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Aula II Propedêutica e Processo de Cuidar da Saúde da Criança e do Adolescente

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Propedêutica e Processo de 
Cuidar da Saúde da Criança e do 
Adolescente.
Aula II
Professora Thaísy Schmidt
professorathaisyschmidt@gmail.com
@thaisyschmidt
• Como sabemos se uma criança
está crescendo de acordo com o
esperado?
• Durante o exame físico, o que o
enfermeiro deverá usar como
base para avaliar se o
crescimento da criança avaliada
está de acordo com o esperado
para a idade?
• A característica mais proeminente da infância e da adolescência é o
crescimento físico. E no decorrer de todo o período de crescimento
da criança, vários tecidos corporais passam por determinadas
mudanças no crescimento, composição e estrutura (HOCKENBERRY;
WILSON, 2014)
• O crescimento do corpo, a exemplo do crescimento dos tecidos –
nervoso, linfoides, genital e ósseos –, possui características diferentes
relacionadas ao período da vida em que ocorrem, e também sobre a
velocidade desses crescimentos. Esses padrões esperados de
crescimento devem ser considerados no decorrer da avaliação do
crescimento da criança/adolescente.
• Dessa forma, conclui-se que a idade cronológica da criança é um
indicador importante para observarmos o seu crescimento e
identificar se está adequado à idade biológica.
Diferença entre a idade cronológica e a idade 
biológica
• Idade cronológica: é a idade que se refere ao período de tempo
contado a partir do nascimento, podendo ser em meses ou anos.
Exemplo: uma criança tem 1 ano e 3 meses de idade. Essa é a idade
cronológica da criança.
• Idade biológica: de acordo com as modificações biológicas que
ocorrem ao longo do tempo, pode-se classificar a idade biológica.
Avaliando uma criança, por exemplo, pode-se verificar a idade
biológica esperada à idade cronológica.
Por exemplo, por volta dos 10 anos de idade, é esperado que, em meninas,
inicie-se o aparecimento das características sexuais secundárias, como o
crescimento de pelos pubianos e das mamas. Essas características identificam a
idade biológica.
• A medição mais precisa do desenvolvimento geral é a idade
esquelética ou óssea. A idade óssea pode ser determinada por meio
de exames radiológicos da articulação, nos quais se compara a
imagem radiológica com um indicador de imagens correspondentes à
maturação óssea (HOCKENBERRY; WILSON, 2014, p. 67).
• Geralmente é realizada a análise do raio-X da mão da criança,
avaliando-se o aparecimento de núcleos de ossificação do rádio/ulna,
metacarpos/falanges e carpo.
• A maturação óssea pode ser influenciada por fatores genéticos,
ambientais e endócrinos. A idade óssea é determinada comparando a
mineralização dos centros de ossificação aos padrões relacionados à
idade, obtidos por meio de padrões cronológicos de crianças normais.
• Essa avaliação é feita pelo médico e pelo odontólogo quando houver
suspeita de atraso do crescimento, ou mesmo ao contrário, quando a
criança estiver crescendo além do padrão esperado para a idade.
A antropometria não deve ser entendida como uma simples
ação de pesar e medir, mas, sobretudo, como uma atitude de
vigilância.
• As verificações e o acompanhamento da evolução das curvas de
crescimento e de peso da criança são indicadores importantes da
qualidade de saúde da criança e podem, inclusive, ser usados como
integrantes da avaliação do estado nutricional delas.
• No entanto, nunca devem ser usados como únicos indicadores.
• É importante conhecer os fatores de risco aos quais a criança está exposta,
como o peso baixo ao nascer (identificar problemas no pré-natal, como
fumo, etilismo, drogadição, a hipertensão arterial, as doenças infecciosas
crônicas, as doenças sexualmente transmissíveis, o estado nutricional da
gestante, o curto intervalo interpartal, entre outros), as condições
ambientais socioeconômicas e emocionais às quais a criança está exposta e
a presença de doenças na história pregressa e atual (infecciosas, genéticas
e agudas).
• A história do crescimento da criança pode ser representada por meio
de dois tipos de curvas: a curva de distância ou de crescimento
longitudinal e a curva de velocidade de crescimento (BRASIL, 2002).
Referência
• A curva de referência de uma população é aquela cujas medidas
antropométricas foram aferidas em indivíduos sadios, vivendo em
condições socioeconômicas, culturais e ambientais satisfatórias,
tornando-se uma referência para comparações com outros grupos.
• Com a distribuição gráfica das medidas de peso e estatura de
indivíduos sadios, são construídas curvas de crescimento de
referência (BRASIL, 2011b).
• Portanto, as curvas de referência recomendadas em 2006 pela
Organização Mundial da Saúde (OMS) foram criadas a partir de
estudos multicêntricos, com a participação de crianças sadias de
várias partes do mundo, inclusive do Brasil.
• Para que a amostra fosse capaz de representar diferentes grupos
étnicos, foram escolhidas seis cidades, de continentes diferentes:
Pelotas (Brasil), Davis (Estados Unidos), Muscat (Omã), Oslo
(Noruega), Acra (Gana) e Nova Deli (Índia).
• Esse estudo teve início em 1997 e terminou em 2003, com a avaliação
de 8.500 crianças sadias com idades entre zero e cinco anos.
• Os parâmetros padronizados possibilitam a avaliação de crianças de
qualquer país, independentemente de etnia, condição
socioeconômica e tipo de alimentação (OMS, 2006).
• Essa referência foi adotada pelo Ministério da Saúde para avaliação e
acompanhamento do crescimento e do estado nutricional das
crianças no Brasil. Inclusive, na Caderneta de Saúde da Criança, as
curvas de referência adotadas foram essas. Existem várias curvas de
referência, de acordo com os índices desejados para avaliação.
• A OMS recomendou curvas de índice, tais como (BRASIL, 2018):
• Faixa etária, gênero e peso.
• Faixa etária, gênero e altura.
• Faixa etária, gênero e Índice de Massa Corporal (IMC), entre outros.
• Cada curva de referência possui cortes, denominados de percentis ou
scores.
• É importante salientar que uma criança pode deixar de crescer, se privada
de nutrientes ou se houver alguma doença de base que culmine na
desaceleração do crescimento, porém nunca perderá altura.
• Nesse sentido, pode-se observar uma queda no percentil da estatura,
porém não haverá declínio da estatura. Quando ocorrem doenças
infecciosas e/ou problema social, há uma desaceleração no ritmo de
crescimento normal.
• Entretanto, corrigida a causa e se as condições ambientais forem
adequadas, observa-se um aumento da velocidade de crescimento
superior ao esperado para a idade, como um crescimento compensatório.
• Esse fenômeno é observado na reabilitação de crianças com desnutrição
grave, principalmente nas menores de 2 anos. Durante os dois primeiros
anos de vida, o déficit de crescimento ocasionado pela desnutrição é
reversível (BRASIL, 2002).
• Uma variável mais instável é o peso. A criança perde peso facilmente
quando exposta a alguma condição desfavorável, seja de adaptações
ao ambiente, motivações psicológicas, doenças agudas, entre tantas
outras. Da mesma forma, a criança poderá ganhar peso se exposta a
uma condição de oferta inadequada de alimentos, situação
potencializada com o sedentarismo, levando ao estado nutricional de
sobrepeso e obesidade.
• O recém-nascido, nos primeiros dias, perde cerca de 10% de seu peso
de nascimento, devendo, dentro de 10 a 15 dias, ter recuperado essa
perda, voltando ao peso inicial.
• Portanto, o gráfico de peso da criança pode apresentar curvas
descendentes e ascendentes, assim como pode existir a flutuação dos
percentis. Essas variações devem ser percebidas de imediato e
corrigidas durante a avaliação do enfermeiro.
• Os indicadores antropométricos, incluindo o índice peso/idade, são
utilizados como indicadores diretos para avaliar o estado nutricional
da criança.
• Os pontos de corte da Vigilância Nutricional no Brasil, determinados
pelo Ministério da Saúde, são baseados em recomendações adotadas
internacionalmente (BRASIL, 2011a).
• A Organização Mundial da Saúde apresenta referências de peso para
estatura apenas para menores de 5 anos pelo padrão de crescimentode 2006 (OMS, 2006).
• A partir dessa idade, deve ser utilizado o Índice de Massa Corporal
(IMC) para idade para avaliar a proporção entre o peso e a estatura da
criança.
Demonstração dos pontos de corte de peso 
para estatura para crianças de 0 a 5 anos
• Algumas características de ganho
ponderal de peso e da altura são
previstos durante a infância, e o
enfermeiro deverá conhecê-las para
avaliar o crescimento da criança.
Desenvolvimento da criança e do Adolescente
• O desenvolvimento humano é um processo de crescimento e
mudança em nível físico, do comportamento, cognitivo e emocional
ao longo da vida. Em cada fase surgem características específicas.
Entende-se como desenvolvimento o aumento da capacidade do
indivíduo em realizar cada vez mais funções, em relação à quantidade
e à complexidade.
• Para que isso ocorra, é importante compreender que devem ocorrer a
maturidade, o crescimento e o aprendizado (SOUZA; VERÍSSIMO,
2015).
• A vigilância do desenvolvimento da criança e de como lidar com a
situação diante de atrasos ou suspeitas de problemas relacionadas ao
seu desenvolvimento são fundamentais para realizar esse
acompanhamento.
• A equipe de saúde deverá conhecer os aspectos mais relevantes do
desenvolvimento e estar preparada para fazer algumas intervenções,
se necessário, mas principalmente identificar com clareza aquelas
crianças que devem ser referidas para tratamento especializado
(BRASIL, 2002).
• O acompanhamento do desenvolvimento da criança na atenção
básica objetiva sua promoção, proteção e a detecção precoce de
alterações passíveis de modificação que possam repercutir em sua
vida futura. Isso ocorre principalmente por meio de ações educativas
e de acompanhamento integral da saúde da criança (BARROS, 2008).
• A criança deve atravessar cada estágio de seu desenvolvimento
segundo uma sequência regular, ou seja, os estádios de
desenvolvimento cognitivo são sequenciais. Se a criança não for
estimulada ou motivada no devido momento, ela não conseguirá
superar o atraso do seu desenvolvimento. Afinal, o desenvolvimento
infantil se dá à medida que a criança vai crescendo e vai se
desenvolvendo de acordo com os meios onde vive e os estímulos
recebidos (BRASIL, 2012c)
• O desenvolvimento, é importante saber que as respostas a estímulos
evoluem de reflexos generalizados, envolvendo todo o corpo para as
ações voluntárias, definidas pelo córtex. São os chamados reflexos
corticais.
• Esses reflexos permitem à criança passar das reações simétricas
involuntárias (identificadas logo ao nascer), evoluindo em respostas
ao meio ambiente (gritar, agitar os braços, dar pontapés), para os
movimentos assimétricos voluntários, em função de determinado
estímulo.
Manifestações normais
• Aparecem durante algum tempo e desaparecem com a evolução,
somente reaparecendo em condições patológicas. Exemplo: reflexo
de Moro, que desaparece em torno de 4-6 meses; e o sinal de
Babinski, que quando bilateral, pode ser normal até 18 meses.
• Reflexos que existem
normalmente, desaparecem
com a evolução e reaparecem
como atividades voluntárias.
Exemplo: reflexo de preensão,
sucção e marcha.
• Manifestações que persistem por toda a vida. Exemplo: vários 
reflexos profundos e os reflexos cutâneos abdominais (BRASIL, 
2012c).
Faixas etárias do desenvolvimento da criança
• Pré-natal: da concepção até o nascimento da criança.
• Lactente: subdividido em: ֳ
• Neonatal: do nascimento até 28 dias de vida.
• Lactente: (propriamente dito) de 28 dias a 2 anos de vida.
• Inicial da infância: subdividido em:
• Período de infantes, também conhecidos como Toddlers: entre 2 e 3 anos de idade.
• Período pré-escolar: entre 3 e 6 anos de idade.
• Intermediário da infância (idade escolar): de 6 anos a 11 anos (ou 12 anos,
de acordo com alguns autores)
• Tardio da infância: subdividido em:
• Pré-púbere ou pré-adolescência: de 10 a 13 anos.
• Adolescência: de 13 a 18 anos, segundo a OMS e, de acordo com a Sociedade
Brasileira de Pediatria, até 21 anos de idade (BRASIL, 2012c)
Desenvolvimento do Bebê: 1 a 2 meses
• O bebê fica protegido pelo leite materno e raramente adoece
• No colo da mãe, se sente seguro e acalentado
• Ele gosta de ficar em várias posições e olhar para objetos coloridos
• Responde ao sorriso
Desenvolvimento 3 a 4 meses
• Olha para quem o observa 
• Acompanha com o olhar e responde com balbucios quando alguém 
conversa com ele 
• Mãos e objetos na boca 
• De bruços, levanta a cabeça e ombros
Desenvolvimento 5 a 6 meses
• Gosta de conversar
• Quando ouve uma voz ou objeto sonoro, procura com o olhar 
• Olha, pega tudo e leva à boca
Desenvolvimento 7 a 9 meses
• Não gosta de ficar sozinho
• Já fica sentado e também pode se arrastar ou engatinhar
• É muito curioso, por isso não se deve deixar ao seu alcance:
remédios, inseticidas e pequenos objetos
Desenvolvimento 10 a 12 meses
• Gosta de imitar os pais, dá adeus, bate palmas
• Fala, pelo menos, uma palavra com sentido e aponta para as coisas
que ele quer
• Gosta de ficar em pé apoiando-se nos móveis ou nas pessoas.
• Engatinha ou anda com apoio
Desenvolvimento 13 a 18 meses
• A criança está cada vez mais independente: quer comer sozinha e já e 
reconhece no espelho
• Fala algumas palavras e, às vezes, frases de duas ou três palavras 
• Anda sozinha
Desenvolvimento 19 meses a 2 anos
• A criança já anda com segurança, dá pequenas corridas, sobe e desce
escadas
• Já tem vontade própria, fala muito a palavra não
• Sobe e mexe em tudo: deve-se ter cuidado com o fogo e cabos de
panelas
Desenvolvimento 2 a 3 anos
• A criança gosta de ajudar a se vestir
• Está ficando sabida: dá nomes aos objetos, diz seu próprio nome e
fala "meu”
• Ela já demonstra suas alegrias, tristezas e raivas
• Gosta de ouvir histórias e está cheia de perguntas
Desenvolvimento 3 a 4 anos
• Gosta de brincar com outras crianças
• Tem interesse em aprender sobre tudo o que acerca, inclusive contar
e reconhecer as cores
• Veste-se com auxílio, gosta de ajudar
Desenvolvimento 4 a 6 anos
• A criança gosta de ouvir histórias, aprender canções, ver livros e
revistas
• Veste-se e toma banho sozinha
• Escolhe suas roupas, sua comida e seus amigos

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