Smoking; Treatment; Nicotine.
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
DM	Diabetes Mellitus 
OMS	Organização Mundial de Saúde 
SUS	Sistema Único de Saúde
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO	11
DIABETES: CONCEITO E TIPOS	12
O PACIENTE DIABÉTICO	14
CONTROLE GLICÊMICO	15
FORMAS DE TRATAMENTO	17
CONSIDERAÇÕES FINAIS	20
REFERÊNCIAS....................................................................................................
1. INTRODUÇÃO
Atribui-se a elevação da prevalência do diabetes à urbanização, à industrialização, ao crescimento populacional, ao aumento da expectativa de vida e aos maus hábitos gerais. No Brasil, dados do estudo multicêntrico de prevalência do DM, realizado com pessoas entre 30 e 69 anos de idade, em 9 capitais do País, indicam um predomínio de 7,6% delas com diabetes (PICCOLOMINI, 2002).
Em vista disso, a atenção farmacêutica é uma ferramenta essencial para o acompanhamento farmacoterapêutico, uma vez que o paciente diabético necessita ser amparado, pois esta é uma doença complexa, que envolve cuidados com esquema posológico, armazenamento de insulina e mudanças de hábitos de vida (PLÁCIDO; FERNANDES; GUARIDO, 2009).
Logo, diante da importância do tema e os benefícios que os farmacêuticos representam para os pacientes, a assistência farmacêutica se torna essencial. Afinal, qual é o grau de importância da farmacêutica e do próprio farmacêutico no uso da insulina, com os pacientes diabéticos?
O objetivo geral do trabalho foi descrever a importância das ações do farmacêutico como profissional da saúde no cuidado ao paciente diabético, notadamente no uso de insulina. No tocante aos objetivos específicos, se busca entender o que é o diabetes e classificar seus tipos; descrever o perfil do paciente diabético fazendo referência ao controle glicêmico; apresentar as formas de tratamento para os diferentes tipos da doença e demonstrar o papel dos profissionais da área farmacêutica no cuidado do paciente por meio de estudos relacionados à atenção farmacêutica no uso de insulina.
A metodologia aplicada foi a de revisão ou pesquisa bibliográfica, por meio de uma análise de trabalhos científicos já publicados sobre o assunto, no período de 2010 a 2020, isto é, nos últimos 10 (dez) anos, em livros e sites de banco de dados. As palavras chaves utilizadas para fazer a busca foram: saúde, diabetes e farmacêutico.
11
2. DIABETES MELLITUS
O DM é um grupo heterogêneo de distúrbios metabólicos que apresenta em comum à hiperglicemia (SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES, 2016). Acontece devido à falta ou insuficiente produção de insulina secretada pelas células beta das ilhotas de Langerhans no pâncreas (SMELTZER; BARE, 2011).
Atualmente a classificação do DM baseia-se na etiologia (SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES, 2015). Segundo a OMS e Associação Americana de Diabetes (ADA), a classificação do DM inclui quatro classes clínicas: DM tipo 1 (DM1), DM tipo 2 (DM2), outros tipos específicos de DM e DMG. Existem ainda outras duas categorias que não são entidades clínicas, mas servem como alerta, pois são fatores de risco para o DM e doenças cardiovasculares referidas como pré-diabetes (glicemia de jejum alterada) e a tolerância à glicose diminuída (SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES, 2016).
Os tipos de diabetes, de acordo com o sítio eletrônico da Sociedade Brasileira de Diabetes, se classificam em diabetes tipo 1 e diabetes tipo 2.
Em algumas pessoas, o sistema imunológico ataca equivocadamente as células beta. Logo, pouca ou nenhuma insulina é liberada para o corpo. Como resultado, a glicose fica no sangue, em vez de ser usada como energia. Esse é o processo que caracteriza o Tipo 1 de diabetes, que concentra entre 5 e 10% do total de pessoas com a doença. O Tipo 1 aparece geralmente na infância ou adolescência, mas pode ser diagnosticado em adultos também. Essa variedade é sempre tratada com insulina, medicamentos, planejamento alimentar e atividades físicas, para ajudar a controlar o nível de glicose no sangue (SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES, 2019).
A DM tipo 1 (DM1) conhecida anteriormente como DM insulinodependente ou DM juvenilé caracterizada por pouca ou nenhuma insulina endógena, sendo necessário assim o uso insulinoterapia para o controle do diabetes a fim de evitar a cetoacidose (SMELTZER; BARE, 2011).
O Tipo 2 aparece quando o organismo não consegue usar adequadamente a insulina que produz; ou não produz insulina suficiente para controla a taxa de glicemia. Cerca de 90% das pessoas com diabetes têm o Tipo 2. Ele se manifesta mais frequentemente em adultos, mas crianças também podem apresentar. Dependendo da gravidade, ele pode ser controlado com atividade física e planejamento alimentar.
Em outros casos, exige o uso de insulina e/ou outros medicamentos para controlar a glicose (SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES, 2019).
A DM tipo 2 (DM2) anteriormente conhecido como DM não insulinodependente ou DM de início no adulto (SMELTZER; BARE, 2011) é a forma presente em 90% a 95% dos casos e caracteriza-se por defeitos na ação e secreção da insulina. Em geral os sinais e sintomas são fadiga, ganho de peso, cicatrização retardada de feridas e infecções redicivantes (SMELTZER; BARE, 2011).
Existem também a diabetes gestacional desenvolvidas por mulheres grávidas e a pré-diabetes.
Com base em pesquisas realizadas em sítios eletrônicos, notou-se que a versão mais comum do diabetes está ligada aos hábitos de vida (obesidade, sedentarismo, alimentação inadequada).
Assim como o tipo 1, o diabetes tipo 2 é caracterizado pelo excesso crônico de açúcar no sangue, o que desencadeia uma série de complicações, de infarto a perda de visão. Mas, nesse cenário, a causa da glicemia alta decorre de um fenômeno conhecido como resistência à insulina. E os sintomas só aparecem anos depois da instalação da doença.
É fundamental dizer: estamos falando de uma enfermidade silenciosa. Ou seja, na maioria dos casos, os sintomas abaixo aparecem somente quando ela já avançou demais. Daí porque é fundamental checar o nível de glicose no corpo de tempos em tempos.
Diabetes tipo 2 é também chamado de diabetes não insulinodependente ou diabetes do adulto e corresponde a 90% dos casos de diabetes. Ocorre geralmente em pessoas obesas com mais de 40 anos de idade embora na atualidade se vê com maior frequência em jovens , em virtude de maus hábitos alimentares, sedentarismo e stress da vida urbana Neste tipo de diabetes encontra-se a presença de insulina porém sua ação é dificultada pela obesidade, o que é conhecido como resistência insulínica, uma das causas de hiperglicemia. Por ser pouco sintomática o diabetes na maioria das vezes permanece por muitos anos sem diagnóstico e sem tratamento o que favorece a ocorrência de suas complicações no coração e no cérebro.
3. O PACIENTE DIABÉTICO
Para identificar um paciente diabético é preciso conhecer o diagnóstico da diabetes.
Os sinais e sintomas mais comuns do diabetes como a poliúria, polidipsia e polifagia, acompanhados de emagrecimento rápido e fadiga se dão devido à deficiência e ou a falta de regulação de insulina ocasionando um aumento da assimilação de glicose sérica, com uma diminuição da entrada de glicose para o interior das células. A partir deste quadro, ocorre o aumento do nível de glicose na circulação sanguínea. Neste caso o indivíduo começa a aumentar a ingestão de líquidos e alimentos e paralelamente a perda de peso (PATRÃO, 2013).
Se deve ter cuidado ao diagnosticar o diabetes, principalmente em pessoas assintomáticas, não se tomando como verdade um único valor anormal de glicemia jejum ou de HbA1c, devendo ser confirmado com 2ª análise entre uma a duas semanas. Quando diagnosticado no início da doença, estudos multicêntricos, tanto de DM1 como de DM2, mostram claramente a redução das complicações crônicas com o bom controle glicêmico (PATRÃO, 2013).
O Ministério da Saúde preconiza o rastreamento anual das complicações crônicas na população com DM1, a partir do quinto ano do diagnóstico (especialmente importante na puberdade). Na população com DM2, o controle deve ser realizado anualmente, a partir do diagnóstico. Considera como fatores de risco a duração da doença, mau controle metabólico, presença de Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS), o tabagismo, o alcoolismo, as complicações preexistentes e a gestação (BRASIL, 2013).
A enfermagem tem papel decisivo tanto nas ações referentes ao rastreamento da doença quanto nas de prevenção e tratamento dessa complicação, por meio da ação maciça de identificação do quadro patológico, classificação de risco e medidas pertinentes (SANTOS, 2013).
Um dos objetivos do tratamento do DM é a possibilidade de prevenção das complicações agudas e crônicas, haja vista o comprometimento das mesmas na qualidade de vida de seus portadores (SANDOVAL, 2003).
O papel do enfermeiro para com o paciente diabético é muito relevante. Dentre as ações ou atividades que devem ser desenvolvidas pelo profissional, destacamos as seguintes.
Desenvolver atividades educativas por meio de ações individuais e/ou coletivas de promoção de saúde com todas as pessoas da comunidade; desenvolver atividades educativas individuais ou em grupo com os pacientes diabéticos.
Capacitar os auxiliares de enfermagem e os agentes comunitários e supervisionar, de forma permanente, suas atividades; realizar consulta de enfermagem com pessoas com maior risco para diabetes tipo 2 identificadas pelos agentes comunitários.
Definir claramente a presença do risco e encaminhar ao médico da unidade para rastreamento com glicemia de jejum, quando necessário; realizar consulta de enfermagem, abordar fatores de risco, estratificar risco cardiovascular, orientar mudanças no estilo de vida e tratamento não medicamentoso, verificar adesão e possíveis intercorrências ao tratamento e encaminhar o indivíduo ao médico, quando necessário; estabelecer, junto à equipe, estratégias que possam favorecer a adesão (grupos de pacientes diabéticos) e programar, junto à equipe, estratégias para a educação do paciente.
3.1. CONTROLE GLICÊMICO
O controle glicêmico nos pacientes é realizado por meio das aplicações de insulina que são administradas via injeções. Pacientes com esta enfermidade devem manter um controle rigoroso de sua alimentação, evitando a ingestão de alimentos com altos índices glicêmicos. Atualmente o tratamento do DM1 é baseado nos seguintes fatores: utilização da insulina, monitoração e educação em diabetes, sendo que este último item incluem a dieta, a prática de exercícios físicos e orientação para a família e o paciente (SBD, 2012).
O exame de hemoglobina glicada (HbA1c) auxilia no controle glicêmico a longo prazo do paciente. Este exame é realizado em laboratório e consiste em 19 verificar a reação entre a hemoglobina e alguns açúcares, esta depende da concentração de glicose na hemoglobina, do tempo de meia vida dos eritrócitos (GROSS et. al., 2002). A HbA1c é um indicador da média dos níveis glicêmicos nos últimos três meses.
A insulinoterapia tem o objetivo de auxiliar no controle glicêmico diário do paciente, evitando quadros hipoglicêmicos e futuras complicações. As administrações e tipos de insulina variam de acordo com o controle glicêmico do paciente, resposta
do organismo as aplicações de insulina, alimentação e atividade física (ADA, 2009; SBD 2012).
A hemoglobina glicosilada é que reflete o grau de controle glicêmico dos 120 dias anteriores ao exame e é também o parâmetro de escolha para o controle glicêmico dos diabéticos a longo prazo, sendo assim a hemoglobina glicosilada, estando em valor baixo ou normal, indica que o paciente teve bom controle glicêmico, mas. ao mesmo tempo, indica que ele pode ter tido valor glicêmico muito menor do que o esperado (ABDALLA, 2007).
A hipoglicemia silenciosa é comumente encontrada no período noturno, cerca de 60% a 70% dos pacientes portadores do DM1 apresentam hipoglicemia silenciosa noturna. Os grandes estudos prospectivos, do DCCT verificaram cerca de duas vezes mais eventos hipoglicêmicos no grupo de tratamento intensivo do que no tratamento convencional de portadores do DM1, o que evidencia uma complicação natural do controle glicêmico ideal(MAIA et al., 2008).
Vários estudos a longo prazo demonstraram um efeito benéfico consistente do exercício físico regular sobre o metabolismo dos carboidratos e sobre a sensibilidade à insulina que pode ser mantido pelo menos por cinco anos. Esses estudos utilizaram programas de exercício com intensidades de 50 a 80% do VO2 máximo, três a quatro vezes por semana, com duração da sessão entre 30 e 60 minutos. Melhoras da HbA1c foram observadas na faixa entre 10 e 20% e foram maiores nos pacientes com diabetes leve tipo II e nos pacientes com maior resistência à insulina.
É verdade, infelizmente, que a maioria desses estudos não contou com uma randomização e controle adequados e os resultados sofrem influências de alterações associadas ao estilo de vida. Não há dados disponíveis sobre os efeitos do exercício contra resistência no diabetes tipo II, embora resultados iniciais em indivíduos normais e com diabetes tipo I sugiram um efeito benéfico.
Segundo DCCT (1993) o diagnóstico precoce da DM e o controle glicêmico é imprescindível para minimizar as possíveis complicações micro, macro vasculares e nefropatia que o Diabetes mellitus acarreta para o paciente. Os resultados obtidos pelo Diabetes Control and Complications Trial (1993) e através do United Kingdom Prospective Diabetes Study (1998), corroboraram para existência de uma relação entre o risco de complicações microvasculares e o controle glicêmico (DIABETES CONTROL AND COMPLICATIONS TRIAL, 1993).
A partir desses estudos realizados em 1993, o uso da Hemoglobina glicada passou a ser considerada como critério diagnóstico pela comunidade científica. A hemoglobina glicada (A1C) é um marcador da glicemia crônica por refletir a exposição glicêmica dos últimos dois a três meses anteriores à coleta de sangue, e é uma eficiente ferramenta na identificação de diabetes (ANDRIOLO et al, 2003).
Existem situações em que o Diabetes mellitus é acompanhado de complicações crônicas do tipo micro e macro vasculares que estão associadas à elevada morbidade e mortalidade. Nessas situações, a determinação da hemoglobina glicada é o parâmetro de referência para avaliar o grau do controle glicêmico em pacientes portadores dessa doença. A Associação Americana de Diabetes (ADA) recomenda que a hemoglobina glicada seja medida regularmente em todos os pacientes a intervalos de 4 a 6 meses (SUMITA, 2006).
Os exames de A1C devem ser realizados regularmente em todos os pacientes com diabetes. Primeiramente, para documentar o grau de controle glicêmico em sua avaliação inicial e, subsequentemente, como parte do atendimento contínuo do paciente (SBD, 2016).
Sendo assim, a monitorização do controle glicêmico através da medição de hemoglobina glicada é de extrema importância para redução dos riscos de desenvolvimento e progressão das complicações crônicas do diabetes, além de permitir que sejam estabelecidas metas adequadas de tratamento precoce.
4. FORMAS DE TRATAMENTO
O diabético tipo 1 necessita diariamente controlar os níveis glicêmicos para que não haja alterações severas evitando futuras complicações. O tratamento do paciente baseia-se em insulinoterapia, auto monitoração frequente da glicemia (capilar, hemoglobina glicada, frutosamina, perfil metabólico), controle da alimentação e atividade física (SBD, 2012).
A frutosamina estima o valor médio da glicemia a curto prazo, pois é a ligação da glicose e a lisina presente em algumas proteínas, sendo a albumina a maior concentração dessas proteínas, e apresenta uma meia-vida entre duas a três semanas. O valor da frutosamina pode ser alterado por doenças agudas e hepáticas que modificam as funções das proteínas utilizadas para o exame (GROSS et al, 2002; NETTO et al, 2009).
A insulina é secretada pelas células beta nas ilhotas de Langerhans situadas no pâncreas em resposta ao aumento de glicose após uma refeição. Sendo uma pequena proteína com peso molecular de 5.808, formada 51 aminoácidos dispostos em duas cadeias A (21 aminoácidos) e B (30 aminoácidos), unidas por ponte dissulfeto (GUYTON, 2006; FIGUEIREDO, 2010).
Quando se ingere alimentos ricos em carboidratos, consequentemente há uma elevação na concentração de glicose, com esse aumento a insulina é secretada para que os carboidratos sejam utilizados, e o excesso de glicose na corrente sanguínea é armazenado sob forma de glicogênio hepático e muscular. Quando o nível de glicose no sangue está baixo não há produção de insulina e os lipídeos serão utilizados como fonte de energia, exceto no cérebro onde a principal fonte de energia é a glicose (GUYTON, 2006).
O diabético tipo 1 apresenta deficiência na produção de insulina, sendo necessário aplicações diárias de insulina para controlar o nível glicêmico. A insulina pode ser aplicada via injeções (auto aplicações), ou pelo sistema de infusão contínua de insulina (SICI), conhecido também como bomba de infusão (SBD, 2012; ADA 2013).
A administração de insulina via injeções deve estar relacionada com os tipos de insulina, a alimentação, horário de trabalho/faculdade/escolar, atividades físicas e devem ser prescritas corretamente por um profissional da saúde, preferencialmente um médico ou endocrinologista. Este profissional deve estar ciente de todos os exames clínicos do paciente para então orientar as doses de insulina necessária, podendo apresentar variações conforme as alterações glicêmicas (SBD, 2012; ZANETTI, 2001).
A insulina utilizada por diabéticos tipo 1 incialmente foi extraída do pâncreas de bovinos e suínos, que é muito semelhante a insulina humana, diferenciando somente nos três últimos aminoácidos da insulina bovina e no último na suína. Porém, esse tipo de insulina, por não ser totalmente pura, poderia provocar reações alérgicas e não ser eficaz no tratamento de alguns pacientes. Atualmente, com o avanço da biotecnologia se produz a insulina humana através da recombinação genética utilizando bactéria (Escherichia coli) ou de células de outros tecidos (SOUZA; ZANETTI 2000).
A insulinoterapia no início era utilizada para corrigir os efeitos agudos da glicemia do diabético, mas não eram de tanta eficiência no tratamento crônico, pois o
efeito da insulina era de curta duração. Por este motivo, os diabéticos aplicavam várias insulinas ao longo do dia para poder ter um melhor controle (SOUZA; ZANETTI 2000). Segundo a American Diabetes Association (1998 apud SOUZA; ZANETTI, 2000, p.
265) as insulinas diferem na sua ação de início, pico e duração, isso depende da sua espécie (animal, humana), do tipo de insulina, local onde foi aplicado e como o organismo do indivíduo vai responder a insulina. Na classe da insulina humana, há a insulina regular, que é utilizada para corrigir glicemia elevada, ou 30 minutos antes de uma refeição para que o pico da insulina não coincida com a absorção do alimento ingerido (SBD, 2012).
A insulina intermediária (NPH) contém um adicional de protamina à insulina que auxilia a retardar a absorção da insulina após a aplicação (SBD, 2012). Nos análogos da insulina são realizadas modificações na estrutura molecular da insulina humana, mas sem alterar as propriedades do receptor, essa modificação auxilia na absorção e na ação da insulina para o indivíduo (SBD,2012).
O diabético tipo 1 necessita ter um rígido controle da alimentação para consequentemente obter um controle metabólico eficaz, pois sendo uma disfunção no metabolismo de carboidratos, proteínas e lipídeos, a educação nutricional auxiliará no tratamento do paciente. Além disso, é necessário correlacionar com as doses e tipos de insulina necessárias para que não haja episódios de hipoglicemia (LOTTENBERG et al., 2008).
Para um melhor controle alimentar, é recomendado para pacientes diabéticos a elaboração da contagem de carboidratos que consiste no ajuste da administração da insulina necessária para metabolizar a quantidade de carboidratos ingeridos em uma refeição e perceber o efeito destes sobre a glicemia. A mensuração do alimento desejado poderá ser realizada através de uma balança, ou até mesmo medidas caseiras,como xícaras, colheres, entre outros, também pode ser calculado as quantidades de carboidratos através das tabelas de composição dos alimentos (HISSA; ALBUQUERQUE; HISSA, 2004; LOTTENBERG, 2008).
O exercício físico faz parte do controle metabólico do diabético, podendo demonstrar melhoras na glicemia, reduzir o risco de problemas cardiovasculares, melhorar o bem-estar, a sensibilidade insulínica e a capilarização dos músculos (ADA, 2013; SBD, 2012).
O diabético por se enquadrar em uma população especial necessita de cuidado e acompanhamento para realizar o exercício físico. Antes de iniciar um
programa de exercícios recomenda-se realizar exames clínicos para avaliar o perfil metabólico do paciente. O exercício físico auxiliará no controle da doença, mas para isso o paciente deverá realizar ajustes quanto a alimentação e doses de insulina para que não ocorram complicações (ACSM, 2010; SBD, 2012).
O paciente precisa estar consciente do efeito do exercício em sua glicemia, pois administrações inadequadas de insulina, e uma alimentação incorreta, pode levá- lo ao quadro de hipo e/ou hiperglicemia, cetose, isquemia miocárdica, ou o agravamento das complicações (FOX; FOSS; KETEYIAN, 2000).
Para minimizar os riscos é necessário verificar a glicemia antes e após os exercícios realizados, diminuir a dose de insulina conforme a prescrição médica ou aumentar a ingestão de carboidratos antes da sessão de exercício. Caso o diabético necessite injetar insulina, a aplicação deverá ser feita em um local onde não esteja ativo durante o exercício. Deve-se evitar realizar o treinamento durante momentos de pico da atividade da insulina, conhecer os sinais e sintomas do quadro de hipo e hiperglicemia, e exercitar-se sempre acompanhado e supervisionado (ACSM, 2010).
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A grande incidência de DM no mundo leva a acreditar que atualmente vive-se uma epidemia, o que demonstra o quanto é importante voltar à atenção pra essa patologia. O papel do farmacêutico junto a equipe multiprofissional garante um atendimento mais completo e de qualidade, por se tratar do profissional mais qualificado no âmbito de medicamentos.
A utilização de protocolos clínicos para atendimento farmacêutico são ferramentas de grande valia para orientar a atenção farmacêutica, e deixar de forma clara quais as necessidades do paciente.
Destarte, o farmacêutico pode intervir até onde o convém, e solicitar, quando necessário, intervenção de outro profissional de saúde para o problema encontrado. O grande número de pacientes que abandonam o tratamento em doenças crônicas é alarmante, o que ocasiona muitas vezes em complicações decorrentes da patologia devido ao controle inadequado.
Em suma, necessário auxiliar os pacientes com DM1 a manejarem adequadamente a sua doença, reduzir o aparecimento das complicações agudas e crônicas e melhorar a qualidade de vida.
REFERÊNCIAS
BRASIL, Ministério da Saúde. Diabetes mellitus. Informe técnico. Brasília, 1993.
BRASIL, Ministério da Saúde. Secretaria de assistência à saúde. Departamento de assistência e promoção à saúde. Coordenação de doenças crônico- degenerativas. Manual de diabetes. 2ª edição. Brasília, 1994.
BRASIL, Ministério da Saúde. Secretária de políticas de Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Plano de reorganização da atenção à Hipertensão Arterial e Diabetes Mellitus: Hipertensão Arterial e diabetes Mellitus. Brasília (DF): Ministério da Saúde; 2001.
BRASIL, Ministério da Saúde. Cadernos de atenção básica: Envelhecimento e Saúde da pessoa idosa, 2007.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Obesidade / Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica – Brasília: Ministério da Saúde, 2006: 108p.
Diagnóstico e tratamento do diabetes tipo 1. Posicionamento Oficial SBD nº1, 2012. Disponível em: Acesso em: 18 nov. 19.
ABDALLA, L. F. Avaliação do controle Metabólico de pacientes diabéticos do monitoramento contínuo da glicose por 72 horas- estudo comparativo com métodos bioquímicos convencionais. 2007. 88f. Dissertação (Mestrado em Ciências da Saúde) Universidade de Brasília, Goiás, 2007.
MAIA, F. F. R.; ARAÚJO, L. R. A Hipoglicemia silenciosa é parte do controle glicêmico ideal em pacientes com DM1?- Tempo de Hipoglicemia pelo CGMS versus Média Glicêmica. Arq Bras Endocrinol Metab, Belo Horizonte, v.52, n.6, 2008.
PICCOLOMINI, André Ferraresso; SOUZA, Sonia Buongermino de. Caracterização de indivíduos com Diabetes mellitus.
PLÁCIDO, V. B.; FERNANDES, L. P. S.; GUARIDO, C. F. Contribuição da atenção farmacêutica para pacientes portadores de diabetes atendidos no ambulatório de endocrinologia da Unimar. Rev. Bras. Farm., 90(3): p. 258-263, 2009.
ARAÚJO, A.L.A.; PEREIRA, L.R.L.; UETA, J.M.; FREITAS, O. Perfil da Assistência
Farmacêutica na Atenção Primária do SUS. Ciência & Saúde Coletiva, v.13, n. p.611-17, 2008.
SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES. Disponível em: www.diabetes.org.br. Acesso em 13 de maio de 2019.
MINISTÉRIO DA SAÚDE. Disponível em: http://portalms.saude.gov.br/. Acesso em 14 de maio de 2019.

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