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Aula 2 - Leishmaniose

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Parasitologia Geral – Prof. Lívia Martins - Aula 2 - 11/02/21 
Luanny Santos @eu.lusantos 
 
Conceitos Básicos de Parasitologia e Leishmaniose 
 
LEISHMANIOSE 
Agente etiológico: Leishmania sp. 
● Protozoário flagelado 
● Reprodução por divisão binária 
● Ciclo heteroxeno 
● Polimórfico 
 
Hospedeiro invertebrado: lúmen do TGI das 
fêmeas de insetos hematófagos, os flebotomíneos 
(Phlebotomus sp. ou Lutzomya sp.). 
 
Hospedeiro vertebrado: sistema mononuclear 
fagocitário, principalmente macrófagos, de vários 
mamíferos, como: roedores, canídeos e, 
eventualmente, o homem. 
 
CICLO BIOLÓGICO 
● Promastigota, Paramastigota, Promastigota 
metacíclico - no inseto. 
● Amastigota - no mamífero. 
 
1. A forma Promastigota metacíclica é 
regurgitada pelo mosquito na derme, onde 
são fagocitadas pelos macrófagos. 
2. Dentro do fagolisossomo os Promastigotas 
se transformam em Amastigotas, esses 
rompem a célula e são liberados e 
fagocitados por outros macrófagos 
(ingeridos pelo flebotomíneo). 
3. No inseto as Amastigotas se transformam 
em Promastigotas e se multiplicam dentro 
da membrana peritrófica. 
4. Os Promastigotas migram para o intestino e 
se desenvolvem em Paramastigotas que se 
aderem em pontos diferentes do TGI do 
inseto. 
5. Em 3-5 dias, Promastigotas metacíclicos 
migram para áreas anteriores do TGI, como 
a orofaringe. 
IPC.: A saliva do flebotomíneo é importante para a 
contaminação e apenas os promastigotas 
metacíclicos infectam o hospedeiro vertebrado. 
 
VARIEDADE DE ESPÉCIES 
Existem diversas espécies causadoras de 
leishmaniose, conhecer a espécie infectante é 
importante para acompanhar a evolução da doença 
em pacientes imunocompetentes. 
Espécies que parasitam humanos no Brasil: L. 
mexicana, L. amazonenses, L. braziliensis, L. 
guyanensis, L. lainsoni, L. naiffi, L.shawi e L. 
lindenberg. 
 
Complexo Leishmania braziliensis e as LTA: 
 
L. TEGUMENTAR AMERICANA (LTA) 
● Lesões cutâneas de vários tipos 
● Lesões secundárias na região nasal ou 
bucofaríngea. 
● Endêmica na América Latina. Brasil, Peru e 
Bolívia são responsáveis por 90% dos 
casos. 
● No Brasil, a maior incidência é no Norte e 
Nordeste. 
Dependendo da espécie e da resposta 
imune do indivíduo infectado a doença pode se 
manifestar por um espectro de formas clínicas: 
● Leishmaniose cutânea (LTC) 
● Leishmaniose cutaneomucosa (LCM) 
2 
 
● Leishmaniose cutânea difusa (LCD) 
O período de incubação da Leishmania 
tegumentar é de 1-3 meses. A leishmaniose 
cutânea inclui diversas formas de variação. Essas 
lesões nodulares não evoluem para úlceras quando 
a resposta Th1 protetora não se desenvolve de 
forma adequada e a síndrome persiste 
indefinidamente e gera lesões destrutivas crônicas. 
Nas lesões típicas, que são úlceras indolores, há 
uma resposta Th1 intensa, produção de IL-10 
diminuída e baixa resposta exógena de IL-10. O 
mesmo paciente pode apresentar apenas uma ou 
múltiplas lesões cutâneas. 
LEISHMANIOSE CUTÂNEA 
● Destruição celular e hiperplasia histiocitária 
no local da picada. 
● Edema e infiltração celular 
● Alterações vasculares 
● Hiperplasia do epitélio 
● Causada por diferentes espécies 
Pode evoluir de formas diferentes: desde a 
completa regressão até evolução lenta sem 
ulceração. Porém frequentemente a inflamação 
cutânea progride para necrose formando uma 
úlcera. 
 
 
LEISHMANIOSE CUTÂNEOMUCOSA 
Independente do curso da lesão cutânea há 
uma forte tendência para a formação de metástase 
na mucosa nasal. 
● Propagação por via hematogênica. 
● Nódulos com ulceração próximos ao septo 
nasal. 
● Pode-se perfurar o septo e as partes moles, 
com se estendendo à faringe e laringe. 
● Agente etiológico: L. braziliensis. 
 
LEISHMANIOSE DIFUSA 
 
● Caracteriza-se pela formação de lesões 
difusas não ulceradas por toda a pele, 
contendo grande número de amastigotas. 
● Associado à deficiência imunológica do 
paciente 
● Agente etiológico: complexo mexicana e 
no Brasil é L. amazonensis. 
 
L. TEGUMENTAR DO VELHO MUNDO 
● Semelhante a LTA em sua apresentação 
clínica e diagnóstico. 
● Causada pelas espécies: L. tropica; L. 
major; L (L.) aethiopica. 
● Vetores: Phlebotomus papatasi, P. sergenti, 
P. chabaudi, e P. peifiliewi, entre outros. 
 
Complexo Leishmania donovani e a 
Leishmanios e visceral (Calazar): 
 
 Enfermidade crônica, cursa com: 
● febre irregular de longa duração 
● hepatoesplenomegalia 
● linfadenopatia 
● anemia com leucopenia 
● Hipergamaglobulinemia 
● Emagrecimento 
● Edema 
● Caquexia e morte se não for tratado em 2 
anos 
 
Forma assintomática: adultos jovens e crianças 
maiores; evolução lenta e sintomas discretos. 
Geralmente sem diagnóstico → subnotificação. 
 
Forma aguda: Evolução rápida e fatal (entre 20 e 
40 dias), especialmente em lactentes, crianças 
menores de 2 anos ou mais velhas e subnutridas. 
 
Forma subaguda: crianças → evolução entre 10 e 
15 meses, podendo levar a morte. 
 
Formas crônicas: Evolução lenta durante anos, 
com fases de recaída e remissão. Em crianças 
maiores e adultos. Fase mais responsiva aos 
tratamentos. 
A infecção é adquirida quando uma fêmea 
de flebotomíneo inocula promastigotas em uma 
área exposta da pele, que pode formar um nódulo 
cutâneo, úlcera ou não ter nada (maioria dos 
casos). Os parasitas se convertem em 
promastigotas e se multiplicam no interior de 
fagócitos mononucleares e se disseminam através 
dos vasos linfáticos e do sistema vascular para 
outros fagócitos ao longo de todo o sistema 
reticuloendotelial. A maioria das infecções são 
assintomáticas e autolimitadas, e a menor parte 
evolui para a leishmaniose visceral clássica (ou 
calazar). 
3 
 
 
EPIDEMIOLOGIA 
 
MECANISMOS DE EVASÃO 
● Presença de lipofosfoglicanos (LPG), e gp63 
(uma metaloproteinase). 
● Formas promastigotas metacíclicas são 
resistentes à lise pelo complemento 
● LPG e gp63: impedem a ativação do sistema 
complementar. 
● LPG: protege contra radicais livres das 
células hospedeiras, sobrevivendo dentro 
do vacúolo parasitóforo. 
 
Responsável pela patologia: o estado 
imunológico do hospedeiro predominância de 
resposta celular (Th1) leva a imunidade e cura, 
resposta humoral (Th2) leva às formas crônicas. 
 
DIAGNÓSTICO 
Leishmaniose Tegumentar 
Clínico: lesão e epidemiologia. 
Laboratorial: 
● Exame direto de esfregaços corados 
● Exame histológico 
● Cultura 
● Inóculo em animais 
● PCR (reação em cadeia da polimerase, 
permite identificar a espécie) é importante 
para diferenciar da tuberculose cutânea, 
hanseníase, infecções por fungos, úlcera 
tropical e neoplasmas. 
 
Resumo: 
Sempre considerar como possibilidade em 
casos de lesões cutâneas localizadas e crônicas. A 
confirmação é por meio da identificação das 
amastigotas no tecido ou do crescimento em cultura 
de promastigotas. Para isto, a análise é feita através 
de realização de biópsia e aspirado da margem da 
lesão. Este material é utilizado para análise em 
lâmina e para cultura. A cultura é feita no meio NNN 
e é pouco sensível (40%), demora semanas para 
ficar pronto. 
 
Leishmaniose visceral (Calazar) 
Clínico: Febre baixa recorrente, envolvimento 
linfoma hepático, esplenomegalia, caquexia e 
dados epidemiológicos 
 
Exames Laboratoriais Parasitológicos: 
a) Demonstração direta do parasita: 
● Esfregaços corados com Giemsa ou 
Leishman 
● Material obtido por punção de medula 
óssea, fígado ou baço . 
● Biópsia (menos eficiente ~ 50%) 
● Fase aguda 80-90% de positividade 
● Fase subclínica 10% 
● Co-infectados com HIV recomendado 
exame de medula óssea 
● Aspirado esplênico 100%, sangue 30% 
 
b) Isolamento em cultivo in vitro Aspirado ou 
biópsia: 
● LIT, MEM, Schneider’s e Evans (Meio 
monofásico) a 26ºC 
● Microscópico (2x semana/4 semanas) 
 
c ) Isolamento em cultivo in vivo: 
Inoculação em animais: 
● (Hamsters ou camundongos isogênicos 
(BALB/c)) 
● Cepas dermotrópicas: pata ou toucinho dos 
animais (positivo após 2 a 4 semanas) 
● Cepas viscerotrópica:via intraperitoneal 
(positivo após 6 meses) 
● Recomendado para o isolamento do 
parasita nas formas subclínicas 
Xenodiagnóstico: 
● Flebótomos 
● Usado em pacientes com AIDS 
 
Testes Imunológicos: 
a) Teste de Montenegro 
b) Sorológicos 
c) Imunofluorescência Indireta 
● Antígenos (parasitas inteiros, inativados) 
● Reação de aglutinação direta: Reatividade 
cruzada com Chagas e tuberculose. 
● (sensibilidade 100%) 
 
Análise do DNA de material recolhido: 
a) Por reação em cadeia da polimerase (PCR) 
● Usa oligonucleotídeos espécie-específicos 
do DNA dos minicírculos do DNA do 
4 
 
cinetoplasto 100% sensível e mais 
específico que a sorologia 
● Possibilita discriminação de espécie 
 Resumo: 
Suspeita diagnóstica com base na clínica do 
paciente, sendo mais difícil na fase inicial e em 
pacientes com AIDS, que apresentam quadro 
clínico atípico. Ou seja, pensar sempre em calazar 
se: febre associada a esplenomegalia. A 
confirmação é pela presença de amastigotas em 
tecidos ou com o isolamento de promastigotas em 
cultura. O aspirado do tecido pode ser no baço 
(padrão ouro), medula óssea (menos sensível: 
70%), fígado e linfonodos (quando aumentados). 
 
LEISHMANIOSE CANINA 
Cães são reservatórios para a Leishmaniose. 
Assintomáticos: ausência de sinais clínicos 
sugestivos da infecção por Leishmania. 
Oligossintomáticos: presença de adenopatia 
linfóide, pequena perda de peso e pêlo opaco. 
Sintomáticos: alterações cutâneas (alopecia, 
eczema furfuráceo, úlceras, hiperqueratose), 
onicogrifose, emagrecimento, ceratoconjuntivite e 
paresia dos membros posteriores. 
 
ECOLOGIA DOS FLEBOTOMÍNEOS 
Desenvolvimento e comportamento: 
● 40-70 ovos por desova que abrigam-se em 
lugares úmidos e eclodem depois de 6-17 
dias. 
● As larvas se nutrem de matéria orgânica por 
mais 15-70 dias, depois pupa (7-14 dias). 
● Adultos são ativos no crepúsculo ou à noite, 
durante o dia permanecem em lugares 
tranquilos: tocas, árvores ocas, currais, 
moradias. 
● Não sobrevivem bem em ambientes que não 
tenham pelo menos um mês acima de 20°C. 
 
MEDIDAS DE PREVENÇÃO 
● Identificação de focos (animais infectados 
em proximidade a domicílios: silvestres e 
domésticos: erradicação. 
● Imunização em massa de cachorros 
(Leishvacin) Uso de repelentes, telas de 
proteção 
● Tratamento de sintomáticos e 
assintomáticos em regiões com alta 
incidência de flebotomíneos. Vacinação e 
tratamento de animais domésticos. 
 
TRATA/MENTO 
O SUS oferece diagnóstico e tratamento gratuitos 
para a população contra os dois tipos da doença: 
tegumentar e visceral. 
● Leishmaniose tegumentar: caracterizada 
por ulcerações na pele e mucosas, a 
medicação é antimoniato de meglumina. 
● Leishmaniose visceral: causa febre e 
atinge áreas como o fígado e o baço, são 
utilizados três fármacos, a depender da 
indicação médica: o antimoniato de N-metil 
glucamina, a anfotericina B lipossomal e o 
desoxicolato de anfotericina B. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Luanny Santos 
Insta: @eu.lusantos 
E-mail: luannysantos19@gmail.com

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